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O tipo textual argumentativo

 

30/10/2009

Autor e Coautor(es)
Saulo Sales de Souza
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

professor Luiz Prazeres Universidade Federal de Minas Gerais

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem oral: escrita e produção de texto
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O aluno poderá aprender com essa aula as principais características dos textos argumentativos, a discernir o que é uma tese e a rever seus argumentos para julgá-los como válidos ou inconsistentes. Tal saber será aplicado em uma produção textual que é realmente o objetivo para se utilizar esse tipo de noção relacionada às produções textuais.

Duração das atividades
Quatro aulas de cinquenta minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

O único conhecimento prévio que cobraremos dos alunos são noções de progressão textual, ou seja, como deve ocorrer o desenvolvimento da argumentação em texto desse gênero. Porém, ao longo de nossa aula lançaremos luz sobre tais questões também, pois é difícil trabalhar uma coisa sem tratar da outra, uma vez que a argumentação engloba tudo.

Estratégias e recursos da aula

Primeira aula:

Sabemos que argumentar é apresentar um tema posicinado-se criticamente diante das ideias que são a base desse tema. A essa ideia é comuente ligada a estratégia da dissertação, que seria a apresentação de um tema com distanciamento, tomando posição de uma forma não passional, mas lógica e coerente com o bom senso. Por Exemplo, é comum utilzarmos recursos dissertativos como não usar expressões do tipo “na minha opinião”, pois tais expressões dão ar parcial ao texto; buscamos ser mais assertivos para não deixar dúvida de nossa convicção, entre outros.
Podemos, na aula, apresentar as definições anteriores para passarmos a uma atividade mais prática, na qual veremos a argumentação e a dissertação trabalhando juntas, visando à conquista da opinião das pessoas de modo firme e decisivo, que é o debate.
Trabalharemos o debate da seguinte maneira, daremos textos com posicionamentos a favor e contra um dado tema, para que o aluno possa embasar sua opinião com argumentos fortes e com liberdade para escolher uma posição. Após a leitura desses argumentos, peça para que os alunos escrevam ideias a favor e contra a partir dos textos, tomando uma posição clara. Por fim, solicite para dividirem a sala e prepararem o debate, faça dois grupos na sala para a discussão do tema, um a favor e outro contra. Dê um momento para eles discutirem suas ideias e escolherem as mais fortes para o debate.

O debate consistirá na apresentação do tema pelo professor, então cada grupo terá um momento definido para apresentar sua posição sobre o tema. Num segundo momento, terão direito de resposta, cada grupo, em relação as posições dos colegas dos grupos opositores. Esse momento é a réplica. Para finalizar, deixe que os grupos retomem suas ideias e confirmem seu posicionamento para assim captarem ao máximo a atenção do professor.
Só após o fim da atividade, nomeie aquilo que eles fizeram, ou seja, ao invés de dar nome aos argumentos, descrever seus tipos, faça-os refletirem sobre o uso da linguagem para, então, receberem toda a nomenclatura e definições sobre aquilo que fizeram. Busque sempre que possível exemplos levantados no momento do debate.
Vamos ao tema do debate: a legalização das torcidas organizadas. Apresentaremos agora os textos motivadores para os alunos refletirem e construírem suas posições com ideias fortes e coerentes:

Violência nas torcidas

17 de outubro de 2005

Para a família é difícil aceitar que o rapaz, que saiu para ver o jogo, não vai voltar para casa. Diogo Borges, de 23 anos, era da torcida organizada Mancha Verde. Ele estava com o pai quando foi baleado num confronto com os corintianos. "Se cada vez que houver um jogo desses uma pessoa morrer, daqui a pouco não existe mais torcedor. Não existe mais razão de ter futebol", comenta Margarete Borges, tia de Diogo. Três horas antes de o futebol começar, a polícia foi avisada da confusão pela cidade. O pior confronto foi em uma estação do metrô a 25 quilômetros do estádio. No chão, bombas caseiras e rojões. Diogo foi atingido por um tiro. Outro torcedor baleado permanece na UTI. Um rapaz levou pauladas na cabeça. Mais de 50 pessoas foram presas. A polícia diz que os confrontos podem ter sido combinados pela internet. Em uma página, torcedores acertam a estratégia par as brigas. "A polícia está investigando isso. Vamos rastrear esses e-mails", anuncia o delegado Luis Carlos do Carmo.

Dentro do Morumbi, uma bomba caseira explodiu antes de ser lançada por um palmeirense contra a torcida adversária. Ele perdeu partes de três dedos. Depois do jogo, como sempre, a Polícia Militar organizou a saída das torcidas. Cada uma seguiu por um trajeto diferente, para evitar confrontos. Mas palmeirenses e corinti anos deram um jeito de se encontrar em uma esquina, a mais de seis quilômetros do Morumbi. As armas que eles usaram na briga : paus amarrados, co m pregos nas pontas.
Houve correria, tiros e mais uma morte. Dessa vez foi um corintiano: Wellington Martins, atingido por uma bala na cabeça. "O cara passa, vê um pessoal parado e dá um tiro sem saber por que, porque o cara está de roupa preta, roupa branca, roupa azul!", ressalta Julio César Andrade, irmão de Wellington. Em Campinas, hoje nem era dia de jogo. O ponte-pretano Anderson queria ingresso para a partida contra o São Paulo, na próxima quarta-feira. Na fila, foi espancado por 15 são-paulinos. Morreu com traumatismo craniano.
Para conter a violência, as torcidas organizadas ficaram nove anos proibidas de entrar nos estádios paulistas. Mas assinaram um acordo com o Ministério Público se comprometendo a evitar brigas e voltaram ao futebol. Mas pode ser por pouco tempo.

"Uma das medidas que se estuda é a proibição da torcida do time visitante no estádio com a camisa. Só poderiam entrar no estádio torcedores com a camisa do time mandante. Torcidas organizadas, em hipótese alguma", anuncia o promotor Fernando Capez. "A gente diz que é o país do futebol, mas que país do futebol é esse onde a gente não pode torcer por outro time, que eles te matam?", questiona Marcos Tadeu Borges, pai de Diogo.

Fonte: http://jornalnacional.globo.com

Imagem I: Estádio "Mineirão"

História – Máfia Azul

A maior torcida organizada do Brasil, a Máfia Azul Cru-Fiel Floresta se caracteriza por sua atuação sempre festiva e vibrante, durante a realização dos grandes clássicos no Mineirão e em especial nos outros grandes estádios nos quais sempre comparece através de caravanas em todo o país e exterior.
Fundada em 05/06/77, a Máfia Azul, tem hoje aos 30 anos de idade, mais de 80.000 (oitenta mil ) associados em todo o Brasil. A agremiação, com tal dimensão, atingiu sem dúvida, sua maioridade tanto no quesito quantidade, como tradição! Sua presença nos estádios constitui sempre um espetáculo a parte. Uma incrível "onda azul" que se movimenta poderosa, criando uma forte corrente que repassa toda sua força para os atletas cruzeirenses em campo.
Tudo começou, quando os irmãos Henri e Éder Toscanini, nos idos de 1976, aos 15 e 14 anos, respectivamente, vendo a atuação das torcidas Cru-Chopp e Raposões Independentes, sonhavam com uma torcida que representasse o Bairro Floresta. O conhecimento dos dois irmãos foi realizado pelo agito das discotecas, junto com o pessoal do tradicional bairro da Floresta, localizado na Zona Leste de Belo Horizonte.

Fonte: < http://www.mafiaazul.com.br/interna.asp?codTexto=2 >.

Segunda aula:

Após a preparação para debate, marque-o para a aula seguinte, seguindo os moldes já apresentados. Partindo de tais textos, podemos chegar a argumentos defendendo duas posições, contra e a favor da proibição das torcidas organizadas com os possíveis argumentos a seguir:
- Favor da proibição das torcidas organizadas:
• Os torcedores estão envolvidos sempre em violência dentro ou longe do campo (no caso do texto a 25 km de distância);
• A função da torcida de organizar não é cumprida;
• A proibição de ela entrar durante nove anos nos estádios de São Paulo é uma constatação de que elas há muito tempo chamam a atenção das autoridades, pois têm agido com violência;
• Os fatos são os maiores argumentos: pessoas têm sofrido barbaridades no embate entre torcidas (Palmeirense que joga bomba na torcida adversária, é um exemplo gritante).

- Contra a proibição das torcidas organizadas:
• O torcedor deve ser consc iente, a torcida organi zada não deve ser c ulpada por suas atit udes;
• É difícil provar ligação direta das torcidas com todos os casos de violência (e sse caso de briga a 25 km do campo é um exem plo, como podemos cul par uma torcida orga nizada por isso?)
• A importãncia histórica e o apoio que as torcidas organizadas dão a seus times. Elas são essenciais ao bom desempenho do time, chamadas de o 1 2º jogador;
• Se a justiça atuasse com firmeza coibiria esse tipo de violência. Logo, seria um disparate extingui-las ao invés de punir culpados.

Faça o debate com os seus alunos, seguindo o esquema já apresentado. Após o debate, dê o resultado de quem se posicionou melhor, buscando argumentos fortes, além de haver explorado os pontos fracos dos oponentes que utilizaram argumentos inconsistentes.

Terceira aula:

Na terceira aula, passe para o conteúdo teórico dessa sequência didática: a definição da tese, a descrição e a classificação dos argumentos.
Tese é a ideia central defendida por um posicionamento. No debate anterior, há uma tese diferente para cada grupo defender – o favorecimento da proibição das torcidas organizadas e a contrariedade à proibição das torcidas organizadas. Explique, em seguida, para os alunos os quatro tipos de argumentos existentes:
- Argumento baseado no senso comum: fundamenta-se em valores partilhados pela maioria de pessoas de uma sociedade.
- Argumento baseado em citação: opinião de autoridade tem peso para convencer a opinião de outro. Como exemplo extraído do debate, vemos caso das autoridades convencerem-se sobre a proibição das torcidas nos estádios.
- Argumento basseado em evidência: fatos que comprovam a veracidade de uma tese, como no caso de uma torcida jogando bombas em outra dentro de um campo de futebol diante das câmeras de televisão e jornalistas.
- Argumento baseado no raciocínio lógico: relação lógica entre ideias, de causa e consequência, de comparação, de oposição, entre outras. Relação de causa e de consequência pode ser observada na afirmação sobre a atuação rígida da justiça, que acaba com violência e não o fim de torcida organizada.
Agora podemos falar sobre a relatividade dos argumentos. O aluno deve entender que um argumento não é uma verdade pronta e acabada, mas sim a busca da maior aproximação possível da verdade respeitando a ética, a razão e o bom senso. Daí, a importância de usá-los com sensatez.

Por fim, faça com seus alunos um breve esboço sobre a estrutura do texto dissertativo-argumentativo. Ele é composto de três partes:
- Introdução: nessa parte, é apresenta a tese. É importante um posicionamento firme desde essa parte do texto.
- Desenvolvimento: nessa parte, ocorre a justificação da tese por meio dos argumentos.
- Conclusão: retoma as principais ideias do texto, com uma reflexão final sobre o tema apontando soluções, se possível.
Após a explanação do conteúdo, marque a produção textual do item a seguir como atividade avaliativa. Isso ocorre na terceira aula.

Quarta aula:

A atividade do item "avaliação", que vem descrita em seus detalhes no segundo tópico seguinte, será efetuada nessa quarta aula.

Recursos Complementares

Referência:

CUNHA, Celso; CINTRA, Luis F. Lindley. A Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3. ed. rev. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

HISTÓRIA - MÁFIA AZUL. Site oficial da Máfia Azul. Disponível em: < http://www.mafiaazul.com.br/interna.asp?codTexto=2 >. Acesso em: 13 set. 2009.

SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de Redação. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.

VIOLÊNCIA NAS TORCIDAS. G1. 17 de out. 2005. Disponível em: < http://jornalnacional.globo.com >. Acesso em: 13 set. 2009.

WEBER, Demétrio. Votação do projeto de cotas universitárias é adiada no Senado; Andifes é contra proposta. Disponível em: < http://oglobo.globo.com >. Acesso em: 13 set. 2009.

Avaliação

A avaliação consistirá na leitura do texto Votação do projeto de cotas universitárias é adiada no Senado; Andifes é contra proposta, que está disponível em: < http://sites.google.com/site/centropedagogicoufmg/lingua-portuguesa-2 >.

Através desse texto, vemos que a questão das cotas universitárias gera polêmica principalmente entre os responsáveis pelas leis no Brasil. Redija um texto dssertativo-argumentativo trabalhando a tese a seguir (25-30 linhas):

“As cotas universitárias são a melhor forma de garantirmos um futuro melhor aos alunos mais carentes”.

Opinião de quem acessou

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Opiniões

  • shirley, colégio são paschoall , Minas Gerais - disse:
    shirley_maia@hotmail.com.br

    06/09/2012

    Cinco estrelas

    adorei a explicação do professor e por coincidência, argumentou exatamente sobre o tema que deverei argumentar... valeu... obrigada!


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