Esta aula contribuirá para que o aluno tenha contato com o movimento concretista brasileiro. Movimento que foi fundamental para a evolução da literatura brasileira, particularmente para a poesia, por suas propostas estéticas, inovadoras e ousadas.
Contribuirá também para despertar a curiosidade e motivar os alunos a escrever suas próprias poesias.

Para o aluno desenvolver sua produção escrita, é de fundamental importância que ele saiba que a leitura vai além do texto, do poema e que ler não significa apenas decifrar as letras colocadas, e sim penetrar no corpo do texto. É importante também que eles saibam que, além do significado, inferimos também imagens, palavras, sílabas e letras.

1ª aula:O professor poderá iniciar a aula mostrando algumas imagens na lousa, no retroprojetor ou impressas:

Velocidade, Ronaldo Azeredo (1958).

Ver navios, Haroldo de Campos (1957/1959)

Tudo está dito, Augusto de Campos (1974)

Fonte: http://www.poesiaconcreta.com.br (acessado em 19 de setembro de 2009)

Em seguida, pergunte aos alunos o que eles veem nas imagens e, a partir das questões, estimule-os com algumas perguntas, tais como:
• O que é poesia?
• Quais são as características deste tipo de texto?
• Vocês gostam de ler poesia? Por quê?
• Estas imagens podem ser consideradas poesias?
• Qual é a semelhança entre estas imagens?
• Qual é a diferença entre tantos poemas que você já leu e esta nova forma de expressão?

Após obtenção das respostas, o professor dirá que essas imagens são consideradas Poesias Concretas. Elas fazem parte do Concretismo, movimento artístico derivado do Abstracionismo Geométrico que marcou a criação plástica e poética durante a década de 1930, na Europa, e de 1950, no Brasil.
É importante mostrar aos alunos que as imagens são poesias e que têm como característica principal o rompimento com a sintaxe – e não apenas com o léxico ou o nível semântico – da língua e faz a passagem desta para a linguagem.
Para fixar o rompimento com a sintaxe na Poesia Concreta, o professor apresenta novamente as imagens que serão analisadas juntamente com os alunos. Exiba as poesias novamente, na lousa, no retroprojetor ou impressas, e faça a leitura tecendo comentários a respeito de cada uma.
É importante mostrar aos alunos que todas trabalham com as palavras e sua disposição no espaço, utilizando recursos tipográficos. A pontuação torna-se desnecessária, uma vez que o espaço gráfico passa a fazer funcionar com maior plasticidade as pausas e os intervalos da dicção.

2ª aula:O professor distribui um texto sobre o que foi o movimento concretista, segue sugestão:

Fonte: http://www.brasilescola.com/literatura/concretismo.htm (acessado em 13.09.2009).

O professor lerá o texto juntamente com os a lunos, dando ênfase às características das Poesias Concretas. Para que o aluno tenha um maior contato com essas características, o professor levará para a sala os seguintes poemas concretos e analisará junto com a classe. Seria interessante apresentar alguns destes poemas em áudio para que pudessem ouvir.

O primeiro poema é o Código e o professor poderá mostrar para os alunos a palavra código dentro deste poema.

Já o poema Life, que significa vida em inglês, não é o que importa nesse poema. A palavra em si torna-se insignificante diante do processo de formação do poema. É a vida que vai se formando concretamente através da letra I, cuja forma está presente em todas as outras. O I é responsável por todo o significado do poema.
Caso seja possível, apresentar em áudio esse poema (http://www.poesiaconcreta.com.br/audio.php?page=6&ordem=asc – acessado em 13 de setembro de 2009).

O professor poderá fazer uma das leituras possíveis desse poema e pedir para os alunos também fazerem uma análise do que veem. O que se vê primeiramente é uma forma retangular. O poeta se aproxima do debate sobre a questão fundiária. Há também uma repetição da palavra terra que nos remete ao significado de posse (ter). Algumas frases podem ser lidas:
• A terra é rara: rara, terra.
• A terra é trabalhada: araterra, aterra (lendo na transversal).
• A terra é mal dividida: erra, errar a terra.
• A terra tem dono: ter terra.
Caso seja possível, apresentar em áudio esse poema, depositado no endereço: (http://www.poesiaconcreta.com.br/audio.php?page=11&ordem=asc – acessado em 13 de setembro de 2009).

O professor poderá fazer uma das possíveis leituras desse poema e pedir para os alunos também fazerem uma análise do que veem. É importante mostrar para eles o jogo com as palavras nasce e morre e que, a partir delas, foram formadas as palavras remorre e renasce. Traçando um movimento circular, o poema termina como começa, ou seja, com a palavra se, assemelhando-se ao grande ciclo da vida: nascer e morrer.
Caso seja possível, apresentar em áudio esse poema, depositado no endereço: (http://www.youtube.com/watch?v=WXuRsJZsl4E&feature=PlayList&p=A4794A1A0EF5C812&playnext=1&playnext_from=PL&index=9 - acessado em 13 de setembro de 2009).

O professor dirá que o poema é do final dos anos 1950, e que o poeta Décio Pignatari, a partir de um slogan de propaganda, constrói e reconstrói as palavras que vão desaguar em “cloaca”. Ele faz uma paródia crítica do comercial.
Caso seja possível apresentar em áudio esse poema, depositado no endereço: (http://www.poesiaconcreta.com.br/audio.php - acessado em 13 de setembro de 2009).
Como lição de casa, o professor pode sugerir que cada aluno faça uma pesquisa sobre quem foram os principais representantes do movimento concretista no Brasil. Eles deverão escrever no caderno e exemplificar com alguns poemas desses autores.

3ª aula:Nesta aula, os alunos se reunirão em grupos de 4 a 6 pessoas e farão cartazes, oferecidos pelo professor, sobre os dados encontrados nas pesquisas e as características básicas do concretismo. A ideia é que eles interajam, discutindo sobre o material encontrado. Os cartazes serão expostos na classe.

4ª aula:O professor sugere aos alunos escrevam um poema utilizando algum “efeito especial”. A ideia é que os alunos produzam seus próprios poemas concretos. O professor deverá deixar que os alunos decidam se preferem escolher um tema e escrever um novo poema ou fazer uma paráfrase de um dos poemas lidos ou pesquisados, se querem escrever em duplas ou individualmente. Ao oferecer várias possibilidades, o professor propicia uma relação prazerosa dos alunos com a escrita, o que é fundamental para seu desenvolvimento como autores.
Organize uma exposição na classe com as produções dos alunos. Além de apresentadas na sala de aula, as produções dos alunos podem ser expostas para toda a escola e disponibilizadas no sítio da escola.

http://www2.uol.com.br/augustodecampos/poesiaconc.htm

http://www2.uol.com.br/haroldodecampos/flash.htm

http://www.ufpi.br/mestletras/arquivos/file/04_CAPITULO_I_.pdf

A avaliação deverá ocorrer durante a confecção e a apresentação dos poemas concretos produzidos pelos alunos. Durante a apresentação dos poemas, o professor deve valorizar os aspectos positivos do aluno e orientá-los no que precisa melhorar. Ao final, tanto o professor quanto os alunos fazem comentários sobre os pontos positivos e negativos da apresentação, tais como postura, leitura e criatividade nos poemas. Tanto os avaliadores como os avaliados devem ter clareza do objetivo das observações feitas, ou seja, de contribuir para a melhoria das futuras apresentações.
O professor deve estar atento se ao construir os poemas concretos, os alunos evidenciaram conhecimentos do tema como um todo.