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Transitividade verbal: quando o complemento é necessário?

 

20/10/2009

Autor e Coautor(es)
Priscila Brasil Gonçalves Lacerda
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Professor Luiz Prazeres

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: léxico e redes semânticas
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

 Nesta aula, pretende-se fazer com que os alunos compreendam a relação semântica do verbo com o seu complemento e reflitam sobre a referência construída no âmbito da predicação, observando a aplicabilidade dos preceitos tradicionais sobre transitividade.

Duração das atividades
aproximadamente 2 aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

 É necessário que os alunos saibam reconhecer as classes morfológicas das palavras, sobretudo, identificar verbo, substantivo, artigo e preposição.

Estratégias e recursos da aula

 No primeiro momento da aula, o professor deve apresentar aos alunos o trecho a seguir, do “Poema circense”, de José Paulo Paes.
Atirei meu coração às areias do circo. Ninguém bateu palmas. O trapezista sorriu, o leão farejou-me desdenhosamente, o palhaço zombou de minha sombra fatídica.
 Em seguida, o professor deve solicitar aos alunos que:
a) Reconheçam os verbos de cada período
 A fim de despertar a atenção dos alunos para a noção de complemento verbal, o professor pode retirar os complementos verbais presentes nas orações desse trecho:
Atirei meu coração às areias do circo. Ninguém bateu palmas. O trapezista sorriu, o leão farejou-me desdenhosamente, o palhaço zombou de minha sombra fatídica.
 O professor deve, então, questionar os alunos:
b) O que ocorre com o sentido das orações quando retiramos esses elementos?
c) Reconheçam a diferença na forma em que cada complemento se liga ao verbo, isto é, se a ligação é mediada ou não por preposição.
 Sugere-se que o professor, ao fazer a correção desse exercício introdutório, construa um quadro, como o que coloca a seguir, para que as informações fiquem dispostas de forma esquemática.
Oração (verbo em destaque) Complemento sem preposição Complemento com preposição
ATIREI meu coração às areias do circo meu coração às areias do circo
como se ATIRA ao mar âncora aflita âncora aflita ao mar
Ninguém BATEU palmas. palmas -
O trapezista SORRIU, - -
o leão FAREJOU-me desdenhosamente, me -
o palhaço ZOMBOU de minha sombra fatídica. - de minha sombra fatídica
 Após ter introduzido o tema da relação entre verbo e complemento, o professor deve apresentar aos alunos a classificação tradicional dos verbos segundo a sua transitividade:
Os verbos podem ou não exigir uma palavra que os complete o sentido na construção de uma oração. Se o verbo exige complemento ele é chamado de transitivo, caso ela não precise de um complemento, ele é chamado de intransitivo.
Os verbos transitivos podem ser classificados em:
Transitivo direto  o complemento liga-se ao verbo SEM intermédio de uma preposição.
Transitivo indireto  o complemento liga-se ao verbo COM intermédio de uma preposição, ou seja, para que a ligação seja feita, é necessária uma palavra que funcione como “ponte” entre o verbo e o seu complemento.
Transitivo direto e indireto  há dois complementos simultâneos: um liga-se ao verbo SEM intermédio de preposição, e outro se liga COM intermédio de uma preposição
 Tendo explicado aos alunos a classificação tradicional dos verbos segundo a sua transitividade, o professor deve solicitar aos alunos que classifiquem os verbos do trecho do poema de José Paulo Paes, o qual foi apresentado anteriormente.
 Deve ser esclarecido aos alunos, ainda, que os dicionários usam abreviaturas para indicar a transitividade dos verbos.
 As abreviaturas são: int. = intransitivo
t.d. =transitivo direto
t.i. = transitivo indireto
t. d. e i. = transitivo direto e indireto
 Em seguida, sugere-se que o professor apresente aos alunos mais um trecho do “Poema circense”, acrescente a segunda estrofe, e solicite aos alunos que respondam as questões de “a” à “d” seguintes.

Poema circense
José Paulo Paes
Atirei meu coração ás areias do circo como se atira ao mar âncora aflita. Ninguém bateu palmas. O trapezista sorriu, o leão farejou-me desdenhosamente, o palhaço zombou de minha sombra fatídica.
Só a pequena bailarina compreendeu. Em suas mãos de opala, meu coração
refletia as nuvens de outono, os jogos de infância, as vozes populares.
a) Considere a primeira estrofe do poema: como o eu lírico foi recebido ao lançar-se no circo?
b) Em que a pequena bailarina se diferiu das outras personagens que compõem o circo?
c) Verifique no dicionário qual é a classificação do verbo ‘compreender’.
d) Por que, no poema, o verbo ‘compreender’ não está ligado a um complemento?
Observação: Essas questões têm por objetivo fazer com que os alunos percebam que, embora o verbo ‘compreender’ seja classificado como verbo transitivo direto pelo dicionário, o seu emprego em um texto pode dispensá-lo da materialidade desse complemento. O contexto pode se encarregar de completar o sentido do verbo.
 No segundo momento da aula, o professor deve desenvolver com os alunos uma reflexão acerca dos fatores contextuais que determinam a presença de um complemento verbal. Para isso, ele deve apresentar aos alunos os textos 1 e 2, seguidos de questionamentos que os façam avaliar o propósito comunicativo do complemento verbal.
Texto 1
Aprenda a fazer um MSN Messenger
São 3 passos que você precisa seguir para criar seu msn:
1. Criar uma nova conta do msn (grátis), neste passo você vai criar o endereço do seu msn.
2. Baixar o MSN Messenger e instalar.
3. Efetuar o login e convidar seus amigos para conversar.
Fonte: http://blog.mcsx.net/aprenda-a-fazer-um-msn-messenger/, acessado em 15 set. 2009.
a) Qual é o objetivo do Texto 1?
b) Sublinhe os verbos presentes nos comandos 1, 2 e 3 e reconheça seus complementos.
 O professor deve apresentar aos alunos outra versão do Texto 1, mantendo apenas os verbos nos comandos 1, 2 e 3.
Texto 1 modificado
Aprenda a fazer um MSN Messenger
São 3 passos que você precisa seguir para criar seu msn:
1. Criar .
2. Baixar e instalar.
3. Efetuar e convidar .
c) Reflita: o Texto 1 modificado cumpriu o seu objetivo? Explique.
 Após ter trabalhado com os alunos o contraste entre o Texto 1 e o Texto 1 modificado, mostrando um contexto em que o verbo não pode dispensar o complemento, o professor deve apresentar aos alunos o Texto 2.
Texto 2
Como se conjuga um empresário
Autor: Mino
Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Conferiu. Vendeu. Vendeu. Ganhou. Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Depositou. Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. Repreendeu. Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Beijou. Convidou. Saiu. Chegou. Abraçou. Deitou-se. Mexeu. Virou-se. Relaxou-se. Presenteou. Saiu. Despiu-se. Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu. Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se...
(Texto adaptado)
Fonte: http://micropoema.blogspot.com/2006/04/como-se-conjuga-um-empresrio.html, acessado em 15 set. 2009.
 Finalizada a leitura do texto “Como se conjuga um empresário”, o professor deve solicitar aos alunos que respondam as seguintes questões:
a) O que é mostrado na narrativa “Como se conjuga um empresário”?
b) Quem pratica a seqüuência de ações expressas pelos verbos que compõem o texto?
c) O que significam as repetições “Vendeu. Vendeu. Ganhou. Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou”, “Depositou. Depositou. Depositou.” e “Dormiu. Dormiu. Dormiu.”?
d) Observando a seqüuência de verbos, divida o texto em partes, utilizando como critério os espaços em que se efetuam as ações.
e) A ausência de complementos para verbos considerados transitivos pelo dicionário, como ‘cumprimentar’, ‘orientar’. ‘controlar’ e ‘advertir’, para citar apenas alguns exemplos do te xto, não compromete o sentido do texto. Por quê?
Observação: As questões propostas neste segundo momento da aula procuram levar os alunos a refletir sobre as razões contextuais que regulam a exigência ou a dispensa de complemento verbal. Pretende-se que a resposta à questão “e” dessa última seqüuência de perguntas leve os alunos a pensar que o aquilo que permite a ausência dos complementos é o propósito do texto de falar da jornada de um empresário qualquer, de forma genérica, sem especificar o alvo das ações, mas apenas as ações em por si mesmas.

Avaliação

 O professor deve avaliar a compreensão dos alunos ao fazer a discussão (correção) das questões em conjunto, analisando a adequação das respostas apontadas por eles.
 Sugere-se que o professor proponha como exercício final a análise dos seguintes períodos:
 Carlos plantou sementes de melancia. Ele mesmo semeou, adubou, irrigou, colheu e vendeu.
I. [?] Carlos plantou sementes de melancia. Ele mesmo semeou as sementes, adubou as sementes, irrigou as sementes, colheu as sementes e vendeu as sementes.
II. Carlos plantou sementes de melancia. Ele mesmo semeou as sementes, adubou o solo, irrigou as plantas, colheu os frutos e vendeu o produto.
**Agradecemos ao Professor Luiz Francisco Dias (UFMG) por esses exemplos.
 Após ter apresentado aos alunos o período em destaque acompanhado das possibilidades I e II de interpretação, o professor deve colocar-lhes o questionamento a seguir:
Por que a alternativa II é mais apropriada como paráfrase para o período em destaque do que a alternativa I?
 O professor avaliar a adequação da respostas apresentadas pelos alunos por meio de uma discussão conjunta, em sala de aula, ou pedir que os alunos entreguem as respostas por escrito a fim de que se possa fazer uma avaliação individualizada.
Observação: Acredita-se que, a partir dessa questão final, o professor possa avaliar se os alunos são capazes de fazer uma interpretação apropriada da ausência de complemento.

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 5 classificações

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Opiniões

  • Alana Maria de Abreu Leandro, E.E.E.F. Dom Moisés Coelho , Paraíba - disse:
    alanaleandro@hotmail.com

    07/11/2011

    Quatro estrelas

    Gostei da proposta. Vou trabalhar com meus alunos.


  • Michele Fernandes, EMEF Mário Quintana , Rio Grande do Sul - disse:
    michele_m_fernandes@yahoo.com.br

    12/03/2011

    Cinco estrelas

    Achei a proposta excelente, pois não se baseia na simples nomenclatura e exercícios de classificação, mas de uma verdadeira aplicação prática dos conhecimentos e de uma pertinente reflexão. Com certeza, usarei com meus alunos.


  • Geane Pimentel, Centro Educacional Municipal D. José Pedro Costa , Bahia - disse:
    geanemoreira2@hotmail.com

    04/08/2010

    Cinco estrelas

    Achei a aula extremamente interessante e eficaz no trabalho com adolescentes do fundamental.


  • Marlizeth Rojas do Nascimento, EMEF MAGDALENA TAGLIAFERRO , Rondônia - disse:
    marlyzeth_rojas@hotmail.com

    24/03/2010

    Cinco estrelas

    gostei muito do texto


  • Rosaura Kader de Oliveira, E. E. F. prof[ Marcília de Oliveira , Santa Catarina - disse:
    rokol@ig.com.br

    24/03/2010

    Cinco estrelas

    Através das atividades propostas, o aluno facilmente apropria-se dos conceitos; pois. todas as atividades o levam a refletir sobre a construção aplicada, suas implicações de formas e significações expressas, além de permitirem esclarecer a clareza destes significados no contexto construído. A aquisição dos conceitos se faz em meio à diferentes atividades oportunizadoras de reflexões enriquecedoras. Aulas sugeridas práticas em recursos atuais e dinâmicas.


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