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Como chegamos a saber o que é belo?

 

03/10/2008

Autor e Coautor(es)
ROSANGELA MENTA MELLO
imagem do usuário

TELEMACO BORBA - PR WOLFF KLABIN CE E FUND MED NOR E PROF

Eziquiel Menta, Maria Cristina de Moraes e Aguinaldo Mendes de Araújo

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Filosofia Lógica e filosofia geral: problemas metafísicos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
Noções básicas de estética: conceitos de beleza e feiúra, os problemas do gosto, a arte e a recepção estética.
Duração das atividades
5 aulas
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
Revolução Francesa e Revolução Industrial.
Estratégias e recursos da aula

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  • Solicite aos estudantes que façam um desenho livre no papel A4.
  • Expor os desenhos em um varal didático e incentivar a observação das produções.
  • Estabelecer um diálogo com a turma no sentido de registrar o que os alunos pensam sobre o que é arte e estética.
  • Neste primeiro momento é importante que o Professor estimule a turma a participar e que registre as concepções dos alunos sobre o tema proposto. A seguir, Professor, anote quais as curiosidades que os estudantes possuem sobre o tema e o que gostariam de discutir?
     

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Diante das questões levantadas pela turma, irão surgir várias concepções arte e estética. É importante neste momento, que o professor faça um desafio, ou seja, é a criação de uma necessidade para que o educando, através de sua ação, busque o conhecimento e estabeleça uma relação com os que já possuem.

Sugestões de questões que podem ser colocadas no quadro de giz para incentivar a turma sobre o tema:

  • Dimensão filosófica: O que é belo? Existe relação do belo com a estética? Quais os filósofos que discutem a estética?
  • Dimensão histórica: Na civilização ocidental, que povo inicialmente cultuava o belo? Qual a importância da estética para estes povos? Existe diversidade de opiniões sobre este tema?
  • Dimensão artística: Qual o papel da filosofia na escola ao discutir estética? Os grafiteiros trabalham com o belo?
  • Dimensão social: Que padrões de beleza são impostos na sociedade atual?
     

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Atividade 1


COMO CHEGAMOS A SABER, O QUE É BELO?


A arte nos convida a contemplá-la por meio do pensamento e, na verdade, não para que possa retomar seu antigo lugar, mas para que seja conhecido cientificamente o que é a arte. (Hegel)


Reflexões sobre a essência do belo ocorrem desde a antiguidade, seja por meio de valores objetivos ou meramente subjetivos. Será mesmo que tudo o que é perfeito é bom e é belo?

Vamos refletir:

  • O que é o belo para você?
  • Será que o belo é um atributo, um juízo de valor, ou contemplação estética?
  • O belo pode ser emitido em várias situações, como por exemplo, para elogiar a coragem ou o raciocínio lógico, enfatizando que a noção de beleza é bastante elástica.


Observe as obras de arte a seguir e faça um contraponto entre ambas em seu caderno, para discutirmos em grupo as opiniões.

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 O afresco A última ceia foi pintado numa parede do refeitório do convento de Santa Maria das Graças, em Milão, e fica acima de uma porta fechada com alvenaria após a conclusão da obra. Foi pintado por Leonardo da Vinci. O início da obra é tido como o ano de 1495.[1]

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Obra de Letícia Faria (Uberlândia/MG, 1953) é um convite para adentrar em um mundo de ambigüidade, do extraordinário, do maravilhoso, do insensato, como esta amostra da série Apocalipse. Refazer a gênese, refazendo a verdade das coisas sem destruir o processo, tem sido um desafio a muitos artistas. A Última Ceia, acrílica s/tela, 200x150cm, 1992. Coleção Particular.[2]


Convide os estudantes para apresentarem suas conclusões, oralmente, aos demais colegas.


Atividade 2:

 

O que é o belo e feio?


Boa arte é aquela que dá prazer estético, respeita os limites do espectador, exige distância e, assim, convida o olhar para uma comunhão acalentadora com a imagem, figurativa ou não.
(Jair Barbosa, 2 006)


O belo e a beleza têm sido objetos de estudo ao longo de toda a história da filosofia. Na visão do senso comum a palavra estética nos remete intuitivamente ao belo, enquanto disciplina filosófica surgiu à estética na Antiga Grécia, como uma reflexão sobre as manifestações do belo natural e o belo artístico. O aparecimento desta reflexão sistemática é inseparável da vida cultural das cidades gregas, onde era atribuída uma enorme importância aos espaços públicos, ao livre debate de idéias e aos poetas, arquitetos, dramaturgos e escultores eram conferidos um grande reconhecimento social.

 

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Augeste Rodin (1840-1917) - Escultor Francês. La Danaide, 1889.

Platão foi o primeiro a formular explicitamente a pergunta: O que é o Belo? O belo é identificado com o bem, com a verdade e a perfeição. A beleza existe em si, separada do mundo sensível. Uma coisa é mais ou menos bela conforme a sua participação na idéia suprema de beleza. Neste sentido criticou a arte que se limitava a "copiar" a natureza, o mundo sensível, afastando assim o homem da beleza que reside no mundo das idéias.

Aristóteles concebe a arte como uma criação especificamente humana. O belo não pode ser desligado do homem, está em nós. Muitas vezes o estranho ou o surpreendente converte-se no principal objetivo da criação artística. Aristóteles distingue dois tipos de artes: as que possuem uma utilidade prática, isto é, completam o que falta na natureza e as que imitam a natureza, mas também podem abordar o que é impossível, irracional, inverossímil[3].

O que confere a beleza a uma obra é a sua proporção, simetria, ordem, isto é, uma justa medida.

O juízo de valor estético busca a universalização, segundo Kant, ao se emitir um determinado juízo, deve-se reivindicar para ele a objet ividade, mas também se podem pronunciar juízos subjetivos (gosto desta obra) tendo consciência de estar experimentando apenas o gosto pessoal, porém se o juízo estético aspira à universalidade, deve justificar tal aspiração, recorrendo também a um conceito universal, pois, segundo Platão, objeto belo é aquele onde se manifesta o belo, assim, o racionalismo clássico, dada alterações, retoma o pensamento platônico, que deixa explícito que a beleza é a única que tem privilégio de poder ser aquilo que está em evidência, onde o objeto belo envolve e emociona mais imediatamente do que qualquer outro objeto.

E assim, os clássicos podem conferir autoridade ao juízo crítico, e mais, ainda estabelecem uma concepção didática à arte, onde a idéia de belo se concretiza em modelos determinados que passem a ser seguidos por críticos e artistas.

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Pollock: Stenographic - Figure 1942

 

Cria-se o dogmatismo que afirma que a mais bela qualidade do pintor é ser imitador da perfeita natureza. Mas, o próprio Platão sugere que a inspiração deve ser evocada pelo artista, que sejam idéias inspiradoras e belas, capaz de seduzir e que sejam transferidas para objetos belos, pois o artista não deve seguir um sistema de receitas e regras para compor arte.

Posteriormente, a autoridade eclesiástica da Idade Média introduz na concepção do belo a identificação direta com Deus, como um ser único e supremo a serviço do Bem e da Verdade. Tanto Santo Agostinho quanto São Tomás de Aquino identificam a beleza com o Bem, ademais da igualdade, do numero, da proporção e da ordem: estes atributos nada mais são do que reflexos da própria beleza de Deus. Ao final da era medieval, a autoridade eclesiástica rejeita a autoridade científica que se faz presente e notória, exatamente por esta se distanciar da associação dos fenômenos às vontades divinas. Assim, na Renascença, o artista passa para uma dimensão maior, não de mero imitador, nem de um serviçal de Deus, mas de um criador absoluto, cujo potencial genial faz surgir uma arte de apreciação, de fruição. Aristóteles é interpretado de maneira normativa. Seu conceito de arte enquanto mimese e a classificação dos três gêneros literários – épico, lírico e dramático, gêneros estes imiscíveis e imutáveis – passam a ser normas de conduta criativa dos artistas de transição. Assim sendo, regras e padrões fixos são estabelecidos para nortear a produção da obra de arte, bem como sua apreciação, mesmo estando à a rte a serviço da Igreja.

O estudo, em 1750, de Alexander Gottlieb Baumgarten tinha por objetivo analisar o que nos provoca as sensações, denominando essa área de investigação de “estética”, sendo a primeira vez empregada este termo, fundando assim a ciência da sensibilidade.

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Pablo Picasso - La Muse

Já para os filósofos do séc. XVIII, como HUME e KANT, é no campo da subjetividade que se encontra a resposta para o problema do belo. A estética transformou-se, assim, em teoria do gosto, cujo problema central passou a ser o de saber como justificamos os nossos gostos. O subjetivismo estético é a doutrina defendida por estes dois filósofos, embora com tonalidades diferentes. A doutrina rival é o objetivismo estético e é bem representado pelo filósofo americano contemporâneo Monroe Beardsley (1915–1985), para quem o belo não depende dos gostos pessoais, mas da existência de certas características nas próprias coisas.

Desta forma, podemos dizer que entre os gregos, a arte mais importante era a escultura; no renascimento era a pintura, em 1838 com a invenção da fotografia ocorre o fim da figuração, a dissolução da imagem representativa e bem definida numa obra de arte. Para preservar sua especificidade e autonomia, a pintura procura se reinventar, surgindo às chamadas vanguardas do século XX, movimentos artísticos que contestam o apego tradicional das artes à figuração e às formas bem identificáveis, como o caso de distorção nas obras de Picasso[4] (1881-1973), ou abolindo-as do quadro como no caso de Pollock[5] (1912-1956) e Rothko[6] (1903-1970).


Analisando o texto sugerido e as imagens apresentadas, vamos refletir:

 

  • Se tradicionalmente a feiúra foi sempre evitada na arte e na filosofia, por ser vista como um sinal de imperfeição. Vivemos agora em um estado de indeterminação, pois não sabe mos mais ao certo o que é belo ou feio. Precisamos a prender a deixar a feiúra ser! Não se trata de fazer uma apologia do feio, mas de se esforçar para conviver melhor com a desarmonia, com a incompletude e até mesmo com a incorreção, não apenas nos outros, mas em nós mesmos.

Questione os seus alunos: Vocês concordam com essa posição filosófica? Que conceitos/dúvidas podemos levantar sobre estas reflexões?
Reúna os estudantes em grupos para que discutam o que é belo, o que é feio e como as idéias propostas neste texto interferem em nossa vida.
Os registros das discussões pode ser feito em forma de uma dissertação, ilustrados com a construção de um poema, na composição de uma música, etc.

 

Atividade 3:

 

O que é o gosto?

 

Se quisermos educar o nosso gosto frente a um objeto estético, a subjetividade precisa estar mais interessada em conhecer do que em preferir. Para isso, ela deve entregar-se às particularidades de cada objeto.

Nesse sentido, ter gosto é ter capacidade de julgamento sem preconceitos. É deixar que cada uma das obras vá formando o nosso gosto, modificando-o. Se nós nos limitarmos àquelas obras, sejam elas música, cinema, programas de televisão, quadros, esculturas, edifícios, que já conhecemos e sabemos que gostamos, jamais nosso gosto será ampliado. É a própria presença da obra de arte que forma o gosto: toma-nos disponíveis, faz-nos deixar de lado as particularidades da subjetividade para chegarmos ao universal.

Mikel Dufrenne, filósofo francês contemporâneo, explica esse processo, diz que a obra de arte



...convida a subjetividade a se constituir com o olhar puro, livre abertura para o objeto, e o conteúdo particular a se pôr a serviço da compreensão em lugar de ofuscá-la fazendo prevalecer as suas inclinações. À medida que o sujeito exerce a aptidão de se abrir, desenvolve a aptidão de compreender, de penetrar no mundo aberto pela obra. Gosto é, finalmente, comunicação com a obra para além de todo saber e de toda técnica. O poder de fazer justi ça ao objeto estético é a via da universalidade do julgamento do gosto.

 

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Papa Inocêncio X 1650
Deigo Velázquez (1599-1660)

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Papa Inocêncio / Francis Bacon (1909-1992) em 1950
 

Assim, a educação do gosto se dá dentro da experiência estética, que é a experiência da presença tanto do objeto estético como do sujeito que o percebe. Ela se dá no momento em que, em vez de impor os meus padrões à obra, deixo que essa mesma obra se mostre a partir de suas regras internas, de sua configuração única. Em outras palavras, no momento em que entro no mundo da obra, jogo o seu jogo de acordo com suas regras e vou deixando aparecer alguns de seus muitos sentidos.

Isso não quer dizer que vá ser sempre fácil. Precisamos começar com obras que nos estejam mais próximas, no sentido de serem mais fáceis de aceitar. E dar um passo de cada vez. O importante é não parar no meio do caminho, pois o universo da arte é muito rico e muito enriquecedor. Através dele, descobrimos o que o mundo pode ser e, também, o que nós podemos ser e conhecer. Vale a pena.

Concluindo tudo isso que acabamos de discutir: os conceitos de beleza e feiúra, os problemas do gosto e a recepção estética constituem o território desse ramo da filosofia denominado estética[7].

Mas, Kant continua propondo uma teoria sobre o belo, indaga como propor uma teoria se a obra de arte deve ser a aparente liberdade de um produto da natureza, sendo a regra que preside sua produção dada pela própria natureza, e que se manifesta através do homem, onde sua genialidade é obra da própria natureza. Kant conclui que não há idéia nem regra para se produzir o belo.

Já Hegel não tenta produzir uma teoria do juízo estético, mas sim uma teoria sobre a arte e seu devir, onde os semblantes da arte são múltiplos e sua diversidade é irredutível, através do tempo. Para Hegel o devir é dialético, obedecendo à necessi dade lógica, onde o belo é a idéia encarnada, onde idéia significa a verdade suprema e objeto absoluto da consciência, e livre de contradições.

A verdade é toda experiência estética, onde a idéia está presente sob a forma sensível. O belo é a manifestação do ideal. Onde a arte não imita, idealiza, exprime o universal no particular.

Portanto, percebemos que o belo contemporâneo pode estar associado a outros valores, tais como: utilidade, prazer e moral, como observaram pelo excessivo cuidado com o corpo, seja nas academias, das form as de se vestir, ou mesmo no comportamento do ser humano em sociedade. Atualmente, a busca desenfreada pela perfeição estética, por um corpo perfeito, atinge a população de modo excessivo, como é o caso da popularização de cirurgias plásticas, aplicações de silicones e tratamentos de beleza.

O padrão de beleza estereotipado é associado a outros valores em nossa sociedade, tais como: felicidade, sucesso, trabalho e parceiros perfeitos. Observa-se que o ser humano que não se encaixa nestes padrões acaba sendo excluído do acesso ao mercado de trabalho, de determinados grupos sociais e políticos.

Cabe-nos tomar consciência da situação em que vivemos; enfrentá-la, ultrapassá-la de forma a construir uma sociedade mais humana e justa, afinal ser é mais importante que ter? Pense um pouco e registre suas idéias em seu caderno.

 

Atividade 4:

 

O que é arte[8]?

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J ha scarabocchiato alle: L'arte transcende

 

Entre as teorias explicativas sobre a arte destacam-se as seguintes:

  1. Teoria da arte como imitação - A teoria mais antiga. A arte é uma imitação ou representação da natureza, das idéias, da ordem ou harmonia cósmica, etc.
  2. Teoria da arte como expressão - A arte é a expressão das emoções, sentimentos dos artistas. Concepção de arte que emerge a partir do século XIX que valoriza a dimensão; o subjetividade da criação artística.
  3. Teoria da arte como forma - A arte é vista como um vasto conjunto de técnicas de exp ressão que cada artista faz uso consoante do meio específico em que trabalha.
  4. Teoria institucional da arte - Aquilo que pode ser abrangido pelo conceito de arte é determinado em última instância por uma comunidade de pessoas ligadas à sua produção, venda e difusão, e entre os quais podemos apontar os críticos, historiadores, galeristas, etc.
  5. Teoria da arte como forma significante.

A linguagem artística é por natureza polissêmica, isto é, admite uma pluralidade de sentidos, apelando à nossa capacidade para descobri-los. Não existe uma única forma de inte rpre tá- las, como não existe uma maneira de senti-las.

Passe para os alunos o seguinte exercício:

Vamos ao caminho do entendimento?

Escreva as suas idéias e conclusões, segundo sua reflexão, de cada momento da aula.

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LEITURA COMPLEMENTAR: ZUZU ANGEL



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“Roupa não tem importância. Moda tem. É um documento histórico. É criação e liberdade.”
Zuzu Angel (1972)

 

Pode-se dizer que há dois Brasis: um antes de Zuzu (a.Z) e outro depois de Zuzu (d.Z.). O primeiro Brasil era conhecido no exterior, principalmente pelo café, Copacabana, Pelé, futebol e carnaval. Mas essa mineira nascida há 75 anos na cidade de Curvelo conseguiu, nos anos 60, o que até então nenhum costureiro brasileiro conquistara: páginas inteiras em grandes jornais norte-americanos como The New York Times e The New York Post. Zuleika (Zuzu) Angel Jones exportou muito dos seus modelos made in Brazil para o s Estados Unidos, competindo de forma amplamente vitoriosa no sofisticado campo da moda internacional.

Ao criar seus modelos, Zuzu dizia: "Gosto que a mulher fale, que se expresse". E isto incomodava a sociedade brasileira numa época em que a mulher não tinha voz própria. Era o homem, o costureiro, quem falava e impunha os seus desejos e sua estética à sua clientela feminina. Parênteses: até 1962, ano em que foram aprovadas mudanças no Código Civil (Lei 4.121, criada pela advogada Romy Medeiros), a mulher brasileira não podia viajar e nem ter conta em banco ou fazer uma cesariana sem autorização do marido, que era legalmente dono do destino da mulher.

Quando seu filho, Stuart Angel Jones, desapareceu e foi assassinado nas prisões da ditadura militar, aquela mulher valente, audaciosa, corajosa, que enfrentava qualquer parada, se viu impotente. Apesar de muito bem re lacionada, andava às cegas e não conseguiu sequer um esclarecimento e nenhum apoio de generais, ministros e políticos do alto escalão do governo Emílio Garrastazu Médici. A busca desesperada, até mesmo obsessiva, de Zuzu Angel pelo corpo do seu Tute, apelido familiar de Stuart a levou, inclusive, a criar um visual-denúncia, sendo, como bem afirmou o escritor e jornalista Zuenir Ventura, "precursora das locas de la Plaza de Mayo": passou a se vestir toda de negro, com um echarpe de organza cobrindo os cabelos, um anjo nu rodeado por flores (uma criação de Isidro) ornamentando o seu colo e na cintura, muitas cruzes, de todos os tamanhos, o símbolo do martírio de Jesus Cristo, reflexo de seu martírio de mãe, reflexo da sua via sacra, da sua peregrinação, sem pausa e sem temor, em busca do corpo do amado filho Stuart.

Anjos machucados, anjos feridos, anjos e tanques de guerra e manchas vermelhas foram os motivos das estampas criadas por Zuzu Angel para denunciar, em um desfile que realizou no consulado do Brasil, em Nova York, em 1971, o assassinato de seu filho Stuart pelo governo militar chefiado por Emílio Garrastazu Médici. Essa foi a primeira moda-política de que se tem notícia. Nela, o humor e o trágico se combinavam. Zuzu incomodou muitas autoridades nacionais, com as denúncias políticas que fez no exterior, mais precisamente nos EUA, país onde nasceu seu ex-marido e pai de seus três filhos: Stuart, Hildegard e Ana Cristina. Quando voltou ao Brasil, após ter deixado relatórios sobre a morte de Stuart na ONU e no senado norte-americano, Zuzu começou a ser seguida, a receber ameaças pelo telefone e teve até sua única loja, localizada no Leblon (RJ), incendiada. Tudo indica que sua morte em 1976 foi um assassinato com motivação política, assim está no roteiro do possível filme sobre a sua vida, assim pensam duas eminentes feministas, a escritora Rose Marie Muraro e a deputada estadual Heloneida Studart, que conviveram, de perto, com Zuzu.

Para re fletir...

  1. Pode-se dizer que há dois Brasis: um antes de Zuzu (a.Z) e outro depois de Zuzu (d.Z.). Qual a importância de Zuzu Angel para a moda brasileira e a construção de um conceito de estética?
  2. Até 1962, ano em que foram aprovadas mudanças no Código Civil (Lei 4.121, criada pela advogada Romy Medeiros), a mulher brasileira não podia viajar e nem ter conta em banco ou fazer uma cesariana sem autorização do marido, que era legalmente dono do destino da mulher. Faça uma análise do contexto sócio-político desta époc a e as formas de expressão artísticas possíveis, citando exemplos.
  3. Que contribuições Zuzu Angel trouxe para a mulher brasileira com seu exemplo de vida? Existe liberdade de expressão no Brasil atualmente? Quem dita a moda e o conceito de belo hoje? Discuta com seus colegas.

 

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“Eu sou a moda brasileira."
Zuzu Angel (1972)


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Título original: Zuzu Angel


Gênero: Drama -  Ano: 2006


País de origem: Brasil


Distribuidora: Warner Bros.


Duração: 103 min.


Classificação: 14 anos


Língua: Português


Cor: Colorido - Som: Digital


Diretor: Sérgio Rezende


Elenco: Patrícia Pillar, Daniel de Oli veira, Leandra Leal e Luana Piovani

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  1. A ESTÉTICA FILOSÓFICA. Disponível em http://br.geocities.com/maeutikos/filosofia/filosofia_estetica.htm acessado em 15/10/2006.
  2. ALMEIDA, Aires. Estética. In: ____. Crítica: Revist a de F ilosof ia e Ensino. 15/05/2005. Disponível em http://criticanarede.com/est_estetica.html acessado em 14/10/20 06.
  3. ARÉAS, Joana Pinheiro Gomes. A beleza e seus sentidos. In: DISCUTINDO A FILOSOFIA. Ano 1, n. 4, 2006. p. 52-53
  4. BACON, Francis. Artquotes. Disponível em http://www.artquotes.net/masters/bacon/paint_study.htm acessado em 15/10/2006.
  5. BARBOSA, Jair. Adeus às figuras. In: DISCUTINDO FILOSOFIA. Ano1, n. 3, 2006. p. 10-13.
  6. DA VINCI. Disponível em http://membros.aveiro-digital.net/aolis/Personalidades/da_vinci_artista.htm acessado em 28/11/2006.
  7. FEITOSA, Charles. Explicando a Filosofia com Arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. p. 136.
  8. FERROSA, Jorge. Caderno de Filosofia: Dimensão estética. Disponível em http://www.jorgeferrorosa.com/estetica.html acessado em 15/10/2006.
  9. FONTES, Carlos. Breve História da Estética. In: ____. Rede de Sites Filosbis. Disponível em http://geocities.com/carlosfontesxxi/ acessado em 15/10/2006.
  10. JOFFILY, Ruth. Uma vez Zuzu, sempre Zuzu. In: ESCOLA DE ESTILO – Universidade Veiga de Al meida. Disponível em http://www.uva.br/izauva/zuzu/zuzu.htm acessado em 15/10/2006.
  11. JUSTINO, Maria José (org.). Passeio pela pintura paranaense. Curitiba: Ed. UFPR, 2002. p. 109
  12. Mikel Dufrenne, Phé ;noménologie de L’Expérience Esthétique vol. 1, Paris, P.U.F., 1967, pp. 18-21
  13. OLIVEIRA, Cristina G. M. Beleza na contemporaneidade. In: FILOSOFIA: Ciência & Vida. Ano 1, n. 3, 2006. p. 50-55.
  14. PITTART. Pitture e artisti in mostra permanente. Disponível em http://www.pittart.com/storia-arte-1600.htm acessado em 15/10/2006.
  15. TERRA, Cinema e Vídeo. Zuzu Angel. Disponível em http ://cinema.terra.com.br/ficha/0,,TIC-OI5906-MNfilmes,00.html acessado em 15/10/2006.
  16. WERLE , Marco Aurélio. O belo e a razão. In: DISCUTINDO FILOSOFIA. Ano 1, n. 1, 2006.p. 40-43.
  17. ZUZU STORE MORABILIA. http://w ww.zuzu.net/store/memorabilia/wl-cer-angel-ornament.html.acessado em 15/10/2006.

_____ ___________________________________
[1] Da Vinci. Disponível em http://membros.aveiro-digital.net/aolis/Personalidades/da_vinci_artista.htm acessado em 28/11/2006
[2] JUSTINO, Maria José (org.). Passeio pela pintura paranaense. Curitiba: Ed. UFPR, 2002. p. 109
[3] Auguste Rodin (1840-1917). Escultor Francês. La Danaide, 1889
[4] La Muse. 1935. Õleo s/ tela, 130x162 cm. Musëe National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris, França
[5] Stenographic Figure 1942
[6] Mark R othkovich: Expresionismo Abstracto. Años 50 del s.XX, Estados Unidos.
[7] Observe o primeiro retrato do Papa Inocêncio X (1650) foi feito pelo pinto espanhol Diego Velázquez (1599-1660) em estilo detalhadamente realista e o segundo quadro feito pelo pintor irlandês contemporâneo Francis Bacon (1909-1992) em 1950.
[8] A arte transcente. Disponível em http://j-c.splinder.com/archive/2005-12 acessado em 15/10/2006.

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É chegado o momento em que o aluno expressa seus conhecimentos em relação aos problemas iniciais. Passaremos a elaboração teórica da síntese, isto é, da nova postura mental. Os estudantes deverão elaborar um texto dissertativo que expresse suas reflexões sobre o tema proposto.

 

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Nova postura prática ante a realidade: Intenções, predisposições, prática, novo conhecimento.

O desenvolvimento da sensibilidade, do gosto, a compreensão dos conceitos de arte, do belo, da estética deve ser trabalho com todos os alunos. É muito importante, neste momento, que cada indivíduo faça uma reflexão sincera e expresse suas idéias.

Sugerimos uma discussão sobre a arte do grafite. Convite os alunos a observarem a sua cidade e verificar se existem grafitagem nas paredes, como elas são feitas, por quem e como é a expressão artístic a local. Se possível utilize o laboratório de informática para baixar este vídeo do Youtube, o material poderá incentivar uma discussão e novas pesquisas na internet.

Grafitagem é arte!
Disponível em: http://br.youtube.com/watch?v=QL6PxMngNUo

  • Após as discussões proponha a turma que estabeleça metas para o bem viver em comunidade (relacionando as pichações com a grafitagem).
  • Leve os estudantes expressarem como cada um pode valorizar as produções artísticas, assim como a liberdade de expressão e o direito de propriedade privada de cada cidadão.


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Toda a atividade precisa ser acompanhada, no sentido de percebermos o nível de aprendizagem e de elaboração mental diante do tema proposto. Oriente o estudante para ler atentamente a ficha abaixo de auto-avaliação e indique o nível em que se enquadra. É opcional colocar valores em cada nível.

 

COMO VOCÊ, SITUA-SE DIANTE DAS SEGUINTES QUESTÕES?

AUTO-AVALIAÇÃO INICIANTE
4,0 pontos
APRENDIZ
6,0 pontos
PROFISSIONAL
8,0 pontos
MESTRE
10,0 pontos
Na sala de aula Esteve presente Contribuiu nas discussões Participou com bons argumentos Participou ativamente com argumentos bem fundamentados
Pesquisa e apresentação das atividades propostas Acompanhou as atividades Procurou participar Empenhou-se na compreensão do tema e colaborou com todos Participou ativamente em todos os momentos, contribuiu com todos na pesquisa.
Texto dissertativo Teve dificuldades Elaborou o texto com alguns argumentos Produziu um texto fundamentado nas pesquisas Produziu um texto bem fundamentado com argumentos além dos pesquisados.
Aplicação do tema no cotidiano do estudante Participou das discussões Colaborou com sugestõ es Contribuiu com várias ações a serem realizadas Apresentou várias ações para serem realizadas na comunidade e as fundamentou significativamente

 


 

 

Recursos Complementares
Convidar os professores de Artes, História e Sociologia para uma discussão sobre o tema com a turma, pode ser em forma de uma mesa redonda, ou mesmo, que cada um trabalhe este tema em suas aulas de forma interdisciplinar.
Avaliação
A avaliação também será realizada no decorrer das atividades, inicialmente observando a formação de conceitos dos estudantes, analisando seus questionamentos e intervenções, procurando, através do diálogo, perceber se houve apropriação dos conteúdos propostos e uma mudança de postura frente aos problemas levantados, no que se refere à superação de preconceitos para a compreensão da estética, do ponto de vista filosófico e artístico. O professor acompanhará fazendo leitura das produções dos estudantes, sugerindo as intervenções necessárias, incentivando leituras e a retomada de conteúdos, se necessário. Sugerimos que a turma elabore um documentário, analisando a cidade onde mora, do ponto de vista estético, estabelecendo um paralelo com o texto estudado. Este documentário poderá ser gravado com uma filmadora comum, uma máquina fotográfica digital, com celular e terá a duração de 2 minutos. É um ótimo momento para se trabalhar a produção colaborativa. A seguir o professor poderá compartilhar as produções, apresentando os vídeos para as demais turmas da escola, levando os demais alunos a despertarem sua atenção para este tema tão atual.
Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 14 classificações

  • Cinco estrelas 11/14 - 78.57%
  • Quatro estrelas 2/14 - 14.29%
  • Três estrelas 1/14 - 7.14%
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Opiniões

  • ana claudia reis, escola estadual de ouro preto , Minas Gerais - disse:
    anareisopph@gmail.com

    17/09/2014

    Cinco estrelas

    Gostei muito me ajudou bastantante espero que continue assim pra sempre assim fica mais fácil para a pesquisa e recomendo a todos muito obrigado e um abraco


  • Ronaldo, Colégio Lourdes Alves Melo e Padre Montóia , Paraná - disse:
    ronaldodeoliver@hotmail.com

    27/07/2013

    Quatro estrelas

    Gostei da organização do trabaljho


  • Leticia Marquez ex Letícia Faria, Atelier Letícia Marquez , Paraná - disse:
    leticiamarquez13@gmail.com

    02/07/2013

    Cinco estrelas

    Fiquei muito feliz ao ver minha obra ser apresentada nesta aula possibilitando reflexões sobre o belo e o feio. Parabéns, gostei de todas as questões apresentadas e da seguencia das propostas. FAZER PENSAR! Estamos atrasados, carentes mesmo, no nosso pensar que ficou aprisionado por tanto tempo numa educação enquadrada, crente em "verdades absolutas" que aprisionam o pensamento e travam o desenvolvimento do ser humano para a vida. Obrigada à toda equipe, Letícia Marquez www.leticiamarquez.com


  • Adriana, Linda Bacila , Paraná - disse:
    adrianaciencias@gmail.com

    03/11/2012

    Cinco estrelas

    muito rica e interessante! me levou a várias idéias para ensinar biologia e ciencias


  • eliane, PMCG , Paraíba - disse:
    seja.cap@gmail.com

    29/06/2012

    Cinco estrelas

    Gostei bastante, acredito que só é possivel aprendizagem quando o professor faz o aluno se posicionar frete aoconhecimento. Parabéns! Gostaria de receber por e-mail outras propostas.


  • karita vilela, centro de educação de jovens e adultos dom bosco , Goiás - disse:
    karitavilela@yahoo.com.br

    18/01/2012

    Cinco estrelas

    essa aula é espetacular


  • ALEXANDRE NONATO DOMINGOS, EE MACHADO DE ASSIS , Minas Gerais - disse:
    xandydomingos@ig.com.br

    12/01/2011

    Quatro estrelas

    Eu gostei muito, vou ate aplicar em minhas turmas o material é de muita importância valeu.


  • Janet Madalena de Almeida Néspoli Cortez, EMEB ANACLETO RAMOS , Espírito Santo - disse:
    jmancortez@sedu.es.gov.br

    30/11/2010

    Cinco estrelas

    Tenho uma enorme gratidão e um profundo respeito por professores inteligentes e competentes , que estudam e se dedicam transmitido o que sabem , estimulando e oferecendo seu saber, compartilhando sua inteligência.obrigada esta aula é uma maravilha


  • Maria do Socorro Andrade Quaresma, HORÁCIO TEIXEIRA EEFM MONSENHOR , Ceará - disse:
    ms-quaresm@bol.com.br

    31/05/2010

    Cinco estrelas

    Esta aula é esclarecedora. Com certeza ajudará bastante o professor em sala de aula. Parabéns!


  • Adriana Menezes, ANTONIO BRANCO RODRIGUES JUNIOR PROF , São Paulo - disse:
    dricka34@uninove.edu.br

    06/05/2010

    Cinco estrelas

    Excelente aula, parabéns!!


  • Pedro da Silva Fonseca, E M E F DE PACAJA , Pará - disse:
    pdrfnsc579@gmail.com

    13/04/2010

    Três estrelas

    muito interessante, é consistente. faltaram apenas um pouco mais de detalhes.


  • silvia carla dos santos ferreira, Colegio Estadual Carlos Drumond de Andrade , Paraná - disse:
    silviacarla@hotmail.com

    24/03/2010

    Cinco estrelas

    adorei novamente a sua aula


  • ROSANGELA MENTA MELLO, WOLFF KLABIN C E E FUND MEDIO NORMAL , Paraná - disse:
    rosangelamenta@gmail.com

    24/03/2010

    Cinco estrelas

    Esta aula foi baseada no roteiro proposto pelo Prof. João Luiz Gasparin. Livro: GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. São Paulo: Autores Associados, 2007.


  • Kelly Aparecida Moreira Claré, EE MARIA LUIZA MIRANDA BASTOS , Minas Gerais - disse:
    k.amoreira@bol.com.br

    24/03/2010

    Cinco estrelas

    Excelente! Parabéns.


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