18/11/2009
BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO
Edna Maria Santana Magalhães
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo | Língua Portuguesa | Análise linguística |
Ensino Fundamental Inicial | Língua Portuguesa | Análise e reflexão sobre a língua |
Ensino Fundamental Inicial | Língua Portuguesa | Ortografia |
A partir das aulas que aqui serão propostas, espera-se que os alunos sejam capazes de:
1) Utilizar a linguagem nas diferentes situações de comunicação;
2) Identificar as necessidades colocadas pelas situações de ensino e aprendizagem;
3) Reconhecer a existência de arbitrariedades em relação à convenção das normas ortográficas;
4) Refletir sobre as principais mudanças em relação à reforma ortográfica;
5) Ter claras as razões que justificaram a nova reforma da Ortografia em Língua Portuguesa (razões políticas, culturais).
É necessário que os alunos: tenham internalizado as regras ortográficas e os princípios de escrita convencional; sejam capazes de, a partir da explicitação das regularidades do sistema ortográfico, refletir sobre as irregularidades; tenham habilidade para trabalhar com legenda e saibam usar o dicionário; possam identificar e relacionar algumas das mudanças que mais dificuldades geraram para eles; possam expressar-se em textos orais e escritos.
Preparação para a 1ª aula:
Professor ao nos depararmos com os erros ortográficos de nossos alunos, sempre procuramos uma fórmula mágica para que eles tenham uma aprendizagem rápida e eficiente. Porém, sabemos que essa mágica não existe e que o melhor processo para o aluno adquirir habilidade ortográfica é através do conjunto de regras (existentes para algumas palavras) que internalizamos em nosso sistema de representação gráfica e o mecanismo de memorização, através de exercícios e exposição das palavras.
Veja a história abaixo:
"Conta-se que um menino pobre, criado num contexto pobre, foi para a escola e com freqüência dizia 'cabeu' no correr de suas conversas. A professora preocupada o corrigia dizendo: 'não é cabeu, é coube! ' O menino repetia 'coube', mas logo em seguida se distraía e vinha novamente com 'cabeu'. Após certo número de tentativas infrutíferas para corrigir o aluno, a professora o chamou, entregou uma folha de papel e disse: 'Agora vamos ver se você aprende de uma vez por todas. Enquanto os outros vão para o recreio, você fica em sala e escreve cem vezes coube nesta folha'. O aluno muito contrariado começou a escrever. Após certo tempo, havia preenchido a página toda com coube, coube, coube... Entregou para a professora e essa, desconfiada, contou quantas vezes o aluno havia escrito. Foram apenas 98. Reclamou, então: 'Eu não mandei você escrever 100 vezes? Você está querendo me enganar? Aqui só tem 98.' O aluno, na maior simplicidade se justificou; 'É que não cabeu na folha, professora'." (MORETTO, 2001, p. 69)
Observação: É preciso que os alunos compreendam que o dicionário é uma fonte contínua de pesquisa ortográfica, pois mesmo depois de adultos letrados as dúvidas são passíveis de surgir. Por isso, estimule o uso do dicionário como material de consulta. O aluno poderá tirar suas dúvidas ortográficas de uma forma mais autônoma.
1ª atividade:
Professor converse com os alunos sobre o caráter convencional do nosso sistema ortográfico, ou seja, da norma culta, e faça-os refletirem sobre as semelhanças e diferenças entre a fala e a escrita.
É nesse diálogo sobre o estudo das relações entre o "como se fala" e o "como se escreve" que o aluno percebe as diferenças entre os dois códigos e compreende as convenções do registro escrito.
Peça, antecipadamente, para que os alunos levem para a sala de aula, gibis do Chico Bento, de Maurício de Souza. Permita que façam grupos e se divirtam com a leitura. Enfatize a simpatia e modéstia do personagem Chico Bento. Converse com os alunos sobre a “fala errada” do personagem, ressalte com os alunos que nas falas do Chico há muitos registros da linguagem oral e regional (observar marcas da região rural).
Escolha uma HQ de Chico Bento e reproduza-a para os alunos. Se possível, passe-a em forma de slide (data show) ou ainda, em lâmina colorida para ser usada em retro-projetor.
Leia a história e sugira que os alunos ao detectarem os erros ortográficos, fale para você.
Anote no quadro as palavras erradas que aparecerem.
Ao terminar, volte ao quadro e trabalhe a escrita correta dessas palavras.
http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira121.htm (Acesso feito dia 28/09/2009)
http://www.monica.com.br/cookpage/cookpage.cgi?!pag=comics/tirinhas/tira300 (Acesso feito dia 28/09/2009)
2ª atividade:
Converse com os alunos sobre a linguagem oral:
1) Houve entendimento do contexto da história, apesar do linguajar do personagem?
2) Encontrou alguma palavra que não faz parte do seu vocabulário?
3) Qual palavra nessa história o faz refletir que o personagem veio de um meio rural?
4) Como seria a história se o autor utilizasse a linguagem formal para reproduzir a fala do Chico Bento?
Após a discussão, sugira aos alunos que façam cartazes com as palavras”erradas”do personagem e suas alterações. Exponha na sala o material confeccionado pelos alunos.
Preparação para a 2ª aula:
Escolha dois alunos da classe e lhes entregue o texto que virá na 2ª aula. Eles deverão ler em casa para dramatizar para os colegas de sala. Sugira a caracterização dos personagens: região rural. Enfatize a entonação para que o texto ganhe veracidade. Faça cópias do texto para todos os alunos.
Inicie a aula dizendo aos alunos que eles assistirão a uma dramatização feita por dois colegas, de um texto muito bonito e interessante. Saliente que prestem atenção ao contexto que será encenado.
Após a apresentação, solicite que os alunos sentem-se em duplas para fazer a próxima atividade. Os alunos deverão marcar a linguagem oral utilizada e depois, peça que eles reescrevam o texto em uma linguagem formal.
Depois, faça a leitura com os alunos. Peça que observem se agora, com a linguagem formal, o contexto obedece à mesma entonação do texto original. O que fica melhor e por quê. Logo, eles deverão concluir que devemos manter a linguagem oral em determinados tipos de texto onde essa linguagem se faz obrigatória para não descaracterizar o contexto.
Converse com os alunos sobre a nova convenção ortográfica, criada para unificar e facilitar o entendimento do que se lê. Verifique com eles, o que já sabem sobre as mudanças que ocorrerão em 2010.
Se possível, passe a apresentação do power- point que segue abaixo.
http://www.slideshare.net/tomcomunicacao/reforma-ortogrfica-edio-revisada?src=related_normal&rel=130319 (Acesso feito dia 03/10/2009)
Após a apresentação, discuta com os alunos sobre as mudanças e organize a produção coletiva de um manual com as novas regras, acompanhadas de exemplos. Assim os estudantes terão um material de consulta sempre à mão.
Dica: É importante que todos participem da elaboração desse manual.
Combine com a turma o período em que a grafia antiga será aceita e quando ela passará a ser considerada incorreta. O prazo deve ser estabelecido quando você perceber que todos já incorporaram as mudanças.
Leve para a sala o gibi da Turma da Mônica sobre a Reforma Ortográfica ou sugira a aquisição aos alunos:
O garoto Manezinho explica à Mônica e ao Cebolinha as novas regras ortográficas que unificaram a grafia da Língua Portuguesa a partir do primeiro dia de 2009.
Um dos méritos desta edição é mostrar, na primeira parte da história, algumas das razões e necessidades que levaram à unificação da ortografia nos países de Língua Port uguesa, situando a reforma em um contexto cultural.
http://ebooksgratis.com.br/quadrinhos/quadrinhos-turma-da-monica-saiba-mais-reforma-ortografica/ (Site acessado dia 28/09/2009)
4ª aula
Trabalhe a produção de te xto com os alunos e aproveite esse m omento para verificar a ortografia deles. L embre do acordo que você fez na aula anterior.
Entregue aos alunos uma folha pautada e com um espaço do lado direito da folha para fazer as correções ortográficas.
Peça que troquem os textos entre si. Cada colega lerá o texto do outro e marcará a palavra/sílaba que considera estar errada. Finda a leitura e as marcações, eles conversarão sobre as marcas e sugerirão as escritas corretas. Peça que registrem abaixo do texto ou no verso da folha as palavras corretas. Proponha a reescrita dos textos por seus autores. Revisem e se tudo estiver correto, assinem-no e entreguem para você.
Faça a sua leitura e marque os erros que ainda encontrar. Como foram registrados os erros da versão anterior, você poderá avaliar a natureza dos erros e determinar as formas de comentá-los.
É importante selecionar o tipo de erro para ser enfocado e comentado de forma mais aprofundada quando estiver corrigindo. Foque separadamente: ortografia, concordância, pontuação... Dessa forma, os alunos terão mais tempo para assimilar cada parte estudada.
Tome cuidado para não valorizar demais os erros, corrigindo-os de forma ríspida. Exemplo: a velha caneta vermelha por cima da escrita dos alunos. Faça marcas para que possam ser visualizados os erros, mas que não interfiram no restante do texto, não inviabilize a leitura. O problema não é a cor da tinta da caneta, mas como e por que a correção é feita e o modo como você a trabalha com os alunos.
Veja abaixo o exemplo sugerido:
Dica: Ao detectar um erro ortográfico, você deverá sinalizar com um traço abaixo do erro e na mesma linha e no espaço dedicado à sua correção representar com a letra O de ortografia, de acordo com uma legenda de correção a ser criada com os alunos. Posteriormente, trabalhe a acentuação, por exemplo, marcando e sinalizando com a letra A. Faça um trabalho gradativo para que obtenha um melhor resultado.
1)Após trabalhar a grafia de algumas palavras (dentro de um contexto) sugira que os alunos façam cartazes com as palavras que eles mais usam e cuja grafia foi alterada ou ainda, a escrita dos erros mais frequentes para serem analisados e discutidos. Exponha o material em classe. 2) Durante a leitura de um determinado texto, ao surgirem palavras cuja ortografia houve mudança, comente a alteração e incentive os alunos a falarem onde está o “erro”. Para esse tipo de proposta não há necessidade de o trabalho estar focado em ortografia. Essa pode e deve ser trabalhada a todo o momento. 3)Leve os alunos à biblioteca e peça q ue identifiquem os livros que foram publicados com a grafia antiga. 4) Utilize desde já as novas regras quando elaborar atividades para os alunos e bilhetes para os pais. 5 ) Prepare atividades com Palavras Cruzadas com as palavras que apresentam frequentemente alterações ortográficas detectadas nas produções de texto. Independente disso, usar esse tipo de atividade encontrada em revistas de lazer é muito interessante. 6)Uma outra atividade didática é o de incentivar, de forma lúdica, os alunos a identificarem raízes de palavras e a procurarem a história ou a origem das palavras qu e mais apresentam alterações ortográficas. 7) Trabal he com os alunos o Ditado Interativo, sugerido e ex plic ado na aula "Animais de estimaçã o: escrevendo histórias de amor e de respeito à vida, exibida aqui no Portal do Professor. 8) Faça concursos de soletração com os alunos. No site da TV Globo, há o S OLETRANDO, no Caldeirão do Hulk: http://tvglobo.caldeiraodohuck.globo.com/soletrando2009 (Acesso 29/9/2009) 9) Ainda na linha da soletração, estimule a criação de jogo s de formação de palavras. A cada semana um grupo ficará responsável pela criação e a condução dos trabalhos em uma aula. Isso estimula que m cria para a pesquisa novas palavras para desafiar o conhecimento dos colegas e, ao mesmo tempo, eles aprendem novo vocabulário, novos significados e novas grafias. Brincando, eles desenvolv erão estratégias de domínio da Ortografia. As palavras difíceis da semana podem compor um painel da sala e devem ser u sadas em trabalhos propostos por você. |
Professor, promova a Campanha da Palavra Certa. Trabalhe algumas palavras que todo mundo tem dúvida em relação à escrita correta e confeccione cartazes para serem espalhados pela escola. Faça isso com os alunos.
Exemplo:
O musse ou A musse?
A musse é uma iguaria de consistência leve e cremosa. Sendo assim, tão delicada, só poderia ser feminina.
Exemplo retirado do livro:
OLIVEIRA, Édison de. Português: Todo o mundo tem dúvida, inclusive você. Rio Grande do Sul: Sagra Luzzato, 2004.
Leia também:
ZORZI, Jaime Luiz. Aprender a escrever: a apropriação ao sistema ortográfico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o bá-bé-bi-bó-bu. São Paulo: Scipione, 1998.
Professor, avalie nos alunos a habilidade em escrever corretamente uma palavra desconhecida, tomando o critério das regras de palavras semelhantes, ou seja, se os alunos passaram a ter mais autonomia para escreverem sozinhos e com segurança. Observe se houve melhora na grafia das palavras nas produções de texto. Acompanhe a utilização do dicionário em sala de aula, se houve um interesse maior em utilizá-lo como uma ferramenta de aprendizagem. Avalie a capacidade dos alunos em detectar um “erro ortográfico” em sua escrita e/ou em outros textos e como eles fazem a correção de acordo com a norma culta.
Quatro estrelas 13 classificações
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31/10/2015
Cinco estrelasGostei muito deste plano de aula. Fiz umas adaptações para usar com minhas turmas na Associação Clube das Mães.
22/10/2015
Cinco estrelasExcelente planejamento. Diverti-me muito lendo a história da Mônica. Amo ler gibis.
30/01/2015
Cinco estrelasMaravilhoosssoooossss!!
06/10/2014
Quatro estrelasMuito bem explorada a questão ortográfica nas aulas citadas. Preciso me deter que ainda sinto que tenho muitas dificuldades ou os meus alunos não querem aprender a ler e escrever. Trabalho com alunos de E.M. e as dificuldades são enormes nesse quesito.
29/09/2014
Quatro estrelasótimas ideias, ótimas propostas de aulas.
20/10/2012
Quatro estrelasParabéns.
06/08/2012
Cinco estrelasmaravilhoso
18/10/2010
Quatro estrelasOlá! Gostei muito como o tema da reforma ortográfica foi trabalhado na 3ª aula. A sugestão de montar um manual coletivo com as novas regras e incentivá-los a ler o gibi da Turma da Mônica foi ótimo. Parabéns!!!
13/10/2010
Três estrelasEssa aula é prática e dinâmica. Valeu o seu esforço.
28/08/2010
Cinco estrelasParabéns! Bastante interessante seu planejamento, sugiro um turismo pela cidade para registrar com máquina fotográfica os infindáveis erros das placas que encontramos nas vias públicas.
20/06/2010
Cinco estrelasOlá! Gostei muito dessa sugestão. Segui a sequência didática e foi um show. Abraços
12/05/2010
Quatro estrelasAdorei as sugestões de atividades.
24/03/2010
Cinco estrelassou professora de LP e pesquisava algo desse tipo. o material é ótimo e com certeza trabalharei essa aula com minhas turmas.