• Compreender que há significado social e ideológico em algumas obras da contemporaneidade para além de sua visualidade.
• Conhecer a obra da artista Mary Beth Edelson e apropriação que a artista faz do grande ícone patriarcal "A última ceia" de Leonardo da Vinci.
• Entender como, de que maneira(s) a arte pode ser utilizada para subverter certos padrões convencionais sociais e de representação.
• Aprimorar o olhar crítico e a capacidade analítica a partir de obras de arte.
• Exercitar a apropriação e a alteração de representações convencionais através de trabalho em técnica mista.

• Conhecer a tendência feminista na arte contemporânea dos anos 60/70, século XX.
• Saber que a arte contemporânea abriu espaços para intervenções de toda índole, inclusive de cunho social e ideológico.

• Comece relembrando com o grupo, a famosa obra "A última ceia" de Leonardo da Vinci (abaixo). Coloque a imagem em destaque no quadro ou a apresente através de algum livro ou prancha, assim comente um pouco sobre a vida do artista, seu tempo histórico e sobre a iconografia que envolve a pintura. 
• Leia a citação enquanto mostra a pintura: "Leonardo cria um ambiente grande e espaçoso, que prolonga e dá respiro àquele local que ainda se ressente de um aperto tardogótico. Mas nesse ambiente, que parece temperado por um admirável equilíbrio, Leonardo insere uma das representações mais tensas e dramáticas de que a história da arte se recorda."
• Peça ao grupo que faça uma descrição da cena acima. Fazer anotações sobre o que vêem e sabem sobre a imagem em destaque. A partir das falas sobre os personagens, cores, harmonia, clima etério e simetria da composição da pintura, sobre o próprio Leonardo da Vinci, provoque o grupo para que note que aparentemente, apesar das especulações a respeito, não há presença de mulheres nessa reunião. Por que será?
• Ouça as opiniões do grupo. Comente que uma das explicações é que convencionou-se pensar que a obra em questão é uma reunião clássica de homens. Um dos significados que se pode retirar dela é a representação do poder, da força e da união masculina, a despeito de mulheres. Associações relacionadas ao pensamento patriarcal também podem ser encontradas nas tessituras da obra, bem como podem estar presentes na produção artística ao longo dos tempos.
• Lance outra provocação: Será que a arte (a pintura) pode ser carregada de teores ideológicos? Será que as imagens produzidas por artistas revelam modos de viver, condutas, sistemas sociais ao longo dos tempos? É possível que alunos e alunas concordem que sim, que arte é capaz de transmitir idéias e ideais.

"A última ceia", Leonardo da Vinci, 1495-1498

http://www.30giorni.it/br/articolo.asp?id=10885

• Mostre em seguida, fixando ao lado da ceia de Leonardo, a obra de Mary Beth Edelson (abaixo). Pergunte ao grupo o que há de semelhante e o que há de divergente entre os dois trabalhos, realizando um estudo comparativo.

"Algumas artistas mulheres americanas/Última ceia", Mary Beth Edelson, 1971. Ver em: http://www.eng.fju.edu.tw/Literary_Criticism/feminism/female_art/female_art.html

• Deixe o grupo se manifestar primeiro. É possível que o grupo não tenha dificuldade de ver que a fotomontagem se parece com a "ceia de Leonardo", mas que está diferente e ainda tem uma moldura com pessoas. Estimule o grupo a perceber que a "ceia de Edelson" foi montada com fotos de artistas mulheres verdadeiras e são elas que compõem a mesa da ceia. No centro está a famosa artista Georgia O'Keeffe, enleada por várias outras.
• Lance mais uma provocação: O que quis dizer a artista com esse trabalho? A reutilização da pintura de Da Vinci e a alteração proposta pela artista foi gratuita? O que há por trás dessa ação? Depois de ouvir o grupo, acrescente que Edelson quis celebrar a presença e a relevância das mulheres na história da humanidade, bem como na arte. Que passados muitos anos de exclusão da artista mulher na História da Arte e demais adesões, a artista faz uma grande homenagem ao mesmo tempo em que faz uma crítica social e ideológica. Dessa forma, é possível que o grupo compreenda que a arte pode também cumprir um papel questionador sobre os padrões sociais e sobre os convencionalismos. Que arte pode extrapolar a sua mera visualidade.
• Proponha ao grupo um exercício de alteração de outra obra que traga em seu bojo uma representação convencional. Nesse trabalho utilize fotocópia da imagem (veja sugestão abaixo: "Lição de anatomia do Dr. Tulp", 1632, de Rembrandt), lápis de cor, lápis de cera, revistas para colagem, fotografia de pessoas conhecidas e/ou familiares, tesoura, cola. A alteração tem que partir da seguinte dúvida: Há somente médicos, homens e brancos? Será que podemos alterar as etnias, idades e sexos dessa cena? Sim, podemos. Essa é a idéia, propor um exercício que o convencional pode ser alterado e modificado segundo a criatividade dos alunos e alunas.
• Vale ressaltar que a imagem abaixo também foi apropriada por Edelson nos anos 70 e modificada segundo o ponto de vista feminista. Veja: http://fathersforlife.org/images/death_of_the_patriarchy_l.jpg

http://www.biol.unlp.edu.ar/images/anatomia/anatomia-rembrandt.jpg

• Sobre Arte Feminista:
• http://www.unb.br/ih/his/gefem/labrys3/web/bras/marielle1
• http://www.anpap.org.br/2008/artigos/135.pdf
• http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2003000100006&script=sci_arttext

• Pedir que o grupo escreva quais significados estão embutidos na obra da artista estudada. Explicando quais os motivos que a levaram a questionar e a subverter a obra "A última ceia". O que há por trás dessa ação? Essa é a grande questão a ser levantada e respondida.
• Utilizar critérios para avaliação do exercício prático: 1. resultado técnico e 2. resultado conceitual (ou seja, se o/a aluno/a compreendeu a proposta de alteração e a realizou satisfatoriamente)