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Literatura de Cordel

 

23/11/2009

Autor y Coautor(es)
Renata Oliveira Caetano
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JUIZ DE FORA - MG COL DE APLICACAO JOAO XXIII

Nelson Viera da Fonseca Faria

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Fundamental Final Artes Arte Visual: Produção do aluno em arte visual
Ensino Fundamental Final Artes Arte Visual: Arte visual como produção cultural e histórica
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

- Conhecer as faces de diferentes manifestações populares.
- Produzir cordéis em atividades interdisciplinares.
- Ilustrar os cordéis com gravuras feitas com placas de isopor ou papelão, aplicando em uma atividade dirigida os aprendizados das aulas anteriores.

Duração das atividades
6 aulas de 50 minutos cada
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Aulas do Portl do Professor - MEC intituladas "Técnicas de Gravura", "Técnicas experimentais de gravura em sala de aula – Placa de papelão" e "Técnicas experimentais de gravura em sala de aula – Placa de isopor"

Estratégias e recursos da aula

Iniciar a aula perguntando qual o conhecimento dos alunos sobre Literatura de Cordel. Se ninguém conhece, o professor pode perguntar o que eles imaginam ser um trabalho de Literatura de Cordel e o que elas teriam a ver com Artes.
Em seguida o professor pode trabalhar o texto abaixo:

LITERATURA DE CORDEL
A literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome.

Na época dos povos conquistadores greco-romanos, fenícios dentre outros, a literatura de cordel já existia, tendo chegado à Espanha e Portugal por volta do século XVI. Ali recebeu os nomes de "pliegos sueltos", "folhas soltas" ou "volantes" e a tradição era pendurar folhetos em barbantes.

Através da influência de Portugal, a literatura de cordel chegou no balaio e no coração dos nossos colonizadores, instalando-se em Salvador, dali se irradiou para os demais estados do Nordeste. Como era a capital da nação naquela época, foi ponto de convergência de várias culturas, permanecendo assim até 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.

Engatinhando e sem nome, depois de longo período, a literatura de cordel recebeu o batismo de poesia popular. Herdamos o nome (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores na rua.

Mostre as seguintes imagens para ilustrar a aula:

http://www.jornalexpress.com.br/noticias/imagem.php?id_jornal=13639&id_noticia=25

http://www.portalibahia.com.br/blogs/bahiaesporte/wp-content/uploads/2009/03/cordel1.jpg

http://blogdolabjor.files.wordpress.com/2009/09/xilogravura-011.jpg

http://1.bp.blogspot.com/_8e2IZZPw76E/SqV1fT1oXWI/AAAAAAAAAOk/F7Jzb9S1kss/s320/matriz%5B1%5D.gif

Uma boa atividade inicial é dar um texto de cordel sem as gravuras e pedir aos alunos que criem uma ilustração que represente a idéia principal do texto. Segue abaixo um texto extraído do site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel 

O Sabido sem Estudo
Autor: Manuel Camilo dos Santos
Deus escreve em linhas tortas
Tão certo chega faz gosto
E fez tudo abaixo dele
Nada lhe será oposto
Um do outro desigual

Por isto o mun do é composto
Vejamos que diferença
Nos seres do Criador
A águia um pássaro tão grande
Tão pequeno um beija-flor
A ema tão corredeira
E o urubu tão voadorVê-se a lu a tão formosa
E o sol tão carrancudo
Vê-se um lajedo tão grande
E um seixinho tão miúdo
O muçu tão mole e liso
O jacaré tão cascudo
Vê-se um homem tão calado
Já outro tão divertido
Um mole, fraco e mofino
Outro valente e atrevido
Às vezes um rico tão tolo
E um pobre tão sabido
É o caso que me refiro
De quem pretendo contar
A vida d’um homem pobre
Que mesmo sem estudar
Ganhou o nome de sábio
E por fim veio a enricar
Esse homem nunca achou
Nada que o enrascasse
Problema por mais difícil
Nem cilada que o pegasse
Quenguista que o iludisse
Questão qu’ele não ganhasse
Era um tipo baixo e grosso
Musculoso e carrancudo
Não conhecia uma letra
Porém sabia de tudo
O povo o denominou
O Sabido Sem Estudo...
Um dia chegou-lhe um moço
Já em tempo de chorar
Dizendo que tinha dado
Cem contos para guardar
Num hotel e o hoteleiro
Não quis mais o entregar
O Sabido Sem Estudo
Disse: - isto é novidade?
Se quer me gratificar
Vamos lá hoje de tarde
Se ele entregar disse o moço:
- Dou ao senhor a metade
O Sabido Sem Estudo
Disse: - você vá na frente
Que depois eu vou atrás
Quando eu chegar se apresente
Faça que não me conhece
Aí peça novamente
O Sabido Sem Estudo
Logo assim que lá chegou
Falou com o hoteleiro
Este alegre o abraçou
O rapaz nesse momento
Também se apresentou
O Sabido Sem Estudo
Disse: - Eu quero me hospedar
Me diga se a casa é séria
Pois eu preciso guardar
Quinhentos contos de réis
Pra depois vir procurar
Respondeu o hoteleiro:
- Pois não, a casa é capaz
Agora mesmo eu já ia
Entregar a este rapaz
Cem contos que guardei dele
Há pouco dias atrás
Nisto o dono do hotel
Entrou e saiu ligeiro
Com um pacote, disse ao moço:
- Pronto amigo, seu dinheiro
Confira que está certo
Pois sou homem verdadeiro
Aí o Sabido disse:
- Ladrão se pega é assim
Você enganou o tolo
Mas foi lesado por mim
Vou metê-lo na polícia
Ladrão, safado, ruim
O hoteleiro caiu
Nos pés dele lhe rogando:
- Ó meu senhor não descubra
Disse ele: - só me dando
A metade do dinheiro
Que você ia roubando
O hoteleiro prevendo
A derrota em que caía
Além de ir pra cadeia
Perder toda freguesia
Teve que gratificar-lhe
Se não ele descobria
Foi ver os cinqüenta contos
No mesmo instante lhe deu
Outros cinqüenta do moço
Ele também recebeu
E disse: - nestas questões
Quem ganha sempre sou eu
E assim correu a fama
Do Sabido Sem Estudo
Quando ele possuía
Um cabedal bem graúdo
O rei logo indignou-se
Quando lhe contaram tudo
Disse o rei: - e esse homem
Sem nada ter estudado
Vive de vencer questão?
Isso é pra advogado
Vou botá-lo num enrasque
Depois o mato enforcado
O rei mandou o chamar
E disse: - eu quero saber
Se o senhor é sabido
Como ouço alguém dizer
Vou decidir sua sorte
Ou enricar ou morrer
Você agora vai ser
O médico do hospital
E dentro de quatro dias
Tem que curar afinal
Os doentes que lá estão
De qualquer que seja o mal
Se você nos quatro dias
Deixar-me tudo curado
De forma que fique mesmo
O prédio desocupado
Ganhará cinco mil contos
Se não será degolado
Está certo disse ele
E saiu dizendo assim:
- O rei com essa asneira
Pensa que vai dar-me fim
Pois eu vou mostrar a ele
Se isto é nada pra mim
E chegando no hospital
Disse à turma de enfermeiros:
- Vocês podem ir embora
Eu sou médico verdadeiro
De amanhã em diante aqui
Vocês não ganham dinheiro
Porque amanhã eu c hego
Bem cedo a qui neste canto< br />Mato um de stes doentes
E cozinho um tanto ou quanto
Com o caldo faço remédio
E curar os outros eu garanto
Foram embora os enfermeiros
E ele saiu calado
Os doentes cada um
Ficou dizendo cismado
- Qual será o que ele mata?
Será eu? Isto é danado!...
Outro dizia consigo:
- Será eu o caipora?
Mais tarde um disse: - E eu
Estou sentindo melhora
Outro levantou e disse:
- Estou melhor, vou embora
Um amarelo que estava
Batendo o papo e inchado
Levantou-se e disse: - Eu
Estou até melhorado
Pois já estou me achando
Mais forte, gordo e corado
Já estou sentindo calor
De vez em quando um suor
Um doente disse: - Tu
Estás é muito peior
Disse o amarelo: - Não
Vou embora, estou melhor
E assim foram saindo
Cada qual para o seu lado
Quando chegava na porta
Dizia: - Vôte danado!
O diabo é quem fica aqui
Pra amanhã ser cozinhado
Um moço disse que ouviu
Um mudo e surdo dizer
Que um cego tinha visto
Um aleijado correr
Sozinho de madrugada
Já com medo de morrer
De fato um aleijado
Que tinha as pernas pegadas
Foi dormir, quando acordou
Não achou os camaradas
A casa estava deserta
E as camas desocupadas
Com medo pulou da cama
E as pernas desencolheu
Rasgou a "péia" no meio
E assombrado correu
Dizendo: - Fiquei dormindo
E nem acordaram eu!...
No outro dia bem cedo
O Sabido Sem estudo
Chegando no hospital
Achou-o deserto de tudo
Sorriu e disse consigo:
- Passei no rei um canudo
O Sabido Sem Estudo
Chegou no prazo marcado
Na corte e disse ao rei:
- Pronto já fiz seu mandado
Os doentes do hospital
Já saiu tudo curado
O rei foi pessoalmente
Percorrer o hospital
Não achando um só doente
Disse consigo afinal:
- Aquele ou é satanás
Ou um ente divinal
Deu-lhe o dinheiro e lhe disse:
- Retire-se do meu reinado
O Sabido Sem Estudo
Lhe disse: - Muito obrigado
Pra ganhar dinheiro assim
Tem às ordens um seu criado

Campina Grande, PB, 21/11/1955
FIM

(Vale a pena destacar que no texto do cordel aparecem erros de português. Isso se dá pelo uso da linguagem coloquial ou cotidiana e/ou em função da métrica - número de sílabas em cada verso. Isso pode ser comentado com os alunos.)


Sugiro que o professor trabalhe de forma interdisciplinar com o Português, pois isso enriquece muito a produção, fazendo com que os alunos conheçam não só a manifestação escrita e oral como também visual. A sugestão descrita nesta aula se refere ao desdobramento nas Artes Visuais. O tema pode ser definido de acordo com situações atuais, acontecimentos ocorridos na escola. Eles podem ser divididos em grupos de 4 ou 5 pessoas e enquanto criam nas aulas de português as rimas, desenvolvem nas aulas de artes os desenhos para capa e miolo do cordel seguindo as orientações abaixo:

Divididos nos grupos, decidem quem vai ficar responsável pela criação da capa e do miolo do cordel. Cada aluno deve criar um desenho que se transformará em gravura. Acredito que a técnica do isopor (vide aula no Portal do Professor "Técnicas experimentais de gravura em sala de aula - placa de isopor") seja a melhor para esse trabalho, mas o professor pode deixar que o aluno escolha entre as técnicas de isopor e papelão para produzir dentro da que melhor se adaptou. O desenho deve atender ao tema desenvolvido no cordel. Os alunos devem encaminhar de forma que a criação sintetize a idéia de partes do texto gerando um vínculo entre os dois.

O processo de inverter (espelhar) a imagem continua e é de ex trema importância no cordel, já que alguns alunos optam por criar desenhos que contenham palavras e frases referentes ao texto. Se não houver a inversão as letras saem espelhadas na gravura o que não gera um bom resultado final. Com o desenho invertido e transferido para a placa, no caso do isopor deve ser feito o rebaixamento das áreas acompanhado pelo professor. Se o trabalho f or feito no pape lão (vide aula no Portal do Professor "Técnicas experimentais de gravura em sala de aula - placa de papelão"), basta o aluno recortar as áreas e colar na placa base.

No momento da impressão sugiro que o professor tente oferecer papel colorido de preferência reciclado para dar um acabamento bem próximo dos cordéis já vistos. O tamanho pode ser o A5 que gera um trabalho pequeno e fácil de ser manipulado. Cada aluno pode fazer cerca de 6 impressões e posteriormente escolher a melhor para o cordel.

A montagem do trabalho deve ser feita mesclando as gravuras e as rimas impressas no mesmo papel e respeitando o mesmo tamanho já determinado pelas impressões. Sugiro que seja grampeado, o que dá firmeza aos livrinhos.

Os trabalhos podem ser expostos em barbantes para a manipulação do público, tomando somente o cuidado para mantê-los amarrados para que não sumam, já que se trata de cópias únicas.

Seguem abaixo as imagens dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos do 7o ano Colégio de Aplicação João XXIII/ Juiz de Fora - MG no primeiro semestre de 2009. Os Cordéis foram desenvolvidos em conjunto com as professoras de português que trabalharam toda a construção textual em torno do tema. Nas aulas de Artes os alunos desenvolveram as gravuras e fizeram a montagem dos cordéis de cada grupo.

Placa de isopor trabalhada por um aluno durante a realização do trabalho.

Interior de um folheto com a gravura ilustrando o texto.

Abaixo são apresentadas algumas capas dos folhetos expostos

Recursos Complementares

Site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel:

www.ablc.com.br/

Avaliação

Além da avaliação dos trabalhos realizados e de todo o processo de criação que envolveu a participação de duas ou mais disciplinas, os alunos podem organizar pequenas apresentações das rimas (pode-se, ainda, usar instrumentos musicais para criar o clima original como os repentistas apresentam os textos dos cordéis).

Após as apresentações podem ser feitas avaliações comparativas entre o resultado do folheto criado por eles a apresentação feita oralmente para a turma.

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