30/11/2009
Claudia Helena Azevedo Alvarenga
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | Artes | Música: Canal |
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo | Estudo da Sociedade e da Natureza | Cultura e diversidade cultural |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Artes | Música: desenvolvimento da linguagem musical |
Ensino Médio | Artes | Música: Contextualização |
Nessa aula o aluno deverá ser estimulado a pensar sobre seu gosto e sobre suas escolhas estéticas como um processo construído coletivamente, de modo que o comportamento individual de cada sujeito - entre eles, está o próprio aluno - é determinado por diversas forças, ocultas ou não, que interagem socialmente, nos pequenos grupamentos, nos grandes grupos e em círculos restritos ou de massa.
O aluno deve ter sido estimulado a observar e a descrever elementos extramusicais presentes nas práticas, que se estabelecem como pontos de apoio no processo de identificação coletiva entre os pares em uma determinada atividade musical.
Essa aula tem o formato essencialmente teórico de debate e exposição. É interessante que o professor arrume a sala de aula em círculo onde todos possam dialogar e trocar informações ordenadamente. Inicie a aula fazendo uma breve retrospectiva das três últimas aulas, relacionando todos os pontos, sempre procurando fazer uso dos trabalhos dos alunos como forma de ilustrar a sua exposição.
Em seguida, solicite aos alunos que se insiram nessas práticas, de forma a observar e a descrever sua própria inclusão no círculo em questão. Nesse momento, eles devem se identificar com os objetos de análise anteriores, por comparação, em momentos de aproximação por semelhança e mesmo por contraste. Os alunos podem e devem acrescentar informações que enriqueçam a análise das práticas: a vivência única e particular de cada um, soma valores à análise, à medida em que ressalta a importância da experiência, do olhar interno e do olhar de um sujeito sobre ele mesmo. Nesse sentido, não importa que a aula transcorra sobre poucos, muitos ou mesmo um único gênero musical: a vivência individual sobrevem como elemento central do discurso.
Numa terceira etapa, os alunos devem voltar o foco para suas próprias práticas quando isolados do grupo. Tentaremos mapear a produção silenciosa de cada indivíduo, resgatar a maneira única de cada um ouvir sua música. Como cada um ouve sua música sozinho, em casa, no trabalho, na rua, e quais são os elementos que continuam presentes ou que são descartados?
Depois, peça aos alunos que voltem a focalizar o coletivo, inserindo sua prática individual e, dessa forma, observem o que houve de perda, de deslocamento e de perda de identidade.
O professor pode dar diversos exemplos a fim de ajudar o entendimento e o processo de reflexão dos alunos. Considere hipoteticamente a atividade individual dos exemplos da aula passada: o ouvir isolado do funkeiro, do metaleiro, do violeiro, do skatista etc. Estariam ou não estariam atrelados aos mesmos comportamentos, atitudes, ideias, linguagens - simbólicas ou não - de quando em comunhão com seus pares, na atividade coletiva? A busca pela resposta se torna a própria resposta, uma vez que não poderíamos atingir uma única e verdadeira resposta. Estimular o aluno à reflexão e à busca pela resposta e, ao mesmo tempo, afastar a necessidade que, de modo geral, demonstra o aluno de EJA de ouvir do professor a resposta certa, é o objetivo central nesse momento.
E se há lacunas no deslocamento individual/coletivo, deve-se investigar quais são as implicações de significação e valoração sobre o objeto, quer dizer, em que medida o significado subjacente (a música em si / o material sonoro) é transformado pelo uso: processos de leitura e releitura, que abrigam um enorme e rico processo de produção desses ouvintes, quando isolados.
Na última parte da aula, o professor deve provocar os alunos a pensar sobre o porquê dessas escolhas, sobre o porquê de gostarmos ou não gostarmos de a,b ou c. Se gostamos e ouvimos, se ouvimos e não gostamos, se gostamos mas não ouvimos etc. Apressadamente, poderíamos detectar apenas escolhas estéticas de cada um. O professor deve exigir mais da reflexão dos alunos de forma a iniciar uma discussão sobre em que medida esse gosto que é nosso, que a nossa escolha, é na verdade, construída socialmente, por esse grupo ao qual nós nos ligamos. E em que medida nós fazemos escolhas ou apenas reproduzimos escolhas que foram feitas anteriormente por outros sujeitos. E mesmo, quem seriam esses sujeitos que formaram opinião e orientaram as escolhas? Encontramos nesse momento, e dessa forma o professor pode encerrar a aula, o pensamento estruturalista que pode dar suporte à exposição do professor a respeito das relações de poder na sociedade moderna.
Cada aluno deve expor oralmente sua própria trajetória dentro de um determinado ambiente musical ao qual ele se encontre familiarizado, tentando (com a ajuda do professor), ao máximo, fazer uma descrição imparcial e objetiva de todos os processos e elementos que o levaram a construir a rede de significações em que está inserido, em relação àquela prática.
Caso a exposição oral seja muito apressada e não ofereça bom subsídio para a continuidade da aula, peça aos alunos que escrevam em tópicos, textos, frases ou palavras-chave em cada etapa da discussão e que terminem com uma pequena conclusão sobre a aula.
Sem estrelas 0 classificações
Denuncie opiniões ou materiais indevidos!