Portal do Governo Brasileiro
Início do Conteúdo
VISUALIZAR AULA
 


Violência contra a criança: vamos problematizar!

 

16/11/2009

Autor e Coautor(es)
PAULO RENNES MARÇAL RIBEIRO
imagem do usuário

SAO PAULO - SP Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Andréa Marques Leão Doescher; Erwin Doescher

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Biologia Interação entre os seres vivos
Ensino Fundamental Final Orientação Sexual Corpo: matriz da sexualidade
Educação Escolar Indígena Ciências Corpo humano e a saúde
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O aluno aprenderá sobre a violência contra a criança, sendo conscientizado da importância da denúncia. Esta aula pode também ser uma oportunidade para se aprimorar a capacidade da escrita, leitura, da oralidade, bem como, meio de aguçar o senso crítico dos alunos.

Duração das atividades
Aproximadamente 100 minutos; 2 (Duas) aulas.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Não há necessidade de conhecimentos prévios.

Estratégias e recursos da aula

 As estratégias utilizadas serão:
- Aula interativa;
- Uso do Laboratório de Informática e/ou Sala de Vídeo.

MOTIVAÇÃO
Como início de atividade o professor perguntará aos alunos o que sabem acerca da violência física contra a criança. Após escutar o relato dos alunos, sugerimos que ele apresente um vídeo, (Fig. 1), com duração de 5 minutos e 48 segundos, denominado “Violência contra a criança”, Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=l363jwUIFQY. Acesso em 29 set. 2009.

Figura 1- Imagem do vídeo “Violência contra crianças”

Após o vídeo, o professor deverá indagar os alunos do que acharam do vídeo, fazendo algumas perguntas:
• Qual a sensação de vocês diante das imagens e das falas do vídeo?
• Quantas crianças sofrem abuso físico diariamente no Brasil?
• A violência contra criança em todo o mundo mata quantas crianças por dia?
• Quais são as vítimas mais afetadas?
• Cerca de quantas crianças morrem por ano em decorrência da violência física?
• O que podemos fazer para atenuar estas alarmantes estatísticas?
Os alunos podem responder oralmente as perguntas. O intuito delas é instigar a reflexão, a crítica e o diálogo deles acerca deste tema.

Atividade 1
Visando um aprofundamento acerca da violência física contra a criança, o professor dividirá os alunos em grupo de três a quatro integrantes e entregará a eles parte da letra da música, postada abaixo, “Eu não pedi para nascer” (composição da Facção central). A música completa está disponível em:  http://mundoanonimos.blogspot.com/. Acesso em 23 set. 2009

Letra da Música: Eu não pedi para nascer

Minha mão pequena bate no vidro do carro
No braço se destacam as queimaduras de cigarro
A chuva forte ensopa a camisa, o short
Qualquer dia a pneumonia me faz tossir até a morte
Uma moeda, um passe me livra do inferno,
Me faz chegar em casa e não apanhar de fio de ferro
O meu playground não tem balança, escorregador
Só mãe perguntando quanto você ganhou
Jogando na cara que tentou me abortar
Que tomou umas cinco injeções pra me tirar
Quando eu era nenê tento me vender uma pá de vez
Quase fui criado por um casal inglês
Olho roxo, escoriação, porra, que foi que eu fiz?
Pra em vez de tá brincando tá colecionando cicatriz
Filho não nasce pra sofrer, não pede pra vir pra Terra.

(Refrão 2x)
O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
Não me espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nascer

Minha goma é suja, louça sem lavar,
Seringa usada, camisinha em todo lugar
Cabelo despenteado, bafo de aguardente `
É raro quando ela escova os dentes
Várias armas dos outros muquiadas no teto
Na pia mosquitos, baratas, disputam os restos
Cenário ideal pra chocar a UNICEF,
Habitat natural onde os assassinos crescem
Eu não queria Playstation, nem bicicleta
Só ouvir a palavra "filho" da boca dela
Ouvir o grito da janela "A comida tá pronta",
Não ser espancado pra ficar no farol a noite toda

Os alunos devem ler, em grupo, a letra desta música, e em cima dela deverão responder por escrito a algumas questões, como as que se seguem:
• Esta música retrata o quê?
• Como a criança da música é tratada?
• Ela desfruta da infância? Por quê?
• Que sentimento transparece na letra que a criança apresenta de sua situação?
• Que outro final esta música poderia ter?


Assim que todos os grupos responderem estas perguntas, o professor solicitará que o líder de cada grupo apresente oralmente as respostas. O professor anotará os aspectos principais apresentados pelos alunos na lousa. Conforme eles forem apresentando suas idéias ele deverá instigar a opinião deles acerca dos aspectos apontados, instigando a participação e o debate.
Cabe ao professor atuar como mediador e facilitador deste debate, porquanto ele deverá evitar que este fuja do tema em pauta (violência contra a criança). Ademais, é preciso o professor enfatizar a importância da problematização deste assunto na escola, e na sociedade geral, visando se elaborar estratégias para combater a prática da violência infantil (Fig. 2).

Figura 2- Combate a vilência infantil

http://ptcuritiba.org.br/files/2008/12/violencia_infantil2.jpg. Acesso em 12 out. 2009.

Como uma segunda atividade, o professor entregará aos grupos um texto, postado abaixo, intitulado “Caso Isabella reacende debate sobre violência contra criança”, disponível em: http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/2008/04/07/caso-isabella-reacende-debate-sobre-violencia-contra-crianca/. Acesso em 29 Set. 2009.

Os grupos terão como atividade ler este texto, e com base nele deverão elaborar um texto crítico sobre a violência contra a criança.

Especialista do Unicef diz que o problema tem origem cultural sobre a forma correta de educar. Pais que não sabem dosar relação de poder correm risco de cometer abusos
Há uma semana, o Brasil acompanha estarrecido o desenrolar da investigação policial sobre a misteriosa morte da menina Isabella Oliveira Nardoni, 5, encontrada com sinais de violência no jardim do edifício onde mora o pai, num condomínio de classe média paulista.
Como num filme de suspense, cada nova revelação sobre o caso reforça nas pessoas a mais intrigante das perguntas. Afinal, quem é o autor do crime?
Mas por trás dessa investigação e da de outros casos, como o descoberto nessa semana em Belo Horizonte em que uma menina de apenas 2 anos foi raptada, segundo a polícia, para ser usada para pedir esmolas, está uma realidade que preocupa os especialistas no assunto: por que tantas crianças são vítimas de violência no Brasil?
Para a oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), responsável pela área de raça, etnia e violência, Helena Oliveira, ainda que pareça inexplicável, a violência infantil tem raízes culturais que envolvem a relação de poder entre adulto e criança e que ao longo da história foi incorporada na sociedade como a maneia certa de educar.
Helena Oliveira explica que é natural que as relações entre adultos e crianças sejam assimétricas, tendo os adultos mais poder e autoridade. O problema, segundo ela, está exatamente no abuso desse poder.
“Essa relação assimétrica de poder é natural da socialização. O adulto é quem tem capacidade de ajudar a criança a se desenvolver, a crescer e a se tornar um adulto pleno. O importante é saber a dosagem e o limite desse poder, para que ele não se torne abusivo e violento. Um adulto pensa duas vezes antes de agredir outro adulto, mas contra a criança é muito mais fácil agir”, diz.
Estudos do Unicef apontam que, entre os tipos de violência praticados contra crianças, a negligência e os abusos sexuais são os mais comuns.

CASTIGO
Usar a violência e castigos como método de educação e repreensão também são usuais entre as pessoas, não só pais, mas também familiares, conhecidos e até professores, aponta a especialista. As palmatórias usadas antigamente nas escolas são um exemplo disso.
“Palmadas, mesmo que por trás tenham a intenção de ensinar, são ações de violência e não devem ser praticadas. É preciso desconstruir esse pensamento de que bater educa, o que já foi provado que não funciona. Mas isso leva tempo.”
A oficial alerta que a utilização freqüente da violência como método de educação pode até se intensificar com o passar do tempo, tornando o gesto cada vez mais forte, ao ponto de causar a morte da vítima.

Lei mudou relação com menor no país

O comportamento e pensamento da sociedade em relação às crianças começaram a dar sinais de mudanças no Brasil em 1990, com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente. É a opinião da assistente social Fernanda Martins, mestre em psicologia social e coordenadora de Políticas Pró-Criança e Adolescente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). “Foi nesse momento que a criança passou a ser considerada como um sujeito de diretos”, afirmou.
Antes, de acordo com a assistente social, bater em crianças era um paradigma social aceitável e não gerava prejuízos para o agressor, pois não havia denúncias. “Hoje, a lei prevê punição para a pessoa que comete crimes violentos contra a criança, apesar de ainda ser pouco eficiente nessa questão. A Justiça precisa se empenhar mais para tratar os casos e punir os
agressores.”
Mas especialistas afirmam que a violência contra crianças ainda é um fator cultural, relacionado, principalmente, com a relação de poder entre adulto e criança e também incorporado historicamente na sociedade como uma maneira de educar.

Atitude pode ser repetição
O doutor em psicologia médica Vitor Geraldi Haase, professor de psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), atribui o comportamento violento de muitos adultos contra crianças como sendo um fator de repetição ou intergeracional, que passa de geração para geração. Segundo ele, a maioria das pessoas que comete esses crimes sofreu, quando criança, os mesmos maus-tratos. “Os indivíduos que foram maltratados ou violentados na infância têm mais chance de repetir a violência quando adultos. Porém, isso não quer dizer que toda pessoa que sofreu na infância repetirá a ação. E nem que uma pessoa sem traumas não possa cometer a violência”, afirma.
Segundo Haase, em caso de violência doméstica, há uma maior facilidade de os maus-tratos acontecerem em casas que existam padrasto ou madrasta, dependendo da relação.
Casais que brigam muito são mais propensos a cometer violência contra os filhos. “Cuidar de criança é difícil e requer dedicação. Os adultos têm que colocar seus interesses pessoais em segundo plano para atender aos interesses das crianças. Muitos não conseguem e negligenciam os cuidados, abusam e ou partem para a violência.”
A assistente social Fernanda Martins, coordenadora de Políticas Pró-Criança e Adolescente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, disse que álcool e drogas, assim como uma situação vulnerável, como o desemprego, por exemplo, podem estimular a agressividade.

Assim que todos os alunos discutirem e elaborarem seus textos, o professor solicitará que eles apresentem estes oralmente. Conforme os grupos forem apresentado, ele deve aproveitar para ressaltar a importância da denúncia, porquanto é uma forma de atenuar a violência. Deve frisar que podem fazer denúncia no conselho tutelar da cidade em que residem.

Além disso, ele deve dizer que há outras formas de proceder a denúncia, sendo estas:

· O Sistema de Notificação Nacional lntegrado (telefone: 100);

· · O Ministério Público Federal [ Digi-denúncia];

. WWW.mpf.gov.br/digidenuncia.htm

· Departamento da Polícia federal: WWW.dpf.gov.br

ATIVIDADE 3
Como uma segunda atividade, os alunos, ainda em grupo, deverão elaborar uma música
abrangendo a violência contra a criança. Esta música terá como intuito denunciar esta violência e alertar os alunos sobre a importância da denúncia. Concluída esta confecção, eles deverão primeiramente ler a letra da música, e após cantá-la.

SUGESTÃO:
Sugerimos que estas músicas sejam gravadas em vídeo, e com o aval dos grupos e do diretor da escola, apresentada para os demais alunos da escola. Esta seria uma oportunidade de se trabalhar o aspecto cultural dos alunos, a integração e a desenvoltura, bem como, a sociabilização das informações trabalhadas.

Avaliação

A avaliação poderá ser feita em todos os momentos das atividades propostas, sendo considerado a participação e o envolvimento dos alunos nos debates e na realização das atividades solicitadas.

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 2 classificações

  • Cinco estrelas 1/2 - 50%
  • Quatro estrelas 1/2 - 50%
  • Três estrelas 0/2 - 0%
  • Duas estrelas 0/2 - 0%
  • Uma estrela 0/2 - 0%

Denuncie opiniões ou materiais indevidos!

Opiniões

  • Icaro , Iaroo , Distrito Federal - disse:
    Icarogbc@facebook.com

    16/07/2014

    Cinco estrelas

    Achei muito interessante !! Ótima musica,obrigado fiz uma representação da musica em minha prova


  • miriam medeiros , escola municipal raimundo gomes de barros , Pernambuco - disse:
    miriammedeiros_lima@hotmail.com

    21/11/2012

    Quatro estrelas

    muito boa aula, vai me ajudar muito na elaboração do meu planejamento de aula sobre os tipos de violência contra crianças e adolescentes na minha comunidade escolar.


Sem classificação.
REPORTAR ERROS
Encontrou algum erro? Descreva-o aqui e contribua para que as informações do Portal estejam sempre corretas.
CONTATO
Deixe sua mensagem para o Portal. Dúvidas, críticas e sugestões são sempre bem-vindas.