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A estrutura argumentativa do texto de opinião

 

23/11/2009

Autor e Coautor(es)
Tânia Guedes Magalhães
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Ensino Médio Língua Portuguesa Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Para que argumentamos.

Identificar a estrutura canônica de um texto argumentativo:

Tema

Tese

Argumentos

Conclusão

Reconhecer diferentes estratégias argumentativas, como por exemplo, dados estatísticos e de pesquisa, exemplificação, opinião de especialista (argumento de autoridade).

Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Habilidades básicas de leitura

Noção da existência de diferentes gêneros textuais

Estratégias e recursos da aula

 

Professor,

Esta aula tem como objetivo desenvolver no aluno a capacidade de identificar as diferentes partes que constituem a estrutura básica de um texto argumentativo e de compreender a função que cada uma desempenha. Antes, porém, é importante levar os alunos a pensarem sobre por que ou para que argumentamos. Geralmente se diz que argumentamos para convencer alguém sobre um ponto de vista. Nesse caso a argumentação serve, principalmente, à persuasão. Mas é importante ressaltar que a argumentação também coloca um tema em discussão, promovendo o seu aprofundamento. Nesse caso, a argumentação propicia o conhecimento.

O texto trabalhado nesta aula foi publicado em julho de 2003, numa edição especial da revista “Veja”, intitulada “Jovens”, e pode ser acessado no link abaixo:

http://veja.abril.com.br/especiais/jovens_2003/p_062.html

Etapa 1: mobilização da atenção dos alunos para a leitura do texto.

Antes da leitura do texto, informe os alunos sobre a fonte do texto e pergunte se conhecem o seu autor. O autor do texto é o psiquiatra, Jairo Bouer, muito conhecido pelos programas televisivos destinados ao público jovem que já apresentou nas redes Cultura e MTV. Atualmente Bouer apresenta o programa “Ao ponto”, do canal Futura, e escreve uma coluna para o “Folhateen”, um suplemento do jornal “Folha de São Paulo”.

O site oficial de Jairo Bouer pode ser acessado em: http://doutorjairo.uol.com.br/

Em seguida, leia para os alunos o título e o trecho que antecede o texto a ser trabalhado nesta aula:

Informação não basta

Muitas vezes o jovem esquece ou abandona
tudo o que sabe em algum lugar da cabeça.
E isso o coloca cara a cara com o risco

Peça aos alunos que, com base em todas as informações que foram dadas (fonte, autor, título e trech o em destaque), tentem antecipar, oralmente, o tema que o texto co locará em discussão. Por exemplo:

a) O que os jovens de hoje sabem que os de antigamente possivelmente não sabiam?

b) O que os jovens esquecem que pode colocá-los em risco?

Anote no quadro algumas respostas dadas e, em seguida, solicite aos alunos que leiam o texto e chequem as hipóteses que foram levantadas. Essa é uma estratégia que pode levar os alunos a lerem o texto com mais atenção e interesse, pois cria um objetivo para a leitura.

Etapa 2: leitura e compreensão do texto.

A leitura e a  discussão do texto devem ser orientadas para a compreensão de que:

a) o texto lido tem como tema os jovens atuais e as informações a que eles têm acesso;

b) o autor do texto coloca em discussão a discrepância existente entre o que os jovens sabem e o que eles põem em prática, no que diz respeito ao sexo e às drogas, e os riscos que o abismo entre teoria e prática pode trazer para a juventude;

c) o psiquiatra Jairo Bouer busca responder o porquê dessa discrepância.

d) o autor do texto se vale de resultados de pesquisas para comprovar a sua opinião sobre o tema em discussão.

e) o texto lido possui uma estrutura argumentativa.

TEXTO:

PONTO DE VISTA: Jairo Bouer

Informação não basta

Muitas vezes o jovem esquece ou abandona
tudo o que sabe em algum lugar da cabeça.
E isso o coloca cara a cara com o risco

Um ponto que une a atual geração de jovens é a grande quantidade de informação a que ela é exposta desde muito cedo. O conhecimento está sempre ali, à distância de poucos toques e tecladas dos dedos. O jovem aprende, de forma surpreendente e precoce, a lidar com várias fontes de informação ao mesmo tempo. Ele funciona como uma grande antena, sempre ligada, sempre captando. E faz tudo isso muito bem.

O quarto de dormir virou uma espécie de quartel-general da informação. De posse de controles remotos, botões, teclado e mouse, o mundo das notícias e das novidades se abre para o jovem de hoje como os adultos, no passado, descascavam uma banana. Ficou muito mais fácil ter o conhecimento.

Por outro lado, o que se vê é que muito pouco dessa informação é aproveitada pelo jovem para a construção de um mundo melhor e mais seguro para ele mesmo. Não que a informação não esteja ali, fincada de forma definitiva em seus neurônios. Mas, muitas vezes, ela é esquecida ou propositadamente abandonada, ali mesmo, dentro da cabeça. Do saber para o fazer, cria-se um abismo, diversas vezes, intransponível. E essa distância pode colocar o jovem cara a cara com o risco.

Alguns trabalhos recentes que investigaram o comportamento dos jovens, principalmente em relação à sexualidade e ao uso de drogas, revelam melhor essa situação. Pesquisa do Ministério da Saúde em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), de 1999, mostra que a faixa dos 16 aos 25 anos é a mais bem informada sobre Aids. No entanto, esse conhecimento não parece refletir-se em comportamento seguro. Apesar de ser a faixa etária que melhor conhece a camisinha, o uso regular ainda está longe do desejado. Quarenta e quatro por cento dizem usar sempre – garotos usam mais que garotas (53% contra 35%). A informação não impede que os jovens sejam aqueles que mais se expõem a risco sexual.


No campo das drogas, o fenômeno não é muito diferente. Em um estudo do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), de 1997, o uso de drogas entre os jovens também se revelou elevado. Vinte e cinco por cento dos estudantes de ensino fundamental e médio de escolas públicas já experimentaram algum tipo de droga na vida, além do tabaco e do álcool. As campanhas e o bombardeio de in formações sobre esse assunto são freqüentes, m as parecem enfrentar uma resistência ainda ma ior que no campo da sexualidade.

Como traba lhar a informação de maneira que ela seja acessada e utilizada na hora em que for necessária? Se apenas a informação e a razão não parecem segurar o ímpeto desafiador e impr udente do jovem, o que fazer? As apostas se voltam para o impreciso e pantanoso mundo das emoções. Pode ser que aí repouse a chave para o entendimento do que se passa.

No sexo, o medo de falhar, a angústia de não saber fazer, vergonha, timidez, a sensação de que a paixão imuniza contra tudo e contra todos, a tentativa de forçar um pacto de fidelidade, a troca de um risco pretensamente calculado pela vivência mais intensa do prazer, tudo isso faz com que, na hora H, a informação fique no fundo da gaveta, junto com o pacote intacto da camisinha.

Com a droga não é muito diferente: a pressão dos amigos, o desejo de experimentar sensações diferentes, a promessa do passaporte para pertencer a uma turma, o desafio, a transgressão de regras e limites, o alívio de uma angústia, o prazer, a falta de opção para o lazer, o vácuo emocional nas famílias são fatores que condenam as campanhas e os trabalhos de prevenção ao esquecimento.

Em São Paulo não há fim de semana em que não se leia uma notícia de acidente fatal com jovens embriagados. Poucos meses atrás, uma batida de carro em uma das marginais da cidade chamou a atenção de especialistas. Um grupo de jovens morreu em mais um acidente. No bolso e na carteira de todos eles, camisinhas foram encontradas. Por que, de um lado, a prevenção estava lá no bolso, ao alcance das mãos, e, de outro, a imprudência de guiar embriagados acabou com a vida deles? Por que esse risco óbvio e imediato não foi enxergado? É como se uma pequena chave, um controle do racional, tivesse sido mudada de posição.

A informação traz o mundo da razão, o mundo das regras, o mundo do real para a vida do jovem. Talvez em alguns momentos ele queira justamente esquecer esse mundo real para viver em outro, mais livre, sem limites, mais lúdico, mais emocional, onde possa fazer o que bem quiser. Dentro dessa percepção distorcida, ele vê a informação como empecilho, como obstáculo, não como apoio e ajuda. Nessa hora, ele entende que a informação atrapalha e, assim, desliga esse filtro e deixa a vida exposta ao risco acontecer.

Os tempos modernos, nesse aspecto, também são mais cruéis. Talvez algumas décadas atrás, descontados certos mecanismos de controle social mais rígidos, o grau de transgressão (se é que esse indicador pode ser calculado) entre os jovens fosse muito próximo do que é hoje. Mas o mundo era menos agressivo e menos violento. As drogas menos disponíveis e menos potentes, os carros menos velozes e em menor quantidade, as ruas mais tranqüilas, a vida mais calma e menos competitiva. Tudo isso, arranjado de outra maneira, em pleno século XXI, aproxima o jovem do risco.

Mas o paradigma continua. Se hoje não existem limites em nossa capacidade de gerar informação, há um limite claro em nossa possibilidade de transformar essa informação em objeto prático de uso e proteção da vida dos jovens. Algumas pistas são claras: a emoção tem peso fundamental nessa equação, a informação deve ultrapassar o campo da razão, o jovem de hoje, precoce e antenado, não aceita um discurso pronto e acabado, a simples proibição ou a radicalização de limites e regras é inoperante no mundo atual e alguns valores fundamentais para a vida ficaram atolados na pressa e na competição do mundo atual. Um pouco de tudo isso pode orientar a qualidade das informações para um novo rumo. Talvez essa não seja uma tarefa imediatamente possível. Talvez só essa própria geração, escapando de suas derrapadas, consiga amadure cer e ampliar os elos entre a razão e a emoção para seus filhos.

< p> Jairo Bouer
Psiquiatra e apresentador do pr ograma
diário Ao Ponto, no Canal Futura

Etapa 3: sistematização

Após a leitura e discus são do texto lido, os alunos devem responder aos exercícios propostos. As perguntas de 1 a 6 visa m à compreensão global do texto e podem ser respondidas oralmente, de modo que o texto seja discutido com a participação da turma. O professor pode anota r em tópicos as contribuições pertinentes dos alunos. As demais têm como objetivo trabalhar a estrutura argumentativa do texto e devem ser respondidas no caderno e corrigidas pelo professor.

Exercícios:

1) De acordo com o primeiro e segundo parágrafos do texto, os jovens de hoje são muito bem informados.

a) Explique de que forma a informação chega até eles?

b) Copie do texto dois trechos que comprovam a resposta dada acima.

2) A expressão “por outro lado”, que inicia o terceiro parágrafo, estabelece uma relação de oposição entre duas idéias.

a) Quais são as idéias que se opõem?

b) Qual é a consequência dessa oposição para a vida do jovem?

c) Indique duas expressões que poderiam substituir “por outro lado” sem alteração do sentido do texto.

3) Jairo Bouer cita pesquisas realizadas pelo Cebrad e pelo Cebrid.O que esses estudos provam sobre o comportamento dos jovens em relação ao sexo e às drogas?

4) O autor do texto identifica algumas razões que podem levar o jovem a “esquecer ou abandonar” o que sabe sobre sexo seguro e drogas.

a) Cite algumas causas que levam ao esquecimento o que os jovens sabem sobre sexo e drogas.

5) Segundo o texto, as informações pertencem ao mundo da razão. Por que, no entanto, a razão não é suficiente pra afastar os jovens dos riscos do sexo inseguro e das drogas?

6) “A juventude atual corre mais riscos, porque é mais transgressora que a de antigamente”.

a) Explique por que essa afirmação não reflete a opinião do psiquiatra Jairo Bouer.

b) Como Bouer explica o fato dos jovens de hoje estarem mais sujeitos aos riscos do que os jovens de antigamente.

O texto “Informação não basta” foi publicado em uma seção chamada “ponto de vista”. Seções com essa trazem textos de natureza argumentativa, isto é, textos que colocam um tema em discussão, apresentam tese, argumentos e uma conclusão.

7) Qual é o tema discutido no texto “Informação não basta”?

8) Os textos argumentativos apresentam uma “tese”, isto é, o ponto de vista assumido pelo autor. Resuma, com suas palavras, a tese defendida por Jairo Bouer.

9) Que argumentos comprovam a opinião de que os jovens de hoje são bem informados?

10) Que argumentos o autor utiliza para provar que os jovens não utilizam adequadamente as informações que possuem sobre sexo e drogas?

11) Para construir os argumentos que justificam a tese defendida, podemos utilizar diferentes “estratégias argumentativas”, como por exemplo, dados de pesquisas, dados estatísticos, citação da opinião de especialistas, exemplos.

a) Qual foi a estratégia utilizada por Jairo Bouer nos parágrafos 4 e 5?

b) E no parágrafo 9?

12) Jairo Bouer defende que a informação não é suficiente para que os jovens deixem de correr riscos. Qual é a conclusão a que ele chega para tentar solucionar o abismo entre a teoria (saber) e a prática (fazer)?

Professor,

É importante que nesse momento seja ampliada a ideia de que a expressão “ponto de vista” implica uma opinião em meio a outras que podem ser diferentes. Apresentar um ponto de vista e defendê-lo deve possibilitar o diálogo, a abertura para outras opiniões. O aluno não é obrigado a aceitar o ponto de vista, mas deve ser capaz de:

a) compreendê-lo, isto é, identificar a TESE defendida pelo autor;

b) reconhecer os argumentos utilizados p ara sustentar a tese defendida;

c) identificar as diferentes estratégias de argumentaçã o que podem ser utilizadas: exemplos, dados de pesqu isas, dados estatísticos, citação da opinião de especialistas (argumento de autoridade);

d) debater a opinião do autor, através de uma contra-argumentação, caso discorde da opinião manifestada.

Recursos Complementares

Sugestões para aprofundamento do tema:

ABREU, Antônio Suárez. Macroestrutura do texto e uso dos tempos verbais, cap. 6.Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2003.

KOCH, Ingedore Villaça. Argumentação e linguagem. São Paulo: Contexto, 1997.

Sugerimos também que o professro incentive os alunos a acessarem o site oficial do psiquiatra Jairo Bouer:

http://doutorjairo.uol.com.br/

Avaliação

Leia o texto, que é parte da entrevista com Elisaldo Carlini, médico psicofarmacologista do Cebrid.

Drauzio: Como você encara a legalização da maconha?

Carlini: Sou totalmente contra o uso e a legalização da maconha. No entanto, é necessário distinguir legalização de descriminalização. Quando falo em descriminalizar, não estou me referindo à droga. Estou me referindo a um comportamento humano, individual, que atinge o social. Quando falo em legalizar, falo de um objeto. Posso legalizar, por exemplo, o uso de determinado medicamento clandestino ou de um alimento qualquer desde que prove que eles não são prejudiciais à saúde. Como a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada. O que defendo é a descriminalização de uma conduta. Veja o seguinte exemplo: se alguém atirar um tijolo e ferir uma pessoa, não posso culpar o tijolo. A mesma coisa acontece com a maconha. O problema é criminalizar seu uso e assumir as consequências da aplicação dessa lei. (...) O importante não é punir um comportamento. É corrigi-lo. Para tanto, deve existir um programa eficiente de prevenção e de educação para que a pessoa evite consumir essa ou qualquer outra droga. Repetindo, sou contra o uso e a legalização, mas favorável à descriminalização da maconha.

www.drauziovarella.com.br/entrevista/maconha2.asp

1) O texto argumentativo se organiza por uma estrutura que inclui as seguintes partes: tema, tese, argumentos, conclusão.  Identifique (e copie no seu caderno) cada uma dessas partes na resposta dada pelo médico Elisaldo Carlini.

2) Identifique também a estratégia argumentativa utilizada pelo médico para defender seu ponto de vista.

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 3 classificações

  • Cinco estrelas 2/3 - 66.67%
  • Quatro estrelas 1/3 - 33.33%
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Opiniões

  • Maria de Fátima, Colégio Energia , Santa Catarina - disse:
    maria.fatima@energia.com.br

    23/05/2011

    Cinco estrelas

    Aula muito bem planejada. Textos selecionados atuais, de tema significativo para a faixa etária a que a aula é destinada. Atividades que exigem leitura / interpretação e análise. Conteúdo da disciplina apresentado com objetividade e por meio de questões que exigem envolvimento do aluno.


  • ivonea limeira de souza, Escola Etadual Elisiario MAtta , Rio de Janeiro - disse:
    ivonea2004@yahoo.com.br

    25/08/2010

    Quatro estrelas

    Gostei muito dessa aula ,pois é clara e atende aos objetivos popostos - que é levar o alunoa entender os diferentes tipos de argumentos que podem ser utilizados em sua produção textual.


  • ZARA ESTELA DIAS, Escola Estadual Profº Ulisses Cuiabano , Mato Grosso - disse:
    zaraestela@ibest.com.br

    27/07/2010

    Cinco estrelas

    Gostei muito das orientações dadas de como trabalhar o texto argumentativo de forma simples e eficaz.


Sem classificação.
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