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Formação de leitores: análise de obras de Ruth Rocha

 

17/12/2009

Autor y Coautor(es)
Eliane Candida Pereira
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SAO PAULO - SP Universidade de São Paulo

Mary Grace Martins

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Língua escrita: prática de produção de textos
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Língua escrita: prática de leitura
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Conhecer um autor brasileiro, juntamente com sua obra; discutir diferentes interpretações; identificar o estilo de um autor; desenvolver habilidades leitura, interpretação, reflexão e expressão escrita e oral; desenvolver a capacidade de argumentação; desenvolver a atitude de colaboração.

Duração das atividades
4 aulas
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Faça um levantamento sobre os livros já lidos pelos seus alunos para verificar o repertório já conhecido da autora Ruth Rocha.

Estratégias e recursos da aula

1ª. Etapa: Conhecendo Ruth Rocha

Apresente o áudio disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=9971 que narra o conto "A Primavera da Lagarta".

Série formação do leitor: parte 1 [Categorias Literárias]

A narração ocorre entre 1minuto e 25 segundos até 2minutos e 57 segundos do arquivo em áudio.


Promova comentários sobre o texto e revele a autoria:

Ruth Rocha.


Apresente o vídeo

Ruth Rocha  

disponível no Portal do Professor em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=11680

para que os alunos saibam mais sobre a autora do texto.


Proponha que os alunos leiam uma das produções da autora citada no vídeo: Faca Sem Ponta Galinha sem pé.


FACA SEM PONTA GALINHA SEM PÉ
Coleção PROCURANDO FIRME
Ilustrações: Mariana Massarani
Editora: Ática
Ano: 1999


É possível encontrar a produção disponível na Internet em http://www2.uol.com.br/ruthrocha/historias_19.htm

Faca Sem Ponta Galinha Sem Pé

"Esta é a história de dois irmãos.
Com eles aconteceu uma coisa muito esquisita, muito rara e difícil de acreditar.
Pois eram dois irmãos: um menino, o Pedro. E uma menina a Joana.
Eles viviam com os pais, seu Setúbal e dona Brites.

E os problemas que eles tinham não eram diferentes dos problemas de todos os irmãos.
Por exemplo...

Pedro pegava a bola para ir jogar futebol, lá vinha Joana:
- Eu também quero jogar!
Pedro danava:
- Onde é que já se viu mulher jogar futebol?
- Em todo lugar.
- Eu é que não vou levar você! O que é que meus amigos vão dizer?
- E eu estou ligando pro que os seus amigos vão dizer?
- Pois eu estou. Não levo e pronto!

Joana ficava furiosa, batia as portas, chutava o que encontrasse no chão, fazia cara feia.
Dona Brites ficava zangada:
- Que é isso, menina? Que comportamento! Menina tem que ser delicada, boazinha...
- Boazinha? Pois sim! - respondia Joana de maus modos.

Ás vezes Pedro chegava da rua todo esfolado, chorando.
- Que é isso? - Espantava-se seu Setúbal. - O que foi que aconteceu?
- Foi o Carlão! foi o besta do Carlão! Me pegou na esquina - choramingava Pedro.
Seu Setúbal ficava furioso:
- E você? O que foi que você fez? Por acaso fugiu? Filho meu não foge! Volte pra lá já e bata nele também. E vamos parar com essa choradeira!
Homem não chora!

Pedrinho desapontava:
- Eu estou chorando é de raiva! É de ódio! Joana se metia :
- Homem é assim mesmo! Quando a gente chora é porque é mole, é boba, é covarde. Agora, homem quando chora é de ódio...

Pedro ficava furioso, queria bater na irmã.
Dona Brites entrava no meio:
- Que é isso, menino? Numa menina não se bate nem com uma flor...
Pedro ia embora, pisando duro:
- Só com um pedaço de pau...
E as brigas se repetiam sempre.

Quando Joana subia na árvore para apanhar goiaba, Pedro implicava:
- Mãe, olha a Joana encarapitada na árvore.
Parece um moleque!
- Moleque é o seu nariz! - gritava Joana. - Você toda hora está em cima de árvore, por que é que eu não posso?
- Não pode porque é mulher! Por isso é que não pode. E não adianta vir com conversa mole, não! Mulher é mulher, homem é homem!

Quando Pedro botava camisa nova e se olhava no espelho, Joana já implicava:
- Olha a mulherzinha! Como está vaidoso...
Ou então quando Pedro ficava comovido com alguma coisa, como filme triste, que tem menininha sozinha, sem ninguém para cuidar dela, Joana já começava a caçoar:
- Vai chorar, é? E agora é de ódio, è?

Mas nas outras coisas eles eram bem amigos:
Jogavam cartas, viam televisão juntos, iam ao cinema...

Um dia...
Tinha chovido muito e os dois vinham voltando da escola.
De repente, Pedro gritou:
- Olha só o arco-íris!
- É mesmo! - disse Joana. - que grandão! Que bonito!
- Puxa! - espantou-se Pedro. - Parece que está pertinho! Vamos passar por baixo? Vamos!

Joana se riu:
- Tia Edith disse que se a gente passar por baixo do arco-íris, antes do meio-dia, homem vira mulher e mulher vira homem...
- Que besteira! - disse Pedro. - Quem é que acredita numa coisa dessas?
E os dois se deram as mãos e correram, correram, na direção do arco-íris. E de repente pararam espantados.

Eles estavam se sentindo esquisitíssimos!
- O que aconteceu? - perguntou Joana.
E a voz dela saiu diferente, parece que mais grossa...
- Sei lá! - disse Pedro.
Mas parou de pressa, porque ele estava falando direitinho como uma menina.
- Aconteceu comigo uma coisa muito estranha... - resmungou Joana.
- Comigo também... - reclamou Pedro.
E os dois se olharam muito espantados...
E correram para casa.

Vocês podem imaginar o reboliço que foi na casa deles quando contaram o que tinha acontecido.
No começo ninguém estava acreditando.
- Que brincadeira mais idiota! - falou seu Setúbal.
- Vamos parar com isso? - disse dona Brites.
Mas depois tiveram que se convencer...
E naquele dia, no jantar, ninguém brigou para saber se menina podia ou não podia fazer isso ou aquilo.
Afinal ninguém sabia direito quem era quem...

O pai e mãe de Joana e Pedro ficaram conversando até de madrugada.
- Acho melhor nem contarmos pra ninguém - dizia seu Setúbal.
- Mas como é que vai ser? - argumentava dona Brites.
- Todo mundo vai notar! E podem até pensar coisa pior...
- E o nome deles? - perguntou seu Setúbal.
- Como é que fica?
- É mesmo! - choramingou dona Brites. - A Joaninha, meu Deus, que tinha o nome da minha mãe. Que Deus a tenha em sua glória, agora vai ter que se chamar Joano! Joano, Setúbal! Isso é lá nome de gente? E o Pedro, que horror! Vai ter que se chamar Pêdra. Pode uma coisa dessas?
- E tem um outro problema em que estou pensando - disse seu Setúbal. - Está bem que a gente vista o Joano de homem... afinal as mulheres hoje em dia só querem se vestir de homem... mas vestir a Pêdra de mulher... não sei, não! E se ele, quer dizer, ela, virar homem outra vez?
- Ah, sei lá! - disse dona Brites. - Jà nem sei o que pensar. Acho melhor a gente ir dormir...

No dia seguinte o problema da roupa foi resolvido com facilidade. Foi só vestir calça de brim nos dois, mais camiseta e tênis.
Joano e Pêdra estavam brincando e rindo, como se nada estivesse acontecido, disfarçando para que os pais não se preocupassem ainda mais do que já estavam preocupados. Mas assim que saíram de casa ficaram sérios. Eles não sabiam como é que iam fazer na escola.
Logo na esquina, Pedro, quer dizer Pêdra, que agora era menina, deu o maior chute numa tampinha de cerveja que estava no chão.

- Vamos parar co isso? - disse Joano. - Menina não faz essas coisas.
- E eu sou menina? - reclamou Pêdra.
- É, não é?
- Ah, mas eu não me sinto menina! Tenho vontad e de chutar tampinha, de empinar papagaio, de pular sela...

- Ué, eu também tinha vontade de fazer tudo isso e você dizia que menina não podia - reclamou Joano.
- Mas é que todo mundo diz isso - disse Pêdra. - que menina não joga futebol, que mulher é dentro de casa...
- Pois é, agora agüenta! Não pode, não pode, não pode...

- Ah, mas agora eu posse chorar a vontade, posse dizer fita, posso ter medo de escuro...
Quando tiver que ir buscar água de noite você é que tem que ir... e quando eu quiser ver novela ninguém vai me chatear...

E eles ficaram ali, uma porção de tempo, discutindo a situação.
De repente Pêdra lembrou-se de que precisava ir para o colégio.
- Sabe de uma coisa? - disse Joano. - Eu é que não vou para escola desse jeito ridículo.
- Não sei por que ridículo. Ridículo estou eu, aqui, virado em mulher.
- E você quer ir para escola? - perguntou Joano.
- Eu não - respondeu Pêdra.
E sentou num murinho, muito desanimada.
Joano sentou também.
- Sabe de uma coisa? - disse Pêdra. - Nós temos é que encontrar o arco-íris pra passar por baixo outra vez.
- Mas não está nem chovendo - choramingou Joano, que agora era menino mas bem que estava com vontade de chorar...
- É, mas se a gente não procurar não vai encontrar. E se não encontrar vai ficar desse jeito o resto da vida!

Então Joano tomou uma decisão:
- Olha aqui. Eu vou mas não vou levar você, não! Vou é sozinho! Menina só serve pra atrapalhar.
Pêdra ficou danada da vida:
- Ah, é? Então vire-se! Eu também vou procurar sozinha e não quero conversa com você.
Vamos ver quem encontra primeiro.
E cada um foi para o seu lado, sem nem olhar para trás.
Os dois rodaram o dia inteirinho, mas não tinha caído nem uma chovinha, de maneira que não havia jeito de encontrar o arco-íris. E no outro dia foi a mesmo coisa, e no outro, e no outro.

E em casa as coisas estavam piorando cada vez mais. Um implicava com o outro, caçoava, proibia:
- Menino não pode!
- Menina não faz!
- Onde é que já se viu?
- Coisa mais feia!
- Vou contar pra mamãe!
Se o arco-íris não aparecesse logo...

Até que um dia eles acordaram e estava chovendo a maior chuva que já tinha visto.
Trovão, relâmpagos, água que não acabava mais.
Os dois ficaram torcendo para a chuva passar. E quando passou, saíram, como sempre um para cada lado, procurando o arco-íris.

Joano chegou para lá da escola, num lugar onde ele nunca tinha ido.
E já vinha voltando, desanimado, quando viu, bem na sua frente, o arco-íris.
Joano correu e passou por baixo.
Mas não aconteceu nada.
Joano continuava Joano...

Com Pêdra aconteceu mais ou menos a mesma coisa.
Andou, andou, até fora da cidade. E só quando vinha voltando é que encontrou o arco-íris, passou por baixo e nada!

Na porta de casa os dois se encontraram:
- Nada, hein? - perguntou Pêdra.
- Nadinha! - respondeu Joano.
- Que será que aconteceu? - disse um.
- Que será que não aconteceu? - disse o outro.
E os dois se sentaram - tão amigos! - e contaram, um ao outro, como é que eles tinham passado por baixo e nada tinha acontecido...
De repente Pêdra se levantou animada:
- Espere um pouco! A tia Edith disse que tinha que passar embaixo do arco-íris antes do meio-dia, não foi? Então, pra desvirar tem que ser

Depois do meio-dia, é ou não é?
- É mesmo! - disse Joano. - E tem mais uma coisa. Pra mudar de sexo nós passamos de lá pra cá, não foi? A gente vinha voltando da escola, não vinha? Pois agora a gente tem que passar daqui pra lá, pra desvirar.

Pêdra ficou olhando para Joano:
- Sabe qu e você é bem esperta para uma menina?
Joano respondeu:
- Você também é bem esperta... pra uma menina.
Os dois se riram como há muito t empo não faziam. E juntos saíram á procura do arco-íris.

E de repente lá estava ele.
Grande, brilhante, colorido, como um desafio.
Joano e Pêdra deram-se as mãos.
E correram, juntos, em direção do arco-íris.
E finalmente perceberam que alguma coisa, novamente, tinha acontecido.
Então riram, se abraçaram e abraçados começaram a voltar para casa.
Então Joana viu uma tampinha de cerveja na calçada.
Correu e chutou a tampinha para Pedro.
Pedro devolveu e os dois foram jogando tampinha até em casa..."

Discutam impressões sobre o conteúdo do texto. Lance perguntas tais como:


Quais questões sociais estão presentes no texto?
Que associações fazem com o dia a dia e os conflitos com que se deparam?


Orientações para a condução da proposta:


Não há a resposta correta, mas sim, respostas possíveis compatíveis com o que o texto, afinal o objetivo é que o aluno seja capaz de construir a sua leitura, e não apenas de responder ao ponto de vista do professor. O que se espera é que o Professor respeite as interpretações, apenas, apontando as leituras que não apresentam consistência e argumentos no texto. Para isso, basta solicitar que os alunos a justificarem suas respostas, encontrando no texto elementos que sustentam seu ponto de vista.


2ª aula: Conhecendo outros textos da autora


Peça que os alunos leiam os seguintes textos de Ruth Rocha:

 O que os olhos vêem

Ilustrações: Carlos Brito
Editora: Salamandra
Ano: 2003


O texto O Que os Olhos Não Vêem está disponível em http://www2.uol.com.br/ruthrocha/historias_08.htm


 Bom Dia, Todas as Cores!

lustrações Alberto Llinares
Quinteto Editorial - 1998

O texto desse livro está disponível também em http://www2.uol.com.br/ruthrocha/historias_15.htm


Retome as mesmas questões abordadas com o texto trabalhado na aula anterior:


Quais questões sociais estão presentes no texto?
Que associações fazem com o dia a dia e os conflitos com que se deparam?


3ª aula: Identificando e comentando os estilos da autora


Pergunte aos alunos o que os textos de Ruth Rocha conhecidos nas aulas anteriores têm em comum e quais recursos a autora utiliza Sugira que agrupem os textos por semelhança. Observe se identificam:
• a prosa e a poesia
• a temática voltada às relações sociais

    Em grupos, os alunos devem escolher outras obras da autora para leitura na biblioteca da escola ou na Internet . Cada grupo deverá elaborar um comentário sobre a obra, de forma a aguçar o desejo de outras pessoas a lerem também.

Incentive que criem um título criativo para a publicação e divulguem os comentários literários! Ajude-os a revisar o texto , sinalizando aspectos gramaticais ou ortográficos que forem necessários.

Que tal criar um painel da turma para as publicações? Proponha que reproduzam as capas dos livros e organizem os textos para um paienl na biblioteca ou nos correrdor es da escola para iniciar um cantinho de dicas literárias.

Recursos Educacionais
Nome Tipo
Série formação do leitor: parte 1 [Categorias Literárias] Áudio
Ruth Rocha Vídeo
Avaliação

Observe se durante as etapas os alunos discutem as diferentes interpretações e desenvolvem suas argumentações. Promova a auto-avaliação e a avaliação entre os membros dos grupos sobre a produção de texto colaborativamente para publicação.

Opinión de quien visitó

Cinco estrelas 1 calificaciones

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Opiniones

  • MIkely, Escola Municipal do Peró , Rio de Janeiro - dijo:
    mikdosedupla@hotmail.com

    04/09/2011

    Cinco estrelas

    Amei as várias formas de ler e interpretar os diversos tipos de texto da autora.


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