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Variação Lingüística

 

20/11/2009

Autor y Coautor(es)
Tânia Guedes Magalhães
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Análise linguística
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: variação linguística: modalidades, variedades, registros
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula
Esta aula servirá para introduzir noções de Variação e Mudança Linguística a alunos de 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, alunos de Ensino Médio e EJA.
Duração das atividades
3horas/aula
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Habilidades básicas de leitura e escrita.

Estratégias e recursos da aula
                   

Etapa 1:

Leitura do texto de Mário Prata, Diferenças dificultam unificação do idioma, reproduzido abaixo.

(Professor: a leitura pode ser feita pelos alunos individualmente e em silêncio, como também pode ser realizada em voz alta por algum aluno que desempenhe bem essa tarefa e produza um bom sentido por meio de sua entonação. Caso sinta necessidade, pode-se também revezar a leitura em voz alta entre os alunos.)


Diferenças dificultam unificação do idioma

Mário Prata

O primeiro-ministro português, Cavaco Silva, atendeu o pedido da deputada socialista Edite Estrela para adiar o debate sobre o acordo ortográfico que estava agendado para o dia 2 de maio. Portanto, Cavaco Silva desembarcou no Brasil no dia 6 com o texto aprovado pela conferência dos líderes portugueses. Modestamente, como humilde escritor brasileiro, acho que os portugueses deviam adiar para sempre este acordo. Isso cheira a coisa de brasileiro que não tem o que fazer.
E eu fico cá a pensar a quem interessar possa este acordo. Há dois meses vivendo em Lisboa, só posso rir da pretensão de certos imortais em unificar tudo. Dizem que tudo não passaria de interesses de uns poucos brasileiros em vender dicionários por aqui. Nós, como sempre, querendo levar vantagem em tudo.
Os portugueses nos ensinaram o português: a nós, aos angolanos, aos cabo-verdianos, aos moçambicanos, etc. Claro que, em cada país, a coisa foi tomando forma e virando quase que um idioma diferente. Se houvesse filólogos na época do império romano, não teríamos hoje nem o português, nem o italiano, nem o espanhol, nem o romeno, etc. eles teriam unificado tudo. Todos falaríamos, até hoje, o latim. E, pior ainda, o latim clássico, já que os soldados esparramaram pelo mundo o vulgar.
E basta conhecer um pouco Portugal, ou até mesmo a própria ilha da Madeira, ou a africana Cabo Verde, para perceber que cada um deve ficar na sua. Não dá mais para unificar nada.
As línguas faladas em Portugal, Cabo Verde e Brasil são línguas completamente diferentes. Ortográfica e intelectualmente. Alguns exemplos:
Trolha, em Portugal, é ajudante de pedreiro. Relvado é por onde rola o esférico até que o juiz apite o castigo máximo e o torcedor grite golo da bancada. As crianças são os putos, antes da comida você belisca uns tapas, pede uma imperial e anda sempre de fato novo. De facto, fato é terno. Não há projecto que mude isto. Deviam ir à casa de banho e jogar tudo fora e acionar o autociclismo. Se cadarço é atacador, você pode chamar um cafona de piroso. Seria giro, isto é, legal. Aqui, um país onde se fala um português lindíssimo, você pode ver uma rapariga descer do comboio e dar um linguado no rapaz. Linguado não é peixe, mas beijo de língua. E é um país com poucas fufas. Será que no dicionário do professor Antônio tem fufas? Confiram. Provavelmente tem bicha.
Bicha, aqui em Portugal, é fila. Toda fila, desde a de táxi até pra entrar na aula, se chama bicha. Então é muito comum você conviver com frases como estas:
- Ontem fui ao teatro, mas a bicha que estava na porta era assustadora. Voltei.
- Ô rapaz, estás a furar a bicha, é?
- Atenção: bicha nos dois sentidos.
- Ai, Jesus, essas bichas em ziguezague não andam.
- Estou nesta bicha desde cedo!
- Esta bicha é para comprar ou para entrar?
- Era uma bicha de dar volta no quarteirão.

E o troço? Como é que vai ficar o troço? Vocês ao no Brasil sabem o que é troço? Aqui em Portugal, troço é trecho de estrada. Você vai viajar e vai vendo as placas pelo caminho:

Troço em obras.
Fim do troço em obras.
Troço com pedágio.
Longo troço em declive.
Troço escorregadio.
E assim por diante.

F ico a ver, cá em Lisboa, os putos na rua e pensar que alguns filoporquequilos, ou melhor, filólogos, estão querendo que, quando eles crescerem, escrevam e falem como os brasileiros. E eu pergunto: por quê?
Perceberam?

Folha de S. Paulo, 23/5/1991


Etapa 2:

Professor: é natural que esse texto provoque riso. Aproveitar esse momento para tecer comentários quanto às variações existentes nas línguas.


OBSERVAÇÃO: Texto de embasamento para o professor sobre o tema “Variação Linguística”: não distribuir para os alunos !!

http://www.marcosbagno.com.br/conteudo/arquivos/for_crystal.htm


Etapa 3: Exercícios sobre o texto “Diferenças dificultam a unificação de idiomas”, de Mário Prata.


1) O texto trata, ironicamente, da unificação de idiomas. Quais idiomas são foco da unificação?

2) Muitas vezes, os escritores procuram no dia a dia, inspiração para produzir seus textos. Mário Prata provavelmente escreveu “Diferenças dificultam a unificação de idiomas” para a Folha de São Paulo a partir de um fato. Qual fato pode ter sido a inspiração para Mário Prata escrever seu texto?

3) A partir do 6º parágrafo, Mário Prata começa a citar palavras ou expressões que no Português de Portugal (PP) têm significados diferentes do Português do Brasil (PB). Identifique o significado de cada uma delas:

a) trolha:
b) Relvado é por onde rola o esférico até que o juiz apite o castigo máximo e o torcedor grite golo da bancada:
c) putos:
d) fato:
e) casa de banho:
e) autoclismo:
f) rapariga:
g) comboio:
h) linguado
i) giro:
j) bicha:
l) troço:

4) Como se percebe, o texto de Mário Prata provoca humor. Qual é a principal estratégia usada pelo autor para provocar esse humor?

5) A partir da compreensão do texto, daria certo unificar ortograficamente o Português do Brasil ao de Portugal? Por quê?

6) Segundo o linguista Luiz Carlos Travaglia (2000), a variação lingüística pode ocorrer em várias dimensões, como se pode ver abaixo:

dimensão territorial, geográfica
dimensão social
dimensão da idade
dimensão do sexo
dimensão da geração (variação histórica)

Circule uma das opções ao lado que explica a variação existente entre a língua Portuguesa falada no Brasil e em Portugal.

Observação:

É interessante aproveitar o tema tratado para abordar o novo acordo ortográfico, assinado recentemente, entre os países de Língua Portuguesa.

Texto de apoio ao professor: http://www.marcosbagno.com.br/conteudo/arquivos/for_fiorin.htm
(apresenta argumentos sobre a necessidade do acordo ortográfico)

Recursos Complementares

Sugestões de leitura para aprofundamento do tema:

BAGNO, M. A norma oculta. 2 ed. São Paulo: Parábola, 2003a.

_______. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. 21 ed. São Paulo: Loyola, 2003b.

_______. A língua de Eulália. São Paulo: Contexto, 2001.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2000.

VAL, M. G. C. A interação lingüística como objeto de ensino-aprendizagem da língua portuguesa. Belo Horizonte: Educação em Revista. (UFMG) V7, nº16, 1992, p. 23-30.

Sites interessantes de consulta e estudo para o professor:

http://www.marcosbagno.com.br

http://www.stellabortoni.com.br/

Avaliação


Após a leitura, desenvolvimento dos exercícios e discussão do tema, pedir aos alunos que realizem a seguinte atividade:

1) Pesquisar o que é “poliglota”

2) Escrever um parágrafo para explicar a seguinte afirmativa:


“O falante deve ser poliglota em sua própria língua”


3) Dar exemplos que confirmem essa afirmativa.


Observação:

O aluno terá cumprido bem a atividade e entendido o fenômeno da Variação se o seu texto apresentar

- a percepção de que há vários níveis de linguagem (formal, informal);

- a necessidade de adequar a linguagem ao contexto de fala ou escrita;

- citar exemplos: a linguagem usada numa palestra é diferente da usada e casa; a linguagem usada numa apresentação na escola é diferente da usada no cinema com os colegas; etc.

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