19/10/2009
Claudia Helena Azevedo Alvarenga
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
---|---|---|
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo | Estudo da Sociedade e da Natureza | Cultura e diversidade cultural |
Ensino Médio | Artes | Música: Canal |
Ensino Médio | Artes | Música: Contextualização |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Artes | Música: desenvolvimento da linguagem musical |
Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de compreender o conceito de ‘gênero musical’ sob o ponto de vista musicológico, e estabelecer relações de causa e efeito entre diversos fatores extramusicais que contribuem para sua formação, em especial a dinâmica do mercado – produção e consumo.
Nessa aula pretendemos que o aluno possa avaliar criticamente sua posição dentro de um grande cenário de produção e consumo, como sujeito receptador, consciente ou não, de um ou mais gêneros musicais, e capaz de atribuir, sozinho ou em grupo, novos significados à prática musical. No contexto do EJA, esse seria o objetivo fundamental que norteia não apenas essa aula, mas toda a série que estamos propondo: o resgate do discurso silenciado.
Considerando que essa aula pertence à coleção de 1 a 6, consideramos que a discussão a respeito do que seja música tenha corrido intensamente, podendo ou não ter chegado a uma definição formal do conceito. O aluno já deve estar preparado para ‘desconfiar’ e para ‘repensar’ os diversos processos de naturalização com os quais todos nós convivemos diariamente.
Veja a aula anterior:
Música - Uma proposta de Aula Introdutória no contexto da EJA (aula 1)
A primeira parte da aula se dedica a explicitar o conceito de ‘gênero musical’ sob o ponto de vista musicológico. Utilize uma coletânea de exemplos de sua escolha que ilustre diversos gêneros que possam de alguma maneira dialogar entre si, e estes com o universo em que se encontram professor e alunos. Os alunos podem ter sido previamente solicitados a trazer materiais de sua própria coleção, se for possível. A apreciação comparativa favorece o processo cognitivo ao estabelecer elos de associação. Por exemplo, gêneros diferentes que possuam características em comum (estruturas rítmicas, melódicas ou harmônicas, instrumentação, textura, etc), ou que explicitem um contraste, e todos se relacionando a todo momento com o material trazido pelo aluno. Aos poucos professor e alunos podem construir (pode-se usar o quadro com uma tabela esquemática) um mapa onde se destacam as características de cada exemplo ouvido, respeitando a linguagem e o nível de observação dos alunos. Por exemplo, não devemos esperar que o aluno do EJA tenha condição auditiva de reconhecer em um momento de apreciação musical timbres com os quais ele não tenha contato frequente ou mesmo nunca teve. A partir do desenho esquemático, comece a provocar a análise dos dados (comparação, agrupamento de elementos semelhantes e separação de elementos contrastantes). É interessante observar como isso pode nos trazer novas questões acerca de gêneros, sobretudo às inovações de mercado.
No segundo momento, formalize o conceito de gênero a partir da tabela construída. Os gêneros de cada exemplo podem agora ser revelados, mas sem desfazer as associações e separações estabelecidas pelos alunos. Com frequência encontramos nessa construção coletiva alguns reagrupamentos que vão de encontro ao rótulo mercadológico.
E por fim, provoque os alunos a identificar os ‘porquês’ dos ‘acertos’ e ’erros’. Aqui tem início a etapa de analisar os fragmentos, células características (motivos rítmicos e melódicos), levadas (estruturas rítmicas repetitivas), instrumentações e outros elementos extramusicais, como dança, roupas e práticas diversas.
Sugerimos os seguintes exemplos como ponto de partida para uma discussão comparativa sobre o conceito de 'gênero musical'. Esses exemplos são uma pequena coleção que se relacionam ao gênero 'samba'. O professor poderá fazer sua própria coleção de músicas, usando algum gênero que julgar ser mais pertinente ou mais inteligível para os alunos, seguindo de forma análoga os critérios para montagem da mesma: provocar nos alunos o pensamento crítico sobre o tema da aula fazendo uso de exemplos contrastantes e mesmo polêmicos.
Veja todos os exemplos no endereço eletrônico:
http://blogs.myspace.com/index.cfm?fuseaction=blog.view&friendId=349285712&blogId=512003921
Exemplo 1 - Marcelo D2 termina a música com a citação provocativa a respeito de sua própria performance - 'tá legal, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim'. A análise não deve se restringir apenas ao aspecto dos hibridismos de gênero e estilo, mas sobretudo identificar quais os elementos que se mantêm presentes - ou não - para que haja relação de 'pertencimento' ou 'não-pertencimento' entre obra e coleção.
http://www.youtube.com/watch?v=JRNAy Og8qOk
Exemplo 2 - Nesse exemplo podem ser explorados os aspectos idiomáticos ao analisar, por exemplo, a forma e o estilo de cantar de Cassia Eller, em uma performance de uma obra clássica do repertório do samba. Observe técnica de mão direita e rearmonizações e, ao final de tudo, considere com os alunos em que medida o gênero é determinado em sua composição ou em sua interpretação.
http://www.youtube.com/watch?v=AY2btueP1Nw
Exemplo 3 - Na mesma linha de raciocínio do exemplo anterior e para provocar ainda mais o debate, apresente esse exemplo como uma antítese do último, ou seja, uma obra cujo gênero é transposto no momento da execução. Considere com os alunos em que níveis essas transposições são possíveis e quais as questões - musicais e mercadológicas - estão envolvidas.
http://www.youtube.com/watch?v=v97YvRmD_Yo
Exemplo 4 e 5 - Finalmente, encontramos nos dois últimos exemplos aspectos de instrumentação sobre o mesmo repertório. No primeiro deles, isto é, no exemplo 4, os Novos Baianos surgem com uma estética da contracultura e uma instrumentação típica do rock 'n' roll, aplicada a um samba. No segundo, exemplo 5, a Banda Black Rio interpreta 'Na baixa do sapateiro', com arranjo 'funky'. Quais os elementos que ainda mantêm as duas interpretações atreladas ao gênero musical original, deve ser a proposta da investigação junto com os alunos.
O professor pode propor que cada aluno faça um trabalho similar de comparação entre duas músicas do seu gosto que pertençam a um mesmo rótulo mercadológico, destacando suas características em comum, seus contrastes e fazendo sua reflexão por escrito em casa.
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