21/05/2010
Eziquiel Menta
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | Filosofia | Ética |
Sugerimos que o professor acesse as aulas a seguir e verifique se já foram trabalhados os seguintes conteúdos:
Sugerimos que o Professor, antes de iniciar as atividades propostas, nesta aula, faça um diagnóstico com sua turma, o que segundo o Professor João Luiz Gasparin – UEM chama de Prática Social Inicial do Conteúdo.
Proponha o estudo deste tema e levante junto aos estudantes as suas vivências do conteúdo, isto é, anotamos o que já sabem sobre o tema a ser trabalhado e o que gostariam de saber sobre o assunto em pauta. Teremos uma visão geral dos conhecimentos empíricos da turma, seus desejos e curiosidades, possíveis erros conceituais que deverão ser trabalhados no decorrer das atividades.
Segundo o Professor João Luiz Gasparin – UEM a problematização é um desafio, ou seja, é a criação de uma necessidade para que o educando, através de sua ação, busque o conhecimento. É importante o professor apresentar alguns desafios para motivá-los a refletirem sobre o tema.
Sugerimos os seguintes desafios:
Além destes pontos os estudantes vão levantar outros que gostariam de estudar, mas nem sempre podemos trabalhar tudo, então se devem selecionar com o grupo os principais problemas a serem discutidos nas aulas a seguir.
Sugerimos que essa atividade seja elaborada e realizada em conjunto com outras disciplinas, de acordo com as dimensões a seguir:
Professor! Vamos iniciar esta aula com um tema muito polêmico e inquietante: a justiça com as próprias mãos. Nosso objetivo será o de chamar a atenção dos adolescentes, pois muitos consideram esta atitude correta.
Para despertar uma reflexão profunda sugerimos que inicie a aula com uma reportagem, pode ser de um caso local, regional ou nacional. Selecionamos uma reportagem, como sugestão, veja uma citação de parte do texto:
Pistoleiros, justiceiros e vingadores
Antes do surgimento de grupos organizados de criminosos que executam quem causa problemas, a eles ou à sociedade como um todo, já existia a figura do matador de aluguel. “Historicamente, o serviço desses matadores não era contratado em casos de conflito passional. Nessas situações, a punição era levada a cabo pela própria pessoa que se sentia desonrada”, explica Barreira. Mas esse quadro mudou no decorrer do século XX. A pistolagem, antes restrita ao meio rural e político, chegou à cidade como uma possibilidade de resolução dos mais diversos conflitos interpessoais e viu o perfil dos mandantes aumentar.
Outros atores na dinâmica da punição são os justiceiros e vingadores. Enquanto a ação do pistoleiro é motivada pura e simplesmente pelo retorno financeiro e não se constitui de valores, a do justiceiro baseia-se no conceito de limpeza social e a do vingador no de limpeza da honra (própria ou de uma pessoa próxima e querida). “Todos eles se consideram no direito de matar alguém que tenha cometido um ‘delito' não passível de punição pelo Estado como, por exemplo, o adultério”, afirma Barreira.
Apesar de muitas semelhanças, o modus operandis desses atores difere. O pistoleiro geralmente intenciona apenas o resultado final, matar a vítima, por isso procura realizar seu trabalho de forma rápida, sem causar muita dor, disfarçada, para evitar o seu reconhecimento, e sem revelar o mandante. “Já o justiceiro pode aplicar tortura sobre suas vítimas”, diz Barreira. Sua intenção é não apenas matar quem está sendo punido, mas lhe causar sofrimento e usá-lo como exemplo, publicizando o feito.
Outro aspecto interessante é a consciência que essas pessoas têm sobre a possibilidade de virem a ser punidas pelo Estado. Segundo Barreira, pistoleiros consideram que suas ações violentas merecem punição, mas acreditam que ela deve ser maior para o mandante da execução, já que ele é o autor intelectual do crime. Justiceiros e vingadores, por sua vez, acreditam que não são passíveis de punição porque estão apenas eliminando maus elementos da sociedade.
Fonte: Juttel , Luiz Paulo; Mezzacappa, Marina Reportagem: Justiça com as próprias mãos. In: COMCIÊNCIA. Disponível em http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=35&id=414 acessada em 29/03/2010.
Para análise desta atividade a turma pode ser organizada em forma de círculo, de forma que todos possam perceber as reações dos colegas. Nomeie um relator para registrar as discussões, pois serão importantes nas reflexões ao final do estudo deste tema.
ROTEIRO DE DISCUSSÃO:
A partir desta discussão, que promete ser calorosa, vamos passar alguns pensamentos no quadro de giz:
Em meados do século XX, a maior parte da filosofia ética era metaética. Em vez de perguntar; “Quais ações são boas?”, os filósofos perguntavam “O que significa perguntar se uma ação é boa? ‘X é bom’ significa apenas ‘eu aprovo X’? Por outro lado, ‘X é bom’ expressa uma emoção que sinto quando observo X ou penso em X?” Este último caso, conhecido como emotivismo, encontra expressão na seguinte história:
Um homem escreveu uma carta para a Receita Federal dizendo: “Não consigo dormir pensando que fraudei meus impostos. Declarei rendimentos abaixo dos tributáveis e anexo estou enviando um cheque de 150 dólares. Se mesmo assim eu não conseguir dormir, mando o resto.”
FONTE: CATHCART, Thomas; KLEIN, Daniel. Platão e um Ornitorrinco entram num bar…: A filosofia explicada com senso de humor. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.
Fazendo um contraponto entre a reportagem apresentada e a piada acima, podemos dizer que existem muitas maneiras de expressar o emotivismo, seja por meio da violência, da sonegação, de pequenas atitudes no nosso cotidiano. Esta corrente filosófica levada ao extremo pode ser utilizada para justificar nossos atos?
Professor! Solicite à turma que registrem em seus cadernos as discussões realizadas, os pontos de vista apresentados e a opinião pessoal do estudante. Este registro é importante para acompanhar o raciocínio dos alunos durante o estudo do tema.
Retomando as discussões, vamos apresentar para a turma um pouco sobre o Emotivismo, vejamos as citações a seguir:
Emotivismo: Os juízos morais não têm valor de verdade. Portanto, não são proposições: são apenas frases em que as pessoas exprimem os seus sentimentos de aprovação ou reprovação ou para suscitar esses mesmos sentimentos nas pessoas. [...] O emotivismo [...] afirma que num debate moral não há propriamente quem tenha razão, ou seja, quem esteja a defender um ponto de vista verdadeiro. Afinal, pensa o emotivista, na ética pura e simplesmente não há pontos de vista verdadeiros. Quando duas pessoas têm perspectivas diferentes sobre um assunto, isso quer apenas dizer que têm sentimentos diferentes em relação a esse assunto. Mas mesmo assim pode valer à pena debater racionalmente esse assunto: uma pessoa pode tentar apresentar razões que leve a outra a mudar os seus sentimentos. É claro que, em casos extremos, as pessoas podem ter sentimentos tão diferentes que nenhum debate racional poderá fazê-las chegar a um acordo. (GENSLER, 1988, p. 62)
FONTE: GENSLER, Harry. Ética In: DIDACTICA EDITORA. A arte de pensar. Disponível em: http://www.didacticaeditora.pt/arte_de_pensar/cap5.html acessado em 29/03/2010.
Observando os textos apresentados, pode-se dizer que, para o emotivista, os juízos morais não descrevem sentimentos — exprimem-nos, ou seja, ao debater questões morais, não é mais que apelar aos sentimentos das pessoas. Esta teoria nos leva a perceber que nossas idéias sobre a moralidade, a verdade, o que é certo... nem sempre está de acordo com nossos sentimentos. Segundo GENSLER, 1988, p. 62, “no fundo, à luz do emotivismo qualquer debate racional se reduz a uma tentativa de influenciar as emoções.”
A ética serviria para que a violência fosse evitada, pois quando se deixa levar pelo desejo e paixão há de se ter limite, e o único limite é este.
Também é importante saber que ao se deixar, permitir, seguir pelos impulsos há e se “medir” o que de mal se pode causar a outrem, quer seja fisicamente ou abrangente de outros aspectos da conduta moral e justa. (MENDES, 2010)
FONTE: MENDES, Karen Giovanni Borowski. Emotivismo. In: USINA DE LETRAS. Disponível em http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=113&cat=Teses_Monologos&vinda=S acessado em 29/03/2010.
Fazendo uma ponte entre os textos filosóficos e a poesia de Carlos Drummond de Andrade, "Receita de Ano Novo", vamos solicitar à turma uma reflexão da importância da filosofia junto à literatura.
...Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver... Carlos Drummond de Andrade.
Fonte: JORNAL DE POESIA. Receita de Ano Novo. Diponível em: http://www.revista.agulha.nom.br/drumm.html#receita acessado em 29/03/2010.
Recurso: Feliz ano novo ·
Objetivo do recurso: Apresentar o poema Receita de Ano Novo de Carlos Drummond de Andrade. Apresentar a música "Saiba" de Adriana Calcanhoto
Link: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=648
Solicite a turma que produza uma paródia ou parafraseie o tema apresentado no áudio.
Diante desse belíssimo poema, vamos refletir um pouco sobre alguns conceitos à luz da Filosofia:
A ética pode ser expressa como uma reflexão da inteligência ou da vontade para que o ser humano domine suas paixões e desejos. Se nos ativer para a ética racionalista, podemos fazer a distinção entre a necessidade, o desejo e a vontade, segundo Chaui, 2002, p. 351:
A necessidade diz respeito a tudo quanto necessitamos para conservar nossa existência: alimentação, bebida, habitação [...] Para os seres humanos, satisfazer às necessidades é fonte de satisfação. O desejo parte da satisfação de necessidades, mas acrescenta a elas o sentimento do prazer, dando às coisas, às pessoas e às situações novas qualidades e sentidos. No desejo, nossa imaginação busca o prazer e foge da dor pelo significado atribuído ao que é desejado ou indesejado. [...] A vontade difere do desejo por possuir três características que este não possui: O ato voluntário implica um esforço para vencer obstáculos [...] força de vontade. [...] O ato voluntário exige discernimento e reflexão antes de agir, isto é, exige deliberação, avaliação e tomada de decisão. [...] A vontade se refere ao possível [...] é inseparável da responsabilidade.
Com base no texto acima, solicite aos estudantes que escrevam um texto apontando a diferença entre necessidade, desejo e vontade. Destacando como isto ocorre na prática e por que o desejo e a vontade faz parte do campo da ética.
Na obra nietzschean “ A genealogia da moral” nos traz alguns pontos para reflexão, segundo Chaui, 2002, p. 352: ·
Após as discussões, abra um espaço para o registro das atividades no coletivo, onde cada grupo poderá expressar as opiniões e chegar um termo ao final das atividades.
Momento em que o aluno se aproxima da solução dos problemas levantados na primeira aula. Elaboração teórica da síntese, da nova postura mental.
Professor! Prepare-os para uma atividade bem interessante, o júri simulado, a partir dos textos apresentados, separando a turma para cada função na dinâmica de grupo.
Para esta atividade, o professor pode organizar o júri simulado para a próxima aula, onde cada estudante deve preparar o seu papel. Sugerimos que estimule a formação de grupos de apoio para os participantes, formados pelos expectadores do júri (deverão ajudar com argumentos para a atuação no tribunal. Por exemplo: um grupo poderá colaborar com os advogados de defesa e outro grupo com o promotor...)
JURI SIMULADO
Objetivo: Debater o tema, levando os participantes a tomar um posicionamento; exercitar a expressão e o raciocínio; amadurecer o senso crítico.
Participantes:
Descrição da dinâmica:
*Obs.: é importante fixar bem o tema, bem como os fatos que serão matéria do julgamento. Para isso poderá haver uma combinação anterior com todas as partes, preparando com antecedência, os argumentos a serem apresentados.
FONTE: MACEDO, Giélia Silva. Dinâmicas de Formação para a Cidadania. In: MUNDO JOVEM. Dinâmicas. Disponível em: http://www.mundojovem.com.br/subsidios-dinamicas-18.php acessado em 29/03/2010.
Após os debates e as conclusões no júri simulado, sugerimos que a turma poste no blog da disciplina as sínteses do trabalho realizado, onde os leitores percebam a distinções dos conceitos apresentados e analise suas posturas sobre o tema a aula.
BLOG É um espaço gratuito, interativo, online, para dialogar com seus colegas, com a comunidade, onde o autor pode inserir textos, imagens, vídeos, áudios, etc. No site http://www.escolabr.com/portal/modules/news/, existem muitas sugestões de sites para o trabalho com blogs e a orientação pedagógica para isso. Veja mais sobre blogs na educação no Portal do MEC em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/links_interacao.html?categoria=198
Nome | Tipo |
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Feliz ano novo | Áudio |
Feliz ano novo | Áudio |
Sugerimos os seguintes textos:
Acompanhando os trabalhos realizados e as produções dos estudantes verifique se foram capazes de compreender:
Cinco estrelas 5 classificações
Denuncie opiniões ou materiais indevidos!
15/10/2012
Cinco estrelasexcelente ideia, perfeita aula. Esta de parabens!!!
28/07/2012
Cinco estrelasOla Rosangela, gostaria de agradecer por você disponibilizar um material como esse, rico e estimulante. Ajuda muito professores como eu, no inicio da carreira. Muito obrigado!
04/01/2011
Cinco estrelasExcelente Plano de aula. Trabalhei com ele, fazendo algumas adaptações a minha realidade, o resultado foi muito bom. Os alunos distribuíram cartazes por todo o colégio explicando o que é emotivismo ético, diferença entre necessidade, desejo e vontade, definição do que é ética e exemplos de como as normas interferem na vida social e os seus efeitos. Muitos alunos leram as exposições. Parabéns.
04/01/2011
Cinco estrelasExcelente Plano de Aula. Trabalhei com ele, fazendo algumas adaptações a minha realidade, o resultado foi muito bom. Os alunos distribuíram cartazes por todo o colégio explicando o que é emotivismo ético, diferença entre necessidade, desejo e vontade, definição do que é ética e exemplos de como as normas interferem na vida social e os seus efeitos. Muitos alunos leram as exposições. Parabéns.
29/11/2010
Cinco estrelasgostei do conteudo e a maneira que o conteudo foi abordado, parabens!