17/11/2010
Pauliane de Carvalho Braga, Lígia Beatriz Paula Germano
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | História | Processo histórico: nações e nacionalidades |
Ensino Médio | História | Poder |
Ensino Médio | Sociologia | Movimentos sociais / direitos / cidadania |
Ensino Médio | História | Memória |
Os alunos irão aprender sobre o arraial de Canudos e sobre a Guerra que pôs fim à comunidade. Deverão compreender as condições sociopolíticas do País, mais especificamente do Nordeste, no período, assim como os motivos que levaram à formação do arraial e sua posterior destruição. Os alunos, por fim, deverão ser capazes de refletir sobre as permanências e continuidades no que se refere à grande propriedade de terra, investimentos no Nordeste, condições de trabalho...
A Proclamação da República e as disputas entre os diferentes projetos: governo civil ou militar.
Conceito de mandonismo.
Introdução
Para a abordagem deste tema, deve estar claro para os alunos o contexto social, político e econômico do País, e mais especificamente do Nordeste, no final do século XIX. Eles devem compreender as relações de poder (mandonismo) que se estabeleceram no Nordeste neste período, e de que forma elas foram historicamente construídas. Neste momento, é importante que o professor discuta, ainda que de maneira sucinta, as políticas de distribuição de terras no País, e como essas políticas geraram a expressiva concentração fundiária que temos até os dias atuais. Conhecendo a política de terras e as relações de poder estabelecidas no período, é possível compreender a importância e, ao mesmo tempo, a dificuldade para uma população majoritariamente rural de possuir terra. A partir dessas reflexões, será possível discutir a experiência de Canudos, ressaltando seu particular modo de posse e uso da terra; da mesma forma, compreender os motivos que levaram coronéis, Igreja e Estado a combaterem o arraial. É também importante apresentar aos alunos os fatos da guerra e a sua violência. Por fim, desconstruir e rediscutir dois estigmas que a historiografia legou a Canudos: o de antro de fanáticos e de movimento messiânico.
Desenvolvimento
Primeira aula:
Neste primeiro momento, o professor deve introduzir assuntos como: as condições políticas, sociais e econômicas do País, e mais especificamente do Nordeste no final do século XIX; as políticas de distribuição de terras, discutindo as relações de poder que se estabeleceram entre camponeses sem terra e grandes proprietários. Para fomentar a discussão, o professor pode utilizar dois textos:
1. Sobre a concentração fundiária: Capítulo “A agricultura brasileira: histórico da concentração de terras no Brasil”, do livro didático Geografia geral e do Brasil – espaço geográfico e globalização, de João Carlos Moreira e Eustáquio de Sene, disponível do site da Editora Scipione (link acessado em: 4 out. 2010).
http://www.scipione.com.br/ap/ggb/unidade8_c8_a01.htm
Neste artigo, os alunos encontram um breve histórico das políticas de distribuição de terras no Brasil. Os alunos devem entender o processo histórico que deu origem à estrutura fundiária que temos hoje em nosso País; buscar compreender como o modelo econômico adotado, assim como as formas de trabalho empregadas, contribuiu para a consolidação desta estrutura; e, por fim, compreender os motivos que levaram governos distintos a traçarem políticas de distribuição de terras excludentes.
2. Sobre a seca: artigo de Frederico de Castro Neves, publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional em 1º. de agosto de 2008 (link acessado em: 4 out. 2010).
http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1905
A partir deste artigo, os alunos podem discutir as diferenças entre os latifúndios e a pequena propriedade; os problemas causados pela concentração de terras; as dificuldades enfrentadas no Nordeste do País, como a seca e a falta de investimentos governamentais, etc. Sugerimos aqui a discussão específica da seca de 1877, relatada no artigo: como esta seca afetou a vida dos sertanejos, gerando um sem-número de retirantes que andavam pelo Nordeste em busca de alimentação e trabalho.
Segunda aula:
Neste momento o professor deve abordar o tema de Canudos. A partir das discussões realizadas na primeira aula, o professor deve conectar o tema das peregrinações à peregrinação empreendida por Antônio Conselheiro e seu séquito. Com esta introdução, o professor deve propor a seguinte atividade (links acessados em: 4 out. 2010):
Primeira parte: no site http://canudos.portfolium.com.br/, que possui um enorme acervo virtual sobre a história de Canudos (incluindo textos, iconografia, biografia de Antônio Conselheiro, história do arraial de Belo Monte, relação de filmes e canções sobre o tema, etc.), os alunos deverão realizar uma pesquisa prévia sobre o movimento de Canudos, seu líder Antônio Conselheiro, seus seguidores, os motivos da peregrinação e da posterior criação do arraial de Belo Monte, os opositores do arraial e a guerra.
Segunda parte: assistir ao vídeo de Giselle França Bernardo (http://www.youtube.com/watch?v=5ulJf3Jmye4&feature=fvst), para conhecer mais sobre a vida e obra de Euclides da Cunha, autor do livro mais importante sobre a Guerra de Canudos, Os Sertões. Os alunos devem atentar para a biografia de Euclides, os motivos que o levaram a escrever sobre Canudos e a importância de sua obra, Os Sertões.
A partir desta pesquisa prévia, a sala deve ser dividida em três grupos. A proposta é que cada grupo narre a história de Canudos seguindo uma das três divisões propostas por Euclides:
1º. Grupo: a terra (Onde ocorreu? Como era essa região geograficamente?);
2º. Grupo: o homem (Como era o homem nordestino? Qual era a sua condição de vida, sua cultura, seus hábitos? Aqui, pode-se discutir a questão da religiosidade popular e como Canudos foi classificado como movimento messiânico);
3º. Grupo: a luta (Por que e quem empreendeu uma guerra contra Canudos? De que forma ela se deu?).
Cada grupo, responsável por um desses itens, deverá apresentar sua pesquisa e suas conclusões ao restante da turma. Esta apresentação pode ser oral, apresentação de cartazes, recursos de computador ou outros.
Terceira aula (conclusão):
Neste último momento, as informações coletadas e discutidas na primeira e segunda aulas devem ser organizadas. Os alunos, dispostos em círculo, deverão discutir os três caminhos de Canudos (a terra, o homem e a luta), apresentar suas impressões, dúvidas e discordâncias. Neste momento, cabe ao professor questionar qual era o grande diferencial do arraial de Canudos (ressaltando aqui a particularidade do uso e posse da terra no arraial, as relações de trabalho independente...) e que risco isso representou aos que se opuseram a Canudos.
http://canudos.portfolium.com.br/ : Série de artigos sobre a história de Canudos.
Depois de colocadas essas questões, os alunos devem tentar reconstituir esta história, oralmente ou em forma de texto, de modo que sejam capazes de reunir, organizar e debater sobre o conteúdo estudado. Devem ainda conectar o tema à atualidade: existem permanências na estrutura política e social no Nordeste? Ainda existe concentração fundiária? O professor, neste momento, deve atuar como mediador, pois só assim será capaz de avaliar o desenvolvimento da turma.
Quatro estrelas 4 classificações
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09/07/2014
Cinco estrelasGostei muito dessa aula referente A Guerra De Canudos, ela nos trás a possibilidade crítica de maneira sintética, com uma autonomia de pensamento, trazendo uma relação passado e presente dando nitidez ao contexto do evento.
17/09/2012
Cinco estrelasmuito bom!!!
22/04/2011
Cinco estrelasGostei muito das sugestões apresentadas,principalmente ao que toca quanto ao livro de Euclides da Cunha.Divindo a turma em grupos para analise dos três aspectos do contexto historico da epóca: A terra,o homem nordestino e a luta.Além da analise cronologica da divisa de terra no Brasil.
14/03/2011
Quatro estrelasGostei muito do planejamento do trabalho/pesquisa, é fundamental trabalhar com os alunos para torná-los torná-los cidadãos consciente, e nada melhor que um assunto de suma importância, como a revolta de canudos, com esse sistema de trabalho, há uma grande possibilidade do aluno obter conhecimento critico e visão de futuro, desconstruindo os pilares da relação de poder ocorrida num passado da nossa história.