reconhecer o gênero carta; identificar as principais estruturas de composição do gênero em questão; perceber a função textual das estruturas identificadas; ser capaz de produzir no gênero estudado.

4 aulas de 50 minutos

Habilidades básicas de leitura e escrita.

 Atividade 1

A) Antes de iniciar a aula, descreva a seguinte situação para os alunos: imagine que você mora em outra cidade, uma cidade muito pequena, em que não tenha o recurso da Internet ainda. Nas suas férias você viajou para a praia e fez novos amigos. Ao retornar para sua cidade, passado um tempo, você quis saber notícias de seus amigos e contar para eles o que você tem feito. Além do telefone, de que forma você poderia se comunicar com ele? (espera-se que o aluno responda que pode se comunicar com os amigos através de cartas).

B) Pergunte aos alunos se eles, atualmente, utilizam cartas para se comunicarem.

C) Em função da resposta, que provavelmente será negativa, o professor deve questionar aos alunos: Porque não utilizam cartas para se comunicarem? O que aconteceu com o mundo para a carta perder espaço? (o professor deve se preparar para respostas sobre Internet). Nesse momento, aproveite para situar os alunos sobre como era antes disso tudo: a carta com única forma de comunicação, antes do telefone; mesmo depois, a carta como forma mais barata, até a popularização do telefone; o tempo que demorava para a comunicação de fato ocorrer; e finalmente, o advento da Internet que substitui a carta pelo e-mail)

D) Após essa breve discussão, entregue aos alunos uma cópia do texto abaixo:

Juiz de Fora, 05 de agosto de 2009.

      Amigaaaaa,

     Como você está? Eu estou morrendo de saudades de você!!!! Como estão as coisas aí em BH?

      Tenho sentido demais a sua falta aqui!!! Estava tão acostumada a te ver todos os dias, contar o que acontecia na escola, dividir minhas alegrias e dúvidas!!!! Depois que você foi embora nada mais foi igual! Mas... você teve que ir, né?! Como ia ficar aqui sem a tia Lia e o tio Paulo?

      Eu estou escrevendo para te contar sobre as férias. Ju, eu curti muito... fui pra rua todo dia encontrar a turma... A gente ficava sentado ali na praça batendo papo e, de vez em quando, a gente jogava uma partidinha de queimada? Você já encontrou um time melhor que o nosso aí?! Rsrs Impossível... caraca... somos sinistras nisso!!! Hehehehe! Na última semana das férias, estávamos todos na praça e você não faz ideia de quem chegou... O Bê... aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa... ele é lindo!!! To amarradona nele!!! Rsrs Ele me olha também... mas é muito tímido... fica “boladão” quando me vê!! Rsrs! Acho que pela primeira vez na vida tô apaixonada!!! Queria que você estivesse aqui pra dividir isso comigo!!!!

     E aí? Como foram suas férias? Dê notícias.... Estou com saudades!

     Te adoro, amiga!

     Beijos no coração,

     Bel.

PS: tem algum gatinho tomando conta do seu coração aí, já?! Rsrs! Escreve pra mim e me conta tuuudo!!!!

 (Texto original, escrito pela sobrinha da autora da aula, em férias, para uma amiga).

E) Peça aos alunos que façam uma leitura silenciosa do texto, a fim de que o primeiro contato deles com a carta seja em uma perspectiva que simule serem eles os destinatários da mesma.

F) Após a leitura silenciosa, o professor deve colocar as seguintes questões para serem respondidas oralmente: de quem é a carta? sobre o que ela trata? de onde a pessoa escreve? ela escreve para alguém íntimo, que ela conhece? Quais os elementos na carta que evidenciam isso? o que vocês escreveriam de volta para a pessoa em questão?   

Atividade 2

A) Peça aos alunos que retomem a carta trabalhada na Atividade 1 e que sistematizem quais seriam os elementos que caracterizam uma carta pessoal. Para isso, faça as seguintes perguntas:

 - Sobre o aspecto formal-estrutural do gênero em questão, qual é o primeiro elemento que aparece na carta? (espera-se que o aluno perceba a data, na parte superior do texto).Após a data, fazemos referência à pessoa para quem estamos escrevendo por meio de um vocativo. (Professor, esclareça aqui o que é um vocativo.). Que expressão na carta lida seria o vocativo?Que expressões podemos utilizar para iniciar uma carta pessoal? E para finalizar?

 - Para enviarmos uma carta é preciso colocá-la em um envelope e endereçá-la. Quais os endereços devem estar presentes no envelope? (espera-se que o aluno reconheça a importância de se ter o endereço completo do remetente e do destinatário.).

** PROFESSOR, aqui você pode esclarecer a relevância do endereço completo no caso de cidades grandes demais, por exemplo, em que possam aparecer ruas com o mesmo nome. Daí a importância do CEP, da especificação do bairro etc.

Atividade 3

A) Após discutirem as questões da etapa anterior, aborde com os alunos características relacionadas ao aspecto discursivo da carta pessoal. Peça que retomem novamente a carta trabalhada na Atividade 1 e que respondam às seguintes questões: No quinto parágrafo, ao descrever suas férias, a garota da carta produz uma narrativa, contando sobre o que fez, em geral. Observe: em que tempo se encontram os verbos utilizados por ela? Que elementos do texto comprovam sua resposta? Por que esses verbos estão nesse tempo? Sobre a variedade linguística utilizada pela garota, podemos dizer que é formal ou informal? Que elementos do texto comprovam isso? Por que a garota utiliza uma variedade não-padrão da Língua Portuguesa?

B) Após as discussões realizadas na etapa anterior e nesta, entregue aos alunos uma cópia do seguinte texto e peça que leiam em silêncio.

  Amooor,

To te escrevendo porque hoje é o dia mais fofo da minha vida...

Tem 3 meses que a gente tá juntinho!!! Você tá feliz? Espero que esteja tanto quanto eu! Você surgiu de repente e mudou a minha vida! Me completa, me faz bem, me faz rir... Amo muito você!!!

Dudu, você é o primeiro amor da minha vida eu desejo que seja pra sempre!! Adoro ficar do seu ladinho, ver filme com você, sair com a galera na sua companhia. A gente demorou, né, gatinho, pra se curtir, mas agora a gente tá vivendo o momento mais bonito das nossa vidas!

Foi muito bom conhecer você...

Obrigada por tudo!

Beijo da sua lindinha!

- (Carta de uma sobrinha da autora da aula ao seu namorado).

C) Em seguida, entregue a eles uma cópia dos exercícios abaixo e peça que respondam, em duplas, as seguintes questões:

1) Após a leitura, podemos dizer que o texto acima pode ser considerado uma carta? Por quê?

2) Por que motivo a “pessoa” do texto está escrevendo a carta?

3) Através da leitura, sabemos quem é o destinatário dessa carta? Justifique.

4) De acordo com o texto, não sabemos o nome de quem envia a carta. Contudo, podemos identificar o sexo do remetente? Ele é do sexo feminino ou masculino? Retire do texto uma frase que comprove sua resposta.

5) A expressão “Amooor”, encontrada no início do texto, pode ser considerada: a) (  ) uma forma irônica de tratamento b) (  ) despedida c) (  ) saudação

6) Agora, observe a expressão “Beijo da sua lindinha”. Ela pode ser considerada como: a) (  ) forma íntima e inconveniente de tratamento b) (  ) despedida c) (  ) saudação

7) Sobre a linguagem utilizada na carta, podemos afirmar que é informal ou informal? Retire do texto elementos que comprove sua resposta.

8) O que justifica o uso dessa variedade informal?

D) Dê um tempo para que os alunos respondam as questões e, em seguida, discuta cada uma, fazendo a correção.

Atividade 4

A) Peça aos alunos para observarem com atenção os textos trabalhados nas Atividades 1 e 3.

B) Após a leitura dos dois textos e as discussões anteriores, questione-os: quais seriam as características do gênero carta? Com que intenção escrevemos uma carta?

C) Anote as sugestões dos alunos no quadro-negro.

D) Após essa breve discussão, entregue a eles uma cópia do texto abaixo:

Carta Pessoal

Escrevemos uma carta pessoal quando queremos nos comunicar com alguém próximo de nós, como amigos ou familiares. As características desse tipo de gênero textual são simples, ou seja, não possuem muitas regras e estrutura para serem seguidas. Vejamos: • O assunto é livre, geralmente de ordem íntima, sentimental. • O tamanho varia entre médio e grande. Quando é pequeno, é considerado bilhete e não carta. • O tipo de linguagem acompanhará o grau de intimidade entre remetente e destinatário. Portanto, cabe ao escritor saber se pode usar termos coloquiais ou mesmo gírias. • Quanto à estrutura, a carta pessoal deve seguir a sequência: 1. local e data escritos à esquerda, 2. vocativo, 3. corpo do texto e 4. despedida e assinatura. Como o grau de intimidade é variável, o vocativo, por consequência, também: Minha querida, Amado meu, Querido Amigo Fulano, Fulaninho, Caro Senhor, Estimado cliente, etc. A pontuação após o vocativo pode ser vírgula ou dois-pontos. Assim também é em relação à despedida, a qual pode variar entre Atenciosamente, Cordialmente, etc. até Adeus, Saudades, Até em breve, etc. Quanto à assinatura, pode ser desde só o primeiro nome até o apelido, dependendo da situação. Caso se esqueça de dizer algo importante e já tenha finalizado a carta é só acrescentar a abreviação latina P.S (post scriptum) ou Obs. (observação). A carta pessoal geralmente é entregue em mãos ou enviada pelo correio, pois é manuscrita! Curiosidade sobre P.S: essa sigla é originada do verbo latino “post scribere” que significa “escrever depois”!

http://www.brasilescola.com/redacao/carta-pessoal.htm (Acesso em 09/04/2010). 

E) Peça aos alunos que façam uma leitura, em voz alta, do texto e, em seguida, questione: quais as características que já foram trabalhadas em aula? Que informações novas o texto apresenta sobre o gênero carta?

F) Em seguida, peça aos alunos que retomem os textos trabalhados nas atividades 1 e 2. Solicite que observem a linguagem utilizada nas duas cartas. Discutam sobre essa linguagem: é formal ou informal? Que marcas de informalidade são encontradas ali? ** PROFESSOR, espera-se que o aluno perceba as abreviações utilizadas nas cartas, tais como, tô, né etc., bem como o uso de expressões que indicam riso (rsrs); grito (aaaaaaaaaaaaa); uso de gírias (“caraca... somos sinistras nisso!!!”). Caso o aluno não perceba essas marcas, releia o texto com eles, conduzindo-os a essa reflexão.

 

      COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica. 2008.

Professor, a avaliação dessa aula será feita em duas etapas: - Primeiramente, sugere-se que cada aluno escreva uma carta a um amigo ou parente distante (não precisa ser, necessariamente, de outra cidade). Para tanto, é necessário que os alunos tenham em mente: para quem desejam escrever a carta: para um parente ou amigo? Que assuntos querem contar para o destinatário da mensagem? O que querem saber dele? Nesse processo, em sala de aula, você terá condições de avaliar se o aluno reconhece as características do gênero e se realmente o compreendeu. - Por fim, sugere-se um passeio cultural a uma agência dos correios de sua cidade. Organize o passeio e leve os alunos até a agência para, primeiramente, postarem a carta que escreveram e, em seguida, conhecerem um pouco mais sobre os Correios, sobre a separação e a entrega das cartas e sobre o trabalho dos carteiros.