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Explorando o filme Shrek 1: representações do masculino e do feminino

 

02/12/2009

Autor e Coautor(es)
SANDRO PRADO SANTOS
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Cláudia Regina M. G. Fernandes

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Orientação Sexual Relações de gênero
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Os alunos aprenderão que os “atributos” masculinos e femininos são socialmente construídos, compreenderão formas para se tornarem pessoas mais conscientes das discriminações que sofrem e, dessa forma, poderem buscar caminhos novos e próprios neste sentido. Além disso, esta aula pode contribuir para aprimorar a capacidade crítica, analítica e argumentativa dos alunos relacionados às temáticas de sexualidade de gênero.

Duração das atividades
De 3 a 4 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Não há necessidades de conhecimentos prévios.

Estratégias e recursos da aula

CONTEXTUALIZAÇÃO: Alguns apontamentos teóricos sobre relações de gênero e a escola.

    Em nossa sociedade, as diferenças entre homens e mulheres são comumente remetidas ao sexo e às características físicas, que são tidas como naturais e incontestáveis. Isso porque essas diferenças estão associadas aos atributos do corpo biológico, que, em tese, é portador de uma essência definidora dos atributos deles e delas.
    Com base nessa definição essencialista do que é ser homem e do que é ser mulher construiu-se um sistema de discriminação e exclusão entre os sexos, que comporta vários estereótipos, que se dão na oposição de atributos especificamente comuns ao feminino e aqueles associados ao masculino. Não é pouco comum escutarmos as seguintes dicotomias: a mulher sexo frágil/o homem sexo forte; o homem que não chora/a mulher sensível; a mulher que não tem competência para trabalhos administrativo/o homem como bom administrador; a mulher que sabe cuidar das crianças/o homem pouco cuidadoso com tudo, especialmente com as crianças; etc.
    Por muito tempo, essas oposições foram reforçadas por explicações cientificas de diferentes campos do saber, em especial, da Medicina e das Ciências Biológicas, e também por agências socializadoras como a família, a escola, o trabalho. No final dos anos 1960, no entanto, o movimento feminista denunciou a constatação de que os papéis sexuais de homens e de mulheres variam de cultura para cultura e de época para época.
Para oporem-se ao ideal essencialista, forjaram o conceito de gênero contrapondo-o ao de sexo. Esse movimento foi importante para superar explicações das desigualdades à luz de fundamentações que se baseiam nas diferenças físicas, biológicas.
    O conceito de gênero refere-se às construções sociais e psicológicas que se impõem sobre as diferenças biológicas de homens e mulheres. Joan Scott, uma teórica contemporânea do assunto, destaca que as relações de gênero são relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, mas também estão presentes nos símbolos culturalmente disponíveis sobre homens e mulheres.
    O gênero, portanto, define as distintas atribuições relativas às masculinidades e às feminilidades. Nesse sentido, nas unidades escolares todo o trabalho pedagógico desenvolvido é permeado por concepções a respeito das relações de gênero conferindo a meninos e meninas, rapazes e moças, homens e mulheres indicações e determinações quanto ao seu comportamento social. Na escola é preciso trabalhar as questões do âmbito das relações de poder que derivam dessas concepções a fim da construir para nossa sociedade ambientes nos quais a liberdade e a igualdade sejam preponderantes.
 


As estratégias utilizadas serão:
• Aula interativa;
• Utilização do laboratório de informática e/ou sala de vídeo, pois o recurso oferecido poderá ser salvo em DVD e veiculado em aparelho apropriado.

Dica:

Professor, devido à complexidade da temática, sabe-se que a mesma possui um cunho interdisciplinar, dessa forma, as aulas poderão contar com a colaboração de outras áreas de saberes como: História, Lingua Portuguesa, Artes, Ciências, Sociologia, Educação Física dentre outras.


MOTIVAÇÃO
Para iniciar a aula o professor poderá passar um vídeo, (Figura 1), com duração de 10 minutos e 49 segundos, aos alunos, intitulado “Minha vi da de João”.

Disponível em: <http://video.google.com/videoplay?docid=-5029169636566293220#docid=819238326781978589>.

                                  Figura 1: Imagem do vídeo "Minha vida de João"

Disponível em: http://video.google.com/videoplay?docid=-5029169636566293220#docid=819238326781978589

Sinopse do vídeo proposto:

É um desenho animado, sem palavras, que conta a história de um rapaz, João, e os desafios que ele enfrenta durant e seu processo de crescimento para tornar-se homem em nossa sociedade: o machismo, a violência familiar, a homofobia, as dúvidas em relação à sexualidade, dentre outros. Tal desenho foi criado para gerar questionamento entre homens jovens sobre a forma como foram socializados e os papéis de gênero que foram levados a assumir. Dessa forma, o filme acompanha a vida de João e ilustra sua educação no contexto familiar, situações de violência doméstica e foi desenvolvido para ser uma ferramenta de trabalho para educadores e profissionais de saúde, que procuram uma forma inovadora de incentivar a reflexão e mostrar aos rapazes que promover a igualdade entre homens e mulheres traz benefícios para todos. Então esses são alguns resultados das reflexões geradas a partir do vídeo.

                            Figura 2: Imagem do vídeo "Minha vida de João"

Disponível em: http://video.google.com/videoplay?docid=-5029169636566293220#docid=819238326781978589

Após a apresentação do vídeo o professor discutirá com os alunos a opinião destes quanto aos aspectos tratados no mesmo, tais como:


• Em nosso contexto social, o que representa o lápis que “apaga” ou “reforça” alguns comportamentos e/ou padrões de menino e de menina?
• Quais os “papéis” masculinos reforçados no vídeo? E os “papéis” femininos?
• Brincadeiras “de meninos” e “de meninas” não podem ser compartilhadas?
• O menino não pode brincar de boneca? E a menina não pode jogar futebol?
• Qual(is) atitude (s) de machismo está (ão) presente (s) no vídeo?
• No vídeo a violência familiar acomete a mulher ou o homem? Qual atitude está velada nesse relação de violência?
• Qual o espaço ocupado por João no desenho? Público ou Privado (doméstico)?
• As mulheres representadas no vídeo ocupam mais qual espaço? Público ou Privado (doméstico)? Por quê? Será que não existe outra alternativa para a mulher em nossa sociedade?

                                           Figura 3: Imagem do vídeo "Minha vida de João"

Disponível em: http://video.google.com/videoplay?docid=-502916963656 6293220#docid =819238326781978589


Professor, no mesmo vídeo, poderá enfatizar a questão da sexualidade, especificamente, a homofobia no ambiente escolar. Para essa aula enfatizamos os aspectos relacionados as questões de gênero.

ATIVIDADE 1 Objetivando um aprofundamento acerca desse assunto, o professor pas sará aos alunos o filme Shrek 1. Disponível em: <http://www.elitedosfilmes.com/2009/03/31/shrek-1-dublado>.  A escolha de tal filme se deu em virtude da grande presença da representação e associação do masculino e do feminino.

                                       Figura 4: Imagem do filme "Shrek 1"

Disponível em: http://www.elitedosfilmes.com/2009/03/31/shrek-1-dublado/


Informações sobre o filme:

Ano de lançamento: (EUA) 2001
Distribuição: primeiramente nos cinemas, algum tempo depois chegou às locadoras e nos dias de hoje podemos assistir esse filme em canais abertos de TV e até mesmo fazer dowload da internet.
Duração: 90 minutos


Sinopse

Shrek é um simpático ogro que tenta a todo custo salvar a alegre e independente Princesa Fiona com ajuda do seu amoroso Burro estridente e recuperar o seu adorado pântano, do astuto Lorde Farquaad. Encantadoramente irreverente o filme prende atenção do início ao final. Dessa forma, Shrek é um herói diferente. Tanto no aspecto físico, quanto nas atitudes ele reverte todos os padrões estabelecidos na nossa cultura, estéticos e como sendo de “bom tom”. Não obstante sua “faltas de educação” ele é sincero, amoroso e honesto e faz de tudo para salvar a Princesa Fiona. Esta, na mesma vertente, nos brinda com uma outra representação de mulher, de princesa. É firme, doce e forte ao mesmo tempo. Decidida, entre a possibilidade de ser uma linda mulher, opta por manter sua forma de ogro para viver um lindo romance com Shrek. O filme é agradável e permite explorar a questão de gênero e a tirania do padrão estético que impera na atualidade.

                                           Figura 5: Imagem do filme "Shrek 1"

Disponível em: http://www.elitedosfilmes.com/2009/03/31/shrek-1-dublado/


Observação:

    Professor, entendemos que as representações de gênero, raça, sexualidade, beleza, entre outros, veiculadas nos filmes infantis, de caráter educativo, acabam por transmi tir discursos e saberes, que indicam como devemos ser e estar na cultura em que vivem. E os discursos veiculados em filmes infantis muitas vezes são tomados como verdade.
    Por isso, mais do que para divertimento, este desenho, bem como outros filmes infantis deve ser considerado como importante local de cultura infantil que colabora na constituição dos sujeitos. Esses pressupostos justificam a proposição e/ou sugestão dessas aulas.

ATIVIDADE 2: Explorando o filme

Após assis tirem ao filme e como continuidade da discussão e reflexão do tema das aulas, e visando os alunos terem espaço para dialogar e refletir sobre as relações entre o masculino e o feminino representadas no filme, eles terão como atividade, em grupo de até 5 alunos, responder algumas perguntas. No entanto, as perguntas serão formuladas pelo professor, tais como:


• Quais as representações quase sempre associadas às mulheres no filme?


• De acordo com o filme como é ser mulher? E como é ser homem em nossa sociedade?


• Quais dessas diferenças são biológicas? Quais são construídas socialmente?


• Quais as situações onde estas diferenças se tornam desigualdades?


• Como contribuir para modificar essa situação?


• Como é representado o homem na história desse filme?


• Que estereótipos são construídos para as mulheres e para os homens nessa produção, valendo-se do Sherek e da princesa Fiona?


• O filme apresenta alguma cena em que a figura da mulher está associada a atributos ditos “masculinos”?


Professor, nessa pergunta destacar uma cena do filme em que causa estranhamento aos personagens masculinos: quando a princesa luta com Robin Hood e seus amigos.

• Existe alguma essência de homens ou de mulheres?


• O filme fragiliza, de alguma maneira, as personagens femininas? Se sim de que forma? Descrevê-las.


• Dê exemplos, em seu cotidiano, em que ocorrem variações nos “papéis” masculinos e femininos?


    O professor determinará um tempo necessário para tal trabalho em grupo. Assim, que os grupos terminarem suas respostas deverão expô-las oralmente. O intuito disso é criar um espaço de diálogo e troca entre eles, de maneira que possam discutir, sobretudo, os preconceitos e estereótipos associados ao masculino e ao feminino.
Para finalização, sugerimos que o professor questione os grupos sobre como foi a realização de tal atividade. Se alguns preconceitos e estereótipos foram desmistificados ou não. Se o professor constatar que não, deve deixar bem claro que:


• No filme existe uma representação de poder usada para marcar o masculino, associada à força física, à capacidade de organização e à função de defesa do grupo. Já a representação de poder usada para marcar as fêmeas/mulheres é restrita às questões de beleza, romantismo e relações de afeto. Nesse sentido, elas são coadjuvantes nas conquistas alcançadas pelos grupos, posto que a salvação dos grupos é quase sempre obra de um macho/homem. Além disso, o filme reforça as oposições binárias e bem demarcadas do homem e mulher, valorizando o primeiro elemento.


• Além disso, é fundamental mencionar que em cada período histórico e em cada cultura, algumas expressões do masculino e do feminino são dominantes e servem como referência ou modelo, mas isto não significa que devem ser tomadas como “padrões sociais”. Podemos pensar que há tantas maneiras de ser homem ou mulher quantas são as pessoas. Cada um, apesar dos estereótipos de gênero, tem o seu jeito próprio de viver e expressar sua sexu alidade. Isso precisa ser entendido e respeitado pelos alunos.

Recursos Complementares

Professor, como fonte de sugestões e possibilidades de outras discussões/abordagens acerca da temática, sugerimos apreciação de outras aulas disponíveis no portal do professor, tais como:


Relações de gênero: Algo natural ou construído?


• “Acorda Raimundo... Acorda”: As transformações de papéis masculinos e femininos


• Mapeando o gênero: construindo relações mais justas


Feminino? Masculino? Que pergunta é essa?

Site para consulta:

* Unidade na Diversidade tudo começa na escola. Disponível em: http://www.unidadenadiversidade.org.br/

Avaliação

A avaliação poderá ser feita em todos os momentos das atividades propostas, sendo considerado a participação e o envolvimento dos alunos nos debates e na realização das atividades solicitadas. Além disso, o professor nesta avaliação poderá se pautar pela produção dos alunos, ou seja, a participação nos debates e a produção escrita das perguntas sugeridas na atividade 2. 

Opinião de quem acessou

Cinco estrelas 1 classificações

  • Cinco estrelas 1/1 - 100%
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Opiniões

  • telma de carvalho, Escola municipal "Américo Guimarães Costa" , Espírito Santo - disse:
    telma_corujona@hotmail.com

    11/01/2011

    Cinco estrelas

    o projeto é muito interessante principalmente no que se refere o trabalho de concientização sobre as diferenças, em nossas escolas enfrentamos muita dificuldades em lidar com esse tema "ser diferente" parabéns pelo trabalho.


Sem classificação.
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