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Ficção e não-ficção

 

14/12/2009

Autor e Coautor(es)
MARTA PONTES PINTO
imagem do usuário

UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana dias

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Análise e reflexão sobre a língua
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Língua escrita: prática de produção de textos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

 Refletir sobre textos ficcionais e não-ficcionais.
 Dialogar livremente sobre um texto literário que é um campo de possibilidades que desafia cada leitor individualmente.
 Desafiar sensibilidade e inteligência enriquecendo-se com a leitura.
 Estimular o amadurecimento do estilo pessoal do aluno.

Duração das atividades
03 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Reconhecimento das características principais da narrativa. Caso o professor ainda não tenha explorado o conteúdo ou não tenha certeza sobre o domínio do assunto pelos alunos deverá levá-los ao laboratório de informática para acessarem o site:
http://www.algosobre.com.br/redacao/narrativa.html

Estratégias e recursos da aula


- Leituras, exercícios em grupo.
- Utilização do laboratório de informática e de imagens xerocopiadas.

AULAS 1 e 2

Atividade 1

O professor deverá iniciar a aula dispondo os alunos em círculo, na sala de informática, para conversar sobre narrativas. Poderá dizer que ao longo da nossa vida, vivemos em meio a muitas narrativas. Desde muito cedo, ouvimos histórias de nossas famílias, de como nossos pais eram tratados por nossos avós, como eram nossos parentes quando mais novos, de como era a cidade ou o bairro. Ouvimos também histórias de medos, de personagens fantásticos...
Deverá dizer que nessa aula lerão duas narrativas, uma ficcional e uma não-ficcional. perguntar: O que é ficção para você? O que é não ficção? O que sabem a respeito?


Importante: Professor, uma é a história vivida e relatada por uma pessoa. Uma história real. Na outra, um autor cria no mundo da imaginação uma história que é narrada por um narrador e vivida por seus personagens estranhos ao mundo real, fictícios.

Para motivar os alunos, o professor deverá escrever no quadro ou em um cartaz o que alguns alunos disseram sobre ficção e não-ficção.
Em seguida, o professor deverá fazer duas perguntas que deverão ser respondidas ao final da aula:
1- Qual das duas formas de texto vocês gostam mais de ler? Por quê?
2- Uma notícia de jornal é uma narrativa de não-ficção?

Na sequência, deverá mostrar algumas imagens (reproduzir de forma ampliada) de imagens de ficção e de não-ficção e explicar porque se caracterizam assim. Sugestões abaixo:

Ficção

Imagem disponível em:

http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=imagem+de+fic%C3%A7%C3%A3o&meta=&aq=f&oq

ficção

imagem disponível em:

http://entretenimentonews.com/wp-content/gallery/avatar/avatar_09.jpg

Não-ficção

Imagem disponível em:

http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=imagens+reais&meta=&aq=f&oq=

não-ficção

Imagem disponível em:
http://www.jewishbrazil.com/leoneliachar.jpg

Atividade 2

O professor deverá solicitar que os alunos, em grupos de dois acessem:
http://www.releituras.com/biografias.asp

Importante: Neste endereço, os alunos encontrarão vários textos interessantes do autor e possivelmente gostarão de ler todos.. Se o professor quiser poderá deixá-los ler. No entanto, o primeiro texto escolhido para essa aula é: AUTOBIOGRAFIA DE UM FÔLEGO SÓ

TEXTO I

AUTOBIOGRAFIA DE UM FÔLEGO SÓ em LEON ELIACHAR

Imagem disponível em:

Imagem disponível em:

http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=imagem+de+Leon+Eliachar&meta=&aq=f&oq=


Meu nome é esse mesmo, Leon Eliachar, tenho 44 anos, mas me orgulho de já ter tido 43, 42, 41, 40, 39, idades que muitas mulheres de 50 jamais atingiram, sou humorista profissional peso-leve, pois detesto as piadas pesadas, consegui atingir o chamado "preço teto" da imprensa brasileira, quer dizer, cheguei a ganhar um salário com o qual nunca pude adquirir um teto, sou a favor do casamento, sou a favor do divórcio, sou a favor do desquite e sou a favor dos que são contra tudo isso que eles devem ter lá os seus motivos, fui fichado com dificuldade no Instituto Félix Pacheco não pelo atestado de bons antecedentes, mas pelas dificuldades com que se tira um atestado, já fiz de tudo nessa vida, varri escritório, fiz entrega de embrulho, crítica de cinema, crônica de rádio, comentário de televisão, secretário de redação, colunismo social, reportagem policial, assistente de direção, peça de teatro, show de boate, relações públicas, corretagem de anúncios, script de cinema, entrevista política, suplemento feminino, até chegar ao humorismo, ainda não sei se o humorismo foi o princípio ou o fim da minha carreira, acho que ninguém faz nada por necessidade mas por vocação, isto é, por vocação da necessidade, tenho experiência bastante pra saber que não sou experiente, minha capacidade de compreensão chega exatamente no ponto em que ninguém mais me pode compreender, as mulheres tiveram forte influência na minha vida desde a minha mãe até à minha mulher, com escalas naturalmente, tive duas grandes emoções na vida, a primeira quando minha mulher disse "sim" e a segunda quando seus pais disseram "não", sou a favor das camas separadas, principalmente pra quem se casou com separação de bens, não guardo rancor por absoluta falta de espaço, uma das coisas que mais aprecio é Nova York coberta de neve — quando estou em Copacabana tomando sol, o melhor progra ma do mundo é ir ao dentista — pelo menos para o dentista, não vou a casamento de inimigo, muito menos de amigo, desde crianç a faço força pra ser original e o máximo que consigo é ser uma c ópia de mim mesmo, meu grande complexo é não saber tocar piano, mas muito maior deve ser o complexo de outros homens que também não sabem tocar e são pianistas, meus autores favoritos são os que me caem nas mãos, escrevo à máquina com vinte dedos porque minha secretária passa a limpo, gosto de televisão às vezes quando ligo às vezes quando desligo, num enterro fico triste por não saber fingir que estou triste, aprecio as quatro estações, mas prefiro o verão no inverno e o inverno no verão, passei fome várias vezes e agora estou de dieta, acho a rosa uma mensagem definitiva porque custa menos que um telegrama e diz muito mais, sou a favor da pílula anticoncepcional porque ela resolve o problema da metade da população do mundo, acho que deviam inventar a pílula concepcional pra resolver o problema da outra metade, cobrador na minha casa não bate na porta perguntando se pode entrar, eu é que bato perguntando se posso sair, sou um homem pobre porque toda vez que batem à minha porta mando dizer que estou, meu cartão de visitas não tem nome nem telefone, assim ninguém sabe quem sou nem onde posso ser encontrado, prefiro o regime da ditadura porque não tenho trabalho de ensinar meu filho a falar, posso dizer com orgulho que sou um humilde, sou o único sujeito do mundo que dá o salto mortal autêntico, mas nunca dei, leio quatro jornais por dia e a única esperança que encontro são os horóscopos cercados de desgraças por todos os lados, acredito mais nos inimigos do que nos amigos porque os inimigos estão sempre de olho, minha maior alegria foi qu ando venci num concurso internacional de humorismo, em Bordighera, Itália, obtendo o primeiro e o segundo prêmios entre os particip antes de 16 nações concorrentes, fiquei sabendo que havia humoristas piores do que eu, procuro manter sempre o mesmo nível de humor, mas a culpa não é minha: tem dias que o leitor está mais fraco.

Fonte: LEON ELIACHAR, em “O Homem ao Zero”, Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura, 1968, p.20.


TEXTO 2- NASCER - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Acessar:
http://www.algosobre.com.br/redacao/narrativa.html

Importante: Professor, neste endereço os alunos encontrarão três textos e possivelmente gostarão de ler todos. (textos não são somente histórias, há textos orais, textos de informação...) No entanto, o texto escolhido é:

NASCER

Imagem disponível em:

http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&source=hp&q=imagem+de+beb%C3%AA+rec%C3%A9m+nascido&btnG=Pesquisa+Google&meta=&aq=f&oq=

O filho já tinha nome, enxoval, brinquedo e destino traçado. Era João, como o pai, e como aconselhavam a devoção e a pobreza. Enxoval e brinquedo de pobre, comprados com a antecedência que caracteriza não os previdentes, mas os sonhadores. E destino, para não dizer profissão, era o de pedreiro, curial ambição do pai, que, embora na casa dos 30, trabalhava ainda de servente.
Tudo isso o menino tinha, mas não havia nascido. Eles nascem antes, nascem no momento em que se anunciam, quando há realmente desejo de que venham ao mundo. O parto apenas dá forma a uma realidade que já funcionava. Para João mais velho, João mais moço era uma companhia tão patente quanto os colegas da obra, e muito mais ainda, pois quando se separavam ao toque da sineta, os colegas deixavam por assim dizer de existir; cada um se afundava na sua insignificância, ao passo que o menino ia escondido naquele trem do Realengo, e eram longas conversas entre João e João, e João miúdo adquiria ainda maior consistência ao chegarem em casa, quando a mãe, trazendo-o no ventre, contudo o esperava e recebia das mãos do pai, que de madrugada o levara para a obra.
Estas imaginações, ditas assim, parecem sutis; não havia sutileza alguma em João e sua mulher: Nem o casal percebia bem que o garoto rodava entre os dois como um ser vivo; pensavam simplesmente nele, muito, e confiados, e de tanto ser pensado João existiu, sorriu, brincou na si mplicidade de ambos. Como alguém que, na certeza de um grande negócio, vai pedindo emprestado e gastando tranquilamente, João e a mulher sacavam a legrias futuras. João sentia-se forte, responsável. Escolhera o sexo e a profissão do filho; a mulher escolhera a CD 1; um moreno claro, cabelo bem liso, olhos sinceros. Não havia nada de extraordinário no menino, era apenas a soma dos dois passada a limpo, com capricho.
Esperar tantos meses foi fácil. O menino já tomava muita parte na vida deles, nascer era mais uma formalidade. Chegou março, com um tempo feio à noite, que ameaçava carregar o barraco. A mulher de João acordou assustada, sentindo dores. Pela madrugada, correram à estação; a chuva passara, mas o trem de Campo Grande não chegava, e João sem poder mexer-se. As dores continuavam, João levou tempo para pegar uma carona de caminhão.
Na maternidade não havia médico nem enfermeira que o temporal tinha retido longe. João perdera o dia de serviço e esperou, determinado. Afinal, levaram a mulher para uma sala onde cinco outras gemiam e faziam força. João não viu mais nada, ficou banzando no corredor. Entardecia, quando a porta se abriu e a enfermeira lhe disse que o parto fora complicado mas agora tudo estava em ordem, a criança na incubadora. "Posso ver?" "Depois o senhor vê. Amanhã." Amanhã era dia de pagamento, não podia faltar à obra. Voltaria domingo. Mas no dia seguinte, à hora do almoço, telefonou, uma complicação, não se ouvia nada, alguém da secretaria foi indagar; respondeu que tudo ia bem, ficasse descansado.
Domingo pela manhã, João se preparava para sair; quando a ambulância silvou à porta, e dela desceu, amparada, a mulher de João. "O menino?" "Diz que morreu na incubadora, João." "E era mesmo como a gente pensava, moreninho, engraçado?" Ela baixou a cabeça. "Não sei, João. Não vi. Eu estava passando mal, eles não me mostraram".
E o menino, que tinha sido tanto tempo, deixou de repente de ser.

Fonte: Carlos Drummond de Andrade, Seleta em Prosa e Verso, Liv. José Olímpio, 1978, p. 65 e 66

Após as leituras, o professor deverá entregar para cada dupla o seguinte roteiro para ser respondido por escrito:

Respondam:
O texto 1 mostra, através, da autobiografia escrita, de maneira bem humorada, por Leon Eliachar, seus dados e o que pensa sobre os mais diversos assuntos;
O texto 2 conta um episódio da vida de um casal.
I- a) Qual das duas formas de texto vocês gostam mais de ler, ficção ou não-ficção?

b) Por quê?

c) Independente da preferência, de que texto vocês mais gostaram? Por quê?


II- Discutindo o texto I


1- Leon Eliachar é humorista. Retirem do texto fragmentos em que, para vocês, ele demonstra isso.
2- Há uma tênue distância entre humor e ironia. Vocês concordam que, às vezes Leon Eliachar é mais irônico que humorista?
3- Justifiquem o título do texto 1.


III- Discutindo o texto 2

1- O que se pode entender por:
a- “Era João, como o pai, e como aconselhavam a devoção e a pobreza.”
b- “Enxoval e brinquedo de pobre, comprados com a antecedência que caracteriza não os previdentes, mas os sonhadores.”
c- “Para João mais velho, João mais moço era uma companhia tão patente quanto os colegas da obra.”
d- “...ao passo que o menino ia escondido naquele trem do Realengo, e eram longas conversas entre João e João.”
e- “...e João miúdo adquiria ainda maior consistência ao chegarem em casa, quando a mãe, trazendo-o no ventre, contudo o esperava e recebia das mãos do pai, que de madrugada o levara para a obra.”
f- “...a mulher escolhera a CD 1.”


2- Respondam, de forma sucinta, sobre os aspectos:
 acontecimento, fato, situação (ou “o que aconteceu” e “como aconteceu”);
 personagem (ou “com quem aco nteceu”);
 espaço, tempo (ou o “onde” e “quando aconteceu”);
 narrador (ou “quem está contando”); em que momento da história houve a complicação?
 E o clímax?
 O fecho foi para vocês surpreendente?

2- Uma notícia de jornal é uma narrativa de não-ficção?

Importante: Se os alunos tiverem dúvidas, o professor deverá sugerir que, antes de entregarem o exercício, acessem:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fic%C3%A7%C3%A3o

Aula 3

Atividade


Produção de texto individual: Escolham uma das formas ficção ou não-ficção e produzam um texto. Vocês podem seguir um dos modelos apresentados.

As respostas aos exercícios e a produção de texto devem ser socializadas em sala de aula. O tema é livre.

Recursos Complementares
Em todas as atividades os alunos serão avaliados pelo professor. Para a avaliação, deverão ser considerados aspectos como envolvimento, interesse, participação e produção oral. Na escrita do texto, o professor deverá observar se o aluno deu um título adequado; se utilizou os elementos da narrativa e etc.
Avaliação
Em todas as atividades os alunos serão avaliados. Para a avaliação, deverão ser considerados aspectos como envolvimento, interesse, participação e produção oral. Na escrita do texto, o professor deverá observar se o aluno deu um título adequado; se utilizou os elementos da narrativa e etc.
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