10/05/2010
Eliana Dias
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: organização estrutural dos enunciados |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Análise linguística |
Aula 01 (50 minutos)
O tema dessa aula trata-se do predicativo do sujeito o qual é empregado para atribuir características ao sujeito: descrevendo-o, mostrando seu estado físico ou emocional, dando uma informação nova a seu respeito, num determinado momento ou diante de uma circunstância. A relação entre sujeito e predicado constitui a estrutura básica das orações mais típicas da língua portuguesa. Logo, conhecer os termos essenciais da oração significa aprender lidar com o mecanismo da concordância verbal que é um dos mecanismos linguísticos responsáveis pela coesão textual.
Atividade
O professor deverá levar os alunos ao laboratório de informática para, em dupla, pesquisarem sobre predicativo do sujeito.
Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Predicativo_do_sujeito
http://www.brasilescola.com/gramatica/tipos-predicado.htm
Aula 2 (50 minutos)
Atividade
A seguir, o professor deverá levar os alunos à sala de vídeo/laboratório de informática para assistirem ao vídeo com a música “A raça humana” de Gilberto Gil.
A Raça Humana
Gilberto Gil
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de deus
A raça humana é a ferida acesa
Uma beleza, uma podridão
O fogo eterno e a morte A morte e a ressurreição
A raça humana é o cristal de lágrima
Da lavra da solidão
Da mina, cujo mapa
Traz na palma da mão
A raça humana risca, rabisca, pinta
A tinta, a lápis, carvão ou giz
O rosto da saudade Que traz do gênesis
Dessa semana santa
Entre parênteses
Desse divino oásis
Da grande apoteose
Da perfeição divina
Na grande síntese
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de deus
A raça humana é
Uma semana
Letra e vídeo disponíveis respectivamente em:
http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/46181/
http://www.youtube.com/watch?v=oS0STOGnaW4&feature=related
O professor deverá reproduzir para os alunos a letra da música - A raça humana - e propor a eles que respondam às seguintes questões:
1. Os verbos de ligação, também chamados de verbo de estado, não expressam ações do sujeito. Simplesmente aproximam o sujeito de seu predicativo, isto é, de seu estado, de suas qualidades e características.
Na oração: A raça humana é uma semana do trabalho de Deus.
a. Identifique o sujeito e o predicativo do sujeito.
b. Que termo, nessa oração, liga o sujeito a seu predicativo?
c. Localize no texto, outras orações que apresentam a mesma estrutura sintática da oração acima, ou seja, com predicado nominal.
2. Os predicados verbais e nominais podem produzir efeitos diferenciados na construção do texto. Com base nessa afirmação, explique a diferença de sentido entre os trechos abaixo em que foram empregados diferentes predicados: nominal e verbal.
a. A raça humana risca, rabisca, pinta
A tinta, a lápis, carvão ou giz
O rosto da saudade
Que traz do gênesis
b. A raça humana é a ferida acesa
Uma beleza, uma podridão
O fogo eterno e a morte
A morte e a ressurreição
3. O eu lírico utiliza uma linguagem figurada para conceituar a raça humana.Como você interpreta os versos abaixo?
a. A raça humana é/ Uma semana/ Do trabalho de deus
b. A raça humana é o cristal de lágrima/ Da lavra da solidão/ Da mina, cujo mapa/ Traz na palma da mão
4. Nas conversas do cotidiano e na linguagem publicitária, é comum o verbo de ligação ficar subentendido. Nesses casos, a omissão do verbo de ligação torna o texto mais econômico e direto.
Observe o anúncio abaixo:
Disponível em:
http://4.bp.blogspot.com/_WqposOVGKVQ/SmeDKzUfJMI/AAAAAAAAAho/HELMXNS59wc/s400/dia+da+vovo.jpg
Responda:
Qual é o verbo que está subentendido? A ausência desse verbo prejudicou o sentido da mensagem? Justifique.
5. Localize no texto – A raça humana - frases em que há elisão do verbo ser.
Aula 3 (50 minutos)
Atividade
O professor deverá reproduzir (xerocar) para os alunos a crônica “Já não se fazem pais como antigamente” de Lourenço Diaféria. Após a a leitura do texto, os alunos deverão resolver as questões propostas na sequência.
Professor, utilize as questões propostas a partir desse texto para revisar os conceitos já abordados: verbo de ligação, predicado nominal e predicativo do sujeito.
Texto:
Já não se fazem pais como antigamente
A grande caixa foi descarregada do caminhão com cuidado. De um lado estava escrito assim: "Frágil". Do outro lado estava escrito: "Este lado para cima". Parecia embalagem de geladeira, e o garoto pensou que fosse mesmo uma geladeira. Foi colocada na sala, onde permaneceu o dia inteiro.
À noitinha a mãe chegou, viu a caixa, mostrou-se satisfeita, dando a impressão de que já esperava a entrega do volume.
O menino quis saber o que era, se podia abrir. A mãe pediu paciência. No dia seguinte viriam os técnicos para instalar o aparelho. - O equipamento, corrigiu ela, meio sem graça.
Era um equipamento. Não fosse tão largo e alto, podia-se imaginar um conjunto de som, talvez um sintetizador.
A curiosidade aumentava. À noite o menino sonhou com a caixa fechada.
Os técnicos chegaram cedo, de macacão. Eram dois. Desparafusaram as madeiras, juntaram as peças brilhantes umas às outras, em meia hora instalaram o boneco, que não era maior do que um homem de mediana estatura. O filho espiava pela fresta da porta, tenso.
A mãe o chamou:
__ Filhinho, vem ver o papai que a mamãe trouxe.
O filho entrou na sala, acanhado diante do artefato estranho: era um boneco, perfeitamente igual a um homem adulto. Tinha cabelos encaracolados, encanecidos nas têmporas, usava trim, desodorante, fazia a barba com gilete ou aparelho elétrico, sorria, fumava cigarros king-size, bebia uísque, roncava, assobiava, tossia, piscava os olhos - às vezes um de cada vez – assoava o nariz, abotoava o paletó, jogava tênis, dirigia carro, lavava pratos, limpava a casa, tirava o pó dos móveis, fazia estrogonofe, acendia a churrasqueira, lavava o quintal, estendia roupa, passava a ferro, engomava camisas, e dentro do peito tinha um disco que repetia: “Já fez a lição?”. “Como vai, meu bem? Ah, estou tão cansado!”. “Puxa, hoje tive um trabalhão dos diabos!”. “Acho que vou ficar até mais tarde no escritório”. “Você precisava ver o bode que deu hoje lá na firma!”. “Serviço de dona-de-casa nunca é reconhecido!”. “Meu bem, hoje não!...”.
O menino estava boquiaberto. Fazia tempo que sentia falta do pai, o qual havia dado no pé. Nunca se queixara, porém percebia que a mãe também necessitava de um companheiro. E ali estava agora o boneco, com botões, painéis embutidos, registros, totalmente transistorizado. O menino entendia agora por que a mãe trabalhara o tempo todo, muitas vezes chegando bem tarde. Juntara economias, sabe lá com que sacrifícios, para comprar aquele paizão.
__ Ele conta histórias, mãe?
Os técnicos olharam o garoto com indiferença.
__ Esse é o modelo ZYR-14, mais indicado para atividades domésticas. Não conta histórias. Mas assiste televisão. E pode ser acoplado a um dispositivo opcional, que permite longas caminhadas a campos de futebol. Sabendo manejá-lo, sem forçar, tem garantia para suportar crianças até seis anos. Porém não conta histórias, e não convém insistir, pode desgastar o circuito do monitor.
O garoto se decepcionou um pouco, sem demonstrar isso à mãe, que parecia encantada.
O equipamento paterno, ligado à tomada elétrica (funcionava também com bateria), já havia colocado os chinelos e, sem dizer uma palavra, foi até à mesa e apanhou o jornal.
A mãe puxou o filho pelo braço:
__ Agora vem, filhinho. Vamos lá para dentro, deixa teu pai descansar.
Disponível em:
http://www.quemtemsedevenha.com.br/ja_nao_se_fazem_pais.htm
1. Essa crônica possibilita reflexões sobre o papel da família? Justifique sua resposta.
2. O robô conseguiu substituir o pai verdadeiro do menino? Por quê?
3. Ao produzir um texto narrativo, o autor pode utilizar predicados nominais ou verbais, para revelar um maior ou menor dinamismo das cenas.
a. Localize, no texto, passagens em que houve o predomínio do predicado nominal.
b. Identifique os verbos de ligação presentes nesses trechos do texto em que predominam o predicado nominal.
4. a. O emprego do predicado nominal no texto narrativo possibilita ao autor oferecer ao leitor /ouvinte a oportunidade de visualizar o cenário onde uma ação se desenvolve e as personagens que dela participam.
b. Diferentemente dos trechos com predicado verbal, que em uma narrativa faz a história progredir, a descrição em que se utiliza predicado nominal, faz interrupções na história, para apresentar melhor um personagem, um lugar, um objeto, enfim, o que o autor julgar necessário para dar mais consistência ao texto.
Comprove as afirmações acima com passagens do texto.
5. Observe as palavras destacadas abaixo. A função sintática dessas palavras é predicativo do sujeito. A que classe gramatical elas pertencem?
... estou tão cansado!
...era um boneco ...
Tinha cabelos encaracolados.
6. Para facilitar a identificação de um predicado verbo-nominal, pode-se desmembrá-lo em dois predicados: um verbal e um nominal.
Por exemplo: O predicado da oração, O filho entrou na sala, acanhado, pode ser desmembrado em:
O menino entrou. O menino estava acanhado
a. Responda: Qual é o núcleo de cada oração?
b. Portanto, na oração O filho entrou na sala, acanhado, qual a palavra que está subentendida, isto é, implícita?
c. Complete: O predicado verbo nominal apresenta_____ núcleos: um ________ e um ________________.
d. Desmembre em dois o predicado da oração:
O filho espiava pela fresta da porta, tenso.
7. Descreva a personagem do texto – o menino. Fale sobre o seu jeito de ser, o seu comportamento. Observe que, ao caracterizar o menino, você usará predicativos do sujeito.
Aula 4 (50 minutos)
Produção de texto
O professor deverá reproduzir para os alunos a crônica “Quero voltar a ser eu” de Max Nunes. A seguir, deverá apresentar aos alunos a proposta de produção de textos
Texto
QUERO VOLTAR A SER EU
Eu, que era eu – sim, porque eu já fui eu -, cheguei à triste conclusão de que não sou mais eu. Meu nome, que, por isso mesmo, já esqueci, não interessa a mais ninguém. Para um médico, por exemplo, sou apenas o cliente. Num restaurante, sou freguês. Quando alugo uma casa, viro inquilino. Na condução, passageiro. Nos correios, sou remetente. Num supermercado, consumidor. Para o imposto, sou contribuinte; com o prazo vencido, viro inadimplente. Para votar, sou eleitor; mas, num comício, sou massa. Viajar? Viro turista. Na rua, caminhando, sou pedestre; se me atropelam, sou acidentado; no hospital, paciente; para os jornais, sou vítima. Se compro um livro, viro leitor; para o rádio sou ouvinte; para o Ibope, espectador; e, para o futebol, eu, que já fui torcedor, virei galera.
Já sei que, quando eu morrer, ninguém vai se lembrar do meu nome. Vão me chamar de “o finado”, “o extinto”, “o falecido”, e, em certos círculos, até de “o desencarnado”. Só espero que o padre, na missa de sétimo dia, não me chame de “o sucumbido”. Logo a mim, que, no meu apogeu, já fui mais eu.
Fonte: NUNES, Max. O pescoço da girafa. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
Proposta de produção
No texto, "Quero voltar a ser eu”, o autor ironiza o anonimato das pessoas em geral que ocupam vários papéis na sociedade, por exemplo: para um médico, você é cliente. No restaurante, freguês. No supermercado, consumidor...
Suponha que você é aluno, amigo, rival, irmão, filho. Escreva uma crônica utilizando o foco narrativo de 1ª. pessoa. Procure organizar as ideias em períodos que predominem o predicado nominal, assim como no texto de Max Nunes.
Estabeleça, como interlocutores, os leitores do jornal da escola "ESEBA em Notícias".
Professor, se quiser saber um pouco mais sobre o tema, como subsídio teórico, pesquise:
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Para que ensinar gramática? In: Gramática. Ensino Plural. São Paulo: Cortez, 2003.
O predicativo do sujeito, assim como qualquer outro item gramatical, deve ser deve ser trabalhado no texto, que é a real unidade de sentido da língua. Os limites impostos pela oração bloqueiam as considerações sobre o funcionamento linguístico. Assim, a partir de vários gêneros textuais, pode-se trabalhar o emprego do predicativo do sujeito cuja função principal é atribuir características ao sujeito, descrevendo-o, mostrando seu estado físico ou emocional ou simplesmente atribuindo-lhe uma informação nova. Além disso, conhecer a relação entre sujeito e predicado é importante para aprender lidar com o mecanismo da concordância verbal. Assim, depois de o aluno realizar atividades que o possibilite refletir sobre a função do predicativo na construção do sentido do texto, ele estará pronto para ser avaliado.
Portanto, será por meio da produção escrita, a partir do texto "Quero voltar a ser eu" de Max Nunes, que o aluno será avaliado em relação ao emprego do predicativo do sujeito na construção textual.
Quatro estrelas 9 classificações
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16/09/2013
Cinco estrelasParabéns ajudou bastante ha minha filhota continuam assim que vão la parabéns bjss
30/08/2013
Cinco estrelasMuito interessante e rica essa aula. Adorei a idéia de produção de texto, para explicar o predicativo e predicado nominal.
20/03/2013
Cinco estrelasé muito bom gostei muito obigado pela aula aprendi muito valeuuuuu
01/09/2012
Quatro estrelasOlá, pessoal, gostei muito do plano de aulas e das atividades também, ajudou muito.
09/04/2011
Cinco estrelasOtimo principalmante para pessoas que tenham duvidas....
27/10/2010
Cinco estrelasFoi maravilhosa a contribuição desta aula me ajudou muito parabens
02/08/2010
Cinco estrelasAs aulas são muito bem explicadas e dinâmicas. Gostei bastante!!
06/06/2010
Cinco estrelasNota MIL. Sou exigente e sua aula não deixou a desejar: prende a a tenção do aluno e faz o professor se sentir um profissional de primeira!parabéns e obrigada pela sugestão
05/06/2010
Quatro estrelasCara colega, Gostei muito da sua produção. Parabéns!