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Reflexão sobre o texto e busca do sentido: o que está por trás das palavras?

 

16/06/2010

Autor e Coautor(es)
ANA GRAZIELA CABRAL
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Edna Maria Santana Magalhães

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Análise linguística
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Análise e reflexão sobre a língua
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: léxico e redes semânticas
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo Língua Portuguesa Análise linguística
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Com a sequência de atividades que será sugerida o aluno poderá aprender a:

  • distinguir num contexto o significado da palavra ;
  • inferir a partir das redes de sentido estabelecidas num texto e desse com outro(s) texto(s);
  • percerber informações que vão além do texto, ;
  • desenvolver um potencial criativo;
  • relacionar informações e tirar as próprias conclusões;
  • lidar com diferentes tipologias textuais;
  • pensar sobre o propósito do autor ao escolher determinada forma textual, personagens, espaço etc.;
  • manusear o dicionário;
Duração das atividades
5 aulas de 50 minutos cada (250 minutos)
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Professor, para o sucesso dessa proposta de aulas é importante que os alunos conheçam os termos denotação e conotação. Você encontrará elementos para falar sobre isso com eles na aula do Portal do Professor, Denotação e conotação: considerações sobre o efeito da palavra - http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=8582 – acesso em 13/05/2010.

Também é preciso que eles saibam utilizar o dicionário e que tenham costume com a leitura de textos não-verbais.

Estratégias e recursos da aula

1ª AULA

 Professor, a função dessa sequência de aulas é mostrar aos alunos a riqueza de significados que possuem as palavras, construindo sentidos por vezes confusos, ambíguos, convincentes, engraçados, irônicos, sofisticados, de acordo com o contexto em que figuram. Eles precisam compreender que a seleção das palavras para atingir tal ou qual sentido depende da capacidade que eles têm de manipular a linguagem, fazendo as combinações corretas.

A primeira estratégia adotada será o uso do dicionário. Cada aluno deverá ter um dicionário em mãos. Então, escreva no quadro a palavra  e peça aos alunos que busquem o seu significado. Enquanto procuram, escreva também no quadro duas frases:

Frase 1: João pegou no pé da professora para que ela aplicasse logo a prova.

Frase 2: A menina pegou no pé de sua amiga enquanto subiam a escada escura, para causar-lhe medo.

Tendo em vista essas duas frases, inicie uma discussão com os alunos. Um deles deverá inicialmente fazer a leitura do significado da palavra pé, encontrado no dicionário, e só então vocês analisarão as duas frases do quadro.

Questione: a expressão ‘pegou no pé’ da Frase 1, tem o mesmo sentido que a da Frase 2? Qual é a diferença existente entre as duas expressões? O que faz com que elas ganhem sentidos diferentes?

Os alunos deverão observar que as duas expressões, embora sejam idênticas, ganham significados diferentes em virtude do contexto em que ocorrem. Portanto, concluirão que a palavra, ao ser inserida em um determinado contexto, vai incorporar o sentido que melhor couber nessa situação. Assim, uma palavra pode ter vários significados, mas o seu sentido real só será estabelecido no contato com as demais palavras.

Nesse momento da discussão você pode aproveitar e falar um pouco com os alunos sobre palavras no sentido denotativo e conotativo. Para isso, veja a sugestão da aula do Portal do Professor Denotação e conotação: considerações sobre o efeito da palavra - http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=8582 - acesso em 13/05/2010, em que você encontrará uma boa definição e exemplos sobre   denotação e conotação.

Ainda para que compreendam bem essa relação em que a palavra recebe um sentido de acordo com o contexto em que está empregada, professor, você pode sugerir uma dinâmica.

Separe a turma em duas grandes equipes. Cada equipe deverá receber dois cartões feitos de cartolina, um escrito V e o outro F. Então, cada uma fará uma lista com 10 palavras que podem ser empregadas em sentidos diferentes, de acordo com o contexto.

Por exemplo:   Gato - Bacia - Janela - Carteira - Saia - Teto - Estado - Partir - Cabo - Borda

Agora, uma equipe desafiará a outra a criar duas frases com cada palavra de sua lista (lista da equipe 1), como se fez com o exemplo ‘pegou no pé’, da seguinte forma:

  • A equipe 1 desafia a equipe 2 (a equipe 3 desafia a 4 e assim por diante): a equipe 2 terá que formar 20 frases corretamente, empregando cada palavra em dois contextos distintos, para conseguir passar para a outra fase.
  • Então o ganhador da disputa entre duas equipes, concorrerá, da mesma forma, com o ganhador de outra, usando as mesmas palavras. Pode ser feito um quadro geral e a cada frase que não for estruturada corretamente, uma das equipes perde ponto. Os cartões de V e F servirão para que a equipe que estiver avaliando as respostas possa dizer se estão corretas ou não. Assim, os alunos participarão de todo o processo da gincana, da criação das perguntas à avaliação.

Ao final, para que a gincana não sirva apenas como um motivo de competição, peça aos alunos para que formem um círculo e discutam o que aprenderam com essa atividade, fazendo uma rápida avaliação.  

2ª AULA

Agora, professor, vamos trabalhar um pouco com charges. A primeira demonstra muito bem como o contexto pode influenciar na construção do significado de um texto e ainda, como uma palavra pode ser uma nova palavra em uma nova situação. Vejamos:

http://files.filosofiacema.webnode.com.pt/200000098-f1029f1fcf/71.jpg - acesso em 13/05/2001 - Charge "Os pedintes" Lila

Entregue uma cópia dessa charge aos alunos para que a analisem. Se for possível, ainda, projete-a no data-show. Então, questione-os sobre a leitura desse texto (as conclusões sobre a charge devem ser registradas no caderno).

  • Quais são as características dos personagens?
  • Onde eles se encontram?
  • O que, na cena,  ajuda a enfatizar o fato, ao observar o 1º falante, que o dinheiro “nunca mudou para a mão dele”?
  • Podemos dizer que é o mesmo motivo que comprova que o 2º falante nunca “viu a cor do dinheiro?”, ou nesse caso há algum agravante?

Durante a discussão sobre essas perguntas, procure demonstrar aos alunos que se frases como as usadas na charge fossem ditas em contextos diferentes, elas poderiam admitir novos significados. Proponha que eles criem no caderno algumas situações:

- Um político dizendo: ‘O dinheiro já mudou de valor, já mudou de cor, agora mudou de tamanho, ele só nunca mudou para a minha mão’. Nesse contexto, de acordo com a carga que a figura do político carrega no país, a charge teria um tom irônico, que pressupõe que o político esteja mentindo.

- Um sábio indiano que vive recluso no alto de uma montanha desde o seu nascimento, recebendo das mãos dos outros água e alimento, dizendo: “Pode acreditar, eu também nunca vi a cor do dinheiro.”

Nesse caso, a expressão “nuca vi a cor do dinheiro” pode ser lida de uma forma literal, ou pé da letra, já que, muito possivelmente, nessa situação, o sábio nunca terá tido contato com dinheiro. Então, conclua essa prática explicando que o uso das palavras tem um sentido primeiro, habitual, mas que esconde outro sentido, que permitirá uma nova interpretação. Aproveite para desmistificar um discurso comum dos alunos de que cada pessoa tem uma interpretação diferente sobre um texto, imagem ou situação. Explique que, embora um texto possa permitir mais de uma interpretação, é preciso que a leitura esteja de acordo com os significados possíveis gerados pela seleção e combinação das palavras no conjunto do texto.

3ª AULA

A segunda charge a ser analisada será importante para que os alunos compreendam que um texto nunca independe do outro e que para uma boa interpretação é preciso saber relacionar informações. Vejam:

http://3.bp.blogspot.com/_cwri5hxUnao/S33lGEffSbI/AAAAAAAAAEM/uXAZiDjCHOY/s1600-h/70.jpg - Charge "O clicador" - acesso em 13/05/2010].

Entregue uma cópia dessa charge aos alunos para que a analisem. Se for possível, projete-a também no data-show.

Questione os alunos sobre o que eles veem. As duas imagens que aparecem são idênticas? Qual é a diferença que existe entre elas? Pergunte se algum aluno já conhece a primeira imagem e se saberia explicar a sua origem. Deixe claro que é a origem da primeira imagem que determina o sentido da segunda.

Finalmente, depois de deixá-los levantar hipóteses (os alunos deverão tomar nota no caderno das observações feitas), explique que a primeira imagem é feita à semelhança de uma importante escultura do francês Auguste Rodin, chamada “O Pensador”, em que o escultor representa um homem que, sentado, reflete sobre a vida num profundo questionamento interno.  Forneça mais detalhes aos alunos, extraindo informações sobre essa obra e a biografia do autor, nos sites disponibilizados em Recursos complementares.

Agora sim, munidos dessa informação primordial, continuem a análise da imagem:

- pense criticamente: o que o 2º homem tem na mão?

Eles deverão notar que ele possui um controle remoto.

- partindo do conhecimento de que a primeira imagem parafraseia a escultura de um grande pintor sobre “O pensador”, um homem que reflete sobre a condição humana, o que poderia representar a segunda imagem da charge?

Os alunos devem associar que, se a primeira imagem demonstra o homem de tempos antigos, que obtinha o conhecimento e informações a partir da reflexão, o homem atual tem o conhecimento na palma da sua mão, condicionado a um clic do controle remoto.

- por que ele recebe o nome de “O clicador” e o que essa representação tem a ver com o homem que vive nos dias de hoje?

O clicador será a denominação do homem que não mais busca conhecimento a partir do ato de pensar, mas sim obtém informações pela televisão, o computador e outros recursos tecnológicos.

Essas reflexões, professor, podem tirar o aluno do lugar comum de que a palavra deve ser considerada isoladamente. É preciso considerar os elementos que a cercam, as imagens, o contexto, as outras palavras e a potencialidade de significados que ela própria possui.

4ª AULA

Nessa aula os alunos deverão colocar efetivamente a mão na massa, professor. Separe a turma em grupos de três pessoas. Munidos de revistas, jornais, gibis e/ou outros suportes, como poemas e letras de músicas, eles deverão buscar situações similares as que foram apresentadas nas aulas anteriores. Ou seja, deverão encontrar situações em que alguma palavra ou expressão esteja empregada em um sentido pouco comum, ou estranho ao usual, graças ao contexto em que está inserida.

Assim, cada equipe ficará responsável pela confecção de dois cartazes:

  • No primeiro cartaz o grupo apresenta a situação que encontrou, seja um texto, uma charge, uma propaganda, etc., fazendo uma análise similar a que foi feita nas aulas anteriores.
  • No segundo cartaz os próprios alunos deverão criar uma situação em que o emprego de uma palavra ou expressão crie um efeito ambíguo, convincente, engraçado ou irônico, e da mesma forma deverão explicar a sua criação.

Auxilie os alunos durante a produção, professor.  Passe de grupo em grupo dando sugestões e fazendo possíveis correções a nível ortográfico e gramatical em seus textos. Para que o trabalho final saia bem feito, eles podem fazer em um rascunho um esboço do que produzirão, para só depois passar para o cartaz definitivo.

5ª AULA

Nessa última aula, os alunos ganharão espaço para apresentar os frutos do seu trabalho. Cada equipe receberá cerca de quinze minutos para apresentar e discutir com os demais colegas a sua produção. Eles poderão apresentar os cartazes que produziram e, se julgarem necessário, podem usar qualquer outro recurso que seja pertinente.

Deixe-os bem à vontade, professor. Insista que esse é um momento só deles, para articular com os colegas e compartilhar os conhecimentos que adquiriram.

Após a apresentação em sala de aula, os alunos podem também promover uma breve exposição dos cartazes no pátio, durante o intervalo. É interessante que eles estejam por perto para tirar dúvidas do público e para demonstrarem a importância que esse trabalho teve para eles.

Um dos pontos fortes dessa proposta é a possibilidade de causar um amadurecimento crítico e reflexivo nos alunos, para que passem a analisar com mais cuidado imagens e textos que os cercam, como em propagandas publicitárias, revistas, jornais, entre outros.

Não se esqueça, professor, de registrar essas práticas, fotografando ou até incentivando os alunos a escreverem uma autoavaliação ao final dos trabalhos. Por que não publicar no blog ou jornal da escola a experiência? Isso valorizará ainda mais a prática de seus alunos.

Recursos Complementares

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Pensador - Escultura "O pensador", Auguste Rodin - [acesso em 13/05/2010]. 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Rodin - Biografia de Auguste Rodin - [acesso em 13/05/2010]. 

Avaliação

Professor, essa proposta de aulas permite que você avalie o nível de amadurecimento de seus alunos em relação ao uso de diferentes linguagens. Para isso, esteja atento a todo o processo, observando se eles são coerentes ao associar as palavras a um determinado contexto, ao pensar em imagens como construtoras de um sentido. Veja também se eles compreenderam a importância das escolhas feitas pelos autores ao optar por essa ou aquela palavra/imagem, durante o processo de criação.

Aproveite para avaliar se eles souberam manusear corretamente o dicionário, pois isso pode indicar a necessidade uma aula mais detalhadas sobore o processo de pesquisa em dicionários, enciclopédias, catálogos e outros textos do gênero.

E não perca a oportunidade de verificar a qualidade dos registros escritos de seus alunos, notando a coerência e qualidade gramatical do que produziram.

Não se esqueça, como foi sugerido na última aula, da importância de que os próprios alunos façam uma avaliação da proposta, apontando os ganhos que com ela tiveram, e registrando as novas possibilidades de ação que poderiam ser mais ou também produtivas, em atividades futuras.

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