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Aula 3: O Califa Cegonha – As circunstâncias e o verbo.

 

08/07/2010

Autor e Coautor(es)
MARIA LUCIA BRANDAO DOS SANTOS
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RIO DE JANEIRO - RJ COL DE APLIC DA UNIV FED DO RIO DE JANEIRO

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Pontuação
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Análise e reflexão sobre a língua
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

-Identificar numa oração as circunstâncias.

-Perceber que as circunstâncias estão ligadas ao verbo.

-Usar a vírgula corretamente no uso de circunstâncias.

-Refletir sobre as palavras que indicam intensidade e sua relação com o verbo, com o adjetivo ou com outra circunstância.

Duração das atividades
2 aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

-Noção do verbo como palavra que exprime ação, estado ou fenômeno da natureza.

-Identificação da vírgula como um sinal de pontuação.

-Noções de classes de palavras: artigo, verbo, nome,adjetivo, pronome..

Estratégias e recursos da aula

         *A turma realizará uma leitura dirigida da história “O Califa Cegonha”, texto adaptado da Coleção Biblioteca Innfantil da Livraria Quaresma-(1952).Figueiredo Pimentel-Volume “Histórias da Baratinha. Como é uma coleção antiga, algumas expressões e acentos não são mais empregados, então o texto está sendo reproduzido com adaptações.  

O Califa Cegonha

 

             ALMANSOR, célebre califa árabe, que viveu há longo tempo, estava uma vez em seu palácio, quando lhe apareceu um mercador vendendo objetos raros e curiosos.

              Entre eles havia uma rica e preciosa caixinha contendo pós negros, acompanhados de papel escrito em língua latina.

              Almansor perguntou para que serviam os pós e o que queriam dizer aquelas palavras, mas o vendedor nada soube explicar.

              Mesmo assim, o califa comprou a caixa, e mandou vir à sua presença todos os sábios, a fim de tentarem ler o que nela estava escrito.

              Um deles, mais esperto, conhecendo bem o latim, leu sem dificuldade o seguinte:

              Quem encontrar esta caixa agradeça sua boa sorte!Aquele que tomar uma pitada destes pós, pronunciando a palavra “Mutabor”, poderá transformar-se na ave ou animal que quiser, e entender a linguagem deles. Para retomar a forma humana, bastará inclinar-se três vezes do lado do Oriente, pronunciando  a mesma palavra. É preciso, porém, evitar rir, durante a metamorfose, porque, caso ria, a palavra mágica será apagada completamente de sua memória, e ele permanecerá animal toda a vida.

               Almansor ficou doido de alegria e, chamando o vizir, seu amigo, narrou o sucedido.

                Combinaram ambos tomar uma pitada do pó negro, depois de decorarem bem a palavra e transformarem-se em cegonhas, a fim de se distraírem realizando aventuras.

                 Assim se realizou.Almansor e o vizir viram-se mudados em duas belas e grandes cegonhas.

                 Voaram para longe e chegando a um campo encontraram duas aves da mesma espécie que conversavam:

                 -Bom dia, menina Bico-comprido, como tens passado? Dizia uma delas.

                 -Muito bem, obrigada, dona Perna-longa, respondeu a outra.

                 -Aceita um pouco do meu almoço?Tenho aqui uma excelente coxinha de rã.

                 -Agradecida, mas já almocei alguns grilos. Depois, não me convém comer muito hoje, pois logo mais à noite tenho que ir a um baile e receio ficar cheia. Vim justamente aqui exercitar-me, porque quero ficar em forma.

                 -Então, não faça cerimônia. Dance lindamente, que quero apreciá-la.

                 A jovem cegonha Bico-comprido começou a pular e a saltar, ora num pé só, ora nos dois, e fez mil trejeitos.

                 O califa e o vizir, apesar de transformados em cegonhas, não conseguiram conter o riso. Acharam tanta graça naquilo, que desataram numa gargalhada colossal.

                 Acabando de rir, lembraram-se que não deviam ter feito isso e amedrontados, quiseram voltar à forma humana.

                 Tentaram recordar-se da palavra, mas nada veio às suas cabeças.

                 -Um...Mu...Mu....Mu...

                 Não saíam daí.

                 Horrorizados, tristes, levantaram voo e foram para longe, muito longe, indo pousar sobre umas ruínas.

                 Aí procuravam um lugar para se aninhar, quando viram uma horrível coruja, da mais repugnante espécie.

                 Tiveram nojo e medo, mas a ave noturna sossegou-os:

                 -Noto pelo seu andar que vocês não são cegonhas de nascimento e sim criaturas humanas, assim mudadas por algum feitiço. Contem-me sua história, que talvez eu possa lhes ser útil.

                 O vizir satisfez o pedido da coruja e tendo concluído, disse ela:

                 -Vejo que não me enganei. Eu também não sou o que pareço. Chamo-me Silvana e sou filha do rei das Índias. Fui transformada em coruja por um horrível bruxo, que quis casar comigo. Poderei lhes ensinar a maneira de voltar à forma humana, mas, para isso, é preciso que um de vocês jure que casará comigo.

                 Almansor chamou o vizir e lhe falou:

                 -Amigo, vizir, tenha paciência, mas precisa se casar com esta coruja. Ela não é tão feia como parece e, depois, depende disso nossa salvação.

                 -Não, meu senhor, vossa majestade sabe bem que sou casado e que as leis do reino proíbem a gente de se casar mais de uma vez. Isso compete-lhe, como mais moço e solteiro, justamente agora que está no tempo de escolher uma noiva. Quanto a mim, garanto-lhe que prefiro permanecer cegonha toda a minha vida.

                 Almonsor, diante daquela declaração, não teve remédio senão aceitar a coruja como noiva e lhe fez o comunicado.

                 -Bem, - disse ela -,exigi essa promessa por uma razão. O meu encanto só cessará no dia em que um homem me aceitar por noiva. O senhor, jurou, não é verdade?

                 -Sim. - disse o califa.

                 -Bem, agora vou lhe contar o que sei. Todas as noites reúnem-se nestas ruínas vários feiticeiros que vêm contar uns aos outros as bruxarias feitas. Como é provável que vossa majestade seja encontrado por um deles, escute o que disserem. É possível que eles pronunciem a tal palavra.

                 Almansor ficou mais animado.

                 À meia noite, chegaram vários bruxos e começaram a conversar.

                 -Qual foi a sua última proeza, Barrangão?

                 -Mandei um dos meus, disfarçados em mercador, vender uns pós ao califa Almansor, acompanhados de um papel que ensinava o meio de se transformar em ave ou animal quem deles sorvesse uma pitada. Deve a pessoa pronunciar uma palavra. Mas quem rir, enquanto estiver transformado, esquecerá a palavra. Ora, estou certo que Almansor rirá e assim ficará para sempre transformado.

                 -Já sei.- disse o outro.- Eles não aparecendo, seu filho será o novo califa.

                 -É verdade.

                 -E que palavra é essa?

                 -“Mutabor!”- disse Barragão.

                 As duas cegonhas e a coruja prestaram toda a atenção e repetiram mentalmente a palavra.

                 Ao romper do dia, os feiticeiros separaram-se.

                 Almonsor e o vizir apressaram-se em sair das ruínas e, mal pronunciaram três vezes a palavras, voltados para o Oriente, adquiriram a figura humana.

                 Ao mesmo tempo, viram sair das ruínas a princesa Silvana, que lhes falou:

                 -Eu sou a coruja. Já vêem que a verdade...

                 -Saiba, vossa majestade- declarou o vizir-que me arrependi. Estou pronto a receber a coruja como minha esposa.

                 -Agora, é tarde, meu velho.- retrucou Almansor- já que Silvana é tão linda e, além disso princesa,  cumpro a palavra.

                 Dirigiram-se todos três para o palácio, onde pouco tempo depois se efetuou o casamento.  

-Após a leitura e comentários da turma sobre a história, são colocadas no quadro, escrita em tiras de papel de duas cores, algumas frases para estruturação. Os sinais de pontuação deverão ser escritos em tiras de papel branco.

                 Na frase: A Cegonha Bico-comprido dançava.

                 Temos a estrutura:                

 Quem? A Cegonha Bico-comprido (escrita em tira de papel azul).

 O que faz?  Dançava (escrita em tira de papel laranja).

                 Podemos ampliá-la, dando circunstâncias ao verbo pulava.

 -Onde dançava? O lugar.

 -Como dançava? O modo.

 -Quando dançava?O tempo.

                   A turma, então, sugere as circunstâncias que vão sendo escritas nas tiras de papel e acrescentadas à frase. O interessante, neste momento, é oferecer as tiras das duas cores para os alunos perceberem onde elas devem ser registradas. Será que estão ligadas ao quem faz ou  ao o que se faz?

                   O trabalho com estrutura, desestrutura e reestrutura das frases tornará possível uma reflexão sobre o valor das circunstâncias e a quais palavras elas podem estar ligadas.

                 Assim, a frase:  A Cegonha Bico-comprido dançava.

                 Pode ser ampliada assim:

   Exemplo:

 Onde? A Cegonha Bico-comprido dançava longe do palácio.

 Como? A Cegonha Bico-comprido dançava desajeitadamente.

 Quando? A Cegonha Bico-comprido dançava naquele instante.

 →Unindo as circunstâncias: A Cegonha Bico-comprido dançava longe do palácio, desajeitadamente, naquele instante.

                 Neste momento, haverá  necessidade do surgimento de mais tiras com a vírgula, pois há três circunstâncias seguidas depois do verbo.

                Depois da nova estrutura  com várias circunstâncias, é proposto que seja dado à frase uma nova estrutura, com as mesmas palavras.

 a) (circunstância de modo)+(quem faz)+(verbo) +(circunstância de lugar)+(circunstância de tempo).

 b) (circunstância de tempo)+(quem faz)+(verbo) +(circunstância de lugar)+ (circunstância de modo).

 c) (circunstância de lugar) +(quem faz)+(verbo) +( circunstância de modo) +(circunstância de tempo).

 d) (circunstância de lugar) +( circunstância de modo) +(verbo) +(quem faz) +(circunstância de tempo).

 e) (circunstância de tempo)+(circunstância de lugar) +(quem faz)+(verbo) +(circunstância de modo).

 f) (circunstância de lugar) +( circunstância de modo) +(circunstância de tempo) +(quem faz)+(verbo).

 g) (circunstância de lugar) +( circunstância de modo) +(circunstância de tempo)+ (verbo) +( quem faz).

                   Outras frases podem ser estruturadas. O importante é que  em cada uma delas exista a reflexão:

 -do uso das circunstâncias, que podem ser mudadas de ordem, mas continuam ligadas ao verbo (a cor das tiras comprova isto).

- do uso das vírgulas, que devem ser utilizadas sempre na enumeração de circunstâncias ou quando elas forem utilizadas antes do verbo.

 -do uso das letras maiúsculas, pois quando aparecem no início da frase, as palavras devem ser reescritas no verso da tira com a letra adequada, a não ser os substantivos próprios que permanecem com letras maiúsculas em qualquer posição na frase.

                  Outros exercícios que podem ser feitos:

   1)Leia as frases e reescreva-as ampliando cada uma delas seguindo as orientações abaixo:

a) O califa ficou triste. Quando?___________________________________________________________. (circunstância de tempo)

b) As cegonhas conversavam. Como?_____________________________________________________________. (circunstância de modo)

c) A coruja encontrou as cegonhas. Onde?______________________________________________________________. (circunstância de lugar)

   2) Estruture frases utilizando palavras ou expressões dos parênteses:

a) (saiu)- (das ruínas)- (princesa)- (naquele dia)- (a)

 artigo + nome + verbo + circunstância de tempo + circunstância de lugar

    ↓           ↓         ↓                          ↓                                          ↓

_____________________________________________________________________________.

 b) (solteiro)- (sua)- (único)- (noiva)-(escolherá)- (o) -(agora)

 circunstância de tempo + artigo + adjetivo  + nome + verbo + pronome possessivo + nome

             ↓                          ↓            ↓            ↓          ↓                   ↓                      ↓ _____________________________________________________________________________.

c) (hoje)- (rirão)- (Cegonhas)- (as)

 verbo + circunstância de tempo + artigo + nome

     ↓                         ↓                   ↓          ↓

_____________________________________________________________________________.

3)Observe as frases abaixo e faça o que se pede:

a) O Califa Cegonha queria muito a valiosa caixinha.

Quem faz?__________________________________.

O que faz?__________________________________.

Ilumine a palavra deste segundo grupo que expressa intensidade. Ela está intensificando______________________(um verbo, um adjetivo, uma circunstância).

b)O Califa Cegonha estava tão curioso!

Quem faz?__________________________________.

O que faz?__________________________________.

Ilumine a palavra deste segundo grupo que expressa intensidade. Ela está intensificando______________________(um verbo, um adjetivo, uma circunstância).     

c)O Califa Cegonha chegou mais cedo.

Quem faz?__________________________________.

O que faz?__________________________________.

Ilumine a palavra deste segundo grupo que expressa intensidade. Ela está intensificando______________________(um verbo, um adjetivo, uma circunstância).     

→Nestas frases, a turma perceberá que existem circunstâncias que intensificam podendo estar ligadas a um verbo, a um adjetivo ou a uma outra circunstância.

Recursos Complementares

Livro: “O Califa Cegonha”. Autor: Wilhelm Hauff. Tradução:Maria Lucia Nachers. Adaptação: Ana Maria Machado.Coleção:Clássicos Universais.Editora:Global.

           O Califa Cegonha- Ruth Salles- 2007-Teatro na escola.

           Esta peça é uma adaptação do conto de Guilherme Hauff, do livro “Contos Orientais” e foi criado para ser encenada com fantoches.

Site: www.millarch.org/artigo/infância-em-discos 

Avaliação

          Esta atividade dará oportunidade do professor avaliar como seus alunos estruturam frases, como as pontuam e como estão utilizando as letras maiúsculas.

          Outras frases que podem ser utilizadas na avaliação, utilizando ainda tiras brancas, laranjas e azuis:

a)Silvana é tão formosa!

b)O Califa Almansor ouviu atentamente o conselho da coruja.

c)Os dois decoraram bem as palavras da caixinha.

d)A Cegonha, bem atenta, ouvia Dona Coruja.

e)O esperto leu bem as palavras estranhas.

f)A pessoa ficaria transformada para sempre.

g)Não comerei muito, hoje.

h)Silvana é tão linda!

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