O aluno, ao fim desta proposta de aulas, poderá:

• perceber a importância das onomatopeias na construção geral do sentido do texto;
• diferenciar onomatopeia de interjeição;
• perceber que essas palavras não seguem as leis do sistema ortográfico;
• desenvolver a oralidade;

5 aulas de 50 minutos cada

Os alunos deverão previamente ter conhecimento sobre o que é interjeição, já que ela é costumeiramente confundida com as onomatopeias, e uma distinção entre as duas vai ser fornecida nessa aula. Encontre informações sobre Interjeição em http://www.brasilescola.com/gramatica/interjeicao.htm - acesso em 15/05/2010.      

Como essa aula abordará um poema do autor Manuel Bandeira, é interessante que os alunos saibam um pouco sobre sua vida e obra. Encontraram essas informações no site: http://www.releituras.com/mbandeira_bio.asp  - acesso em 15/05/2010.  

1ª AULA

Sobre a primeira aula, ela  busca esclarecer com os alunos a diferença existente entre onomatopeias e interjeição. Para isso, deixe claro que para ser onomatopeia é necessário que a palavra busque a imitação do mundo físico ou animal, papel esse que a interjeição não cumpre. O que aproxima a interjeição da onomatopeia é que ambas não seguem nenhum parâmetro quanto à grafia, de forma que se pode inventar como escrevê-las.

Para que essa diferenciação seja reforçada, fica como sugestão uma rápida dinâmica. Escreva em pequenos pedaços de cartolina, interjeições e onomatopeias, de forma que fique um pedaço de cartolina para cada aluno da sala. Coloque-as misturadas dentro de uma vasilha e peça para que um aluno por vez sorteie um papel. Então, o aluno deverá formar uma frase com a interjeição ou onomatopeia e caracterizar para os colegas a palavra como sendo uma ou outra. Os colegas poderão discordar até que cheguem a um ponto comum. Ajude-os com intervenções quando necessário, professor. Essa prática certamente ajudará a esclarecer várias dúvidas sobre a diferença entre interjeição e onomatopeia. É importante lembrar que eles devem perceber que as onomatopeias imitam o som do mundo físico ou animal, enquanto a interjeição não tem essa característica.

Exemplos de expressões para montar a dinâmica:

Interjeição: Silêncio! Nossa! Ah! Ui! Ai! Socorro! Bravo! Oba! Hum! Viva! Puxa! Ufa! Valeu!

Onomatopeia: Click! Tic tac! Glub glub glub! Grrrrr! Muuuu! Soc! Trim, trim, trim!

Logo após a dinânica,  apresente o poema “Trem de ferro”, de Manuel Bandeira.   

Trem de ferro

Café com pão

Café com pão

Café com pão  

Virge Maria que foi isso maquinista?   

Agora sim

Café com pão

Agora sim

Voa, fumaça

Corre, cerca

Ai seu foguista

Bota fogo

Na fornalha

Que eu preciso

Muita força

Muita força

Muita força

(trem de ferro, trem de ferro)   

Oô...

Foge, bicho

Foge, povo

Passa ponte

Passa poste

Passa pasto

Passa boi

Passa boiada

Passa galho

Da ingazeira

Debruçada

No riacho

Que vontade

De cantar!

Oô...

(café com pão é muito bom)   

Quando me prendero

No canaviá

Cada pé de cana

Era um oficiá

Oô...

Menina bonita

Do vestido verde

Me dá tua boca

Pra matar minha sede

Oô...

Vou mimbora vou mimbora

Não gosto daqui

Nasci no sertão

Sou de Ouricuri

Oô...   

Vou depressa

Vou correndo

Vou na toda

Que só levo

Pouca gente

Pouca gente

Pouca gente...

(trem de ferro, trem de ferro)   

(Manuel Bandeira in "Estrela da Manhã" 1936)

http://www.revista.agulha.nom.br/manuelbandeira04.html - acesso em 15/05/2010.  

Faça uma cópia do poema para cada aluno e, em seguida, leia-o na sala de aula, demonstrando que o poema exige rítmo e musicalidade durante a leitura. Você pode mostrar alguns vídeos com animações do poema, que estão disponíveis em Recursos Complementares.

Após acompanhar a leitura, é hora de conversar sobre o poema, de preferência em círculo.  Pergunte aos alunos sobre o que eles acharam e entenderam sobre o poema. Ouça-os. Deixe que eles levantem hipóteses e façam questionamentos. Em contrapartida, forneça informações. Explique que o poema de Manuel Bandeira é a imitação sonora de um trem em movimento e que inclusive há momentos em que o som do trem é representado pela onomatopeia “Oô...”. Questione se essa pequena partícula pode constituir dentro do texto um sentido significativo. É importante que eles percebam que a onomatopeia tem participação fundamental na construção do sentido geral do poema.

Então, no quadro, escreva sugestões de novas onomatopeias lembradas pelos alunos. Caso eles se lembrem de poucas, dê sugestões. Qual o barulho do relógio, da água, do vento, do cachorro?

Atente para o fato de que esse poema apresenta características típicas da oralidade, tendo como exemplo expressões como “vo mimbora”, “prendero”, “canaviá”, “oficiá”. Portanto, se for pertinente e de acordo com o seu cronograma, aproveite para falar um pouco de variação linguística.  

Ele pode ser também aproveitado para trabalhar um pouquinho de literatura, no que diz respeito às influências modernistas que apresenta, ao estudo da métrica, rima, aliterações e assonâncias. Mas como esse não é o foco dessa aula, fica apenas a sugestão. 

2ª AULA 

Professor, nessa aula, você poderá mostrar aos alunos uma listas de onomatopeias que já são consagradas pelo uso. Encontre-as no site: http://www.marel.pro.br/onomat.htm - acesso em 15/05/2010. 

 Depois de conhecê-las, que tal se os alunos criassem uma tirinha de Histórias em quadrinhos usando as onomatopeias? Em Recursos Complementares há a indicação de uma aula do Portal do professor que ensina a construir Histórias em Quadrinhos. Use-a para orientar os alunos a pensar nos personagens, no enredo e em como devem estruturar esse formato de histórias.

Após produzidas, as histórias devem ser revisadas. Os alunos podem trocá-las entre si para que os colegas deem sugestões e façam correções. Oriente-os, professor. Quando concluídas, exponha as historinhas em um mural, para valorizar a produção da turma.

3ª AULA

Já nessa aula, professor, agora que os alunos já sabem que as onomatopeias não seguem um padrão gramatical e que podem ser criadas de acordo com o contexto, apresentam-se três possibilidades de vídeos em que são mostradas distintas situações por meio desse recurso:

O primeiro vídeo é a apresentação do grupo teatral Splash, que representa de distintas maneiras o barulho da água, criando histórias.

Vídeo 1: http://vimeo.com/5168524 – acesso em 15/05/2010.

O segundo vídeo é a apresentação, apenas sonora, de um trabalho de uma escola portuguesa, em que os alunos precisam expressar a ideia de trânsito a partir de sons que lhe sejam característicos. É como se fosse uma mímica vocal. Embora esse vídeo não apresente uma boa qualidade de áudio, pode servir para exemplificar o uso das onomatopeias.

Vídeo 2: http://www.youtube.com/watch?v=CK_1CeasaLE –  acesso em 15/05/2010.  

Já o terceiro vídeo tem um enfoque um tanto diferente, pois é a apresentação de um grupo israelense chamado Voca People, que faz uso de várias formas de som vocal para comunicar o seu show. No entanto, embora os sons utilizados pelo grupo não sejam essencialmente onomatopeias, é um exemplo de como os sons podem criar um campo de significação e de sentido.  

Vídeo 3: http://tvglobo.caldeiraodohuck.globo.com/destaques/2010/05/15/voca-people-em-acao/ - acesso em 15/05/2010.

Ao final da exibição dos filmes, comente-os com os alunos. Ouça a opinião deles sobre o que virem e especialmente ouviram, pois é a partir desses vídeos que prepararão a atividade da 4ª aula.

Para que essa aula não seja apenas expositiva, divida a turma em grupos e dê para cada equipe um tema, que pode ser, escola, cidade grande, campo, indústria, igreja. Assim, cada equipe terá que apresentar o seu tema aos colegas, valendo-se de onomatopeias, e os colegas terão que descobrir de que se trata a tema encenado.    

4ª AULA

Professor, agora que os alunos já tiveram muito contato com as onomatopeias, eles mesmos criarão, baseados no uso dessas estruturas textuais, um texto todo formado por elas, em que o uso de frases estruturadas completas deve ser evitado ao máximo. A partir desse texto, eles montarão uma performance teatral, similar a que foi apresentada pelo grupo teatral Splash. Oriente-os a construir um sentido em sua história, a partir dos sons. Lembre que eles podem transmitir sensações de medo, alegria, emoção, frio, calor, susto, tudo usando as onomatopeias. Portanto, o que escreverão será um roteiro de suas apresentações.

É mais aconselhado que eles trabalhem em grupos e que a temática e ser desenvolvida seja livre. É provável que essa aula seja suficiente apenas para que os alunos pensem no tema e produzam o texto, que deverá ainda se corrigido e refeito, caso necessário. Depois, eles precisarão também ser organizar para ensaiar o que planejaram.

5ª AULA 

Para fechar essa proposta, professor, os alunos deverão se apresentar. Decida se a apresentação será restrita à turma ou se outras pessoas da escola ou família terão acesso a ela. Já pensou se seus alunos apresentarem suas performances para alegrar a vida de crianças em alguma creche ou escola infantil? E quem sabe, caso a sua cidade possua um hospital com ala de recuperação infantil de doenças como o câncer, por exemplo, eles não possam se apresentar lá? Assim, além de se sentirem importantes e valorizados, os alunos estariam colaborando para a alegria de outras pessoas, promovendo solidariedade à sociedade. Não deixe de registrar as apresentações, fotografando-as ou filmando-as. É importante divulgar os resultados dessa iniciativa no jornal ou blog da escola.

http://www.youtube.com/watch?v=tZQasC4TE9s&feature=related – acesso em 15/05/2010 - Música Olha o trem – Rogerio Azeredo 

http://www.youtube.com/watch?v=pyWQ0fHSJtc – acesso em 15/05/2010 - Música com onomatopeias, por Silvio Costa. 

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18844 - acesso em 15/05/2010 - Aula do Portal do Professor: Uma abordagem virtul: a produção de Histórias em Quadrinhos em blogs. 

Sugere-se a exibição do filme Vermelho como o céu, de Cristiano Bartone, pois ele aborda a importância que os sons têm na vida dos alunos de uma Instituto de Cegos.

Professor, o processo sugerido nessa proposta permite várias formas de avaliar os alunos. Observe a criatividade e qualidade das produções escritas dos alunos. Perceba se compreenderam os objetivos da aula e se corresponderam de forma satisfatória ao que se esperava que produzissem. Em relação às atitudes e à expressão oral, baseie-se nas apresentações que fizeram. Note a desenvoltura de cada aluno, o seu envolvimento na proposta, o seu comprometimento com os horários de ensaio e com as orientações dadas. É importante, ainda que os próprios alunos avaliem os resultados das aulas e que se autoavaliem, pontuando sobre a sua participação e envolvimento. Ouvi-los é de extrema importância.