Esta aula faz parte da coleção Música – Expressividade que tem como objetivo conduzir a escuta apreciativa e analítica dos alunos a um foco previamente proposto. Dessa forma, pretende-se desenvolver conceitos sobre forma, contrastes, repetições e variações, e estabelecer uma relação desses elementos com níveis diversos de expressividades.

Nesta aula, o aluno deverá escutar e analisar um exemplo musical, e aprenderá a identificar as diferentes partes, a determinar seus tamanhos e a estabelecer as relações internas da construção composicional e suas correspondências com os diversos níveis de expressividade. O aspecto gráfico será explorado também com objetivo de desenvolver a habilidade de criar e interpretar representações gráficas para o material sonoro.

É necessário que o aluno tenha elaborada a noção de tempo e pulso, a habilidade de escuta atenciosa e de compreensão de grafias alternativas. A habilidade de distinguir diferentes timbres já deve estar construída. É interessante também que o aluno já conheça os sons dos intrumentos musicais e tenha condição de associar o som ao nome da fonte sonora, ao menos em termos de família de instrumentos (Ex.: Instrumentos de sopro ou de cordas etc).

Distribua as letras da música no início da aula para que sirvam de apoio para uma primeira audição. Nesse momento, os alunos devem tomar contato com a música, estabelecer algumas relações genéricas sobre forma e dinâmica. Não é necessário fazer uma análise de forma detalhada mas, se for de sua vontade, consulte a aula Música – Expressividade – Forma. Veja o link:

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=20572 

Em seguida, peça aos alunos que observem entradas e saídas de instrumentos ou grupos de instrumentos. Nesse momento, deixe que eles comentem livremente, à medida em que a música é reproduzida. Entradas de ‘baterias’, de ‘guitarras’, de ‘violinos’ e de ‘instrumentos de sopro’ podem ser identificadas pelos alunos com outros nomes, caso não conheçam esses instrumentos. Na verdade, isso não importa nessa aula, e não é nosso objetivo trabalhar com identificação dos timbres pelos seus nomes formais, e sim, criar com os alunos a habilidade de distinguir variações expressivas, a partir de variações timbrísticas. Eventualmente, a título de exemplo, eles podem identificar algum som importante – sob o ponto de vista deles, naturalmente – e não saber o nome dessa fonte sonora. Nesse caso, qualquer nome pode ser usado, um nome que os alunos escolham.

Atividade 1

Terminada essa primeira fase, escreva no quadro os nomes de todas as fontes sonoras observadas pelos alunos, criando uma lista, como no exemplo abaixo:

Tabela 1

Atividade 2

Explique aos alunos que agora eles devem observar com atenção apenas uma dessas fontes de cada vez, e que devem apontar o momento em que a fonte sonora aparece na música e a hora em que ela sai, para que se possa registrar o tempo onde ocorrem os eventos. Coloque a música para tocar e peça aos alunos que acompanhem contando o pulso. Quando a primeira fonte sonora listada surgir na música, eles devem levantar a mão. Nesse momento, você pausa a música e anota quantos tempos foram contados, preenchendo a tabela da seguinte forma, por exemplo:

Tabela 2

Solte a pausa, e só pare a música quando eles apontarem o momento de saída da fonte sonora, identificando o momento de saída:

Tabela 3

Proceda assim, sucessivamente, até completar o preenchimento da tabela:

Tabela 4

Considere agora as diferentes entradas, caso existam. Em nosso exemplo hipotético, temos: um solo de flauta em 77, um solo de clarineta em 93, a volta da voz em 109, e uma coda em 173:

Tabela 5

Atividade 3

Em um terceiro momento, use cores para destacar as concomitâncias, sugerindo a noção de massa sonora:

Tabela 6

Peça que os alunos observem e comentem os trechos onde existem mais cores diferentes na mesma coluna, e explore a questão da massa sonora.

Finalmente os alunos devem representar as entradas e saídas com formas retangulares, alinhadas às fontes sonoras respectivas, e de extensão proporcional ao tempo medido. O resultado conforme nosso exemplo hipotético deve ser:

Figura 1 - Atividade 6

Dicas:

1)      Ao longo do processo de observação das entradas e saídas de cada fonte, explore com os alunos a questão fraseológica para que não se entenda pausa como saída. Caso os alunos não tenham conhecimento prévio sobre pausa e/ou frase musical, você pode inclusive problematizar essa questão para desenvolvimento posterior.

 2)      Se preferir, use a marcação de tempo em segundos, o que pode ser verificado no visor do CD Player. Nesse caso, você não estaria exercitando a percepção de pulso com os alunos, mas por outro lado estaria criando condições para trabalhos com ferramentas de informática, caso seja esse seu objetivo a longo prazo.  

Observação

Nessa aula, o exemplo usado foi a canção "Conversa de Botequim", de Noel Rosa e Vadico, em uma gravação feita para o Livro "História da Música Popular Brasileira para Crianças"(1), com arranjo de Roberto Gnattali. Nesse arranjo, há uma introdução de 3 compassos, um solo de flauta de 4 compassos, um solo de clarineta de 4 compassos e uma coda de 4 compassos, construindo, então, a seguinte forma:

- Intro..............................................................3 compassos

- 1ª estrofe (de 'Seu garçom... até ..."futebol")......8 compassos

- 2ª estrofe (de 'Se você'...até...'cinzeiro').............8 compassos

- Solos.............................................................8 compassos

- 3ª estrofe (de 'Telefone'....até...'em frente')........8 compassos

- Repetição da 1ª estrofe cantada em coro.............8 compassos

- Coda..............................................................4 compassos

Alguns links para a canção "Conversa de Botequim":

http://www.youtube.com/watch?v=uM4WP5eGPBw 

http://www.youtube.com/watch?v=R16SBEdaaEg  

http://www.youtube.com/watch?v=z34T8MEagy0&feature=related 

(1) CIT, Simone et al. História da Música Popular Brasileira para Crianças. [s.l.]: [s.d].     

(2) Consideramos a música "Conversa de Botequim" em compasso quaternário, a despeito do que usualmente se usa para transcrição do samba (compasso binário), por entendermos que, por questões fraseológicas, a música se estrutura em compassos quaternários. Ainda não existe um consenso sobre o samba, de maneira geral, ser binário ou quaternário, e nós nos alinhamos com a proposta de entendimento que aponta para uma estrutura quaternária, pelo motivo exposto.

O professor deverá usar um cd gravado com a música escolhida, cópias da letra da música e um aparelho de som para audição.

Caso haja necessidade, consulte a aula anterior:

Música – Expressividade – Contraste (parte 1)

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=20573 

Durante todo o processo, observe as colocações dos alunos e considere todos os problemas levantados, explicando ou mesmo demonstrando o porquê da escolha certa. Ao final da aula, peça aos alunos que façam em grupos de 4 a 6 integrantes, o mesmo trabalho com uma música de livre escolha. A representação das variações timbrísticas, a contagem dos tempos, a coerência das proporcionalidades e sua distribuição junto às linhas guias com a música escolhida, serão os critérios da avaliação.

1. O aluno distinguiu os diferentes timbres existentes na música?
2. O aluno observou corretamente as entradas e saídas com seus respectivos tempos/compassos?
3. O aluno desenvolveu corretamente a notação, respeitando as proporcionalidades, coerentemente com o material sonoro e com suas próprias observações?