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A chegada dos europeus na "América": descobrimento, encontro ou invasão?

 

07/10/2010

Autor e Coautor(es)
LEIDE DIVINA ALVARENGA TURINI
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UBERLANDIA - MG Universidade Federal de Uberlândia

Aléxia Pádua Franco

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo Estudo da Sociedade e da Natureza Cultura e diversidade cultural
Ensino Fundamental Final História Nações, povos, lutas, guerras e revoluções
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Relações de poder e conflitos sociais
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Confrontar diferentes interpretações sobre a chegada dos europeus ao continente americano, a partir do final do século XV.

Analisar os aspectos centrais que fundamentam diferentes interpretações sobre a chegada dos europeus à América.

Interpretar mapas relacionados ao processo de exploração e dominação do continente americano pelos europeus, entre os séculos XV e XVI.

Duração das atividades
05 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

- As populações nativas do continente americano, no período anterior à chegada dos europeus.

- As transformações ocorridas nas sociedades feudais da Europa, a partir do século XI, as quais motivaram as chamadas "Grandes Navegações".

- Noções básicas de representações cartográficas do mundo atual.

Estratégias e recursos da aula

1-  Representações cartográficas do mundo no período entre os séculos XV e XVI, sob o ponto de vista dos europeus

Professor, nesta primeira aula os alunos devem ser instigados a observar como os europeus representavam, por meio de mapas, a parte do mundo que eles conheciam no século XV e como passaram a representar o mundo no século XVI, após as navegações que levaram à colonização da América. O objetivo é estimular os alunos a refletirem a respeito de fatos e produções materiais que parecem naturais, inquestionáveis, mas que sempre representam uma visão, um ponto de vista de determinado(s) grupo(s) social(is). Por exemplo, a partir da análise dos dois mapas históricos desta primeira atividade, o aluno pode concluir apressadamente que o continente americano só entrou para a história a partir do final do século XV quando foi "descoberto", reforçando o ponto de vista dos europeus de que o continente americano era, no século XV, um "mundo novo". Entretanto, o trabalho de leitura, interpretação e exploração dos mapas de Henricus Martellus e Martin Waldseemüller pode contribuir para que estas primeiras conclusões sejam problematizadas.

Mapa I - Mapa-mundi de Henricus Martellus, de 1489

Fonte:http://picasaweb.google.com/editoria.francisco/1400#5152842832889986946  

Orientações para o trabalho com o mapa 1:

a- Pedir que os alunos observem atentamente o mapa, em cada detalhe.

Atenção: é importante não adiantar aos alunos que se trata de um mapa representando o mundo, sob o ponto de vista dos europeus, no século XV. Estimule-os a levantar hipóteses a respeito do que observam na imagem.

b- Solicitar que os alunos respondam a seguinte questão: o que a imagem representa, na sua opinião? 

Professor, caso os alunos, ou pelo menos alguns deles, cheguem de imediato à conclusão de que se trata de um "mapa-mundi antigo", estimule-os a levantar hipóteses sobre quais continentes estariam representados, quais os oceanos, porque o continente no qual vivemos não está representado (ou se concluírem que está, peça que circulem no mapa a sua localização),  qual seria o século correspondente ao ano de produção do mapa, etc.

c- Dividir os alunos em grupos e orientá-los a trocar ideias a respeito das conclusões que chegaram, a partir da observação do mapa. Em seguida, cada grupo deve apresentar as suas considerações para o restante da turma. Finalmente, devem anotar no caderno as principais conclusões dos grupos, apontando pontos em comum e pontos divergentes.

d- Após a apresentação das considerações de cada grupo, informar aos alunos que a imagem representa o mapa mundi cuja produção é atribuída a Henricus Martellus. Para complementar as atividades, os alunos podem buscar informações sobre o autor. Por exemplo, no site http://www.infopedia.pt/$henricus-martellus, entre outros. 

Mapa II - Mapa-mundi de Martin Waldseemüller, de 1507

Fonte: http://www.dightonrock.com/waldseemueller.htm    

Confira, abaixo, destaque do mapa de Martin Waldseemuller no qual a denominação "América" aparece pela primeira vez.

Orientações para o trabalho com o mapa 2:

a- Pedir que os alunos observem atentamente o mapa, em cada detalhe.

b- Solicitar aos alunos que façam uma comparação entre o mapa de 1489 (de Henricus Martellus) e este mapa de 1507 (de Martin Waldssemuller), e, em seguida, respondam a seguinte questão: há diferenças entre os dois mapas? Aponte e comente cada uma delas.

Professor, estimule os alunos a observarem atentamente os detalhes de cada mapa para a comparação. Por exemplo, no mapa de Martin Waldseemuller há uma representação do continente africano mais próxima da representação atual. Há também, pela primeira vez em um mapa, uma representação do continente americano. Além disto, este é o primeiro mapa a denominar de "América" as terras do continente que habitamos. Estes são alguns dos aspectos que diferenciam os dois mapas e que podem ser observados e comentados pelos alunos.

c- Como na atividade anterior, dividir os alunos em grupos e orientá-los a trocar ideias a respeito das conclusões que chegaram, a partir da observação e da comparação entre os dois mapas.

d- Propor um debate a respeito das conclusões comuns e divergentes apontadas durante o desenvolvimento da atividade  de exploração de mapas históricos. Nesta etapa, a partir das orientações do professor, os pontos divergentes devem ser discutidos.

e- Incentivar os alunos a buscarem informações sobre o autor do mapa. Por exemplo, o site citado como fonte do mapa de Martin Waldseemüller traz outras possibilidades de exploração desta representação cartográfica, além de dados e informações a respeito da vida e da obra do autor.  

f- Finalmente, os alunos podem fazer uma comparação entre os dois mapas e o mapa mundi atual, discutindo as principais diferenças observadas entre os mapas dos séculos XV e XVI e o atual.

Problematização

O desenvolvimento desta primeira atividade coloca os alunos em contato com a representação cartográfica do mundo sob o ponto de vista dos europeus. A partir das reflexões realizadas, o professor deve orientar a reflexão para a seguinte problematização:

Os europeus desconheciam a existência do continente "americano" no século XV e só passaram a representá-lo, por meio de mapas, a partir do século XVI. Mas sabemos  que este continente já era habitado por diferentes povos. Podemos, então, falar em "descobrimento da América"?  

Professor, a proposta é buscar desconstruir a idéia de que a história do continente "americano" só teve início a partir de 1492, pois esta é uma concepção eurocêntrica da história. Portanto, se a América já era habitada quando os europeus chegaram, a problematização coloca a possibilidade de trabalho sobre diferentes interpretações relacionadas ao tema focalizado. 

2- Tema para o Seminário: Diferentes interpretações sobre a chegada dos europeus ao continente americano, a partir do final do século XV. 

O Seminário é uma atividade de grande relevância na educação escolar, particularmente em aulas de História. Por meio desta atividade é possível que os alunos exponham idéias, confrontem diferentes pensamentos e reflitam sobre os seus posicionamentos. É uma atividade na qual os alunos realizam não apenas um trabalho de seleção de fontes, leitura e interpretação, com a orientação do professor, mas também um trabalho de organização das conclusões para apresentação aos demais colegas da turma. Quando possível, o grupo pode utilizar cartazes e recursos áudio-visuais disponíveis na escola para a apresentação do texto que ficou sob a sua responsabilidade no seminário. As idéias centrais do texto, bem como as conclusões do grupo ficarão mais claras (e mais interessantes) para a turma se outros recursos, além da fala, forem utilizados, desde que o recurso ocupe apenas uma parte do tempo destinado à apresentação e a discussão do tema não fique prejudicada.

Orientações:

1- Dividir os alunos em três grupos, sendo que cada grupo ficará responsável pela discussão de uma interpretação a respeito da chegada dos europeus na "América". Afinal, devemos falar em descobrimento, encontro ou invasão?

Grupo 1- Deverá selecionar, sob a orientação do professor, fontes escritas e iconográficas, as quais tragam, explícita ou implicitamente, a defesa da idéia do "descobrimento da América" pelos europeus, como por exemplo, textos do Diário de Cristóvão Colombo ou as Cartas de Américo Vespúcio. Podem também recorrer à cartografia do século XVI, como por exemplo o mapa   de 1573, de Vaz Dourado, no qual o continente americano aparece com a legenda "Mundus Novus". Confira, abaixo, o mapa:

Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa61.htm 

O mapa traz a perspectiva de que nascia um novo continente, o "Mundus Novus" pertencente à Espanha e à Portugal, conforme atestam os símbolos distribuídos na representação, indicando a parte do território sob o poder de cada Estado Nacional.

Outras sugestões de fontes que podem ser consultadas pelo grupo1 encontram-se nos sites e livros abaixo indicados:

http://super.abril.com.br/ciencia/diarios-descoberta-america-445947.shtml 

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/2007/07/09/000.htm 

COLOMBO, Cristóvão. Diários da Descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1998. 200p.

VESPÚCIO, Américo. Novo Mundo – As cartas que batizaram a América. São Paulo: Planeta do Brasil, 2003.

Grupo 2 - O grupo deverá selecionar, sob a orientação do professor, fontes que questionem a idéia do "descobrimento da América", como por exemplo, relatos de povos que viviam na América à epoca da chegada dos europeus, mapas que apresentam a diversidade de povos que habitavam o continente. Não se trata, para este grupo, de opor a interpretação do descobrimento da América pelos europeus a outras interpretações que falam de descobridores chineses ou vikings, por exemplo. Trata-se de colocar em questão a própria idéia de descobrimento. Portanto, questionar a idéia de descobrimento significa trazer à tona a história dos primeiros agrupamentos humanos que ocuparam o continente e a história dos diferentes povos que o constituíam nos séculos em que esses supostos "descobridores" chegaram até aqui. Comumente, estas interpretações apontam para a defesa da idéia de invasão da América pelos europeus.

Sugestões de fontes que podem ser exploradas pelo grupo 2:

http://www.anovademocracia.com.br/no-56/2350-o-capital-e-o-ataque-aos-indios-das-americas 

VINCENT, Bernard. 1492; descoberta ou invasão? Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 1992

Grupo 3 - O grupo deverá selecionar fontes que possibilitem uma reflexão sobre a idéia de um encontro de culturas no processo de ocupação européia no continente batizado de América. É possível falar em encontro de culturas? O que aconteceu com as línguas faladas no continente? E as religiões/crenças dos nativos, foram respeitadas? Como ficaram os costumes, tradições, visões de mundo, práticas sociais dos povos indígenas após a chegada dos europeus? Houve investida européia para submeter os nativos à sua cultura? Ou aconteceu uma integração entre as diferentes culturas?

Sugestões de fontes que podem ser exploradas pelo grupo 3:

VAINFAS, Ronaldo. América 1492: Encontro ou desencontro?. Rio de Janeiro: Ed. Ao Livro Técnico, 1993.

www.arqueologiamericana.com.br 

http://historia.abril.com.br/cotidiano/brasil-ja-teve-mais-mil-linguas-434589.shtml 

Atenção! As fontes citadas são sugestões, mas os grupos não devem ficar restritos a elas. É importante estimular os alunos a buscarem outras fontes pertinentes ao seu tema no seminário, pois o trabalho de seleção é fundamental para o desenvolvimento da capacidade crítica e investigativa dos alunos.

3- Debate

O professor poderá encerrar a atividade proposta com a leitura e debate de um interessante texto do autor José Murilo de Carvalho, publicado na folha online em 03/10/1999. O texto intitula-se "O encobrimento do Brasil", mas a reflexão do autor propicia não apenas uma discussão específica a respeito da idéia do descobrimento do Brasil, mas, de forma abrangente, a respeito da idéia de descobrimento da América. Abaixo, um excerto do texto:

"Em 1992, por ocasião dos 500 anos da viagem de Colombo, houve intenso e extenso debate nas Américas e na Europa sobre o vocabulário adequado para descrever a chegada dos europeus ao continente. Uma crítica devastadora foi então feita ao uso da palavra "descobrimento", ou "descoberta", por representar um insuportável etnocentrismo europeu. De fato, só foi descobrimento para os europeus. Aqui viviam, em 1492, cerca de 50 milhões de habitantes, não muito menos que a população da Europa. A Cidade do México, capital do império asteca, tinha 200 mil habitantes, mais talvez do que qualquer cidade européia. Paris tinha na época cerca de 150 mil.Falar em "descobrimento", argumentou-se, implicava dizer que essas gentes e civilizações só tinham passado a ter existência real após a chegada dos europeus. Implicava ainda dar um tom falsamente neutro a um processo que foi violento e genocida".

Confira o texto completo em: http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/dc_6_4.htm  

No debate, o professor deve orientar os alunos para uma discussão a respeito dos conceitos de etnocentrismo e genocídio, os quais são fundamentais para se compreender porque a palavra descobrimento é utilizada para nomear a chegada dos europeus à "América" em 1492.

4- Produção de Texto dissertativo

Após o desenvolvimento das atividades 1, 2 e 3, o professor deverá orientar os alunos para uma produção de texto, no qual sintetizem as suas conclusões a respeito das questões abordadas. Para tanto, poderá colocar a seguinte questão: A partir das nossas discussões, qual é a interpretação mais consistente historicamente, na sua avaliação? Afinal, a chegada dos europeus no final do século XV deve ser interpretada como descobrimento, encontro ou invasão?

Atenção, professor!

A temática proposta para as aulas poderá ser trabalhada conjuntamente com o professor da Área de Língua Portuguesa, o qual auxiliará os alunos na produção de texto, orientando-os acerca das características fundamentais do tipo de texto solicitado (dissertativo). Outra contribuição importante pode vir da Área de Geografia, nas reflexões relacionadas às representações cartográficas do mundo, para uma análise comparativa entre os mapas históricos trabalhados na aula e os mapas atuais, bem como para uma discussão conceitual sobre os elementos centrais da cartografia como representação gráfica da superfície terrestre.

Recursos Complementares

Para aprofundar a discussão a respeito do questionamento à idéia de descobrimento da América pelos europeus, confira as atividades propostas na aula intitulada: A conquista da América sob o ponto de vista das populações nativas, no portal do professor.

Confira o artigo da Revista Superinteressante a respeito dos mapas de Martin Waldseemuller e Henricus Martellus. Acesse: http://www.casamericalatina.pt/fotos/editor2/superinteressante/si145_maio2010_america.pdf     

Para uma discussão específica a respeito da idéia de descobrimento do Brasil, como assunto relacionado à temática geral da aula, sugira aos alunos as seguintes leituras:

1- Texto: A outra história do descobrimento do Brasil, de Carlos Fausto. Acesse: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/revista/revista-chc-2000/101/500-anos-de-historia-para-contar/a-outra-historia-do-descobrimento-do-brasil 

2- Livro: PREZIA, Benedito. Terra à vista: descobrimento ou invasão? São Paulo: Moderna, 2000. Confira as atividades propostas para o trabalho com o livro no seguinte endereço: http://www.moderna.com.br/catalogo/encartes/85-16-03151-9.pdf 

 

Avaliação

A ação avaliativa deve permear toda a prática pedagógica do professor fornecendo-lhe, constantemente, elementos que lhe possibilitem auxiliar o estudante no seu desenvolvimento. Desta maneira, o professor poderá avaliar os alunos a cada etapa do trabalho, por meio das atividades de leitura, interpretação de mapas, textos e fontes iconográficas diversas, debates e seminário.Também poderá avaliar os alunos a partir das conclusões registradas no caderno e da produção de texto dissertativo abordando o posicionamento dos alunos a respeito das questões discutidas nas aulas. A avaliação deve permitir ao professor observar se os objetivos propostos para a aula foram efetivamente alcançados pelos alunos.

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 4 classificações

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