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O diálogo intergêneros: artigo de opinião e cartas de leitor no domínio discursivo jornalístico

 

21/09/2010

Autor e Coautor(es)
Marilene de Mattos Salles
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Língua Portuguesa Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O aluno relembrará aspectos dos gêneros ‘artigo de opinião’ e ‘carta de leitor’, especialmente os componentes argumentativos da posição (opinião ou tese), sustentação e disputa (refutação), verificando e discutindo a interrelação eles. Também lhe será apresentado o conceito de domínio discursivo

Duração das atividades
4 a 5 horas/aula
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Aulas elaboradas para alunos do 1° ano do ensino médio, que já tenham um conhecimento, mesmo que razoável, dos gêneros ‘artigo de opinião’ e ‘cartas de leitor’.

Estratégias e recursos da aula

Aulas 1 e 2  

 Professor: conduza seus alunos ao laboratório de informática. Inicie a aula, de forma bem lúdica, solicitando que eles entrem nos endereços indicados para visualizarem alguns “textos”. Inicialmente, permita que eles se manifestem sobre o que veem. Em seguida, a cada endereço acessado, teça alguns comentários sobre os “textos” selecionados. Peça a eles que tentem explicar por que você está se referindo a todas as seleções feitas como “textos”.

Professor: para seu embasamento, leia um breve fichamento abaixo sobre a noção de texto.

O TEXTO  

- Texto vem do verbo tecer: é o entrelaçamento de linhas, no caso as orações, os períodos.

- O texto enquanto tecido de signos repetidos numa cadência regular expressa a relação do homem com as realidades e dos homens entre si. Então tem de ser visto e relacionado a três referentes: o homem, a realidade, a expressão.

- O texto não se limita ao escrito, implicando sobretudo o oral. E vai mais longe: uma fotografia, uma estátua, um instrumento, etc., é um texto, na medida em que expressa uma relação do homem com o real.                  

(HILL, Telênia. As manifestações artísticas. In: SAMUEL, Rogel (Org.). Manual de teoria literária. Petrópolis: Vozes, 1997. p. 31-32.)

a) Professor: nessa primeira imagem, você poderá falar brevemente sobre o artista.

http://www.swissinfo.ch/por/multimidia/galeria_fotos/Entre_o_ceu_e_a_terra.html?cid=844414&WT.mc_id=POR_adw_vangogh 

b) Aqui, você poderá conversar sobre as preferências de filmes.  

http://cinema.uol.com.br/ultnot/reuters/2010/09/09/em-amor-a-distancia-sentimento-nao-tem-data-do-fim.jhtm 

SÃO PAULO - O gênero da comédia romântica é invariavelmente visto com certo desdém, seja pela crítica especializada, seja para o público mais afeito ao cinema de arte. Com fórmulas repetidas à exaustão e previsíveis, essas produções fazem crer que há uma certa falta de originalidade por parte dos estúdios, a começar pelos norte-americanos. "Amor à Distância", que estreia na sexta-feira, estrelado por Drew Barrymore (de "As Panteras") e Justin Long (de "Arraste-me para o Inferno"), não foge muito a essas constatações. No entanto, nesse filme dirigido por Nanette Burstein (do documentário "O Show não Pode Parar") o sabido desfecho e os diálogos manjados são apenas detalhes de uma história bem contada. Erin (Barrymore) é uma estudante de jornalismo, que passa suas férias de verão em Nova York como estagiária do jornal New York Sentinel. Já Garrett (Long) trabalha como agente de bandas das quais não gosta, em uma empresa que promove novos talentos. Quando o rapaz termina seu namoro e corre a um bar em busca de consolo com seus amigos, conhece Erin. A paixão é instantânea, como diz a regra. No entanto, como a moça precisa voltar para San Francisco, no outro lado do país, eles decidem que o relacionamento terá uma data de vencimento. Como o amor fala mais alto, no final das seis semanas, o casal se encontra com todas as dificuldades e melindres de se levar um relacionamento à distancia.   

c) Nesse endereço, os alunos poderão se divertir com uma propaganda antiga. Chame a atenção para a atriz, muito famosa nos anos 50. E para a ortografia (êle, estrêla), pois na época se usava o acento diferencial, diferenciando-se de ele, nome da letra; estrela, do verbo estrelar.

http://www.propagandasantigas.blogger.com.br/ 

d) A leitura desse texto poderá ser mais detida, pois é o objeto principal da aula.

http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/35_RICARDO+AMORIM  

A volta da esperança

Ao contrário do que se pensa nas grandes cidades, os índices de violência estão caindo, graças à demografia e ao desenvolvimento do País.

Com a atuação da Seleção de Mano Menezes em sua estreia, você pode imaginar que esta coluna se refere às nossas chances de ganhar a Copa de 2014. Não é o caso. O assunto é bem mais sério: a criminalidade vem despencando em alguns locais do País. Não, você não leu errado. Efetivamente, nos últimos dez anos, em algumas cidades e Estados importantes, a violência vem diminuindo, ao contrário de nossa percepção, fortemente influenciada por algumas manchetes bombásticas, como a do caso do goleiro Bruno.

Você deve estar pensando que apenas desistimos de dar queixa de roubos e furtos, pois nossas esperanças de reaver o bem roubado são menores do que a popularidade do Dunga. No entanto, nos últimos anos, nenhum outro indicador de violência mostrou queda mais marcante do que o número de assassinatos. A menos que não estejamos registrando nem os mortos...

Talvez um dos locais onde este fenômeno – não me refiro ao craque gorducho do Corinthians – seja mais marcante é a maior cidade do País, São Paulo. Em junho, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes caiu abaixo de nove, 18% menos do que um ano antes. Em relação aos mais de 64 mortos em cada 100 mil paulistanos no ano de 1999, a queda foi de mais de 85%. Há dez anos, um habitante de São Paulo tinha 600% mais chance de ser assassinado do que um de Nova York.  Hoje, a probabilidade é menos de 50% superior à americana.

Em todo o Estado de São Paulo, a taxa de assassinatos também ficou abaixo de nove por 100 mil habitantes, 70% inferior aos níveis de 1999, poupando 48.674 vidas desde então. No caso das mulheres, a violência caiu a níveis menores ainda. Em mais da metade dos cerca de 2.400 municípios brasileiros nenhuma mulher foi assassinada nos últimos cinco anos.

Por que a redução dos homicídios? Há razões específicas, como a melhoria do aparelhamento policial, o fechamento de bares e a proibição da venda de bebidas em determinados horários. Há também razões econômicas e demográficas. O bom desempenho e a forte geração de empregos têm reduzido a oferta de “mão de obra” para a criminalidade. Nos últimos dez anos, o número de empregos com carteira assinada no Brasil aumentou em mais de 11 milhões. Mais trabalho, menos crime.

O Norte, o Nordeste, o Centro-Oeste e o interior vêm crescendo mais do que o restante do País por causa dos programas de governo e do desempenho excepcional do agronegócio. Com isso, o fluxo migratório inverteu-se. Os grandes centros urbanos do Sul e do Sudeste começaram a desinchar e a violência a cair, ainda que às vezes sendo exportada para outros lugares.

Finalmente, em virtude da queda da taxa de natalidade, a parcela da população entre 15 e 25 anos – as maiores vítimas e algozes da violência – começou a se reduzir. Esta foi a principal razão da queda dos assassinatos nos Estados Unidos e na Europa nas duas últimas décadas. No Brasil, onde a taxa de natalidade demorou mais a cair, o impacto levou uma década a mais para chegar, mas chegou.

Com a demografia e a economia jogando a favor, é provável que a violência continue em queda. Pode respirar aliviado. A chance de, em 2014, você comemorar o título do time de Neymar e companhia é bem maior do que de ser assassinado.                                                                            

(Revista ISTOÉ, 25/8/2010)

(Ricardo Amorim é economista, apresentador do "Manhattan Connection" (GNT) e do  "Economia e Negócios" (Rede Eldorado) e presidente da Ricam Consultoria.)

Professor: após os comentários gerais, solicite aos alunos que identifiquem os gêneros apresentados em ‘b’, ‘c’ e ‘d’.  Explicite que na próxima aula vocês farão uma recordação sobre componentes argumentativos em artigo de opinião e cartas de leitor.

Aulas 2 e 3   

Professor: distribua cópias do texto A volta da esperança, de Ricardo Amorim, assim como as cópias dos e-mails abaixo. (Atenção: os textos foram reproduzidos como se encontram no site).     

Marcelo

EM 03/09/2010 17:58:48

Abaixo de 10 por cem mil habitantes deixa de ser violencia endemica e vira patamar de 1o mundo. A queda da criminalidade eh devido ao crescimento economico, sim, mas muito em parte devido a mudanca da estrategia da policia em eliminar focos de concentracao de violencia (favelas) como nos EUA.

Jonathan

EM 28/08/2010 02:59:02

Excelente artigo, direto, lúcido e bem fundamentado. Parabéns! Enfim, jornalismo!   

Robson

EM 26/08/2010 18:18:13

é muiiiiiito fraco esse sujeito. todas as colunas que li ate agora foram péssimas.   

Rogerio Aro

EM 24/08/2010 21:36:19

Acho que você não mora no Rio de Janeiro!   

Luciane Lins

EM 23/08/2010 11:48:28

Essa postura de não poder haver um elogio à economia do país por estarmos em época de eleição é um pouco exagerada. Principalmente porque, caso o elogio fosse centralizado ao estado de SP haveria críticas dos petistas e os pró serra estariam em pleno acordo com tais dados.   

Paulinho

EM 22/08/2010 15:52:11

Tá bom vai!! Agora manda a gente votar no Lula, ou melhor, na Dilma...   

Marco

EM 22/08/2010 14:04:14

Que bom que o colunista aparecesse aqui em Guaíra, Foz do Iguaçú, Londrina ou Curitiba, cidades paranaenses. Vem passar uma temporada aqui para você ver como a criminalidade diminuiu. Esta matéria parece mais aquela cantilena petista de que todos os problemas neztepaís foram resolvidos!   

Markus C.

EM 22/08/2010 02:14:31

Acredito que poderia estar diminuindo mais. Por exemplo, se o governo federal impedisse entrada de armas e drogas em nosso país e se discutíssemos a legalização das drogas. Pela forma que você escreve, parece que o governo estadual de São Paulo quase nada fez para contribuir com a diminuição.   

Marcos Gomes

EM 21/08/2010 12:15:44

Sou policial e com exceção de São Paulo, digo que a violência explode Brasil afora: chamo isso de Geração Perdida do Estatuto da Criança e do Adolescente, onde eles ficam até os 18 na impunidade, depois viram adultos sem limites. O NE vai terminar o ano com mais homicídios que o Iraque!!   

Cecilia Kremer

EM 25/08/2010 17:06:43

Parabéns Ricardo pela coragem de escrever com tom positivo! Pelos comentários, dá pra ver o quanto é difícil acreditar em coisas boas nesse país - mesmo no cenário econômico atual. Precisamos de mais pessoas como você para enfrentar a fracassomania imperante. Obrigada!

Em seguida, diga aos alunos que vocês farão a releitura do artigo de opinião, mas, desta vez, o objetivo é identificar a tese do autor e os argumentos.   Coloque no quadro as seguintes informações de caráter teórico. Caso seja necessário, reformule de acordo com o perfil da turma.

Componentes da argumentação   

POSIÇÃO: idéia (conteúdo proposicional) + compromisso (alinhamento ou adesão)   

- Expressa a opinião, tese ou ponto de vista do enunciador, sendo composta por uma ideia (informação, conteúdo proposicional) e pelo compromisso (atitudes que o enunciador pode assumir, seu grau de alinhamento ou adesão com aquela ‘ideia’.)   

SUSTENTAÇÃO: componente destinado a apoiar a posição de um enunciador ou de dois enunciadores em caso de DISPUTA, quando se apresentam argumentos baseados em justificativas e evidências (exemplos, dados estatísticos ou testemunhos).   

DISPUTA: refere-se a um desacordo em relação a uma posição ou à sua sustentação.

Transmutação de gêneros   

Professor: nesse momento da aula é  também conveniente esclarecer aos alunos que as cartas de leitor que irão analisar, na verdade, são e-mails. Ocorre que o gênero e-mail está entre os gêneros emergentes e, estes, nos termos de Marcuschi,  “não são inovações absolutas, quais criações  ab ovo, sem uma ancoragem em outros gêneros já existentes”. Acrescenta o linguista que “o fato já fora notado por Bakhtin [1997] que falava na ‘transmutação’ dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro gerando novos”.  

Domínio discursivo   

Os gêneros artigo de opinião e cartas de leitor (e-mails) estudados nesta aula pertencem ao domínio discursivo jornalístico. O que é isso? Segundo Marcuschi, usamos a expressão domínio discursivo para designar uma esfera de produção discursiva ou de atividade humana. Esses domínios não são textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discursos bastante específicos. Assim, falamos em discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso, etc..

Professor: feitas as considerações teóricas, comece a releitura e vá anotando no quadro a POSIÇÃO (opinião, tese) defendida por Ricardo Amorim em seu artigo de opinião e a SUSTENTAÇÃO (argumentos apresentados), após ouvir as sugestões dos alunos.  

Respostas:

POSIÇÃO 

A tese defendida por ele é que “a criminalidade vem despencado em alguns locais do País. A tese é reiterada quando ele diz que “efetivamente, nos últimos dez anos, em algumas cidades e estados importantes, a violência vem diminuindo”. O grau de adesão  com essa ideia é máximo, já que ele procura convencer o leitor com inserções como “Não, você não leu errado”; também dizendo que “a nossa percepção [de que as coisas estão ruins] está fortemente influenciada por algumas manchetes”, exemplificando com o caso do goleiro Bruno. (Observe os modalizadores ‘efetivamente’ e ‘fortemente’, forma de marcar adesão máxima ao conteúdo proposicional. Sobre modalização, consulte a aula “A modalização em um artigo de opinião”).    

SUSTENTAÇÃO 

Ricardo Amorim sustenta sua posição (tese /ponto de vista) com os seguintes argumentos: - Dados estatísticos: na cidade de São Paulo a taxa de homicídios por 100 mil habitantes caiu abaixo de nove, 18% a menos  que um ano antes; houve queda de 85% em relação a 1999; há dez anos, um habitante tinha 600% mais chance de ser assassinado do que em Nova York e hoje a probabilidade é menos de 50%.

- Dados estatísticos: no estado de São Paulo a taxa também ficou abaixo de nove por 100 mil habitantes, 70% inferior aos níveis de 1999. Queda também na violência contra as mulheres.   

- Causas da redução de homicídios:

- aparelhamento policial, fechamento de bares, proibição da venda de bebidas;

- razões econômicas (geração de empregos);

- razões demográficas: inversão do fluxo migratório nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e no interior, graças ao agronegócio, desinchando os grandes centros urbanos do Sudeste e do Sul; e queda da taxa de natalidade, que reduziu a parcela da população entre 15 e 25 anos – as maiores  vítimas e algozes da violência.   

Professor: na sequência, divida a turma em duplas e solicite que leiam os e-mails. Se julgar conveniente peça que façam as correções gramaticais.   

Atividade (para ser feita por escrito e entregue ao professor para correção)   

Leia os e-mails encaminhados ao site da Revista ISTOE. Identifique aqueles que se alinham com a posição do autor e aqueles que discordam dela. Em seguida, responda:

a) Quais apenas elogiam a posição do articulista?

b) Entre os que se alinham, quais oferecem argumentos extras?

c) Analisando os e-mails sob o olhar da DISPUTA, quais leitores discordam do articulista e por quê? Levante os motivos de cada um deles. Se possível, apresente a POSIÇÃO (tese) contrária e os argumentos (SUSTENTAÇÃO).

Recursos Complementares

Sugere-se a leitura de MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. IN: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

Avaliação

Avaliação ( deverá ser feita em dupla)

Professor: selecione no máximo dois artigos de opinião para essa avaliação. Você poderá fazer a seleção em sites de revistas, jornais, blogs, etc. Vá com os alunos ao laboratório de informática.

Todos deverão ler os dois textos e escolher aquele com o qual mais se identificarem. A atividade é a seguinte:   

Leiam e discutam o artigo, posicionando-se contra ou a favor. Selecione alguns argumentos para sustentar a sua posição. Em seguida, REDIJAM UM E-MAIL ao articulista. Todos os textos serão verificados pelo professor. Aqueles que, de fato, quiserem poderão postá-los nos sites da revista (na página do autor).

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