14/01/2011
Eliana Dias
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: modos de organização dos discursos |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Linguagem escrita: leitura e produção de textos |
Reconhecer os diferentes textos como gêneros textuais /discursivos.
Disponível em:
http://deargumentar.blogspot.com/2007/11/xx_30.html
Para que haja apropriação de diferentes gêneros discursivos como habilidade de uso da língua falada e escrita por parte do aluno aluno, em situações diversas de comunicação, é fundamental o trabalho com gêneros em sala de aula no ensino- aprendizagem da língua, visto que, em nosso dia-a-dia, deparamo-nos com uma infinidade de discursos por meio dos quais nos comunicamos e interagimos.
Conhecer as características, a forma, a materialidade dos gêneros contribui de forma efetiva para a formação de sujeitos atores/agentes na sociedade, conscientes da sua cidadania e com meios para manifestá-la criticamente.
Aula 01 (50 minutos cada)
Atividade
Como ponto de partida´para estudo do conteúdo, o professor deverá exibir para os alunos o vídeo abaixo sobre gêneros textuais.
Vídeo: Gêneros textuais
http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk&feature=related
2. Após a exibição do vídeo, o professor deverá dispor os alunos em círculo e perguntar a eles:
a. O que são gêneros textuais /discursivos?
b. Por que os gêneros são importantes ferramentas para o ensino da língua?
c. O que são gêneros primários e secundários?
d. Cabe à escola ensinar os gêneros secundários. Por quê?
Aula 02 (50 minutos)
Atividade
I - O professor deverá reproduzir para os alunos a cópia dos textos: “O padeiro”- de Rubem Braga; “O lobo e o cordeiro” - de Monteiro lobato; e “Uma ideia toda azul” de Marina Colasanti.
Texto 01
O padeiro
Disponível em:
http://singrandohorizontes.wordpress.com/2009/12/04/rubem-braga-o-padeiro/
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento, ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:
- Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?
"Então você não é ninguém?"
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!"
E assobiava pelas escadas.
Texto extraído do livro:
Para gostar de ler, Vol I - Crônicas. Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. 12ª Edição.
Editora Ática . São Paulo. 1989. p.63.
Disponível em:
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/cronicas/rubembraga.htm
Texto 02
O lobo e o cordeiro
Disponível em:
http://trapichedosoutros.blogspot.com/2010/05/o-lobo-e-o-cordeiro-de-la-fontaine.html
Estava o cordeiro a beber água num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado, de horrendo aspecto.
─ Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? ─ disse o monstro, arreganhando os dentes.
─ Espere que vou castigar tamanha má-criação!...
O cordeirinho, trêmulo de medo, respondeu com inocência:
─ Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor para mim?
Era verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta, mas não deu o rabo a torcer.
─ Além disso ─ inventou ele ─ sei que você andou falando mal de mim no ano passado.
─ Como poderia falar mal do senhor o ano passado, se nasci este ano?
Novamente confundido pela voz da inocência, o lobo insistiu:
─ Se não foi você foi seu irmão mais velho, o que dá no mesmo.
─ Como poderia ser seu irmão mais velho, se sou filho único?
O lobo, furioso, vendo que com razões claras não venceria o pobrezinho, veio com razão de lobo faminto:
─ Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô!
E ─ nhoque ─ sangrou-o no pescoço.
Contra a força não há argumentos.
Monteiro Lobato
Disponível em:
http://piquiri.blogspot.com/2006/10/o-lobo-e-o-cordeiro.html
Texto 03
Uma ideia toda azul
Marina Colasanti
Disponível em:
http://alcoolgel.wordpress.com/2010/02/10/ideias-para-fora-das-gavetas-ja/
Um dia o rei teve uma ideia. Era a primeira da vida toda e, tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com alegria, linda ideia dele toda azul.
Brincaram até o rei adormecer encostado numa árvore.
Foi acordar tateando a coroa e procurando a ideia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a ideia poderia ter chamado a atenção de alguém. Bastaria esse alguém pegá-la e levá-la. É tão fácil roubar uma ideia! Quem jamais saberia que já tinha dono?
Com a ideia escondida debaixo do manto, o rei voltou para o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos se fecharam, ele saiu dos seus aposentos, atravessou salões, desceu escadas, subiu degraus, até chegar ao corredor das salas do tempo. Portas fechadas e o silêncio. Que sala escolher? Diante de cada porta o rei parava, pensava e seguia adiante. Até chegar à sala do sono. Abriu. Na sala acolchoada, os pés do rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gases, cortinas e véus pendurados como teias. Sala de quase escuro, sempre igual. O rei deitou a ideia adormecida na cama de marfim, baixou o cortinado, saiu e trancou a porta.
A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela.
O tempo correu seus anos. Ideias o rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. Envelhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais que mentiam a verdade. Apenas sentia-se mais triste e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins.
Só os ministros viam a velhice do rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descansar, e o libertaram do manto.
Posta a coroa sobre a almofada, o rei logo levou a mão à corrente.
Ninguém mais se ocupa de mim – dizia, atravessando salões, descendo escadas a caminho da sala do tempo. Ninguém mais me olha – dizia. Agora, posso buscar minha linda idéia e guardá-la só para mim.
Abriu a porta, levantou o cortinado.
Na cama de marfim, a ideia dormia azul como naquele dia.
Como naquele dia, jovem, tão jovem, uma ideia menina. E linda. Mas o rei não era mais o rei daquele dia. Entre ele e a ideia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na sala do sono. Seus olhos não viam na ideia a mesma graça. Brincar não queria, nem rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia.
Sentado na beira da cama o rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tristeza.
Depois, baixou o cortinado e, deixando a ideia adormecida, fechou para sempre a porta.
Moral: ideia não é para ficar adormecida, mas para ser realizada, sob pena de se perder.
(Extraído da obra de mesmo nome, Editora Global)
Disponível em:
http://www.arazao.net/uma-ideia-toda-azul.htmlleitura
II – A leitura dos textos deverá ser feita pelo professor. A seguir, em dupla, os alunos deverão responder às questões propostas sobre os textos.
Sobre a crônica “O padeiro”
1. O texto “ O padeiro” é uma crônica. Esse gênero, originalmente, era escrito para ser publicado em um jornal que é um veículo diário de informação. Assim como o repórter, o cronista se alimenta dos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica.
Qual é o fato do cotidiano do narrador que deu origem à crônica?
2. A crônica o padeiro trata-se de uma narrativa mais estática, já que a principal atitude do narrador-personagem é refletir a respeito do padeiro que havia conhecido.
Retire do texto uma passagem que comprove a afirmação acima.
3. Explique a expressão “greve do pão dormido”, usada no texto.
4. Por que o entregador dizia que não era ninguém quando batia à porta das casa das pessoas para deixar o pão?
5. A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal sobre um determinado assunto.
O narrador considera-se mais ou menos importante do que o padeiro? Por que você acha que ele pensa de tal forma?
6. Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Transcreva uma passagem do texto que comprove a afirmação acima.
7. Retome as questões anteriores, discuta com seus colegas e responda: quais são as características do gênero discursivo crônica?
Sobre a fábula "O lobo e o cordeiro"
1. O texto “O lobo e o cordeiro é uma fábula . Esse gênero discursivo caracteriza por apresentar como personagens animais que possuem características humanas e uma lição de moral na conclusão da história.
Quais são as características humanas apresentadas pelo lobo e o cordeiro?
2. Enumere os argumentos usados pelo lobo para justificar o castigo imposto ao cordeiro.
3. Explique o que você entendeu da moral da história: contra a força não há argumentos.
4. Em uma fábula faz-se uma analogia entre a realidade humana e a situação vivida pelas personagens, com o objetivo de ensinar algo ou provar alguma verdade estabelecida (lição moral).
Explique a analogia que há na fábula “o lobo e o cordeiro”.
5. Discuta com seu colega e responda: quais são as características do gênero discursivo fábula?
Sobre o conto “Uma ideia toda azul”
1. Um conto é o relato de fatos fictícios. Em geral, apresenta uma situação inicial, um conflito, o clímax – ponto mais importante da história – e o desfecho que é a construção de uma nova situação.
O texto de Marina Colasanti pode ser considerado um relato de fatos fictícios? Justifique sua resposta.
2. Identifique no texto, as partes que compõem o enredo do conto.
3. Qual é o fato que ocorre e quebra a situação inicial, estabelecendo o conflito?
4. O tempo muda tudo e todos. Que ensinamento positivo pode-se aprender com a leitura do texto?
5. Discuta com seu colega e responda: quais são as características do gênero discursivo conto?
III – Comparando gêneros
Todos os gêneros analisados – crônica, fábula e conto – pertencem à ordem do narrar, apresentando, portanto, características em comum.
a. Quais são essas características?
b. Em que esses gêneros diferenciam?
Aula 03 (50 minutos)
Atividade
Disponível em:
http://www.uniblog.com.br/voceatualizado/
Nessa aula, o professor deverá corrigir as atividades sobre os textos, ouvindo os alunos e esclarecendo as suas dúvidas.
Aula 04 (50 minutos)
Atividade
Disponível em:
http://terceiroano3.wordpress.com/tag/conjuncoes/
O professor deverá solicitar aos alunos que, em grupo, montem um painel comparando os gêneros discursivos estudados fazendo um levantamento das características formais e funcionais de cada um dos gêneros: crônica, fábula e conto. Deverão ser apontadas as semelhanças e as diferenças que há entre esses gêneros pertencentes à ordem do narrar.
Observação:
O professor deverá disponibilizar para os alunos o material necessário para a montagem do painel: cartolina, pincel, tesoura e cola.
Para apresentar a distinção entre tipo de texto e gênero textual /discursivo, o professor poderá exibir para os alunos os vídeos seguintea:
Vídeo: Redação – Tipos de Texto – 1 - 2
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=VB6qxRkE03U&feature=related
Vídeo: Redação – Tipos de Texto – 2-2
Disponível em:
Os alunos serão avaliados coletivamente durante a realização das atividades de análise dos gêneros discursivos – crônica, fábula e conto - e, também, por meio da montagem de um painel comparando os gêneros analisados.
Três estrelas 3 classificações
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05/06/2012
Duas estrelasAula para educação básica? Como se pode bombardear os alunos assim de uma só vez com tantos gêneros ou tipos textuais? Cada gênero ou tipo textual necessita de um trabalho sistemático (não aligeirado) de imersão e de produção em sala de aula para que seja melhor compreendido e "absorvido" pelos alunos! Fazer um "patê" de gêneros para os alunos e em tão pouco tempo de abordagem pode não ser muito efetivo no que concerne à aprendizagem. Talvez até cause confusão na cabeça do aluno!
29/07/2011
Quatro estrelasSão de aulas como estas que nossos alunos precisam. Parabéns!!!!!
09/02/2011
Cinco estrelasAdorei! Para quem acumula cargo, como eu, é muito bom ter à mão, um material diversificado sobre os gêneros textuais.