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Histórias natalinas - Espaços e tempos diferentes para um mesmo tema.

 

24/02/2011

Autor e Coautor(es)
MARIA LUCIA BRANDAO DOS SANTOS
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RIO DE JANEIRO - RJ COL DE APLIC DA UNIV FED DO RIO DE JANEIRO

Célia Brito

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Língua escrita: prática de produção de textos
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Análise e reflexão sobre a língua
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Ortografia
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  1. Caracterizar quanto ao ambiente e ao tempo o contexto de cada história natalina.
  2. Organizar numa sequência lógica os fatos de cada história.
  3. Identificar semelhanças e diferenças no enredo das histórias lidas.
  4. Realizar uma análise do texto em sua forma original com a finalidade dos alunos perceberem as mudanças de acentuação através dos tempos, havendo, inclusive, momentos de reflexão sobre isto durante a aula proposta.
Duração das atividades
3 aulas de 50 min.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Ordenação de fatos de histórias lidas ou ouvidas.

Estratégias e recursos da aula

1° momento:

 

 

       O professor apresenta à turma um cartaz com a reprodução da folha de rosto do livro de onde foi retirada a história que será contada.

                                                                                                            Fonte da imagem: (scaneada).

 

       A turma observa o cartaz, e com a orientação do professor, identifica dados que mostram a época em que foi escrito o livro, a ortografia da época e palavras e expressões interessantes, curiosas, ricas para reflexões:

  • Por que as histórias deste livro são um "tesouro" maravilhoso do Papai Noel?
  • Será que é correto afirmar que existe livro só para crianças?
  • O que serão histórias acomodadas às crianças brasileiras?
  • Que palavra está escrita de forma diferente de como a escrevemos hoje?

 

"Noél"

 

       O professor, então, lê com a turma a história "Rosabela e Julião".

       Fonte da história e imagens (scaneadas) retirada do livro: A Árvore de Natal. Coleção Biblioteca Infantil da livraria Quaresma.-Tycho Brahe. 1954- RJ

      Observação: texto sem correções ortográficas, mantida sua forma original com a finalidade dos alunos perceberem as mudanças de acentuação através dos tempos, havendo, inclusive, momentos de reflexão sobre isto durante a aula realizada..

      Observação: A Livraria Quaresma foi uma livraria e editora fundada por Pedro da Silva Quaresma em 1879 no Rio de Janeiro, tendo como predecessora a Livraria do Povo e tendo seu encerramento em 1951. Hoje em dia, este livro é encontrado em sebos ou nas Bibliotecas de colecionadores de livros raros.

 ROSABELA E JULIÃO

 

       ERA véspera de Natal num dêsses países onde, em dezembro, a neve branqueia tudo.

      A igreja da cidade estava repleta de fiéis que iam assistir à missa de Natal. Entre êles, se achava Rosabela, uma das lindas donzelas daquela terra.

       Era uma formosa criança de quatorze anos, muito interessante e encantadora. suas mãos delicadas seguravam de leve o livro da missa, de madrepérola e ouro.

       Junto dela estava um rapazinho, da mesma idade, e que tinha ao lado um cachorrinho muito preto.

       Acabava Rosabela de se ajoelhar, quando o livro de orações caiu-lhe das mãos. O rapazinho pegou-o ràpidamente e entregou-a à moça.

       A mãe desta, rezando fervorosamente, nem vira o pequeno incidente.

       Rosabela, orando dizia:

       - Meu Deus, fazei com que haja bastante neve, pois gosto de ver os caminhos alvos e endurecidos de gelo. Fazei com que haja muitos presentes para mim, amanhã, nos meus sapatos.

       O rapazinho, a seu turno, implorava:

       - Permití, Jesús que não faça neve nem vento forte, pois a cabana de mamãe não resistirá e se ela cair não sei que será de nós. Mandai-me dinheiro, se podeis, pois minha mãe quer pagar a minha escola e eu desejo aprender.

       Rosabela ouviu este voto, como Julião - era o nome do estudante - ouvira o dela.

       Ambos se entreolharam e o cachorrinho preto, abanando a cauda, veio lamber as mãos de Rosabela que lhe fez uma carícia.

       Rosabela e a mãe sairam da igreja; ela ia contente porque a neve alvejava os telhados. Julião, embuçado num velho capote, seguia para a cabana onde sua boa mãe esperava com algumas gulodices para o filho querido.

       Julião não tinha pai; era muito estudioso mas demasiado pobre; tinha de suspender as aulas no ano próximo por falta de recursos.

       Rosabela era rica e querida dos pais, que lhe faziam tôdas as vontades. Era dócil, bela e caridosa.

                                                                                 ***

       Pela manhã, ao despertar, Julião, que não acreditava pudesse sua mãe dar-lhe festas de Natal, pediu-lhe um abraço. Recebeu, porém, não só o abraço e beijo, como uma roupa nova, botinas e chapéu.

       - Oh! mamãe, disse êle contente. Como é que pôde...?

       - São economias de um ano, meu bom Julião. Falta é o dinheiro para as lições...

       Em casa de Rosabela também reinava a alegria. Ela, mal o sol aparecera, fôra ver os presentes que de noite lhe haviam trazido e batia palmas satisfeita.

 

Fonte da imagem (scaneada) retirada do livro: A Árvore de Natal. Coleção Biblioteca Infantil da Livraria Quaresma.-Tycho Brahe. 1954- RJ, pág.185.

 

                                               A igreja da cidade estava repleta de fiéis que iam assistir à missa de Natal.

 

       Dentro do seu sapatinho de pelica branca, havia uma bolsinha com três moedas de ouro e um bilhete inteiro de loteria de Natal - a maior loteria do ano.

       Rosabela pedira êsse dinheiro para comprar uma boneca. Pensou que esta não caberia no sapato e simplificou a dúvida porque com as moedas compraria a seu gôsto.

       Muito elegante no seu vestido azul claro, enfeitado de veludo e na capa de arminho, ela foi com a professora de piano comprar uma boneca no bazar.

       Ao entrar deparou com um cachorrinho muito preto que, saltando, fazia-lhe festas.

       Rosabela reconheceu-o logo; era do rapazinho que apanhara o seu livro de orações na igreja.

       Vendo Julião mal vestido, pois o fato novo êle guardara para ir ao colégio, a moça apiedou-se dele. era tão simpático apesar de maltrapilho!

       Quis Rosabela comprar o animalzinho e perguntou a Julião:

       - Compro-te o cãozinho. Queres vender-mo?

       O rapaz sorriu contrariado.

       -É meu único companheiro e por isso não o vendo.

       - Se o vendesses pagarias a escola de que falavas ôntem.

       O menino não respondeu e chorou.

       - Não te zangues. Olha. Toma estas moedas e mais êste bilhete. Fica com o teu cãozinho. Talvez tires a sorte grande.

       E Rosabela saiu contente, arrastando consigo a professora, enquanto Julião, depois de um instante de hesitação corria para contar o feliz acontecimento a sua mãe; o cãozinho seguia-os aos saltos.

                                                                 ***

       Passaram-se dez anos. A sorte foi adversa para Rosabela. Mora sozinha numa choupana à beira do rio.

       Certa noite de tempestade uma faísca elétrica caiu sôbre a casa e matou cinco pessoas. Só ela escapou.

       Rosabela tinha um parente afastado que roubou os bens que seus pais lhe deixara e um dia a expulsou de casa.

       Uma velha que passava levou a moça para a casa e como era tida como bruxa, Rosabela passou a ser considerada também feiticeira.

       Trajava sempre de luto o que aumentava a beleza triste do seu rosto.

       Rosabela fazia rendas e flores artificiais. Fazia-as tão lindas e finas que, embora com repugnância, mandavam-lha comprar. Era dêsse pequeno comércio que vivia.

       Ela não ia mais à igreja temerosa de que o povo lhe dissesse alguma injúria ou a apedrejasse; conservava-se, não obstante fiel à sua crença e seu livro de orações era manuseado todos os dias.

       É Natal e Rosabela não se animou a sair. Nevava. Ficou na cabana, orando.

       Estava com o livro na mão, quando ouviu tropel fora. Esperou. Alguem descavalgou à porta e batia.

       Rosabela não era medrosa; a fama de ter partes com o diabo a resguardava e a solidão e a ingratidão a tinh tornado corajosa.

       Abriu um pouco a porta e perguntou:

       - Quem é?

       Nisto um grande e formoso cão mostrou a cabeça inteligente e entrou latindo e dando demonstrações de amizade.

       Um cavaleiro, trazendo o corcel pela rédea, perguntou:

 

 Fonte da imagem (scaneada) retirada do livro: A Árvore de Natal. Coleção Biblioteca Infantil da Livraria Quaresma.-Tycho Brahe. 1954- RJ, pág.188.

                                               É Natal e Rosabela não se animou a sair. Nevava. Ficou na cabana, orando.

 

       - Dás-me abrigo, Rosabela?

       - De certo. Não tens receio? Sabes bem quem eu sou?

       - De mais.

       - Se é assim, leva o teu cavalo para o galpão e volta.

       O jovem cavaleiro assm fez e, voltando, entrou na cabana.

       A luz deu-lhe em cheio no rosto.

       - Não me conheces, Rosabela?

       - Sim, as feições são de ... do rapazinho do cão. Ah! o cão! É êle!

       O moço, comovido, disse, tomando-lhe as mãos:

       - Sou eu, a quem deste as moedas e um bilhete. No dia seguinte ao Natal eu e minha mãe nos retiramos da cidade para um país distante. Teu bilhete foi premiado e eu e minha mãe ficamos ricos.

       - Sim? perguntou a moça.

       - Sim. Voltei à cidade para dividir com minha benfeitora a inesperada fortuna e soube que também se ausentara. Procurei-a largo tempo e soube depois que Rosabela era a feiticeira do rio.

       A voz de Julião tremia. a moça soluçava.

       - Não chores, Rosabela, eu venho dividir a fortuna contigo e mais alguma coisa. Dou-te o meu coração. Aceitas?

       Os dois se abraçaram, e o cão - o antigo cãosito preto - pulava e latia, alegremente.

                                                                ***

       No dia seguinte a cabana ficou deserta. Julião e Rosabela partiram contentes para o país onde a mãe dêle vivia. Casaram-se e foram felizes.

       No lugar onde estava a cabana Julião mandou construir uma pequena, mas linda igreja onde se batisaram seus filhos e em cujo adro se armava todos os anos, por cuidados de Rosabela, uma grande árvore de Natal, cheia de presentes para as crianças pobres.

 

 

       A história foi reproduzida em sua forma original, para que os alunos não percam a possibilidade de perceber as diferenças na escrita de um texto escrito em 1954.

 

 

2° momento:

 

 

       O professor expõe em tiras de papel branco, no quadro- de-giz, as frases abaixo e faz análise indicando:

 

a) "Era véspera de Natal num dêsses países onde, em dezembro, a neve branqueia tudo."

  • palavra não mais acentuada:
  • países onde pode nevar em dezembro:

 

b) "Entre êles, se achava Rosabela, uma das lindas donzelas daquela terra."

  • palavra não mais acentuada:
  • palavra pouco utilizada hoje em dia:

c) "Suas mãos delicadas seguravam de leve o livro de missa, madrepérola e ouro."

  • objetos que não é mais utilizado no dia-a-dia popular:

d) "O rapazinho pegou-o ràpidamente e entregou-a à moça."

  • palavra que contraria as regras de acentuação atuais:

e) "Permití, Jesús, que não faça neve nem vento forte."

  • palavras acentuadas com erro de acordo com as regras de hoje:

 

       As observações feitas pelos alunos durante a análise das frases devem ser escritas pelo professor ou por um aluno e expostas na sala de aula.

 

 

3° momento:

 

 

      Na aula seguinte, a turma lê a história "Um Natal sem igual" - Telma Guimarães Castro Andrade. ilustrações Osnei. - São Paulo: Atual, 1995. - (É hoje! Hoje é...).

 

 

  

   Fonte da imagem: http://portalgeo.rio.rj.gov.br/estudoscariocas/download/2396_as%20estimativas%20recentes%20para%20a%20popula%C3%A7%C3%A3o%20infantil%20no%20rio%20de%20janeiro.pdf

       Depois da leitura o professor conversa com a turma sobre o Natal desta família e pede que os alunos contem algo parecido que tenha ocorrido com eles neste dia.

 

 

4° momento:

 

 

       São distribuídos  na turma materiais diversos para recorte e desenho, pintura e colagem e é pedido aos alunos que criem uma ilustração para uma parte da história que mais agradou, escrevendo-a no verso do papel.

       Cada aluno apresenta a sua ilustração à turma, que deverá estar sentada em roda e que deverá adivinhar a história e a parte representada.

       No centro da roda há o título das duas histórias. cada ilustração apresentada deverá ser colocada na coluna certa, de acordo com a ordem dos acontecimentos.

       No final, a turma, conhecendo as histórias e observado suas ilustrações, identificará semelhanças e diferanças entre seus ambientes, épocas, personagens, narradores e enredos.

       As semelhanças e diferenças escritas  em colaboração, serão colocadas em um lugar especial, como por exemplo: caixinha, saco, envelope, etc.

      

    

Recursos Complementares
Avaliação

       A apresentação das ilustrações, com a análise dos detalhes representados de cada história e sua ordenação lógica já apresentados, fornecerá ao professor um excelente momento para avaliação individual e coletiva dos seus alunos.

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