24/02/2011
Célia Brito
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Fundamental Inicial | Língua Portuguesa | Língua escrita: prática de produção de textos |
Ensino Fundamental Inicial | Língua Portuguesa | Análise e reflexão sobre a língua |
Ensino Fundamental Inicial | Língua Portuguesa | Ortografia |
Ordenação de fatos de histórias lidas ou ouvidas.
1° momento:
O professor apresenta à turma um cartaz com a reprodução da folha de rosto do livro de onde foi retirada a história que será contada.
Fonte da imagem: (scaneada).
A turma observa o cartaz, e com a orientação do professor, identifica dados que mostram a época em que foi escrito o livro, a ortografia da época e palavras e expressões interessantes, curiosas, ricas para reflexões:
O professor, então, lê com a turma a história "Rosabela e Julião".
Fonte da história e imagens (scaneadas) retirada do livro: A Árvore de Natal. Coleção Biblioteca Infantil da livraria Quaresma.-Tycho Brahe. 1954- RJ
Observação: texto sem correções ortográficas, mantida sua forma original com a finalidade dos alunos perceberem as mudanças de acentuação através dos tempos, havendo, inclusive, momentos de reflexão sobre isto durante a aula realizada..
Observação: A Livraria Quaresma foi uma livraria e editora fundada por Pedro da Silva Quaresma em 1879 no Rio de Janeiro, tendo como predecessora a Livraria do Povo e tendo seu encerramento em 1951. Hoje em dia, este livro é encontrado em sebos ou nas Bibliotecas de colecionadores de livros raros.
ERA véspera de Natal num dêsses países onde, em dezembro, a neve branqueia tudo.
A igreja da cidade estava repleta de fiéis que iam assistir à missa de Natal. Entre êles, se achava Rosabela, uma das lindas donzelas daquela terra.
Era uma formosa criança de quatorze anos, muito interessante e encantadora. suas mãos delicadas seguravam de leve o livro da missa, de madrepérola e ouro.
Junto dela estava um rapazinho, da mesma idade, e que tinha ao lado um cachorrinho muito preto.
Acabava Rosabela de se ajoelhar, quando o livro de orações caiu-lhe das mãos. O rapazinho pegou-o ràpidamente e entregou-a à moça.
A mãe desta, rezando fervorosamente, nem vira o pequeno incidente.
Rosabela, orando dizia:
- Meu Deus, fazei com que haja bastante neve, pois gosto de ver os caminhos alvos e endurecidos de gelo. Fazei com que haja muitos presentes para mim, amanhã, nos meus sapatos.
O rapazinho, a seu turno, implorava:
- Permití, Jesús que não faça neve nem vento forte, pois a cabana de mamãe não resistirá e se ela cair não sei que será de nós. Mandai-me dinheiro, se podeis, pois minha mãe quer pagar a minha escola e eu desejo aprender.
Rosabela ouviu este voto, como Julião - era o nome do estudante - ouvira o dela.
Ambos se entreolharam e o cachorrinho preto, abanando a cauda, veio lamber as mãos de Rosabela que lhe fez uma carícia.
Rosabela e a mãe sairam da igreja; ela ia contente porque a neve alvejava os telhados. Julião, embuçado num velho capote, seguia para a cabana onde sua boa mãe esperava com algumas gulodices para o filho querido.
Julião não tinha pai; era muito estudioso mas demasiado pobre; tinha de suspender as aulas no ano próximo por falta de recursos.
Rosabela era rica e querida dos pais, que lhe faziam tôdas as vontades. Era dócil, bela e caridosa.
***
Pela manhã, ao despertar, Julião, que não acreditava pudesse sua mãe dar-lhe festas de Natal, pediu-lhe um abraço. Recebeu, porém, não só o abraço e beijo, como uma roupa nova, botinas e chapéu.
- Oh! mamãe, disse êle contente. Como é que pôde...?
- São economias de um ano, meu bom Julião. Falta é o dinheiro para as lições...
Em casa de Rosabela também reinava a alegria. Ela, mal o sol aparecera, fôra ver os presentes que de noite lhe haviam trazido e batia palmas satisfeita.
Fonte da imagem (scaneada) retirada do livro: A Árvore de Natal. Coleção Biblioteca Infantil da Livraria Quaresma.-Tycho Brahe. 1954- RJ, pág.185.
A igreja da cidade estava repleta de fiéis que iam assistir à missa de Natal.
Dentro do seu sapatinho de pelica branca, havia uma bolsinha com três moedas de ouro e um bilhete inteiro de loteria de Natal - a maior loteria do ano.
Rosabela pedira êsse dinheiro para comprar uma boneca. Pensou que esta não caberia no sapato e simplificou a dúvida porque com as moedas compraria a seu gôsto.
Muito elegante no seu vestido azul claro, enfeitado de veludo e na capa de arminho, ela foi com a professora de piano comprar uma boneca no bazar.
Ao entrar deparou com um cachorrinho muito preto que, saltando, fazia-lhe festas.
Rosabela reconheceu-o logo; era do rapazinho que apanhara o seu livro de orações na igreja.
Vendo Julião mal vestido, pois o fato novo êle guardara para ir ao colégio, a moça apiedou-se dele. era tão simpático apesar de maltrapilho!
Quis Rosabela comprar o animalzinho e perguntou a Julião:
- Compro-te o cãozinho. Queres vender-mo?
O rapaz sorriu contrariado.
-É meu único companheiro e por isso não o vendo.
- Se o vendesses pagarias a escola de que falavas ôntem.
O menino não respondeu e chorou.
- Não te zangues. Olha. Toma estas moedas e mais êste bilhete. Fica com o teu cãozinho. Talvez tires a sorte grande.
E Rosabela saiu contente, arrastando consigo a professora, enquanto Julião, depois de um instante de hesitação corria para contar o feliz acontecimento a sua mãe; o cãozinho seguia-os aos saltos.
***
Passaram-se dez anos. A sorte foi adversa para Rosabela. Mora sozinha numa choupana à beira do rio.
Certa noite de tempestade uma faísca elétrica caiu sôbre a casa e matou cinco pessoas. Só ela escapou.
Rosabela tinha um parente afastado que roubou os bens que seus pais lhe deixara e um dia a expulsou de casa.
Uma velha que passava levou a moça para a casa e como era tida como bruxa, Rosabela passou a ser considerada também feiticeira.
Trajava sempre de luto o que aumentava a beleza triste do seu rosto.
Rosabela fazia rendas e flores artificiais. Fazia-as tão lindas e finas que, embora com repugnância, mandavam-lha comprar. Era dêsse pequeno comércio que vivia.
Ela não ia mais à igreja temerosa de que o povo lhe dissesse alguma injúria ou a apedrejasse; conservava-se, não obstante fiel à sua crença e seu livro de orações era manuseado todos os dias.
É Natal e Rosabela não se animou a sair. Nevava. Ficou na cabana, orando.
Estava com o livro na mão, quando ouviu tropel fora. Esperou. Alguem descavalgou à porta e batia.
Rosabela não era medrosa; a fama de ter partes com o diabo a resguardava e a solidão e a ingratidão a tinh tornado corajosa.
Abriu um pouco a porta e perguntou:
- Quem é?
Nisto um grande e formoso cão mostrou a cabeça inteligente e entrou latindo e dando demonstrações de amizade.
Um cavaleiro, trazendo o corcel pela rédea, perguntou:
Fonte da imagem (scaneada) retirada do livro: A Árvore de Natal. Coleção Biblioteca Infantil da Livraria Quaresma.-Tycho Brahe. 1954- RJ, pág.188.
É Natal e Rosabela não se animou a sair. Nevava. Ficou na cabana, orando.
- Dás-me abrigo, Rosabela?
- De certo. Não tens receio? Sabes bem quem eu sou?
- De mais.
- Se é assim, leva o teu cavalo para o galpão e volta.
O jovem cavaleiro assm fez e, voltando, entrou na cabana.
A luz deu-lhe em cheio no rosto.
- Não me conheces, Rosabela?
- Sim, as feições são de ... do rapazinho do cão. Ah! o cão! É êle!
O moço, comovido, disse, tomando-lhe as mãos:
- Sou eu, a quem deste as moedas e um bilhete. No dia seguinte ao Natal eu e minha mãe nos retiramos da cidade para um país distante. Teu bilhete foi premiado e eu e minha mãe ficamos ricos.
- Sim? perguntou a moça.
- Sim. Voltei à cidade para dividir com minha benfeitora a inesperada fortuna e soube que também se ausentara. Procurei-a largo tempo e soube depois que Rosabela era a feiticeira do rio.
A voz de Julião tremia. a moça soluçava.
- Não chores, Rosabela, eu venho dividir a fortuna contigo e mais alguma coisa. Dou-te o meu coração. Aceitas?
Os dois se abraçaram, e o cão - o antigo cãosito preto - pulava e latia, alegremente.
***
No dia seguinte a cabana ficou deserta. Julião e Rosabela partiram contentes para o país onde a mãe dêle vivia. Casaram-se e foram felizes.
No lugar onde estava a cabana Julião mandou construir uma pequena, mas linda igreja onde se batisaram seus filhos e em cujo adro se armava todos os anos, por cuidados de Rosabela, uma grande árvore de Natal, cheia de presentes para as crianças pobres.
A história foi reproduzida em sua forma original, para que os alunos não percam a possibilidade de perceber as diferenças na escrita de um texto escrito em 1954.
2° momento:
O professor expõe em tiras de papel branco, no quadro- de-giz, as frases abaixo e faz análise indicando:
a) "Era véspera de Natal num dêsses países onde, em dezembro, a neve branqueia tudo."
b) "Entre êles, se achava Rosabela, uma das lindas donzelas daquela terra."
c) "Suas mãos delicadas seguravam de leve o livro de missa, madrepérola e ouro."
d) "O rapazinho pegou-o ràpidamente e entregou-a à moça."
e) "Permití, Jesús, que não faça neve nem vento forte."
As observações feitas pelos alunos durante a análise das frases devem ser escritas pelo professor ou por um aluno e expostas na sala de aula.
3° momento:
Na aula seguinte, a turma lê a história "Um Natal sem igual" - Telma Guimarães Castro Andrade. ilustrações Osnei. - São Paulo: Atual, 1995. - (É hoje! Hoje é...).
Depois da leitura o professor conversa com a turma sobre o Natal desta família e pede que os alunos contem algo parecido que tenha ocorrido com eles neste dia.
4° momento:
São distribuídos na turma materiais diversos para recorte e desenho, pintura e colagem e é pedido aos alunos que criem uma ilustração para uma parte da história que mais agradou, escrevendo-a no verso do papel.
Cada aluno apresenta a sua ilustração à turma, que deverá estar sentada em roda e que deverá adivinhar a história e a parte representada.
No centro da roda há o título das duas histórias. cada ilustração apresentada deverá ser colocada na coluna certa, de acordo com a ordem dos acontecimentos.
No final, a turma, conhecendo as histórias e observado suas ilustrações, identificará semelhanças e diferanças entre seus ambientes, épocas, personagens, narradores e enredos.
As semelhanças e diferenças escritas em colaboração, serão colocadas em um lugar especial, como por exemplo: caixinha, saco, envelope, etc.
A apresentação das ilustrações, com a análise dos detalhes representados de cada história e sua ordenação lógica já apresentados, fornecerá ao professor um excelente momento para avaliação individual e coletiva dos seus alunos.
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