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UCA - Usos e valores do dialeto caipira: atividades de retextualização

 

10/06/2011

Autor e Coautor(es)
Rodrigo Santos de Oliveira
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Luiz Prazeres

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: variação linguística: modalidades, variedades, registros
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

1-Compreender a importância do dialeto caipira como registro oral significativo dentro do repertório linguístico plural brasileiro.

 2-Conceber o registro oral, no caso o dialeto caipira, como expressão, inserção e convívio social relacionados a saberes culturais contextuais e valores pragmáticos/ funcionais para os usuários dessa modalidade.

 3-Transformar registros orais presentes em histórias em quadrinhos e outras narrativas, apresentadas na modalidade dialetal caipira, em produções escritas adequadas à modalidade padrão da língua portuguesa.

4- Transformar narrativas e textos informativos pertencentes à modalidade padrão em registros escritos e filmados, segundo o dialeto caipira.

5-Transpor uma narração oral – oriunda do gênero entrevista – para o texto escrito, praticando atividades do processo de retextualização (transcrição, edição e revisão).

6-Produzir um programa televisivo que aborde elementos do universo rural.

Duração das atividades
4 a 5 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

O professor apresenta o tema da aula e pede aos alunos que falem um pouco sobre quais palavras ou termos eles reconhecem como oriundos de um suposto falar caipira.

 

Caso a atividade seja aplicada em turma de EJA, de turmas pertencentes a regiões rurais ou cidades do interior, podem ser solicitado aos alunos que registrem – por meio de entrevistas gravadas – expressões originadas das falas de pais, tios, avós, vizinhos, pessoas conhecidas na cidade, etc. E, para os alunos que nasceram ou viveram em cidades da zona rural, oriente-os a listarem e catalogarem em arquivo equivalente ao Word termos específicos da região em questão.

 

Caso não seja possível o trabalho de campo (entrevista), o professor direciona e auxilia os alunos a buscarem, em duplas, na internet, no Google, Youtube, Acervo digital da Revista Veja, Revista de História da Biblioteca Nacional, Revista Super Interessante entre outros, variados textos (cantigas, piadas, “causos”, curiosidades) que contenham termos regionais relacionados ao dialeto caipira em várias localidades do país. Pode ser delimitado a cada grupo de alunos quais lugares serão pesquisados, por exemplo: interior paulista, interior mineiro, interior baiano, entre outros.

 

Alguns Links de busca:

 

http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/

 

http://veja.abril.com.br/acervodigital/

 

http://super.abril.com.br/

 

O material coletado pode ser salvo, pela dupla, na área principal de trabalho ou na pasta “meus documentos” no programa editor de textos equivalente ao Word, formato tabela.

 

 

 

Região do país

Palavras ou expressões

Contexto em que expressão aparece

 

 

 

 

 

 

Estratégias e recursos da aula

Etapa 2: O falar do Chico Bento

 

O professor solicita aos alunos que pesquisem, no Google e no site do Maurício de Souza, a origem do personagem Chico Bento, seus costumes, atividades cotidianas, expressões típicas das personagens presentes nas histórias do referido “matuto” e, sobretudo, tirinhas ou histórias em que seja focalizado algo relacionado aos aspectos do falar caipira articulado ao contexto sócio-cultural em que o personagem está inserido. Nessa etapa, pode ser observado se há incidência dos termos coletados na etapa 1 nessas narrativas.

 

Sobre o personagem Chico Bento:

 

http://www.unimar.br/pos/trabalhos/arquivos/e4412beedb3d14159774ae8aaeafbea9.pdf

A atividade pode ser mais especificada e direcionada se o professor solicitar que todos os alunos acessem a mesma história, no caso: “O sabe-tudo”.

chico

Link: http://www.monica.com.br/comics/sabe-tudo/welcome.htm

O exercício possibilita o desenvolvimento da leitura coletiva, em voz alta, em sala de aula. Os alunos podem representar a professora e o Chico Bento. Nessa história, Chico é interrogado sobre assuntos relacionados à História do Brasil, porém o personagem leva a professora a observar os saberes que ele domina e que são úteis para o contexto em que ele pertence.

 

            Nessa história em quadrinhos, podem ser demarcadas quais expressões estão inadequadas à modalidade padrão. O professor pode sistematizar com os alunos quais são os pontuais desvios: concordância verbal, flexão de plural, “e” com som de “i”, supressões de letras e vogais como recursos de economia vocabular presentes no registro oral (como em “quejo” e “mantega”), substituição da nomenclatura do verbo no infinitivo pela formação de uma oxítona terminada em “á” ou “ê” (“cuidá”, “ordenhá”, “semeá”, “fazê”), etc.

 

Nessa tarefa, pode ser apresentado e discutido o conceito de “preconceito linguístico”, difundido pelo pesquisador Marcos Bagno. É válido demonstrar quais são as suas causas e o que ele acarreta em nossa sociedade. O professor pode reforçar a importância dos valores culturais transmitidos pelo viés da fala para a região no qual o cidadão está inserido. E pode frisar as fronteiras e intercâmbios entre a modalidade padrão e a variação linguística, marcada pela oralidade. Pode ser discutido com os alunos, o porquê dessas manifestações linguísticas serem desprivilegiadas em nossa cultura.

 

 

Palestra proferida por Marcos Bagno:

 

http://www.youtube.com/watch?v=q722yvi0dXY

 

Site Marcos Bagno:

 

http://marcosbagno.com.br/site

 

Há entrevistas e artigos do autor sobre a noção de “erro” e sobre variedade linguística.

 

 

Etapa 3: Da fala para a escrita

 

 

Para a atividade de entrevista gravada – para turmas de EJA e/ou turmas localizadas em cidades do interior – é necessário apresentar aspectos do gênero textual em questão e salientar a ocorrência típica dos marcadores da oralidade, tais como: repetição de termos ou ideias, hesitações, pausas, a existência de modalizadores de interlocução e de continuidade/ coesão temática como “né” e “aí”, entre outros.

 

 

Passo a passo:

 

1) A escolha do suporte de gravação: um celular ou câmera digital. Para que o material produzido seja transposto para o netbook, no ícone da tela principal responsável pelo armazenamento de imagens;

 

2) A escolha do entrevistado: uma pessoa muito conhecida na cidade e/ ou alguém acima dos 50/ 60 anos;

 

3) O assunto pode ser: a chegada da pessoa naquela cidade, a constituição da família, conquista e contexto de trabalho, contexto escolar, etc;

 

4) A seleção de perguntas deve estar articulada aos temas anteriores (item 3) e pode ser elaborada por grupos de 4 a 5 alunos;

 

5) Após a gravação, dois alunos ficarão responsáveis pela transcrição do texto, cada um transcreverá uma versão, depois estas podem ser comparadas. É importante que todos os elementos do discurso do entrevistado sejam registrados de forma mais legítima possível, ou seja, com os elementos da oralidade na íntegra;

 

6) Dois alunos ficarão responsáveis pela revisão e conferência do material coletado que será enviado por e-mail ao professor e assinalarão os termos típicos do dialeto coletado;

 

7) O professor abordará em data show, ou arquivo compartilhado com todos em sala, com o objetivo de editar os textos coletados: suprimir marcas da oralidade que são dispensáveis à escrita e efetuar o processo coletivo de retextualização e modalização ao formato padrão da escrita, segundo os aspectos de ortografia, acentuação, pontuação, concordâncias, etc.

 

Na etapa final, é necessário que o professor compare com os alunos a versão inicial transcrita com a versão editada, com o objetivo de observar se foi mantida a intenção enunciativa do discurso proferido pelo entrevistado, o caráter emotivo do discurso, entre outros aspectos.

 

Sobre o gênero entrevista escrita:

 

http://www.letras.ufmg.br/vivavoz/data1/arquivos/nosdominiosdosgeneros-v2.pdf

  

Caso o trabalho com a entrevista não seja possível, o professor pedirá aos alunos que recuperem os textos iniciais – etapa 1 – salvos em arquivos na área de trabalho ou na pasta “meus documentos” e os transformem em narrativas adequadas à norma padrão da língua ou, também, podem compartilhar com todos os alunos em sala de aula – por meio do msn coletivo contido no netbook, que funciona sem o auxílio da internet – a proposta sobre o texto “Peda de oro” gravada em arquivo Word.

 

 Peda de oro

Disponível em:  

 

http://web.cpv.ufmg.br/Arquivos/2001/ProvasUFMG/2ETAPA/L%edngua%20Portuguesa%20e%20Literatura%20Brasileira%20B%20-%202%aa%20Etapa%20-%202001.pdf

 

 

Nessa atividade, o professor pode trabalhar, anteriormente à produção, quais marcadores linguísticos no texto sinalizam a região do país em que se encontram as personagens? Quais modalizadores se repetem no discurso? Como rearticulá-los? Como substituir termos e palavras do dialeto por expressões da norma padrão com o intuito de não perder a emotividade e legitimidade do discurso?

 

 

 

Etapa 4: Da escrita para a fala

 

 

Para uma atividade de retextualização do escrito para o oral, os alunos podem contar com o auxílio de um dicionário do dialeto caipira, o professor pode sugerir que narrativas de jornais (notícias, crônicas, reportagens) – por meio de recortes que os alunos levarão para a sala de aula ou que o professor selecionou previamente – sejam transformadas em textos escritos e, em seguida, filmados.

 

Dicionário caipira:

 

http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/pwcaipira/default_2nivel.php?p_secao=9&reg=4&pg=

 

http://blogmaruggi.blogspot.com/2009/01/dicionrio-caipira.html

 

Dicionário dialeto caipira paulista:

 http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/amadeuamaral/odialetocaipracreditos.htm

  

Os alunos, com o auxílio da web cam ou das câmeras dos celulares, podem gravar programas de TV que apresentem cantigas, piadas, “causos” e outros registros pertencentes ao universo caipira. Podem caracterizar-se desses personagens, decorarem a sala de aula, criarem quadros, escolher o nome do programa, podem levar a pessoa entrevistada ou exibir a própria entrevista como matéria do programa, cada grupo de alunos pode ficar responsável por um quadro do programa, outras turmas da escola podem ser convidadas a compor a plateia do programa. O vídeo pode ser postado no Youtube.

Recursos Complementares

Alguns programas de TV exibidos em canal aberto:

 

http://www.arrumacao.com.br/principal.html

 

http://www.tvcultura.com.br/violaminhaviola?sid=1840

 

http://www2.tvcultura.com.br/srbrasil/home.asp

 

 

Material de apoio:

 

AMARAL, Amadeu. O dialeto caipira. São Paulo, Hucitec, 1976.

 

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 29. ed. -. São Paulo: Loyola, 2004.

 

DELLl”ISOLA, Regina Péret. Retextualização dos gêneros escritos. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

 

MARCUSCHI, Luiz Antonio. Da fala para a escrita: atividades de retextualizaçao. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

Avaliação

As avaliações ocorrerão de forma processual, ao longo de todas as atividades ministradas, as quais contemplam o desenvolvimento das habilidades de leitura, de escrita, de pesquisa comparativa e de expressão oral e visual. Porém é necessário:

 

Discutir com os alunos sobre o que mudou em relação à percepção inicial sobre o dialeto caipira e a contribuição que as atividades permitiram.

 

Avaliar, por meio da produção do programa televisivo e da prática de retextualização, se houve compreensão dos alunos acerca da importância da variedade dialetal caipira em nosso país.

 

Avaliar o processo de transcrição e edição das entrevistas feitas pelos alunos.

 

Avaliar o processo de substituição e aplicação dos elementos linguísticos da norma padrão nos registros orais, bem como o processo de retextualização para as duas operações (oral – escrito; escrito – oral).

 

Observar como foi o processo de recepção escrita dos alunos e como as marcas de oralidade específicas dos alunos aparecem nas atividades.

 

Observar adequação e uso dos marcadores do dialeto rural utilizados nas produções escritas e filmadas.

 

Avaliar a participação, interesse e disposição dos alunos para executarem as atividades em duplas e em grupos.

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