Os alunos terão a oportunidade de desenvolver um olhar histórico sobre o início de um gênero específico da produção nacional de cinema. O Cinema  de  Horror (ou Terror) no Brasil ganhou as telas durante os anos 1960, mais particularmente com o cinema de José Mojica Marins e seu personagem Zé do Caixão. Curiosamente, a primeira aparição do personagem foi em 1964, com À meia noite levarei sua alma. Durante os anos 1960, o País passava por uma série de mudanças (culturais, morais, religiosas, políticas, estéticas, etc.). De alguma forma, o surgimento do gênero de terror do Brasil pode ser lido, historicamente, como parte dessas mudanças.

Três aulas de 50 minutos.

 

O professor deverá ter esclarecido alguns pontos sobre a formação do cenário sociocultural brasileiro dos anos 1960, tais como:

- Apontar algumas das influências no Brasil das mudanças pelas quais o mundo passava desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e que encaminhavam a geração pós-guerra para a promoção de mudanças definitivas no âmbito dos costumes;

- Os rumos tomados pela modernização conservadora brasileira desde os anos 1950, assim como a influência norte-americana sobre a cultura brasileira, principalmente do cinema;

- As tensões políticas que dividiram o País durante os anos 1950, principalmente as tensões entre as forças de direita e esquerda no País.

http://www.revistaviso.com.br/pdf/Viso_6_MarkoMonteiro.pdf

INTRODUÇÃO

Com o intuito de nivelar a turma, o professor deverá fazer uma introdução sobre as mudanças pelas quais o mundo vinha passando nos anos 1960: revolução sexual, luta por direitos civis, luta por liberdade. Vale a pena o professor levantar alguns pontos importantes nas artes: a nouvelle vague francesa, a literatura beat, a arte conceitual e o rock.  O professor deverá chamar a atenção para o fato de que esse processo não deixou de ser um processo turbulento, de muitos conflitos.

 

DESENVOLVIMENTO

Basicamente, as aulas usarão como recursos didáticos filmes de época ou que retratem a época (ficções ou documentários), textos da época (sobre cinema e cultura brasileira), além de críticas cinematográficas que analisem os filmes.

Serão utilizados os seguintes filmes:

- À meia noite levarei sua alma(1964), de José Mojica Marins (filme comercializado; há em locadoras, mas também está disponível no link: http://www.videolog.tv/D4N1LO/videos/363854);

- Esta noite encarnarei no teu cadáver (1967), de Mojica Marins (disponível em: http://www.programadorabrasil.org.br/programa/117/);

- Trilogia do terror(1968), de José Mojica Marins, Ozualdo Candeias e Sergio Person (disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=hpl6QF-eX0o);

- O universo de Mojica Marins (1978), de Ivan Cardoso (disponível em:

http://www.programadorabrasil.org.br/programa/90/ ou no link: http://video.google.com/videoplay?docid=229862428719598356);

- Sete vampiras  (1986), de Ivan Cardoso (disponível em:

http://www.programadorabrasil.org.br/programa/90/).

Será, portanto, necessário o uso do Laboratório de Informática da escola com acesso à Internet e, também, ter à disposição uma Sala de Projeções. Uma ajuda muito importante é se cadastrar no programa da Secretaria do Audiovisual (www.programadorabrasil.org.br), que tem como objetivo a divulgação gratuita do cinema nacional e, ainda, a formação de núcleos debatedores de cinema. Alguns filmes tratados aqui poderão ser adquiridos pela escola por meio do programa, desde que a escola se comprometa com a sua exibição. Uma sugestão é realizar um Ciclo Temático de Cinema, extraclasse, que exiba os filmes acima, semanalmente, ao longo do decorrer das atividades.

 

Atividade 1

Introdução

Aula 1

O professor deverá orientar a turma em uma pesquisa em grupo, via Internet, livros ou revistas especializadas, sobre o cenário do Brasil e do mundo nos anos 1960. O que estava mudando? Como era o Brasil e quais as ideias novas que pareciam surgir? Quais eram a novidades na música? Na política? E no cinema? A turma deverá separar-se em grupo temáticos para fazer a pesquisa. Os alunos deverão escolher temas, tais como: política, hábitos, cinema, música, etc. O professor deverá conduzir a pesquisa orientando a turma para tentar entender os conflitos em torno destas novidades. A pesquisa será apresentada para a turma na aula seguinte.

O professor poderá mostrar a seguintes imagens para que despertem algum interesse nos alunos em buscar novas informações sobre o assunto.

 

Legenda: Jack Kerouack, uma das principais referências da literatura Beatnik dos anos 1950. Disponível em:

http://3.bp.blogspot.com/-RctNAg8Kqms/ThzRb_-lNKI/AAAAAAAABv4/Al9UePFFmp4/s1600/kerouac+hippies+%2526+Beatniks.jpg

 

Legenda:Andy Wharol segura uma foto dos Rolling Stones (1964). Disponível em:

http://www.canadianart.ca/online/see-it/2008/11/20/warhol1_1000.jpg

 

 

 

Legenda: O compositor Bob Dylan, ícone dos anos 60, ensina música ao poeta beat Allen Ginsberg. Disponível em:

https://picasaweb.google.com/lh/photo/ecVzMLEjtJ_nXMQV9GNfNA

 

Legenda:Em 1959, o exército revolucionário tomava a ruas de Havana em Cuba. Na foto, Fidel Castro lidera o grupo revolucionário. A vitória cubana espalhou esperança e temor por toda a América Latina. Disponível em:

http://veja.abril.com.br/historia/crise-dos-misseis/_img/imagens_edicao/especial-fidel-1.jpg

 

Legenda: No Brasil dos anos 60 o presidente João Goulart anunciava medidas, de tom esquerdizante,  inéditas na história do país, tais como a Reforma Universitária e a Reforma Agrária. O presidente mobilizava uma quantidade enorme de pessoas em seus comícios. Disponível em:

http://api.ning.com/files/idbqfRXAr1Lzq8c*cxMI59r0BRM7KLOQWE23o4JqSX6VP22xfXm9FD7tBCCmGBv4wM5BrrhfW4F*4SAV7IRqLf3hluqfv0XG/comicio_de_joao_goulart_em_1964.jpg

 

 

Legenda: Cena do programa de tevê “Jovem Guarda”, na TV Record. Apesar de bastante comedidos a jovem guarda com suas as roupas, os cabelos compridos, a música Iê-iê-iê e o nome livremente inspirado em um discurso de Lenin, não deixava de ser um controverso sucesso entre a juventude dos anos 60. Disponível em:

http://www.al.sp.gov.br/StaticFile/noticia/agencia/foto_grande/09-2010/tvrecordjovemguarda1.jpg

 

 

Legenda: A cantora Gal Costa com a indumentária dos Hippies. Os Hippies foram um dos grupos mais marcantes da época o temas da paz, o amor  livre, o rock e as novas experiências sensoriais eram fundamentais da cultura Hippie.Disponível em:

http://2.bp.blogspot.com/_rAjHvn0CjdI/SxSjd5dco7I/AAAAAAAAAOI/fdpxD7UYS-U/s1600/Digitalizar0009.jpg

 

Legenda: Helena Ignez, em cena do filme A mulher de todos (1969), de Rogério Sganzerla, líder do chamado cinema marginal. O cinema marginal em grande medida foi responsável por largas rupturas experimentais em meio à história do cinema brasileiro. Entres os ídolos de Sganzerla estava o cineasta de terror José Mojica, o Zé do Caixão. Disponível em:

http://3.bp.blogspot.com/_Bhh8AyRiSPk/TBv-Ugc3UAI/AAAAAAAAAw8/mUpHx01wdfw/s1600/34.Helena+Ignez+em+A+Mulher+de+Todos_1969_Foto+Peter+Overbec.jpg

 

Legenda:José Mojica Marins encarna o Zé do Caixão, em mais uma reinvenção (à brasileira) do cinema de terror  em “Esta noite encarnarei no teu cadáver” (1967).

Disponível em: http://beneditacineclube.files.wordpress.com/2010/06/estanoiteencarnarei2.jpg

 

O professor, também, poderá lançar mão dos seguintes meios:

-A Tropicália: cultura e política nos anos 60, de Cláudio N.P. Coelho (disponível em:  http://www.fflch.usp.br/sociologia/temposocial/pdf/vol01n2/a%20tropicalia.pdf;

- Anos Dourados ou Rebeldes: juventude, territórios, movimentos e canções nos anos 60, de Ana Barbara Aparecida Pederiva (disponível em: http://www.bdae.org.br/dspace/bitstream/123456789/1932/1/tese.pdf);

- Anos 60 e 70: Brasil, juventude e rock, de Eliana Batista Ramos (disponível em:  http://www.ufes.br/ppghis/agora/Documentos/Revista_10_PDFs/agora_Eliana%20Batista%20Ramos-Ok.pdf).

 

Aula 2

Nesta aula os alunos deverão apresentar os seus trabalhos.

O professor deverá apresentar o contraponto. No Brasil, assim como em várias partes do mundo, a onda de liberdade, renovação, experimentalismo da cultura foi seguida de uma onda fortíssima de repressão e conservadorismo.

 

 

 

 Legenda: uma grande parcela da população brasileira se mobilizava contra as mudanças pelas quais a sociedade passava. Convencidos do perigo de uma ditadura de esquerda, encarnada na figura de João Goulart, foram aos milhares, apegados a ideais morais, religiosos e conservadores às ruas na Marcha da Família com Deus pela Liberdade, dia 13 de Março de 1964. Disponível em:  http://ed.i.uol.com.br/album/ditadura-45-anos_f_001.jpg

Legenda: Em resposta Golpe Militar de 1964. Disponível em:

http://4.bp.blogspot.com/-pkHxDZPfhAM/TZO7Cx87GeI/AAAAAAAATyA/ClyQ-ue-Se4/s400/militares-golpe-de-1964.jpg

 

 

Legenda:Castelo Branco, o primeiro governante militar no Brasil. Disponível em:

http://files.myopera.com/perfeito/golpe1964/castello-branco.jpg

 

 

Legenda:Apoio da parcela conservadora da sociedade ao Golpe Civil-Militar. Disponível em:

http://midiadeofertas.blogspot.com/2011/04/o-apoio-da-populacao-ao-golpe-de-1964.html

 

 

Uma ajuda em vídeo sobre o período militar, também poderá ser encontrada aqui:http://vimeo.com/6009416.

Coincidência ou não, no mesmo ano do Golpe Civil-Militar, no dia 9 de dezembro, Mojica Marins lançava o seu primeiro filme: À meia noite levarei sua alma.

 

Legenda: Cena de “À meia noite levarei sua alma” (1964). Disponível em:

http://www.ufscar.br/rua/img/s07/meianoite.jpg

 

Para o Trailler do filme, ver: http://mais.uol.com.br/view/a56q6zv70hwb/a-meianoite-levarei-sua-alma-040264E0B113C6.        

O professor poderá passar o filme na íntegra em um horário extraclasse, como sugerido em uma Mostra paralela à aula.

           

Aula 3

 

À meia noite levaria sua alma foi um sucesso estrondoso de público. Com ele era lançado o mais famoso personagem do terror nacional: Zé do Caixão. No filme, Zé é um coveiro que não respeita a religião; é hostil a Deus, blasfema a todo momento, desobedece a todas as ordens impostas pela religião, é um materialista e duvida da existência de um plano espiritual. Ainda que não exista nenhuma relação direta entre o cinema de Mojica e as organizações de esquerda no País, sabemos que o filme foi motivo de censura e muita polêmica. Tendo em vista o cenário conservador da época, seria o caso de nos perguntarmos se o seu filme não poderia ser visto como uma das expressões possíveis do Brasil da época? Como e porque o personagem de Zé do Caixão se tornou instantaneamente tão popular? O que ele trazia para o cinema que o fez tão prontamente o inventor do terror no Brasil? Como é o seu personagem de terror Brasileiro? É diferente o norte-americano? 

É altamente recomendada a leitura do livro Maldito: a vida e o cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, em especial o texto de Rogério Sganzerla, Passaporte para o Oculto, e o capítulo Gênio ou Louco? (disponível em:  http://books.google.com.br/books?id=wKg2u0U9NToC&lpg=PA450&ots=4uWGoTn4GP&dq=maldito%20barcinski&pg=PA116#v=twopage&q&f=false).

 

É recomendado ainda assistir ao curta-metragem de 1978, de Ivan Cardoso, O universo de Mojica Marins (disponível pela Programadora Brasil e, ainda, no seguinte link: http://video.google.com/videoplay?docid=229862428719598356.

Aos alunos o professor deverá apresentar o seguinte link:

http://www.memoriacinebr.com.br/ResultadoPesquisa.asp?filme=347.

Aqui eles terão a oportunidade de ver os documentos originais,assim como críticas da época sobre o  filme.

            

Legenda:Parecer da censura, datado de 1972, do filme “À meia noite levarei sua alma”, de Mojica Marins. Disponível em:

http://www.memoriacinebr.com.br/pdfsNovos/0710347C007.pdf

 

O professor deverá conduzir, em grupos,a consulta do arquivo disponível na Internet sobre o filme,tentando responder à pergunta: por que o pioneiro do Cinema de Terror no Brasil, um personagem tão popular, foi censurado? Certamente a resposta está nos documentos. Em seminário,os alunos deverão responder à questão.

Para complementar a aula, caso o professor deseje aprofundar no tema da censura no cinema brasileiro dos anos 1960, poderá consultar a aula disponível no portal do professor, intitulada Cinema e Censura durante o governo militar, disponível no seguinte link:

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28055.

 

Aula 4

 

Para complementar a aula, o professor deverá apresentar aos alunos um pequeno curta-metragem dirigido por Luis Sérgio Person,em 1968,chamado A  procissão dos mortos. O pequeno filme, disponível no link abaixo, faz parte de uma obra coletiva que envolve, além de Person, Ozualdo Candeias e o próprio Mojica Marins. Os três filmes versam sobre o gênero de terror, sendo que o Procissão dos Mortos mistura o tema do terror com o clima de terror político, versando ainda sobre a presençadeguerrilheiros nas montanhas que cercam uma cidade. A incerteza de sua presença aterroriza o vilarejo.

Links:

http://www.youtube.com/watch?v=UuJfAbdN_dA&feature=related (parte 1)

http://www.youtube.com/watch?v=OKN4MWLyGUU&NR=1 (parte 2)

http://www.youtube.com/watch?v=_wwS-FFbsJQ&NR=1 (parte3)

http://www.youtube.com/watch?v=I6aXgKGZcj4&NR=1 (parte 4)

 

Legenda: Cartaz de “Trilogia do Terror”, obra coletiva de 1968. Disponível em:

http://www.cinemateca.gov.br/local/cartazes/CN_0168.jpg

 

Sabemos que 1968 foi ainda o ano do Ato InstitucionaIn.^o 5, no quala violência repressiva do governo militar aumentou muito. Dizia-seviver tempos de horror. De acordo com o filme visto, poderíamos dizer que o terror era algo que estava no ar? Por escrito,os alunos deverão desenvolver o tema.

Sobre os anos 60 no Brasil:

 

http://www.historia.uff.br/cantareira/novacantareira/artigos/edicao6/comunistas_e_trabalhistas.pdf

 

 

http://www.bdae.org.br/dspace/bitstream/123456789/1932/1/tese.pdf

 

Sobre a obra de Mojica Marins:

Zé do Caixão: Humano, demasiado humano - Marko Momteiro

http://www.revistaviso.com.br/pdf/Viso_6_MarkoMonteiro.pdf

 

 

http://www.prp.unicamp.br/pibic/congressos/xviicongresso/paineis/071691.pdf

 

DAS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS AO FENÔMENO ZÉ DO CAIXÃO - DANIELA PINTO SENADOR (dissertação de mestrado)

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27153/tde-05072009-230157/publico/3132611.pdf

 

A avaliação deverá ser constante. É importante que o professor perceba, durante a discussão dos grupos e ao final das aulas, se os alunos entenderam quais conceitos estão envolvidos, as diferenças e proximidades de cada tema. Além disso, é importante que sejam avaliados a participação e o envolvimento dos alunos durante as atividades, principalmente nas discussões em sala. A avaliação final deverá ser feita por escrito.