Nesta aula, o aluno terá a oportunidade de compreender o ambiente intelectual que se desenrolava no contexto do século XVII inglês, bem como a sua influência nos eventos da época. Sendo assim, o aluno abordará a Revolução Inglesa do século XVII por um viés distinto da historiografia tradicional, entendendo o peso das ideias na sua concretização.Nesta aula, o aluno terá a oportunidade de compreender o ambiente intelectual que se desenrolava no contexto do século XVII inglês, bem como a sua influência nos eventos da época. Sendo assim, o aluno abordará a Revolução Inglesa do século XVII por um viés distinto da historiografia tradicional, entendendo o peso das ideias na sua concretização.

Como a abordagem desta aula não se voltará à explicação da Revolução Inglesa em si, é necessário que o conteúdo sobre este acontecimento já tenha sido ministrado aos alunos.

Também é de suma importância que os alunos já tenham travado contato com o conteúdo da Revolução Científica, também do século XVII, que, basicamente, propunha uma nova forma de saber ante a filosofia clássica perpetrada pela filosofia escolástica.

AULA 1

Introdução

O professor deverá iniciar a aula chamando a atenção dos alunos para o fato de que na Inglaterra de fins do século XVI e início do XVII, antes mesmo de estourar a conhecida Revolução Puritana na década de 1640, ocorria, como em quase toda a Europa, outra revolução: a chamada Revolução Científica, iniciada no século XVI e prolongada no século XVII. (Para um  panorama geral do contexto da Revolução Científica contra o aristotelismo escolástico, na Europa dos séculos XV e XVI, o professor deverá apresentar o trecho que parte do minuto 4:03 do seguinte filme extraído de uma série apresentada pelo físico Marcelo Gleiser e exibida pelo programa Fantástico, na TV Globo:http://www.youtube.com/watch?v=LkYrmgkJp5c&feature=relmfu)

No caso inglês, a Revolução Científica teve Francis Bacon (1561-1626) como o primeiro grande expoente do movimento que pretendia instaurar uma nova forma de busca pelo conhecimento do mundo em detrimento da canônica sabedoria da Antiguidade Clássica; em suma, do embate entre o saber científico e o saber escolástico.

O professor deverá introduzir, ainda, rapidamente alguns pontos-chave da Filosofia Baconiana, enfatizando, sobretudo, o utilitarismo da ciência e o empirismo. A aspiração maior de Francis Bacon seria a de fornecer uma filosofia do conhecimento que se voltasse à ação, permitindo uma maior autonomia do homem diante das contingências impostas pela natureza, em contraposição à combatida abstração das verdades científicas postuladas pela escolástica. Além disso, as propostas de Bacon de um método indutivo e a construção de um conhecimento que passasse necessariamente pelo crivo dos sentidos (empirismo) visavam ainda à realidade mesma do bem-estar do ser humano, de forma que a ciência servisse exclusivamente a esse fim (utilitarismo).

Retrato de Francis Bacon, Visconde de Saint Alban. Disponível em: 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Francis_Bacon,_Viscount_St_Alban_from_NPG_(2).jpg

Desenvolvimento

Após a introdução, o professor deverá apresentar aos alunos o vídeo disponível no site a seguir, no qual são resumidas algumas noções básicas da Filosofia de Francis Bacon: http://www.youtube.com/watch?v=XJhAy5RH6Nw. (A despeito do tamanho do vídeo, o professor deverá exibir o trecho que vai atéa marcação2:47. Para maior compreensão, é necessário que o professor esclareça aos alunos alguns conceitos utilizados no vídeo que,possivelmente,não serão entendidos.)

Feita esta exibição, o professor deverá dividir a classe em grupos e incentivar uma reflexão conjunta dos alunos que parta das seguintes questões:

-Quais são as principais propostas da Filosofia Baconiana? Elas são conservadoras ou revolucionárias?

-Para Francis Bacon, o saber deve servir primeiramente a quem ou a o quê?

-Na sua opinião, como a Filosofia Baconiana poderia influenciar a ação política dos homens de seu tempo?

Ao final da aula, o professor deverá solicitar uma breve apresentação das reflexões de cada grupo para toda a classe, bem como estimular e organizar uma espécie de seminário que vise o intercâmbio de ideias entre as reflexões feitas por cada grupo.

AULA 2

Nesta aula, partindo do pressuposto de Bacon “Saber é Poder”, o professor irá introduzir as possíveis influências de seu pensamento na Revolução Inglesa. (O professor poderá escrever na lousa ou quadro negro o pressuposto de Bacon antes de começar a expor a sua aula.)

O professor deverá lembrar aos alunos as novas propostas da Filosofia Baconiana, bem como os conceitos de utilitarismo e empirismo.

Feito isso, deverálançar a seguinte questão: como a ciência serviria ao bem-estar do ser humano? Este bem-estar seria social, político, material ou espiritual?

Após dar alguns minutos para os alunos refletirem e espaço para que possam opinar, o professor deverá dividir novamente a sala em grupos, que tratarão de algumas concepções de Bacon que dizem respeito à ação política dos seres humanos.

Desenvolvimento

Ao dividir a sala em grupos, o professor disponibilizará a cada grupo um trecho textual atribuído a Francis Bacon, bem como o tema central que nele é desenvolvido. Como trecho em mãos, os alunos deverão analisá-lo,tendo em vista a ligação da proposta do filósofo com as mudanças sociais e políticas ocorridas a partir de 1640, com a Revolução Inglesa.

Grupo 1: “Insubmissão às teorizações puramente tradicionais e sem fundamentos empíricos”

“Quando os homens delegam aos outros a sua capacidade de julgar, e [...] concordam em apoiar as opiniões de uma outra pessoa, [...] entregando-se ao trabalho servil de glorificar certos autores e aumentar-lhes o séquito.”

(Fonte:Trecho de Works,citado em HILL, Cristopher. Origens intelectuais da revolução inglesa. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p.157.)

Para analisar este trecho à luz dos eventos ocorridos na Revolução Inglesa, os alunos deverão partir da seguinte questão e reflexão:“Qual a influência deste pensamento de Francis Bacon no radicalismo da Revolução Inglesa?”

Cite pelo menos uma ação radical dos revolucionários ingleses que seja consonante ainsubmissão às teorizações tradicionais e sem fundamentos empíricos, postulada por Bacon.

Para fundamentarem suas reflexões, os alunos ainda poderão utilizar algumas sínteses sobre a Revolução Inglesa,presentes nos seguintes links:

http://www.culturabrasil.org/revolucaoinglesa.htm

http://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/revolucao-inglesa.htmhttp://educacao.uol.com.br/historia/revolucao-inglesa-cromwell-revolucao-puritana-e-revolucao-gloriosa.jhtm

Grupo 2:  “Refutação da superioridade individual”

“Minha forma de descobrir ciências contribuiu muito para equiparar a inteligência dos homens, deixando muito pouco à superioridade individual, pois suas realizações se dão através das mais sólidas regras e demonstrações.”

(Fonte:Trecho de Works,citado em HILL, Cristopher. Origens intelectuais da revolução inglesa. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p.191.)

Para analisar este trecho à luz dos eventos ocorridos na Revolução Inglesa, os alunos deverão partir das seguintes questões e reflexões:

- Qual seria o impacto deste pensamento de Francis Bacon em uma sociedade tradicionalmente marcada pela hierarquia social?

- Quais as influências deste pensamento na proposta revolucionária da soberania do Parlamento sobre o Rei,que se quer absolutista?

Para fundamentarem as suas reflexões, os alunos ainda poderão utilizar algumas sínteses sobre a Revolução Inglesa,presentes nos seguintes links:

http://www.culturabrasil.org/revolucaoinglesa.htm

http://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/revolucao-inglesa.htmhttp://educacao.uol.com.br/historia/revolucao-inglesa-cromwell-revolucao-puritana-e-revolucao-gloriosa.jhtm

Ao final da aula, o professor deverá solicitar a cada grupo a preparação de um breve teatro que articule as temáticas respectivamente abordadas com a máxima de que "saber é poder". Não é necessário - embora seja preferível - que os alunos partam da abordagem da Revolução Inglesa. O que se buscará enfatizar nos teatros será o possível "senso de emancipação" proveniente daquelas tópicas trabalhadas em grupo. Os teatros serão apresentados na aula seguinte.

AULA 3

Nessa aula, os teatros de cada grupo deverão ser apresentados. Ao final das apresentações, que deverão seguir os parâmetros dos temas trabalhados por cada grupo na aula anterior, em sentido de conclusão, o professor deverá articular tais tópicas ao tema da aula.

Conclusão

Francis Bacon, apesar de falecido em 1627 – antes do turbilhão de eventos representado pela Guerra Civil iniciada em 1642 –, esteve imerso no contexto da chamada Revolução Científica, sendo um marco fundamental da conhecida tradição filosófica empirista. No entanto, o seu legado deixado para a realidade inglesa vai além do campo científico-filosófico, fazendo-se sentir também nas ideias políticas da Revolução, quinze anos após a sua morte.

Graças ao seu senso histórico, Bacon, que subiu ao posto de Lorde Chanceler no reinado de Jaime I, percebera que algo novo acontecia tanto na ciência quanto na sociedade. Seu maior feito foi haver definido o que era esse algo novo e mostrar como poderia ser utilizado conscientemente para a melhoria da condição humana.

Para além do campo científico e da vida intelectual na Inglaterra do século XVII, é notável a clara influência de Bacon em nomes plenamente envolvidos com a Revolução Inglesa, como James Harrington e o digger Gerrard Winstanley – este último chegando a propor um prático “céu aqui”, ou seja, uma vida confortável na terra.

Sugestões de links para alunos:

• Breve biografia de Francis Bacon - http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon_(fil%C3%B3sofo)

• Vídeo-aula "Francis Bacon" - http://www.youtube.com/watch?v=XJhAy5RH6Nw

Sugestões de links para professores:

• Texto "Francis Bacon e o empirismo" - http://moralibilia.blogspot.com.br/2010/09/francis-bacon-e-o-empirismo.html

• Texto "O empirismo" - http://www.mundodosfilosofos.com.br/bacon.htm

Sugestões de livros para os professores:

• HILL, Cristopher. Francis Bacon e os parlamentaristas. In: Origens intelectuais da revolução inglesa. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1992. (Coleção O homem e a história).
• ROSSI, Paolo. Francis Bacon: da magia à ciência. Tradução de Aurora Fornoni Bernadini. Curitiba: Ed. UFPR, 2006.

A avaliação será realizada em todas as etapas do aprendizado:

- as atividades presentes na primeira aula possibilitarão aos alunos fixarem os principais pontos propostos pelo filósofo, bem como formularem uma opinião sobre o seu teor e a sua incorporação pelos ideais revolucionários;

- durante o trabalho em grupo, os alunos serão avaliados segundo a sua capacidade de realizar tarefas coletivas como a interação e o diálogo, o respeito aos diferentes pontos de vista e o consenso entre opiniões divergentes;

- as apresentações e o seminário serão um meio de se avaliar a capacidade de autonomia dos alunos para a organização de um trabalho consistente, bem como da transmissão, de forma concatenada, do aprendizado, adquirido durante as atividades, em meio ao diálogo tecido com os colegas de outros grupos;

- os teatros deverão ser avaliados, levando-se em consideração a autonomia dos alunos em se tratando da capacidade de transmissão coerente e consistente de suas opiniões, bem como da pertinência ao assunto estudado.