O aluno poderá aprender sobre as mudanças políticas ocorridas na França no século XIX, especialmente sobre as crises e a ruína da Segunda República Francesa, e como a cultura política gerada neste período influenciou o cenário internacional.

O professor deverá trabalhar com os alunos os principais eventos da história política francesa no século XIX, como o movimento de restauração que instaurou a Monarquia dos Bourbon no poder e as barricadas de julho de 1830, quando Luís Filipe de Orléans se tornou o rei da França.

Introdução

O ano de 1848 marcou o Continente Europeu com movimentos revolucionários, advindos em grande parte da consolidação do poder político da burguesia e do surgimento do proletariado industrial como força política. Tendo Paris como centro irradiador, esses movimentos revolucionários rapidamente se propagaram pela Europa.

Esses dois novos setores políticos, há muito, mostravam-se insatisfeitos com os rumos da política francesa. Trazendo novas ideias políticas, novos planos para a economia e buscando estabelecer um lugar privilegiado neste cenário de poder, burguesia e proletariado agitavam Paris, sendo o evento mais exemplar os denominados banquetes. Grupos políticos de oposição ao governo do Rei Luís Filipe, impedidos de realizar manifestações públicas, decidiram pela realização de banquetes com o objetivo de discutir a grave crise econômica enfrentada pelo país, além de propostas de ação e meios de obter maior representatividade política.  No dia 22 de fevereiro de 1848, foi marcado um grande banquete, que contaria com a presença de representantes dos partidos de oposição advindos de toda a França; no entanto, o banquete foi proibido, o que desencadeou forte reação popular. Após três dias de luta, com centenas de ruas tomadas por barricadas, os revoltosos conseguiram a abdicação de Luís Filipe, dando lugar ao estabelecimento de um novo governo provisório, republicano. O governo, que a princípio tentou conciliar interesses tão distintos, logo se viu obrigado a afastar o agitado proletariado da vida política: as Jornadas de Junho foram o ponto final na participação popular na revolução. Mais tarde, a burguesia elegeria Luis Bonaparte como seu representante, sendo posteriormente traída por este, por meio de um Golpe de Estado proferido em 2 de dezembro de 1851.

Luís Filipe de Bourbon. Data: 1841

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Charge da Revolução de fevereiro de 1848.

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Barricadas nas ruas de Paris durante a Revolução de junho de 1848.

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Louis-Auguste Blanqui.

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Xilogravura publicada na Illustrierte Zeitung mostrando as eleições de 1848 na França.

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Desenvolvimento

Primeira aula

Nesta primeira aula, o professor deverá realizar uma breve exposição sobre o tema da aula - contemplando o contexto em que as jornadas ocorreram, os personagens e interesses envolvidos, as ideias políticas em circulação -,e em seguida, organizar os alunos em quatro grupos, cada um representando um grupo de interesse nas jornadas revolucionárias de Paris. Esses grupos formarão um fórum, no qual cada grupo deverá expor os seus interesses como classe social, e defendê-los. Nesta primeira aula, contudo, os alunos deverão preparar-se para o debate. Para tanto, sugerimos a leitura silenciosa do texto “1848: Marx e a luta de classes na França”, de Augusto Buonicore, disponível em:

http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=1400&id_coluna=10 (acessado em: 9 abr. 2012).

Os grupos a serem formados são:

- Grupo 1: “Os legitimistas”, conservadores representantes da antiga nobreza, vislumbravam restituir a dinastia dos Bourbon;

- Grupo 2: “Os republicanos”, representavam os profissionais liberais e a classe média, empunhando bandeiras nacionalistas;

- Grupo 3: “Os bonapartistas”, liderados por Luís Bonaparte, representavam a pequena burguesia descontente;

- Grupo 4: “Os socialistas”, representavam a crescente classe operária, que, a despeito da organização muitas vezes precária, fazia-se notar como força política considerável.

Segunda aula

Nesta aula, ocorrerá o fórum com a mediação do professor. Cada grupo terá 15 minutos para exposição; neste tempo, deve apresentar a classe que representa, expondo seus interesses, seus pontos de vista, apontar seus principais líderes, suas orientações ideológicas e suas propostas para o governo; a discussão deve ser capaz de reconstituir a movimentação revolucionária de 1848, ressaltando a origem social de cada um dos grupos, os interesses defendidos, meios políticos utilizados, camadas da população que representavam, etc. O professor deve fomentar a discussão colocando questões, testando os argumentos, fazendo contra argumentações, de modo que os alunos consigam compreender a complexidade dos acontecimentos de 1848.

Terceira aula

Nesta aula os alunos deverão preparar uma peça de teatro. A peça deverá se basear na apresentação do fórum da segunda aula. Os quatro grupos deverão ser mantidos e os argumentos criados para o fórum devem ser transformados em um roteiro. Os alunos deverão interpretar seus respectivos grupos sociais no momento da revolução de fevereiro de 1848,  transformando seus argumentos do fórum em falas para a peça. O professor deve auxiliar na montagem de um roteiro que dê conta da complexidade social e política daquele momento histórico, lembrando que a apresentação não poderá ultrapassar 50 minutos. A peça pode ser apresentada para toda a escola, o que incentivará os alunos a se dedicarem mais a ela.

Quarta aula:

Apresentação da peça.

Quinta aula: Conclusão

Nesta aula professores e alunos deverão fazer uma roda de discussão, onde farão um balanço sobre o fórum e sobre o roteiro da peça teatral, buscando avaliar o contexto histórico em que a Revolução de 1848 ocorreu. Neste momento os alunos deverão ser capazes de articular as ideias e os interesses dos múltiplos grupos envolvidos na Revolução, compreendendo as mudanças políticas e ideológicas do momento, e deverão também refletir sobre as consequências dessa ebulição política para a França e para o resto da Europa.

- Lembranças de 1848- As jornadas revolucionárias em Paris  - Alexis de Tocqueville;

- O 18 de Brumario de Luís Bonaparte– Karl Marx.

As atividades desenvolvidas durante as cinco aulas deverão ser avaliadas pelo professor, bem como a qualidade dos argumentos utilizados no fórum, do roteiro da peça teatral e a discussão da última aula.