03/07/2012
Eliana Dias
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: modos de organização dos discursos |
O gênero discursivo Carta do leitor apresenta algumas características da carta pessoal, tais como, remetente, destinatário, corpo da carta e assinatura, portanto, o conhecimento prévio desse gênero é fundamental para o desenvolvimento desta proposta.
Imagem disponível em:
http://criaturadg.blogspot.com.br/2009/05/lupa.html
Disponível em:
http://www.brasilescola.com/redacao/a-carta-leitor.htm
1.Tema: Carta do leitor
O gênero discursivo Carta do leitor apresenta destinatário específico - a pessoa que escreveu a matéria ou o responsável por sua publicação. Serve para divulgar conceitos e opiniões, dar voz ao público de uma revista ou de um jornal, promover debate de ideias e expressar respeito pelas posições do leitor. O autor escreve para fazer comentários positivos ou negativos sobre uma matéria veiculada na publicação, para mostrar o seu ponto de vista a respeito de assuntos tratados em matérias, enfim, para inserir-se em um diálogo ou debate público. Vale observar que nem todas as cartas enviadas a uma revista ou jornal poderão ser publicadas, geralmente, há uma seleção feita por profissionais responsáveis.
2. Problematização
2.1 Motivação: apresentando o tema aos alunos
Para motivar os alunos em relação ao tema proposto, o professor deverá solicitar a eles que acessem a página: http://www.youtube.com/watch?v=ZQryoP4pNXg&feature=related para assistirem ao início do filme “Central do Brasil”, de Walter Salles.
Disponível em: http://joapa.blogspot.com.br/2009/07/trilha-sonora-central-do-brasil.html
Após os alunos assistirem ao vídeo, o professor conversa com eles sobre o filme, pedindo a eles que leiam a sinopse, disponível na página: http://www.centraldobrasil.com.br/fr_sin_p.htm
Dora (Fernanda Montenegro) escreve cartas ditadas por analfabetos, na Central do Brasil. Nos relatos que ela ouve e transcreve, surge um Brasil desconhecido e fascinante, um verdadeiro panorama da população migrante que tenta manter os laços com os parentes e o passado. Uma das clientes de Dora é Ana, que, junto com seu filho Josué, procura Dora para que ela escreva uma carta. Josué (Vinícius de Oliveira), um garoto de nove anos, sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Na saída da estação, Ana é atropelada e Josué fica abandonado. Mesmo a contragosto, Dora acaba acolhendo o menino e envolvendo-se com ele. Termina por levá-lo para o interior do nordeste, à procura do pai. À medida que passam a se conviver, estes dois personagens, tão diferentes, vão se aproximando. Começa então uma viagem fascinante ao coração do Brasil, à procura do pai desaparecido. É uma viagem que toca profundamente o coração de cada um dos personagens do filme. |
Professor, explore ao máximo a leitura dos alunos e, depois, a partir da temática do filme, promova um debate sobre a importância da comunicação interpessoal por meio da escrita. Instigue os alunos a refletirem sobre suas práticas de comunicação. Que meios eles utilizam: carta, bilhete, e-mail, Orkut, MSN, Facebook?
Converse com os alunos sobre a necessidade de dominar não só a linguagem utilizada por eles quando se comunicam pela internet (mensagens breves, sem muita elaboração do pensamento, repleta de gírias e abreviações), compreendida por um grupo restrito, mas também a variedade padrão da língua portuguesa, compreendida em todas as regiões e empregada em situações formais.
2.2 Focalizando o tema
Após a discussão realizada a partir do filme “Central do Brasil”, o professor pergunta aos alunos:
a. A carta pessoal é um gênero que possibilita a comunicação entre pessoas que estão distantes uma da outra. Que tipo de assunto geralmente contém uma carta pessoal?
b. As cartas escritas por Dora podem ser consideradas cartas pessoais? Por quê?
c. Vocês conhecem outros tipos de cartas? Quais?
d. Devido à dinamicidade dos gêneros discursivos em função das necessidades sócioculturais de nossa sociedade, o gênero carta deu origem a outros gêneros tais como: carta familiar, carta de amor, carta aberta, carta de solicitação, carta de reclamação, carta do leitor, dentre outras.
Por meio de qual dessas cartas, o leitor pode dar sua opinião a respeito de uma matéria publicada em jornais e revistas? Explique.
e. Você já escreveu uma carta para algum jornal ou revista? Comente.
f. Geralmente, nesse tipo de texto, os leitores de jornais e revistas fazem comentários positivos ou negativos sobre o que leram. Quais seriam os recursos linguísticos utilizados pelo leitor, por exemplo, para expressar sua opinião?
A seguir, o professor exibe para os alunos, em datashow, as cartas dos leitores, apresentadas abaixo. Essas cartas foram publicadas na revista Superinteressante. Foram escritas pelos leitores para comentar e expor sua opinião sobre a reportagem “Sobre a ansiedade”, publicada em novembro de 2008, na revista.
Capa da edição de novembro de 2008 em que foi publicada a matéria “Sobre ansiedade”.
Disponível em: http://www.mwbra.com/super-interessante-novembro-de-2008/
Observação: professor, antes de conversar com os alunos sobre as cartas, solicite a eles que acessem a página: http://super.abril.com.br/saude/ansiedade-447836.shtml para lerem a reportagem que deu origem a elas.
Sobre a AnsiedadeDescubra por que a ansiedade atrapalha a sua vida e aprenda o que fazer para conviver com ela.por Texto Karin HueckQuando todas as coisas boas da vida – amor, dinheiro, sexo e diversão – se tornam motivo de preocupação, é sinal de que algo está errado. Entenda o que é a ansiedade e aprenda a conviver com esse sentimento, que é mais comum e antigo do que você imagina. Vamos começar pelo final. Quando você terminar de ler esta reportagem, terá descoberto que ansiedade é o sentimento típico de quem vive no futuro, se preocupando com as coisas que ainda vão acontecer. E que, se estamos vivos hoje, é a ela que devemos agradecer, porque nos fez ser mais cautelosos durante séculos e séculos de evolução. Você também vai aprender que todos os tipos de ansiedade podem ser tratados com remédios ou terapia, mas que, por mais que eles atrapalhem o trabalho, o namoro, as coisas boas da vida e acabem com a sua paciência no trânsito, nem sempre é bom se livrar deles. Dá para conviver com a ansiedade pacificamente – e é isso que vai fazer a diferença na hora de reconhecer que nem tudo precisa ser motivo de preocupação o tempo todo. Pronto, se, como bom ansioso, você queria saber como esta matéria vai acabar, não precisa mais correr para a última página. Pode seguir aqui, com calma, para entender de onde surgiu esse problema e para aprender por que falar de ansiedade está na moda. Há mais de 300 mil livros e 100 mil artigos médicos sobre o assunto, e o número aumenta todos os dias. Oito em cada 10 trabalhadores apresentam algum sintoma de ansiedade ao longo da carreira, segundo pesquisa de uma associação internacional voltada ao estudo do estresse. Em algum momento da vida, você vai sentir a sensação de que não vai dar conta das coisas. Não existe quem nunca tenha sofrido com a ansiedade. E, acredite se quiser, isso pode ser bom. Mas, afinal, o que é essa sensação? [...]
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Carta 1
A matéria sobre a ansiedade foi a mais elucidativa e completa que já li. Controlei a minha ansiedade e li devagar, com atenção. Saber controlar esse sentimento é mais do que essencial no momento em que vivemos: é vital. O contrário resulta em colapso físico e mental. A ânsia de estar bem informado pode ser controlada se pensarmos que é menos grave que doenças, desemprego e violência. Afastar os pensamentos catastróficos é sem dúvida uma boa solução para fugir da ansiedade. Maria das Graças P. Monteiro, Feira de Santana, Ba |
Carta 2
Como falar de ansiedade numa fila de banco? Não sei o que responder. Só sei que é justamente onde eu estava ao ler essa matéria. Aí juntou tudo: a ânsia de ser atendido logo, a dúvida se iria ter tempo de me encontrar com a minha namorada e a espera da prova do vestibular, que está marcada para o fim deste mês. E, pior, ficar ansioso não me ajudou. Passei 6 horas socado naquela agência. Marco Manoel, João Pessoa, PB. |
Carta 3
Quando vi a capa desse mês, já me identifiquei com o assunto. Vivo achando que o dia deveria ter 30 horas. Como sou professora, tenho necessidade de saber de tudo que há de novo em tecnologia e informação. A presença da revista em cima da mesa, sem ter tempo para lê-la, me deixou angustiada a semana inteira. Sempre achei que as pessoas ansiosas, como eu, aproveitam mais o que há no mundo. E qual o mal de ter sede de informação? Cristiane Magnani, Curitiba, PR.
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Disponíveis em: http://super.abril.com.br/cotidiano/mensagens-chegam-redacao-super-447864.shtml
Após a leitura da reportagem e das cartas dos leitores (1, 2 e 3), o professor discute com os alunos sobre aspectos pertinentes ao contexto de produção e à linguagem, visando construir perguntas norteadoras da atividade de pesquisa a ser realizada sobre o gênero em questão.
As cartas lidas foram publicadas na Superinteressante, revista que divulga informações científicas para o público em geral.
a. Considerando esta característica da revista, que tipo de linguagem supõe-se que seja empregado em seus artigos?
b. Que outros temas, além da ansiedade, poderiam ser abordados em uma revista como essa?
c. É possível deduzir, pelo conteúdo das cartas, que os leitores dessa revista têm algum conhecimento científico? Comente.
d. As cartas lidas apresentam opiniões positivas ou negativas a respeito da reportagem? Justifique.
e. Por que revistas e jornais publicam a opinião de seus leitores, mesmo que ela seja negativa?
f. As cartas lidas não foram escritas exatamente como foram publicadas na revista. Elas foram editadas, ou seja, a revista publicou apenas o que pareceu essencial na carta. É possível supor porque isso ocorre? Explique.
g. O autor da Carta 1 começa apontando qualidades da matéria “Sobre ansiedade”.
Quais são essas qualidades? Qual a classe gramatical dessas palavras?
O emprego dessas palavras no texto é importante para o desenvolvimento da argumentação? Explique.
h. A Carta do leitor apresenta algumas características da carta pessoal. Quais são elas?
i. Observe a linguagem empregada nas cartas lidas.
Que variedade linguística predomina?
Qual o tempo verbal predominante?
Em que pessoa os autores das cartas se apresentam?
(1) Quais são as marcas linguísticas responsáveis pelo grau de informalidade/ formalidade no gênero discursivo carta do leitor?
(2) Qual a função dos adjetivos na construção da argumentação?
(3) Qual é o objetivo da carta do leitor, considerando o papel social assumido pelo locutor?
Professor, a partir das perguntas selecionadas para nortear a pesquisa, oriente os alunos a construirem possíveis respostas para elas.
Supondo que as perguntas da pesquisa sejam as perguntas sugeridas, o professor poderá orientar os alunos a construir possíveis respostas, retomando com eles a análise das cartas do leitor, feita anteriormente.
Dessa forma, são respostas possíveis para as perguntas:
O emprego da variedade padrão da língua garante a formalidade do texto, enquanto recursos de pontuação como as exclamações e as interrogações, bem como o uso de períodos simples marcam a informalidade.
Nas cartas do leitor, os adjetivos exercem papel importante na construção da argumentação, pois podem evidenciar a postura assumida pelo leitor diante do ponto de vista defendido no texto.
O autor escreve para fazer comentários positivos ou negativos sobre uma determinada matéria, veiculada em uma revista ou jornal, para apresentar seu ponto de vista a respeito do assunto tratado e até mesmo para responder a outras cartas do leitor, enfim, para inserir-se em um diálogo ou debate público.
É importante que os alunos percebam que tomar o gênero carta do leitor como objeto de estudo possibilita qualificar-se para assumir uma postura mais crítica frente a situações vivenciadas no cotidiano, por ser este um gênero discursivo com diferentes propósitos comunicativos, como opinar, agradecer, reclamar, solicitar, elogiar, criticar etc. Faz-se necessário que os alunos percebam a importância do contexto de produção na leitura e produção do gênero, visto que são as condições de produção dos discursos que direcionam a escrita dos textos, definindo objetivos para públicos/ leitores distintos.
Para isso, o professor deverá orientar os alunos para realizarem leituras a respeito do gênero e também de seções de Carta dos leitores de outros jornais e revistas, antes de redigirem a justificativa.
Sugestão de links:
http://super.abril.com.br/superarquivo/
http://cienciahoje.uol.com.br/
Atividade 2
Depois de realizada a discussão da reportagem escolhida pelo grupo, os alunos deverão escrever cartas para serem enviadas ao jornal ou à revista.
1. Antes de escrever a carta, os alunos deverão observar os seguintes aspectos em relação à matéria lida:
a. Qual a posição defendida pelo autor?
b. Qual a importância do assunto tratado para o cotidiano das pessoas?
2. Para definir o ponto de vista que será defendido na carta, observe o seguinte:
a. Você concorda ou discorda com os aspectos apresentados no texto?
b. Você irá fazer comentários positivos ou negativos sobre o conteúdo da reportagem?
3. Não se esqueça das características composicionais da carta do leitor:
a. Indicação do local ( cidade, estado) e data;
b. A quem a carta será dirigida: para o editor da revista, responsável pelo conteúdo a ser publicado.
4. Defina a linguagem a ser utilizada na carta, considerando que os leitores, por exemplo, das revistas Superinteressante e Veja, são, em geral, jovens e adultos não especialistas em áreas científicas, mas com alguns conhecimentos sobre os assuntos tratados na publicação.
5. Esteja atento ao emprego dos adjetivos, pois eles exprimem juízo de valor e podem reforçar as opiniões expressas na carta.
6. Esquematize o corpo de seu texto da seguinte forma:
Seu ponto de vista sobre o assunto da reportagem |
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argumento 1 |
argumento 2 |
Conclusão |
6. Conclusão e relatório Final
Os alunos deverão redigir o relatório final do projeto desenvolvido, incluindo a reportagem que deu origem às cartas por eles escritas. O trabalho deverá ser apresentado, em sala de aula, no KPresenter, Power Point, ou no Prezi, quando será apreciado pelos colegas e professor.
Considerando que esse projeto terá continuidade, além dessa apresentação, deverá ser montado um portfólio do grupo em que serão arquivadas as cartas escritas pelos alunos, mensalmente, a jornais e revistas.
7. Socialização e divulgação da pesquisa
Professor, depois de apresentadas as cartas à turma pelos colegas, oriente os alunos a postarem as cartas do leitor escritas por eles no Blog da turma, ou no Blog pessoal. Eles deverão incluir a reportagem que deu origem às cartas.
Os alunos poderão obter mais informações sobre o gênero - Carta do leitor, consultando os sites:
http://www.portugues.com.br/redacao/carta-leitor-.html
http://www.brasilescola.com/redacao/a-carta-leitor.htm
http://www.youtube.com/watch?v=Ktfay9k5tJk
Sugestão de leitura para o professor:
http://www.ple.uem.br/3celli_anais/trabalhos/estudos_linguisticos/pfd_linguisticos/096.pdf
A montagem de um portfólio possibilitará ao professor avaliar o progresso de seus alunos na aprendizagem, recorrendo às anotações arquivadas. Dessa forma, a avaliação fornece ao professor dados úteis no sentido de aperfeiçoar e melhorar o planejamento de suas aulas, visando maior êxito na aprendizagem por parte dos seus alunos. Em contrapartida, o aluno poderá, por meio do portfólio, constatar seus progressos e dificuldades a partir de seu próprio nível de rendimento escolar, das suas necessidades e possibilidades de sucesso.
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10/03/2016
Quatro estrelasExcelente aula, bastante prática e mostra aos alunos toda a teoria do gênero como os exemplos que os ajudam muito na sua produção de texto.