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Produção sustentável - agroecologia

 

13/08/2012

Autor e Coautor(es)
Sanderson dos Santos Romualdo
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JUIZ DE FORA - MG COL DE APLICACAO JOAO XXIII

Bárbara da Silva Santiago

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Geografia Questões ambientais, sociais e econômicas
Ensino Médio Geografia Espaços agrários, globalização e modernização
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

- Discutir e construir o conceito de agroecologia;

- Identificar e caracterizar modelos de produção sustentável;

- Refletir sobre a importância da agroecologia enquanto forma racional de manejo dos recursos ambientais e técnica de eficiência produtiva.

Duração das atividades
02 aulas de cinquenta minutos (50 min.)
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

- Geografia Agrária;

Estratégias e recursos da aula

AULA 01

1o. Passo:

Professor(a), inicie a aula com uma discussão inicial sobre a viabilidade da produção sustentável no campo. Lance uma pergunta para motivar essa discussão:

QUESTÃO GERADORA
É possível produzir/criar produtos resultantes das atividades agropecuárias no campo sem a utilização de produtos químicos?

- aqui o professor(a),  junto aos alunos, poderá conversar a respeito de várias questões recorrentes da produção no campo: AGROTÓXICOS, QUEIMADAS, DESMATAMENTOS, POLUIÇÕES ETC.

2o. Passo:

Professor(a), explique aos alunos que a aula irá justamente apontar alternativas contra as diferentes formas que o espaço rural vem sendo agredido por conta dos apontamentos levantados no passo anterior.

- Aqui você irá apresentar para eles o conceito de AGROECOLOGIA.

- Distribua para os alunos cópias do texto abaixo, que vem acompanhado de um áudio. Explique aos alunos que o áudio é uma entrevista de uma rádio:

TEXTO 01 - O que é Agroecologia?
 Na década de 80, em um momento de debate entre os discursos sobre a agricultura brasileira, o conceito de agroecologia surgia e representava um projeto alternativo. O conjunto de técnicas e conceitos, que une o conhecimento tecnológico e o saber popular sobre o ecossistema, era considerado um modelo de agricultura socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável, diferente da agricultura convencional, que sempre buscou insumos e venenos para ampliar a produção e o lucro. Para se ter uma ideia, apenas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, já existem cerca de dois milhões de unidades de produção que não utilizam venenos.
A produção agroecológica tem como objetivo preservar a vida com alimentos saudáveis sem agrotóxicos e livre de transgênicos. As relações do agricultor com a natureza são fundamentais neste processo, como explica Vladimir Moreira, agrônomo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na região de Bagé, no Rio Grande do Sul. 

“A agroecologia é um apanhado de técnicas, de parâmetros, de conhecimento local, de conhecimento do agricultor sobre o ecossistema em que ele vive, interação do meio ambiente com a natureza e o ser humano. É uma teia que a gente chama ‘Teia de Gaia’. Gaia significa terra em grego. Então, a agroecologia é formada por uma grande teia, onde o ser humano interage com os animais, vegetais e com a própria família. A agroecologia é constituída de diversos fatores que vão muito além da agricultura convencional, que é uma agricultura de exclusão.” 

Para os agricultores, o conceito de agroecologia se dá na prática, no cotidiano. Eles não ficam dependentes de nenhum fator externo ao lote de produção. Não precisam comprar adubo nem veneno. Para Délcio Jacó, de um assentamento do MST na cidade de Hulha Negra, no Rio Grande do Sul, o objetivo da agroecologia vai além de questões econômicas. 

“A ideia é de você ser não simplesmente um produtor para viabilizar só economicamente, mas sim defender a vida, a biodiversidade, dentro da propriedade, do assentamento. E também ter um alimento mais saudável, para você, para sua família e para o resto do pessoal.” 

Por não precisar adquirir nenhum insumo externo, as empresas de venenos fizeram uma investida comercial alegando que sem agrotóxicos a produção cairia e, no final das contas, isso sairia mais caro. Mas o agrônomo Vladimir Moreira discorda e explica que o custo da produção agroecológica é baixo, o agricultor arrisca menos e tem retorno econômico, social e de saúde. É o que o agricultor Élio Francisco, também da cidade de Hulha Negra, conseguiu provar na prática. 

“No início até, não se acreditava muito que podia dar resultado mesmo, porque parecia impossível produzir cebola sem usar um químico. Mas é possível porque enquanto as outras empresas usam é um rio de dinheiro para produzir cebola, nosso custo há anos é quase zero. O tratamento é ecológico. Não tem nem comparação. Chegamos a reduzir o custo do tratamento da mesma doença na cebola sem o químico em até 90%.” 

Délcio confirma a experiência no seu lote. Ele conta que tem muito trabalho na sua terra, mas nenhum dinheiro sai do seu bolso e a produção continua rendendo alguns trocados. 

“No ano passado – quando eu tinha plantado um pouquinho menos de um hectare de lavoura - tirei R$ 6 mil e sem ter nenhum centavo de despesa, de custos desta lavoura. Isso sem contar minha mão-de-obra, mas em despesas, em custos que eu tirei dinheiro do bolso, não tinha nenhum centavo. Você não desembolsa nada para produzir. Coloca na lavoura aquilo que você produz em casa.”

  O conceito de segurança alimentar também está muito relacionado à agroecologia. Saber o que se come e comer sem desconfiar de algum produto utilizado nos alimentos nos dá mais segurança. Garantir a qualidade necessária dos alimentos para a família traz muitos desafios para o produtor, que precisa ter condições de renda e plantio. E, para isso, segundo Flávio Valente, da Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (Abrandh), sem mudanças significativas no modelo econômico fica muito mais difícil proporcionar as condições necessárias para o agricultor. 

“Garantir a segurança alimentar para toda a sociedade depende da luta do povo brasileiro. Não depende de ninguém especificamente. Primeiro, depende de um entendimento de que a prioridade deveria ser para garantir que toda a população tivesse condições de ter emprego, terra para plantar, que o modelo agrícola fosse adequado e garantisse o apoio à agricultura diversificada, de que produzisse alimentos limpos e de qualidade. Garantir emprego que as pessoas pudessem ter dinheiro para comprar. Você vê, então, que não é uma coisa que depende de uma ou outra pessoa, mas de uma organização social mais adequada.” 

Felizmente, na prática, algumas pessoas já podem contar com a produção saudável de seus alimentos, independentes de empresas de sementes, adubos e outros produtos. Para Seu Délcio são muitas as vantagens, mesmo que elas demorem um pouquinho a aparecer. 

“As vantagens existem na saúde das famílias, na saúde dos animais. Aquilo que você gasta em casa, você sabe que é muito mais saudável. Então as vantagens vêm aos poucos. De repente a gente de início não percebe tanto a diferença, mas no passar no tempo vai percebendo que as diferenças começam a surgir ali: na água mais saudável, por exemplo. Então tem um monte de fatores que você começa a perceber aos poucos, na melhoria da vida e até econômica também.” 

Por conta desses benefícios que Seu Décio e outros agricultores de todo o país já podem contar que a produção agroecológica é vista como uma mudança profunda na concepção de agricultura. É o que explica Valdemar Arl, agrônomo da Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia (Aopa). 

“A agroecologia deve ser vista como um instrumento da transformação social e também uma quebra de paradigmas. Porque é a ciência da co-evolução em interações positivas de cooperação, de complementaridade e até de interdependência. Não é uma descoberta nova, porque, no passado, o agricultor dependia da natureza, não tinha de nenhum insumo interno. Não existia agrotóxico, nem semente híbrida, ou adubo químico, nem máquinas, nem ferramentas praticamente. E ele praticava a agricultura.”

A disputa entre os discursos sobre a produção agroecológica, a convencional e a que utiliza transgênicos ainda está muito presente nos dias de hoje e está longe de chegar ao fim. Resta à população brasileira refletir sobre o melhor modelo para produzir o alimento suficiente para cerca de 180 milhões de pessoas, levando em conta os aspectos econômicos, sociais, ambientais e de saúde.

Fonte: Disponível em: <http://www.radioagencianp.com.br/node/2028>, acesso em: 14 Mai. 2012.

Áudio 08'04''
Disponível em: <http://www.radioagencianp.com.br/images/stories/notplan/sitio/agroecologia1.mp3>, acesso em: 14 Mai. 2012.

Professor(a), divida a turma em grupos e peça para eles responderem as perguntas a partir da reportagem da Rádio.

ATIVIDADE 01

A- Conversem a respeito da ideia apresentada: AGROECOLOGIA.

B- Houve obstáculos ou alguma resistência para a implantação dessa alternativa por parte de algum organismo (população, empresas, produtores etc.)?

C- A questão da segurança alimentar vem de encontro com a proposta agroecologia?

D- Alunos, de acordo com a reportagem e com as ideias que vocês estejam começando a idealizar sobre tal alternativa, existem vantagens e desvantagens quanto à aplicação desta?

Professor(a), discuta com os alunos as questões desse passo e de uma ênfase a questão 'D'.

3o. Passo:

Professor(a), existem vários exemplos pelo Brasil da utilização por parte de alguns produtores que já utilizam a alternativa agroecológica para produzir no campo. Como sugestão, apresente o vídeo abaixo para os alunos.

VÍDEO 01

AGROECOLOGIA

Fonte: Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=2lNY5_r9cxE>, acesso em: 16 Mai. 2012.

Peça aos grupos para relatarem uns para os outros os aspectos apresentados no vídeo. Lance algumas perguntas para nortear a atividade.

ATIVIDADE 02

A- Onde se passa o vídeo?

B- Que princípios fundamentais são colocados para a Agroecologia?

C- A atividade está sendo exercida dentro de algum Bioma?

D- Por que a queimada não é bem vista?

E- Fale de algum aspecto que lhe chamou atenção no vídeo.

Professor(a), peça aos grupos que tentem fazer uma busca pelo município deles de ações que exemplifique a alternativa agroecológica. Os grupos poderão fazer registros de diferentes formas: FOTOGRAFIAS, VÍDEOS, ENTREVISTAS ETC.

AULA 02

4o. Passo:

Professor(a), comece a aula retomando as ideias trabalhadas na aula anterior.

- Peça aos grupos para se reunirem para finalizar e organizarem uma apresentação dos registros feitos pelo município da alternativa agroecológica. 

5o. Passo: Apresentação

A apresentação será de forma oral e de acordo com o material captado por cada grupo (vídeos, fotografias, entrevistas etc.).

- Coloque para os grupos algumas questões para nortear os relatos. Como sugestão:

Exposição oral a partir das seguintes questões:

PARTE 1 - CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA (perguntas para fomentar as falas)

A- Em que região/local do município foi encontrada a produção?

B- Essa produção se encaixa dentro do perfil agroecológico?

C- Como os produtores percebem os benefícios da produção sustentável.

D. Qual foi a percepção do grupo perante o exemplo encontrado.

PARTE 2 - APRESENTAÇÃO DO MATERIAL COLETADO

Vídeos, fotografias, entrevistas, desenhos etc.

PARTE 3 - AUTOAVALIAÇÃO DO GRUPO

Desafios encontrados pelo grupo na elaboração da atividade. 

Professor(a), parabenize os grupos pelo empenho na execução da atividade.

- Saliente a importância, cuidados e responsabilidades perante o uso da terra.

- Mostre a eles outro exemplo de alternativa agroecológica. Como sugestão:

VÍDEO 02:

EXPERIÊNCIA DO CEARÁ

Fonte: Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Q6o0LdS7yMI&feature=related>, acesso em: 16 Mai. 2012.

ATIVIDADE 03

- Aqui o professor(a), junto aos alunos, irá organizar uma breve discussão a partir das seguintes questões:

a- diferenças e semelhanças entre as diferentes áreas pesquisadas apresentadas por eles nesse passo;

b- diferenças e semelhanças das diferentes áreas pesquisadas e mostradas nesse passo com a situação mostrada no vídeo. 

Recursos Complementares

LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA AGRÁRIA. Disponível em: <http://www.geografia.fflch.usp.br/inferior/laboratorios/agraria/index.htm>, acesso em: 18 Mai. 2012.

 

MDA - MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Disponível em: <http://www.mda.gov.br/portal/>, acesso em: 18 Mai. 2012.

 

AGROECOLOGIA: MATRIZ DISCIPLINAR OU NOVO PARADIGMA PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL.  Disponível em: <http://www.agroeco.org/socla/archivospdf/Agroecologia%20%20Novo%20Paradigma%2002052006-ltima%20Verso1.pdf>, acesso em: 18 Mai. 2012.

Avaliação

Professor(a), aqui você avaliará:

- o processo de entendimento e compreensão dos alunos no que tange o setor agrário da realidade que eles estão inseridos;

- a concepção dos alunos sobre o modelo de produção agroecológico e sustentável, enquanto forma racional de manejo dos recursos ambientais.

Observação: É importante levar em conta a participação em sala e comprometimento durante a realização das atividades 1, 2 e 3 como parte da avaliação. O professor(a), também, poderá realizar uma conversa final com a turma e fazer um diagnóstico dos objetivos alcançados durante as diferentes etapas.

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