04/12/2013
Pauliane de Carvalho Braga; Ligia Beatriz de Paula Germano
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | História | Tempo: transformações e mentalidades |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | História | Cidadania e cultura contemporânea |
Ensino Médio | História | Cultura |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | História | Trabalho e relações sociais |
Os alunos poderão aprender sobre a transformação da Biologia no campo de conhecimento, assim como os conteúdos políticos que essa ciência conseguiu abrigar. Nas primeiras décadas do século XX, as modificações nas práticas de produção e divulgação do conhecimento devem ser compreendidas no seio de um contexto mais amplo de lutas políticas e enfrentamentos sociais em curso na sociedade brasileira.
- História do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
- Estado Novo.
Introdução
Saber historicamente constituído na Europa desde meados do século XIX, a Biologia se afirmou no Brasil a partir do início do século XX. A emergência das populações doentes, ignorantes e rebeldes configurou-se como problema quantitativo e qualitativo a ser resolvido. Para esses males, a Biologia surgiu como uma “mestra da vida” e se prestou a apropriações diversas em práticas de caráter nacionalista. A Biologia apresentou-se como saber decisivo, desdobrando-se na biomedicina, na eugenia, na antropologia física, nas teorias evolutivas e na genética e, ainda, na fitogeografia, na zoogeografia e na ecologia.
Nesse contexto, o Museu Nacional buscou recriar suas práticas para apresentar-se como uma instituição afinada com as transformações no mundo da ciência. Membros notórios do Museu, como Roquette-Pinto, Cândido Mello Leitão e Alberto José de Sampaio, esforçavam-se para se tornar cientistas especializados, ao mesmo tempo que voltavam muitas de suas atividades para a socialização dos saberes científicos. Para essa missão pedagógica, o Museu lançou mão de várias mídias, como escritos, imagens, exposições, filmes, programas de rádio e eventos variados; para viabilizá-la, estabeleceram diversas relações com outros locais produtores de conhecimento e com os poderes instituídos. Buscavam apoio governamental para seus projetos e, principalmente, pleiteavam um papel ativo para si e para o Museu Nacional na construção de políticas públicas. Suas atividades políticas delinearam-se como verdadeiras estratégias políticas.
Em suma, as aulas aqui propostas pretendem abordar a emergência dos saberes biológicos na instituição da sociedade brasileira entre 1926 e 1945, privilegiando o Museu Nacional como locus estratégico de um conjunto de práticas empreendidas por diversos atores sociais, entre os quais Roquette-Pinto, Cândido Mello Leitão e Alberto José de Sampaio.
(Texto adaptado de DUARTE, Regina Horta. A Biologia Militante: O Museu Nacional, especialização científica, divulgação do conhecimento e práticas políticas no Brasil – 1926-1945. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010.)
Museu Nacional
http://www.museunacional.ufrj.br/antigo/indexm1g1.html
Roquette-Pinto
http://www.infoescola.com/biografias/roquete-pinto/
Cândido Mello Leitão
http://www.museunacional.ufrj.br/mndi/Aracnologia/pdfliteratura/papers%20m-l.htm
Desenvolvimento
Aula 1
Neste primeiro momento, o professor deverá contextualizar o tema a ser tratado em uma breve exposição de 15 minutos. Nessa introdução, o professor deverá contemplar o momento político do País – principalmente, o Estado Novo de Getúlio Vargas –, assim como a situação da educação e da ciência neste período.
Posteriormente, o professor deverá dividir a sala em dois grupos. Cada grupo receberá textos que deverão ser lidos silenciosamente pelos alunos, durante a primeira aula (links acessados em 10/6/2012).
Grupo 1: “O Museu Nacional e o ensino das ciências naturais no Brasil no século XIX” – Magali Romero Sá e Heloísa Maria Bertol Domingues.
Link:
http://www.mast.br/arquivos_sbhc/156.pdf
Grupo 2: “Intelectuais e educação no Estado Novo: Fernando de Azevedo um intelectual cooptado pelo Estado Novo?” - Marcelo Augusto Totti.
Link:
http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/pdfs/Tema4/0492.pdf
Nesta aula o professor deverá organizar um Seminário com os textos lidos na primeira aula. Cada grupo terá 20 minutos para apresentar o seu texto, apontar os principais pontos e discuti-los. Deverão ser contempladas questões como a razão fundadora do Museu Nacional, suas propostas, seu modo operante. No que diz respeito ao Estado Novo, é importante ressaltar as novas propostas educacionais do governo, os motivos que levaram a esta mudança de direção, a importância dos intelectuais nesse momento, etc. O professor deverá atuar como mediador da discussão, colocando novos problemas e dando dinâmica ao Seminário.
Aula 3
Nesta terceira aula, os alunos irão compor a biografia de três personagens importantes no momento de renovação científica no Brasil: Roquette-Pinto, Cândido Mello Leitão e Alberto José de Sampaio. Divididos em três grupos, os alunos deverão ler e fichar os textos aqui sugeridos.
Grupo 1: “Roquette-Pinto”
- “Roquette-Pinto, o rádio e o cinema educativos” – Vera Regina Roquette-Pinto. Disponível em: http://www.usp.br/revistausp/56/02-veraregina.pdf
- “Roquette-Pinto: uma vida dedicada ao progresso da nação” - Andreas Hofbauer. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/eh/v22n44/v22n44a14.pdf
Grupo 2: “Cândido Mello Leitão”
- “Coleções de aranhas, redes científicas e política: a teia da vida de Cândido de Mello Leitão (1886-1948)” – Regina Horta Duarte. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81222010000200013
- “Biologia, natureza e República no Brasil nos escritos de Mello Leitão (1922-1945)” - Regina Horta Duarte. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882009000200004&script=sci_arttext
Grupo 3: “Alberto José de Sampaio”
- “Alberto José Sampaio – Um botânico brasileiro e o seu programa de proteção à natureza” - José Luiz de Andrade Franco; José Augusto Drummond. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752005000100007
- “‘Em cada palavra uma semente fértil de nova árvore’: Alberto Sampaio e a divulgação de práticas de proteção à natureza no Brasil” - Carolina Marotta Capanema. Disponível em (link para baixar o artigo):
http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro3/GT5.html
Aula 4
Nesta aula os grupos deverão realizar uma pesquisa complementar no Laboratório de Informática. Os alunos deverão pesquisar dados dos três personagens aqui trabalhados – Roquette-Pinto, Cândido Mello Leitão e Alberto José de Sampaio – que não estejam contemplados nos textos da aula anterior. Os alunos deverão atentar para informações que sustentem uma biografia o mais completa possível: vida pessoal, formação e atuação profissional, redes de sociabilidade, trabalhos internacionais, ligações com o poder público, etc. Abaixo, seguem alguns endereços eletrônicos que poderão direcionar a pesquisa:
- Site do Museu Nacional: http://www.museunacional.ufrj.br/
- Site Ciência Hoje: http://cienciahoje.uol.com.br/
- Site da revista Circumscribere: http://revistas.pucsp.br/index.php/circumhc/index
Aula 5
Nesta aula os três grupos deverão finalizar as biografias, reunindo os dados colhidos nos textos lidos na terceira aula e os da pesquisa realizada na quarta aula. As biografias deverão ter, em média, 10 laudas e se organizar em tópicos que digam quem eram, qual sua formação, qual sua atuação profissional, sua trajetória científica, sua importância para o desenvolvimento da Biologia, sua importância para a história do País, etc. Essa biografia deverá ser entregue ao professor, que irá avaliá-la.
Aula 6 – Conclusão
Nesta aula os três grupos deverão reunir-se para compor um grande Manifesto da Biologia. Articulando todas as discussões realizadas até então, os alunos deverão escrever um documento como se fossem um biólogo do período, que reclama o papel social e político da Biologia naquele período. Este manifesto deverá dizer do novo status da disciplina, suas novas diretrizes e pretensões, sua utilidade para o progresso da nação, sua função junto ao governo, etc. Este documento condensará toda a discussão realizada nas cinco aulas anteriores e servirá como síntese do conteúdo estudado. Este manifesto poderá ser afixado nos corredores da escola para que outros alunos possam lê-lo.
(Links acessados em 30/10/2013)
- SAMPAIO, Alberto José de. A secção de botânica no primeiro século de existência do Museu Nacional. Documento. Disponível em:
http://www.obrasraras.museunacional.ufrj.br/o/0007/37-47.pdf
- PANDOLFI, Dulce (Org.). Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1999. Disponível em:
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/6762
- CAPANEMA, Carolina Marotta. A natureza no projeto de construção de um Brasil Moderno e a obra de Alberto José de Sampaio. Tese de doutorado, Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em (link para baixar o artigo):
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/VCSA-6X5EXB
- MOTOYAMA, Shozo (Org.). Prelúdio para uma história: ciência e tecnologia no Brasil. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2004. Disponível em:
http://seer.sct.embrapa.br/index.php/cct/article/view/8708
- DUARTE, Regina Horta. A Biologia Militante: O Museu Nacional, especialização científica, divulgação do conhecimento e práticas políticas no Brasil – 1926-1945. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010. Resenha disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-87752011000100020&script=sci_arttext
As avaliações deste ciclo de aulas consistem na participação e na qualidade argumentativa dos alunos no Seminário da segunda aula; e organização, coerência e qualidade de conteúdo das biografias e do Manifesto da Biologia.
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