20/08/2009
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | Filosofia | Teoria do conhecimento |
1. Responder à questão "o que é conhecer?";
2. Associar os atos de conhecer e pensar;
3. Descrever e caracterizar os diversos tipos de conhecimento humano (senso comum, mito, teologia, filosofia, ciência, tecnologia, artes);
4. Conceituar com mais especificidade o que é filosofia;
5. Compreender a filosofia como experiência de pensamento.
1. Leitura;
2. Compreensão;
3. Escrita;
4. Expressão oral;
5. Senso lógico.
Portador de inteligência simbólica, o ser humano produz variados tipos de informações, conhecimentos e saberes, sempre visando a compreender-se a si mesmo no mundo e a melhor empreender ações para garantir a vida e alcançar sentido existencial.
Os diversos tipos de conhecimento
1 O que é conhecer?
De modo simples, pode-se dizer que "conhecer é elaborar um modelo de realidade" e "projetar ordem onde havia caos" (CYRINO & PENHA, 1992, p. 13). Nesse sentido, três elementos são necessários para que haja conhecimento:a) O sujeito, que é o ser que conhece;b) O objeto, aquilo que o sujeito investiga para conhecer;c) A imagem mental em forma de opinião, idéia ou conceito que resultam da relação sujeito-objeto e que passa a habitar a subjetividade daquele que conhece.Nesse processo, dado que o humano é pensante-sentinte-comunicante, ele articula sentimentos e pensamentos e os transmite por meio da linguagem simbólica, a qual o diferencia dos demais seres existentes. Essa linguagem pode ser oral ou escrita, verbal ou não-verbal.Falar, escrever e gesticular seriam maneiras elementares de o sujeito humano produzir e veicular informações, conhecimentos e saberes. As informações ele as registra em suportes materiais palpáveis. O conhecimento ele o apreende em sua subjetividade, de maneira dinâmica para sempre ser reelaborado. O saber são aquelas informações e aqueles conhecimentos que ele, humano, mobiliza para relacionar-se com o mundo, interagir com os semelhantes, com a sociedade, com o universo e com a vida (CHARLOT, 2000). Por meio da relação sujeito-objeto, da qual resultam informações, conhecimentos e saberes, o humano cognoscente busca compreender, representar e explicar os objetos com os quais convive em sua vida prática e até aqueles que ele imagina possam existir como idéia formal apenas. A isso chamamos conhecimento, esse produto da inteligência simbólica humana por meio da qual o múltiplo ganha uma unicidade, a diversidade recebe certa harmonia e o vazio é preenchido por um sentido, sendo o principal deles o sentido existencial, a razão de ser da vida, o motivo pelo qual o homem e a mulher são, pensam, sentem, julgam, valoram, decidem e agem no aqui-agora de seu ser-estar no mundo.
2 Conhecer e pensar
Decididamente, pode-se dizer que os humanos se diferenciam do animal que não possui inteligência simbólica pela capacidade que o homem e a mulher têm de pensar e, ao fazê-lo, problematizar o seu entorno físico e cultural. Entorno físico identifica-se com a natureza natural. O entorno cultural refere-se a tudo o que o humano produz ao ser, estar e agir no mundo. Enquanto o humano interfere naquela realidade natural e a modifica, os outros animais apenas são predominantemente adaptativos ao ambiente em que se encontram.Um exemplo que ilustra com simplicidade essa constatação é o caso do João-de-barro, o passarinho que, desde que existe na face da Terra, constrói a mesma moradia. Você já viu a casa do joão-de-barro. Se viu, notou que, aquilo que, nele, aparentemente, resulta de uma inteligência simbólica, é, na verdade, produto de uma programação instintiva, da qual o João-de-barro não foge e à qual ele obedece às cegas.O humano começou morando em cavernas. Mas, ao contrário do João-de-barro, fez choças e cabanas. Passos à frente o levaram a fazer casas de madeira, tijolos e cimento. Atualmente, ele utiliza estruturas sofisticadíssimas para construir todo tipo de moradia: edifícios altíssimos e casas que tentam ser à prova de terremotos e furacões.Por que o humano progrediu e o João-de-barro, não? Uma pista para respondermos a essa pergunta é o fato de que o homem e a mulher, à medida que iam explorando seu objeto, a casa, eles também iam pensando sobre ele, objeto, e problematizando a arte de fazer casa, coisa que o João-de-barro, até onde sabemos, não dá conta de realizar. Conclusão: pensar, sentir, problematizar e agir são ações importantíssimas no processo de produzir informações, conhecimentos e saberes.
3 Os diversos tipos de conhecimento e saberes
É a inteligência simbólica, diferente de uma programação instintiva, que possibilita ao ser humano pensar, sentir, problematizar e agir, dando-lhe a possibilidade de produzir uma gama variada de conhecimento.
a) O saber da vida
Esse tipo de saber baseia-se na vivência espontânea da vida e começa a ser construído tão logo o homem seja lançado no mundo. Ele vive esse processo até o dia de sua morte. Por isso, tudo o que diz respeito à condução da vida na terra pode se tornar objeto a ser "explorado" e representado nesse nível de conhecimento da realidade.As características desse tipo de saber compreendem a não-sistematicidade, razão pela qual ele não é produzido com base em procedimentos metodológicos, feitos para conduzir a relação sujeito-objeto. O que resulta dessa relação com o mundo é um saber que muitos chamam saber empírico, vulgar ou, ainda, senso comum.
b) O conhecimento mítico
Trata-se de uma modalidade de conhecimento baseado na intuição e que deriva do entendimento de que existem modelos naturais e sobrenaturais dos quais brota o sentido de tudo o que existe. É um tipo de conhecimento que ajuda o ser humano a "explicar" o mundo por meio de representações que não são logicamente raciocinadas, nem resultantes de experimentações científicas.O conhecimento mítico é "expresso por meio de linguagem simbólica e imaginária" (CYRINO & PENHA, 1992, p. 14). Assim, ainda que o conhecimento mítico crie representações para atribuir um sentido às coisas, ele ainda se baseia na crença de que seres fantásticos e suas histórias sobrenaturais é que são os responsáveis pela razão de ser do existente.
C) Conhecimento teológico
Se o saber da vida se baseia na experiência de vida e é espontâneo, e se o conhecimento mítico fundamenta-se na crença em seres fantásticos, e é elaborado fora da lógica racional, o saber teológico fundamenta-se na fé. É dedutivo por partir de uma realidade universal para representar e atribuir sentido a realidades particulares.Desse modo, o conhecimento teológico parte da compreensão e da aceitação da existência de um Deus, ou de deuses, os quais constituem a razão de ser de todas as coisas. Esses seres "revelam-se" aos humanos. Dão ao homem e à mulher as suas verdades, as quais se caracterizam por ser indiscutíveis, inquestionáveis. Se assim são, a razão não precisa compreender esses dogmas, mas aceitá-los. É esse processo que o conhecimento teológico investiga e tenta explicar.
d) Conhecimento filosófico
O conhecimento filosófico é racional. Baseia-se na especulação em torno do real, tendo como objeto a busca da verdade. Por isso, diz-se que é uma atitude. Ele é sistemático, mas não experimental. Vai à raiz das coisas e é produzido segundo o rigor lógico que a razão exige de um conhecimento que se quer buscando a verdade do existente.Nessa investigação, o conhecimento filosófico visa aos "porquês" de tudo o que existe. É ativo, pois coloca o humano à procura de respostas para as inúmeras perguntas que ele próprio pode formular. Exemplos: Quem é o homem? De onde ele veio? Para onde ele vai? Qual é o valor da vida humana? O que é o tempo? O que é o sentido da vida?
e) Conhecimento científico
Semelhantemente ao conhecimento filosófico, o saber científico também é racional e é produzido mediante a investigação da realidade, seja por meio de experimentos seja por meio da busca do entendimento lógico de fatos, fenômenos, relações, coisas, seres e acontecimentos que ocorrem na realidade cósmica, humana e natural. Trata-se de um conhecimento que é sistemático, metódico e que não é realizado de maneira espontânea, intuitiva, baseada na fé ou simplesmente na lógica racional. Ele prevê, ainda, experimentação, validação e comprovação daquilo a que chega a título de representação do real. Mediante as leis que formula, o conhecimento científico possibilita ao ser humano elaborar instrumentos os quais são utilizados para intervir na realidade e transformá-la para melhor ou para pior.
f) Conhecimento técnico
O fundamento básico desse tipo de conhecimento é o saber fazer, a operacionalização. Tem como objeto o domínio do mundo e da natureza. É especializado e específico e se esmera na aplicação de todos os outros saberes que lhe podem ser úteis.Trata-se de um tipo de saber que auxilia o homem e a mulher a agirem no mundo, levando-os às mais diversas atividades visando à produção técnica da vida. A supervalorização da técnica pode levar a um ativismo que coloca em segundo plano as atividades de pensar e de compreender os "porquês" das coisas, razão pela qual o emprego da tecnologia requer prudência e bom senso.
g) O saber das artes
As artes e os saberes que elas possibilitam valorizam os sentimentos, a emoção e a intuição racio-sentimental humana. Se o saber da vida busca ordem para preencher o vazio de sentido advindo do caos; se o conhecimento mítico busca na crença a razão de ser de todas as coisas; se a teologia fundamenta-se na idéia de deuses para buscar as verdades acabadas a serem observadas pelo ser humano; se a filosofia busca as representações racionais da realidade; se a ciência almeja conhecer de maneira comprovada e segura; se a técnica busca aplicar conhecimentos... o saber das artes busca o belo. Nesse sentido, o saber das artes valoriza as experiências estéticas do humano, proporcionando-lhe o refinamento do espírito ao oferecer-lhe a relação com senso do gosto, do bonito e do grotesco. Experimentar a beleza e extrair dela a matéria fundamental para o refinamento de si mesmo é a finalidade maior de tudo aquilo que se produz em termos de artes e sem as quais o ser humano se vê empobrecido e pequenificado.
4 Conclusão
Como se vê, o ser humano produz diversos tipos de informações, conhecimentos e saberes. E disso ele é capaz porque pensa, problematiza, raciocina, julga, avalia, decide e age no mundo. O humano é interacional. É relacional, e é em meio às múltiplas relações que vivencia no mundo que ele pode construir representações aproximativas deste mundo.
Nesse sentido, um tipo de conhecimento não é melhor que o outro. Eles devem ser vistos numa perspectiva de complementaridade, interdisciplinaridade e até de transdisciplinaridade. Ou os seres humanos não precisam deles para se compreender e viver?
Referências bibliográficas
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Trad. B. Magne. Porto Alegre: Artmed, 2000. CHAUÍ, M. Primeira filosofia: aspectos da história da filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1987. CYRINO, H. & PENHA, C. Filosofia hoje. 2. ed. Campinas: Papirus, 1992.
1. Responda: "o que é conhecer?"
2. Associe os atos de conhecer e pensar.
3. Descreva e caracterize os diversos tipos de conhecimento humano (senso comum, mito, teologia, filosofia, ciência, tecnologia, artes).
4. Conceitue com mais especificidade o que é filosofia.
5. Por que a filosofia pode ser compreendida como experiência de pensamento?
Quatro estrelas 29 calificaciones
Denuncia opiniones o materiales indebidos!
27/05/2015
Cinco estrelasShou de bola! Adorei. A aula torna-se mais atrativa, interessante e com maior motivação tanto para o educando quanto para o educador. Valeu. Parabéns.
17/03/2015
Quatro estrelasAdorei! É uma forma gostosa e prazerosa de aprender um pouco de filosofia! PARABÉNS!
09/03/2015
Cinco estrelasMuito boa sugestão. Plano muito criativo.
29/09/2014
Cinco estrelasExcelente matéria interdisciplinar e esclarecedora. Parabéns.
13/04/2014
Quatro estrelasRealmente a aula foi muito consistente,com explicação de maneira clara e compreensiva. Parabéns pelo conteúdo,procurarei repassar para os meus educando usando a sua mesma simplicidade. Um abraço afetuoso
26/03/2014
Cinco estrelasMuito boa a aula. Obrigada
03/02/2014
Cinco estrelasTexto excelente! ajudou muito, obrigada.
06/01/2014
Cinco estrelasadorei essas resposta me ajudarão a responder as questões do meu trabalho gostei muito me ajudou bastante mesmo e otimo adorei
14/10/2013
Cinco estrelasMuito Bom esse texto!
22/06/2013
Cinco estrelasótimo, excelente
19/05/2013
Uma estrela^^interessante
19/05/2013
Cinco estrelaslegalllll^^
18/11/2012
Quatro estrelasgostei muito dessa aula, bem esclarecedor!
05/06/2012
Quatro estrelasConteúdo adequado conciso, muito adequado para o pouco tempo que nós professores temos para ensinar filosofia em sala de aula.
03/03/2012
Quatro estrelasAmei não só as orientações como também a sugestão da musica correlata de Ivan Lins. Perfeita!! Parabéns
23/11/2011
Cinco estrelasExcelente...... Sou estudante do primeiro semestre de matemática na UFRB. A pedido do Profº Jailson tevemos o previlégio de sua visita e assistir sua aula pessoalmente, foi incrivel. Aula muito proveitosa. Esperamos ter de novo outra oportunidade como essa.
17/11/2011
Quatro estrelasGostei da sequência da aula e das sugestões dadas sobre filmes e textos.
09/06/2011
Cinco estrelasA aula obedece uma sequência lógica, partindo da contextualização dos sentidos que encerram o que é o conhecimento e sua importância, segue para uma fundamentação relacionando o tema com as diversas vertentes de saberes, para depois citar as bibliografias e ensaios, finalizando com a proposta de atividade para fixação.
26/04/2011
Cinco estrelasum plano preciso e coerente. Ideal para os alunos que estão estudando a introdução à filosofia.
25/08/2010
Cinco estrelasMuito boa essa aula, é uma das materias que mais gostei na faculdade.Acho importante saber um pouco de filosofia.
28/07/2010
Cinco estrelasAdorei sua metodologia e pretendo usá-la. Parabéns!
20/05/2010
Cinco estrelasexcelente aula. parabéns
24/03/2010
Cinco estrelasComo estou iniciando como professora de Filosofia, vou procurar trabalhar,dessa forma. Adorei a aula.
24/03/2010
Cinco estrelasAula excelente. Muito bem escrita e conduzida. É desse tipo de texto que precisamos em filosofia, um campo normalmente dominado por diletantismos, tecnicismos e dialetos idiossincráticos iimprompreensíveis. Parabéns ao Wilson! Obrigado!
24/03/2010
Cinco estrelasGostei muito da elaboração desta aula. Desde o objetivo proposto até a forma de avaliação, o autor foi muito coerente, garantindo, ao meu ver uma representação boa da realidade, o que seria boa apropriação do conhecimento.
24/03/2010
Cinco estrelasGostei muito da aula, inclusive as metodalogias, acredito que somente o tempo talvez seja um pouco reduzido, acrescentaria mais umas duas aulas para poder explorar melhor o conteúde. Abroços.
24/03/2010
Cinco estrelasAdorei a aula irei ensina-la para os meus alunos
24/03/2010
Cinco estrelaspARABÉNS, PELA ÓTIMA AULA DE FILOSOFIA
24/03/2010
Cinco estrelasParabéns! Adorei a aula , acredito que são aulas deste modelo é que estão faltando na prática de muitos professores... Pode ter certeza que irei copiá-lo...Obrigada!