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Variações linguísticas em torno de chuva: o que motiva as escolhas lexicais?

 

18/07/2013

Autor e Coautor(es)
SELMA SUELI SANTOS GUIMARAES
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias; Lazuíta Goretti de Oliveira

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Ensino Fundamental Inicial Língua Portuguesa Análise e reflexão sobre a língua
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: variação linguística: modalidades, variedades, registros
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Perceber e reconhecer que uma língua sofre variações internas.
  • Constatar que essas variações podem ser decorrentes do espaço físico ou geográfico e também dos diferentes tipos de estilo.
  • Perceber que as escolhas lexicais são motivadas pelo contexto no qual se insere o falante.
  • Conhecer diferentes escolhas lexicais para designar chuva de granizo.
Duração das atividades
02 aulas de 50 minutos cada
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Habilidades básicas de leitura e compreensão de textos.
  • Conhecimento básico sobre variações linguísticas.
  • Conhecer o gênero Poemas.
Estratégias e recursos da aula
  • Internet;
  • Data show;
  • Vídeos veiculados na internet;
  • Atividades em pequenos grupos.

Módulo 1 - Instalando o tema

ATIVIDADE 1 - Qual é a música?

Instigar a curiosidade dos alunos é uma ótima estratégia para introduzir um tema e facilitar a aprendizagem. Por isso, professor, comece sua aula com uma atividade lúdica para apresentar o tema - variação linguística em torno de chuva. Se você gosta e sabe cantar, prepare trechos de músicas com a palavra chuva ou, caso você prefira, traga os trechos das músicas para que os alunos os ouçam. Divida a turma em dois grupos e explique a brincadeira. Eles vão ouvir trechos de músicas com a palavra chuva ou chover, e deverão adivinhar qual é a música. Para ficar mais empolgante, traga chocolates ou balas para o grupo vencedor, ou seja, aquele que conseguir identificar o maior número de músicas. Para aumentar a dificuldade, você pode acrescentar outras perguntas, tais como:

  • Quem canta essa música?
  • Vocês podem continuar cantando a música, a partir desse trecho?

É possível que os alunos não conheçam as músicas. Mas isso não representa um problema. Aproveite esse momento para trazer um pouco da cultura musical para seus alunos. Mostre a eles músicas de outras gerações, imortalizadas por alguns cantores que até já morreram.

Veja algumas sugestões de músicas com a palavra chuva/chover abaixo:

Apresente apenas o trecho da música no qual aparece a palavra chuva/chover -  trecho com destaque em vermelho na letra. Quando terminar a atividade, caso os alunos se interessem, escolham uma ou duas músicas para ouvir novamente e até mesmo cantar.

PRIMAVERA (VAI CHUVA)

Tim Maia

tim maia

Imagem, música e letra disponíveis em: http://www.vagalume.com.br/tim-maia/primavera-vai-chuva.html. Acesso em: 24 jun 2013.

Quando o inverno chegar
Eu quero estar junto a ti
Pode o outono voltar
Que eu quero estar junto a ti (porque)

Eu (é primavera)
Te amo (é primavera)
Te amo (é primavera) meu amor
Trago esta rosa (para te dar)
Trago esta rosa (para te dar)
Trago esta rosa (para te dar)
Meu amor...

Hoje o céu está tão lindo (vai chuva)
Hoje o céu está tão lindo (vai chuva)

(É primavera)

CHOVE CHUVA

Jorge Ben  Jor

jorge ben jor

Imagem, música e letra disponíveis em: http://www.youtube.com/watch?v=RSlnTUJ8JCo. Acesso em: 24 jun 2013.

Chove Chuva
Chove sem parar...(2x)


Pois eu vou fazer uma prece
Prá Deus, nosso Senhor
Prá chuva parar
De molhar o meu divino amor...

Que é muito lindo
É mais que o infinito
É puro e belo
Inocente como a flor...

Por favor, chuva ruim
Não molhe mais
O meu amor assim...(2x)

Chove Chuva
Chove sem parar...(2x)

Sacundim, sacundém
Imboró, congá
Dombim, dombém
Agouê, obá
Sacundim, sacundém
Imboró, congá
Dombim, dombém
Agouê
Agouê, oh! oh! oh! obá
Agouê, oh! oh! oh! obá
Agouê, oh! oh! oh! obá...

AGUAS DE MARÇO

Elis Regina

elis regina

Imagem, música e letra disponíveis em: http://www.youtube.com/watch?v=xRqI5R6L7ow. Acesso em: 24 jun 2013.

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É uma ponta, é um ponto, é um pingo pingando
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração


É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

QUANDO A CHUVA PASSAR

Ivete Sangalo

ivete

Imagem, música e letra disponíveis em: http://www.youtube.com/watch?v=hqPm-dVRKyw. Acesso em: 24 jun 2013.

Pra que falar?
Se você não quer me ouvir
Fugir agora não resolve nada...

Mas não vou chorar
Se você quiser partir
Às vezes a distância ajuda
E essa tempestade um dia vai acabar...

Só quero te lembrar
De quando a gente andava nas estrelas
Nas horas lindas que passamos juntos...

A gente só queria amar e amar
E hoje eu tenho certeza
A nossa história não termina agora
Pois essa tempestade um dia vai acabar...

Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir

Abra a janela
E veja: Eu sou o Sol...
Eu sou céu e mar
Eu sou seu e fim
E o meu amor é imensidão...

Oh oh oh oh!

Só quero te lembrar
De quando a gente andava nas estrelas
Nas horas lindas que passamos juntos...

A gente só queria amar e amar
E hoje eu tenho certeza
A nossa história não termina agora
Pois essa tempestade um dia vai acabar...

Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela
E veja: Eu sou o Sol...
Eu sou céu e mar
Eu sou seu e fim
E o meu amor é imensidão... (2x)

Oh! Oh! Oh! Oh!
Hey! Hey!
Oh! Oh! Oh! Oh!...

PINGOS DE AMOR

Kid Abelha

pingos de amor

Imagem, música e letra disponíveis em: http://letras.mus.br/kid-abelha/46817/. Acesso em: 24 jun 2013.

A vida passa, telefono
E você já não atende mais
Será que já não temos tempo
Nem coragem de dialogar...

Ainda ontem pela praia
Alguma coisa me lembrou você
E veio a noite
Namorados se beijando
E eu estava só...

Vamos ser
Outra vez nós dois
Vai chover
Pingos de amor

Oh! Oh! Oh!
De amor
Pingos de amor
Pin Pin Pin...

A vida passa, telefono
E você já não atende mais
Será que já não temos tempo
Nem coragem de dialogar...

Ainda ontem pela praia
Alguma coisa me lembrou você
E veio a noite
Namorados se beijando
E eu estava só...

Vamos ser
Outra vez nós dois
Vai chover
Pingos de amor...

Vamos ser
Outra vez nós dois
Vai chover
Pingos de amor
Oh! Oh! Oh!
De amor
Pingos de amor
Pin Pin Pin...

Vamos ser
Outra vez nós dois
Vai chover
Pingos de amor...

Vamos ser
Outra vez nós dois
Vai chover
Pingos, pingos, pingos
Oh! Oh! Oh!
De amor, de amor
Pingos de amor
Pin Pin Pin
Pingos de amor
Pin Pin Pin
De amor
Pin Pin Pin...

Vamos ser
Outra vez nós dois
Vai chover
Pingos de amor
Vamos ser
Outra vez nós dois
Vai chover
Pingos, pingos, pingos
De amor...

ATIVIDADE 2 - Será chuva mesmo?

Depois de terminada a brincadeira "Qual é a música?", faça uma atividade reflexiva sobre a letra das músicas, instigando os alunos a lerem nas entrelinhas e a darem suas opiniões sobre os textos. Provoque reflexões por meio de questões como:

  • Na primeira música, estão citadas três estações do ano. Quais?
  • Qual é a estação que não foi citada?
  • Qual a relação entre essa estação (verão) e a chuva?
  • Na segunda música, temos a frase: "Por favor, chuva ruim / Não molhe mais / O meu amor assim.". Qual seria essa chuva ruim? Seria chuva de verdade? Ou outro tipo de chuva?
  • E na terceira canção, o que podemos inferir sobre os versos: "São as águas de março fechando o verão / É a promessa de vida no teu coração"?
  • Na música da Ivete Sangalo, a palavra chuva se refere ao fenômeno meteorológico realmente? O que significa a frase "Quando a chuva passar" nessa canção?
  • Qual seria a razão de se relacionar chuva e amor?

ATIVIDADE 3 - Nossos poemas

http://1.bp.blogspot.com/-kXKbmx5vYOk/TZ0O8xSJkWI/AAAAAAAAAkE/sVJrjmgtSLA/s1600/ESC.jpg

Imagem disponível em: http://1.bp.blogspot.com/-kXKbmx5vYOk/TZ0O8xSJkWI/AAAAAAAAAkE/sVJrjmgtSLA/s1600/ESC.jpg. Acesso em: 25 jun 2013.

Feitas as reflexões sobre as letras das músicas, divida a turma em duplas e peça a eles que escrevam um pequeno poema, utilizando a palavra chuva ou o verbo chover ou outra(s) palavra(s) relacionada(s) à chuva, como pingos, por exemplo. Eles poderão usar essas palavras no sentido denotativo, chuva mesmo de água, ou no sentido conotativo, como nos exemplos das canções ouvidas. Posteriormente, as duplas farão a leitura de seus pequenos poemas para os colegas.

Módulo 2 - Como se chama essa chuva?

ATIVIDADE 1 - Chuva de granizo ou chuva de pedra?

Depois de terem ouvido músicas que falam sobre chuva, ainda que seja no sentido figurado, traga para os alunos o sentido denotativo de chuva. Comece a aula recordando com eles algum episódio de chuva forte que tenha trazido prejuízos. Recorde com eles que esse tipo de chuva sempre acontece durante o verão. Conte-lhes, por exemplo, que em Uberlândia, Minas Gerais, recentemente, caiu a chuva mais forte dos últimos trinta anos na cidade. Foi uma chuva pesada e choveu até bolinhas de gelo. Pergunte aos alunos se ouviram falar sobre essa chuva ou sobre outras ocorridas em outros estados do País. Pergunte também se eles sabem como se chama a chuva quando caem bolinhas de gelo. É provável que eles mencionem nomes que seus pais ou avós dão a esse tipo de chuva. Pergunte-lhes se conhecem outros nomes para essa chuva. Escreva no quadro o(s) nome(s) que os alunos conhecem para a chuva com bolinhas de gelo.

Depois, mostre aos alunos os títulos de algumas reportagens sobre essa chuva que caiu em Uberlândia:

Chuva, ventos fortes e granizo causam desespero em Uberlândia

Imagem e reportagem disponíveis em: http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2013/05/chuva-ventos-fortes-e-granizo-causam-desespero-em-uberlandia.html. Acesso em: 25 jun 2013.

Forte chuva de granizo atinge Uberlândia

Grandes pedras de gelo caíram na cidade

Pedra de gelo que caiu no bairro Umuarama em Uberlândia

Imagem e reportagem disponíveis em: http://noticias.portalp10.com.br/noticia/ver/data/29-05-2013/arquivo/forte-chuva-de-granizo-atinge-uberlandia_29-05-2013_78389.htm. Acesso em: 25 jun 2013.

Chuva de granizo causa estragos em Uberlândia (MG)

chuva pedra

Imagem e reportagem disponíveis em: http://rederecord.r7.com/video/chuva-de-granizo-causa-estragos-em-uberlandia-mg--51a69cca0cf2a882234c9872/. Acesso em: 30 jun 2013.

Pergunte aos alunos se eles conheciam essa palavra, granizo, para designar a chuva que cai com pedrinhas ou bolinhas de gelo.Comente com os alunos que a expressão chuva de granizo é utilizada na linguagem formal enquanto que chuva de pedra é utilizada na linguagem coloquial ou informal. Peça aos alunos que reescrevam os títulos das reportagens, usando a nomenclatura da linguagem informal para esse tipo de chuva.

Depois de reescreverem os títulos das reportagens, peça aos alunos que leiam o trecho da reportagem sobre a  chuva de Uberlândia, transcrito abaixo, e depois contem oralmente para os colegas o mesmo fato, em linguagem coloquial, trocando a expressão chuva de granizo por chuva de pedra e trocando também outras expressões ou palavras empregadas no texto e que não foram utilizadas na linguagem oral como intensa e/ou avarias, por exemplo.

Nos bairros Umuarama e Aclimação, houve uma intensa chuva de granizo, com pedras que chegaram a medir mais de cinco centímetros de diâmetro. Alguns carros sofreram pequenas avarias.

Trecho retirado da reportagem Temporal causou destruição e prejuízos em todas as regiões de Uberlândia disponível em: http://www.correiodeuberlandia.com.br/cidade-e-regiao/temporal-causou-destruicao-e-prejuizos-em-todas-as-regioes-de-uberlandia/. Acesso em: 30 jun 2013.

ATIVIDADE 2 - Quem gosta de chuva?

No laboratório de informática, ou na própria sala de aula, com um computador e um projetor, exiba o vídeo da canção Chuva, chuvisco, chuvarada do Cocoricó. O objetivo é mostrar aos alunos que o tema dessa canção é a chuva realmente, no sentido denotativo. Deixe que os alunos ouçam e cantem a canção.

Chuva, chuvisco, chuvarada (Cocoricó)

cocoricó

Chove, mas como chove
Chuva, chuvisco, chuvarada
por que é que chove tanto assim?
A terra gosta da chuva
E eu gosto da chuva também
Ela lá e eu aqui
Cocoricó, quiquiriqui

Chove, mas como chove
Chuva, chuvisco, chuvarada
por que é que chove tanto assim?

Quando chove
a terra fica molinha
a planta fica verdinha
e eu fico todo molhado
com o pé na lama, meu nariz tapado
minha vó me chama:
"menino vem cá vem tomar chá
vem comer bolo de cenoura
com cobertura de chocolate quente"
bom muito bom, muito mais do que bom
é excelente

Oh! que tarde tão bela
banana quente no forno com açúcar e canela

Chove, chove, chove, deixa chover
enquanto tiver bolo de cenoura
a gente nem vai perceber

Chove, chove, chove, deixa chover
comendo banana quente
a gente nem vai perceber

Imagem e canção disponível em: http://www.vagalume.com.br/cocorico/chuva-chuvinha-chuvarada.html. Acesso em: 30 jun 2013.

Depois de ouvirem a canção, pergunte-lhes se sabem a diferença entre chuva, chuvisco e chuvarada. Depois de ouvir algumas respostas, peça aos alunos que pesquisem no Dicionário eletrônico Houaiss (online) as acepções para essas palavras. Se a aula não for no laboratório de informática, o professor fará a pesquisa, utilizando o computador e o projetor (data show) para que todos participem. Vão ser encontradas as seguintes acepções:

chuva: substantivo feminino
1    Rubrica: meteorologia.
fenômeno que resulta da condensação do vapor de água da atmosfera em pequenas gotas que, quando atingem peso suficiente, se precipitam sobre o solo

chuvisco: substantivo masculino
1    chuva fina, rala e passageira

chuvarada: substantivo feminino
Regionalismo: Brasil.
chuva copiosa, em geral não muito prolongada; chuvada, chuvão, aguaceiro

Agora, procurem os sinônimos/variantes de chuvisco. Veja o que vão encontrar:

apaga-pó, arenga-de-mulher, borraceiro, borriço, buliceira, chuvilho, chuvinha, chuvisqueiro, cruviana, curviana, garoa, garua, jereré, lebréia, librina, meruja, merujo, mijaceiro, molhe-molhe, molinha, molinheira, molinheiro, morrinha, neblina, orvalho, peneira, xereré, xererém, xixi, xixixi, zimbro; ver tb. sinonímia de chuva

Dicionário Houaiss disponível em: http://200.241.192.6/cgi-bin/houaissnetb.dll/frame. Acesso em: 30 jun 2013.

Explique aos alunos que a variação linguística da língua portuguesa é muito grande e que essas variações podem ser relativas ao espaço geográfico e/ou aos tipos de estilo dos falantes. Pergunte a eles quais são as variações, indicadas pelo dicionário para chuvisco, que eles conhecem. Façam uma lista desses itens lexicais mais conhecidos para chuvisco no quadro.

ATIVIDADE 3 - Atlas Linguístico do Brasil, o que é?

Esta atividade tem como objetivo apresentar aos alunos o Projeto ALiB, isto é, o Projeto Atlas Linguístico do Brasil, que tem por meta a realização de um atlas linguístico geral no Brasil no que diz respeito à língua portuguesa. Ou seja, esse projeto pretende realizar um atlas linguístico no Brasil, apontando as variações linguísticas da língua portuguesa. As dificuldades para a realização desse atlas geral levaram os dialetólogos brasileiros a iniciarem o trabalho de mapeamento linguístico do Brasil pela realização de atlas regionais. Cumpre salientar que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs -, no que diz respeito ao ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa, importa às escolas organizar o ensino de modo que os alunos sejam capazes de refletir sobre os fenômenos da língua, sobretudo sobre os fenômenos que tratam da variedade linguística, evitando, desse modo, a estigmatização, a  discriminação e os preconceitos que se referem ao uso da língua. Para essa atividade, os alunos permanecerão no laboratório de informática. Peça a eles que acessem o site do Projeto ALiB para conhecerem um pouco sobre o trabalho desenvolvido. No site, leiam sobre o que é o projeto e no item Produções, vejam os atlas nacionais que já foram publicados. Vejam também no item Metodologia sobre os Questionários, principalmente sobre o  Questionário Semântico-Lexical. Explique aos alunos que, para a elaboração de um atlas, aplica-se um questionário.

alib

Imagem disponível no site do Projeto Alib: http://twiki.ufba.br/twiki/bin/view/Alib/AtlasNacionais. Acesso em: 03 jul 2013.

ATIVIDADE 4 - Chuva de pedra ou chuva de flor?

Para fechar a aula, proponha essa atividade que objetiva mostrar aos alunos que o emprego de diferentes itens lexicais é, normalmente, motivado pelo contexto no qual esse item lexical é produzido, isto é, motivado pelo contexto no qual se insere o sujeito que fala. Para isso, mostre aos alunos algumas respostas, encontradas no Atlas Linguístico do Paraná - ALPR, à pergunta "Quando chove e caem pedrinhas de gelo, como se chama essa chuva?". Você pode transcrever essas respostas em uma folha e entregá-la ao aluno ou, se preferir, projete as respostas para que todos vejam. Caso você não tenha acesso ao ALPR (veja a referência completa em Recursos Complementares), aproveite as respostas transcritas abaixo:

“daí nós dizemo chuva de pedra, né, porque, que nem a gente aqui, quando é... que nem nós (n)o ano passado a pedrera acabo cum a nossa lavora e agora de novo caiu otra pedrera, esses dia aí, então ficô...” (ALPR, ponto 50, sujeito B, cartograma 24, p. 70)

Inicialmente: “diz uma pedrera, deu uma pedrera aqui no nosso lugar, a gente diz. Aqui sempre dá. Uma veiz até deu aqui, distruiu tudo a pranta. É mas esse já diz tromenta, né, é tromenta, num pode dizê pedrera, é tromenta né, porque sem vento não dá nada, deu uma ventania, deu uma ventania e caiu pedra é tromenta né”. (ALPR, ponto 62, sujeito B, cartograma 24, p. 70)

Observe com os alunos que nessas duas respostas, além de chuva de pedra, os sujeitos utulizam pedrera e tromenta para designar a chuva que cai com pedrinhas de gelo. Segundo Guimarães (2013, p. 105), "a utilização do item lexical pedrera ou tromenta revela um sujeito que participa, de forma ativa, de um grupo de sujeitos marcados pelos prejuízos que tal chuva traz. As consequências, ou melhor, os prejuízos por ela provocados são o motivo de sua escolha lexical."

Veja outras respostas, encontradas no APRL, para a mesma pergunta:

Perguntada se se podia contar que choveu pedra: “é, tem que falá que choveu frô (...) diz que num presta, que se falá cai demais”. (ALPR, ponto 23, sujeito A, cartograma 25, p. 72)

“ah, sempre nós fala é chuva de pedra, chuva-de-flores. A gente não fala pedra porque diz que não presta, né, tem que falá flores, né, senão aumenta, né, então (vo)cê tem que falá flores, né?” (ALPR, ponto 30, sujeito B, cartograma 25, p. 72)

"[...] diz que incrusive falava que num pudia falá chuva de pedra, tinha que falá chuva-de-flor que Deus num gosta que falava chuva de pedra”. (ALPR, ponto 02, sujeito B, cartograma 25, p. 72)

Chame a atenção dos alunos para as três respostas citadas, nas quais os sujeitos-entrevistados chamam a chuva que cai com pedrinhas de gelo de chuva de flores, ou melhor, chuva-de-flor ou frô. Percebe-se que essa escolha lexical é motivada por uma crença. Acredita-se que não se pode falar chuva de pedra porque pode cair mais e também porque Deus não gosta (GUIMARÃES, 2013).

Encerre a aula indagando os alunos se conheciam essas designações para chuva de pedra, pergunte a eles em qual registro, formal ou informal da língua, os itens lexicais pedrera, tromenta e chuva-de-flor podem ser empregados. Certifique-se que eles entenderam que todas essas variações linguísticas em torno de chuva de pedra são motivadas pelo contexto sócio-histórico no qual as pessoas que responderam ao questionário estão inscritas. 

Recursos Complementares

Para saber mais sobre o Projeto ALiB, acesse: http://twiki.ufba.br/twiki/bin/view/Alib/AlibHistorico. Acesso em: 30 jun 2013.

Referências Bibliográficas:

AGUILERA, Vanderci de Andrade. Atlas linguístico do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Estado, 1994.

AGUILERA, Vanderci de Andrade. Atlas linguístico do Paraná: apresentação. Londrina: Editora da UEL, 1996.

GUIMARÃES, Selma Sueli Santos. Aspectos sociais, históricos e culturais como validação das escolhas lexicais: um estudo sobre atlas linguísticos. 2013. 159 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-21062013-114313/fr.php. Acesso em: 03 jul 2013.

Avaliação

A avaliação se dará ao longo das atividades propostas, por meio da observação da participação efetiva dos alunos, sobretudo, na produção dos textos escritos e orais e no emprego do registro formal e informal da língua. Para uma avaliação quantitativa, o professor poderá preparar exercícios nos quais os alunos deverão utilizar as variações linguísticas do registro formal e informal da língua.

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