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Civilizações Pré-Colombianas

 

24/10/2013

Autor e Coautor(es)
LEONARDO SOUZA DE ARAUJO MIRANDA
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BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Anna Flávia Arruda Lanna; Mauro Mendes Braga; Pedro Henrique Barbosa Montandon de Araújo

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Tempo: transformações e mentalidades
Ensino Médio História Cultura
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Migrações, cultura e identidades
Ensino Médio História Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

 O mundo globalizado atual nos dá a impressão de uma unicidade de organizações sociais, políticas e econômicas. Contudo, será esta a única forma de se organizar em sociedade? O desenvolvimento da sociedade tem realmente um fim teleológico? Onde o começo e o fim já estão predeterminados? O objetivo é mostrar que há diferentes organizações sociais, assim como diferentes culturas e sistemas econômicos. Mostrar, ainda, a dimensão pluridirecional do desenvolvimento histórico de cada povo.

Os alunos irão aprender, por meio do estudo dos povos pré-colombianos, tanto o acaso histórico quanto noções de alteridade. Apesar de este ser o objetivo principal, será tratado, também, o conteúdo histórico dos povos pré-colombianos.

Duração das atividades
Cinco aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

 Os alunos deverão ter noções sobre as Grandes Navegações e a colonização espanhola.

Estratégias e recursos da aula

ATIVIDADE 1

Instruções para o professor:

A Descoberta das Américas inaugura um novo olhar do homem sobre o mundo. A comprovação da existência de terras e, principalmente, vida aparentemente humana, para além das Colunas de Hércules, rompe com o conceito de mundo medieval. As fontes do conhecimento, como os escritos sagrados, não conseguem mais explicar esse Novo Mundo. Em meio à adaptação do paradigma medieval à nova realidade, germina um novo paradigma de mundo.

Pensando, então, na descoberta de vida humanoide em outro planeta, o aluno poderá ter uma maior noção da magnitude da descoberta de civilizações nas Américas. Assim como a nossa fonte de conhecimento atual, baseada na ciência, dá-nos como impossível a existência de humanos fora da Terra, a fonte de conhecimento da época dava como impossível a existência de vida humana no além-mar.

A primeira narrativa é acerca do descobrimento e da conquista. O professor deverá introduzir o conteúdo em relação ao descobrimento da América, baseado no livro didático ou tendo liberdade de escolher a própria abordagem. O essencial é a abordagem do descobrimento e de como se deu a conquista destes povos. A aula nesta atividade será basicamente expositiva, porém dando liberdade ao aluno de fazer questionamentos e indagações ao longo da explicação.

Texto base:

“A colonização espanhola das Américas começou com a chegada de Cristóvão Colombo às Américas em 1492. Colombo procurava um novo caminho para as Índias e convenceu-se de que o encontrara. Ele foi feito governador dos novos territórios e fez várias outras viagens através do Oceano Atlântico. Enriqueceu com o trabalho de escravos nativos, que obrigou a minar ouro, e também tentou vender escravos na Espanha. Apesar de ser geralmente visto como um excelente navegador, era fraco como administrador e foi destituído do governo em 1500.

A chegada dos espanhóis à América insere-se no contexto da expansão marítima europeia. A colonização levou a Espanha a fazer incursões no novo continente, dominando e destruindo sociedades indígenas, como a dos incas e dos astecas, em busca de metais preciosos encontrados e explorados em grande quantidade pelos conquistadores, que se utilizavam para tanto da mão-de-obra servil indígena.

Para consolidarem sua dominação nos territórios americanos, os espanhóis tiveram que travar muitas batalhas contra os habitantes nativos do continente. Os principais obstáculos para a conquista espanhola foram os impérios Inca e Asteca. Apesar de já estarem em declínio quando da chegada dos espanhóis e de não formarem um império com poder centralizado, os Maias representaram uma resistência considerável em cada uma de suas cidades autônomas.

Na conquista, os espanhóis consolidavam alianças com diversos povos indígenas. Esses povos não eram homogêneos, cada um tinha seus próprios interesses, cultura, inimigos, aliados. Os espanhóis exploraram as rivalidades existentes entre os povos indígenas, facilitando assim sua vitória.”1

A descoberta da América colocou, ainda, o homem frente a frente com suas crenças; se antes o homem acreditava estar só no mundo, ele descobre outros seres à sua semelhança, o que, primeiro, gerou a discussão sobre a existência deles como humanos e, posteriormente, uma discussão sobre a gênese da raça humana, já que a explicação até então vigente, não conseguia dar uma explicação completa.

Após esta breve aula expositiva, o professor deverá abrir a aula para discussão do assunto, bem como para sanar as dúvidas dos alunos.

1 RESTALL, Matthew. Sete mitos da conquista espanhola, p. 97.

 

ATIVIDADE 2

Na segunda aula, o professor deverá introduzir os alunos ao imaginário europeu sobre os novos povos. Uma ligação entre a primeira aula e a segunda é possível e necessária.

Esta narrativa é acerca da representação do europeu sobre os povos autóctones. Ela tem como proposta mostrar a relação entre descoberto e descobridor, a representação do europeu sobre o indígena e suas negociações iniciais. O professor deverá dividir os alunos em grupos, para que cada um desses grupos analise um ou mais documentos referentes ao imaginário do europeu sobre as sociedades indígenas e a América.

Documentos para serem utilizados:

“Que coisa pôde suceder a estes bárbaros de mais conveniente e mais saudável que ficar submetidos ao império daqueles cuja prudência, virtude e religião os hão-de converter de bárbaros, tais que apenas mereciam o nome de seres humanos, em homens civilizados tão quanto podem sê-lo; de torpes e libidinosos, em probos e honrados, de ímpios e servos dos demônios, em cristãos e adoradores do verdadeiro Deus?”1

“Estas gentes são muito pacíficas e medrosas, nuas, como já disse, sem armas e sem leis.” (Colombo 4/11/1492).

“É aldeia grande, a maior que até ali tínhamos visto [...]. Os índios desta aldeia são de média disposição; andam totalmente nus; suas armas são atiradeiras de ‘estólica’, com os de cima são inimigos e lhes fazem guerra. As casas são redondas e grandes e de pau-a-pique, cobertas de folhas de palmeira até o chão, com cada duas portas. Chegamos a esta aldeia de repente e sem que os índios soubessem de nós; mas quando nos viram, se puseram em guerra […]”2

“E digo que Vossas Altezas não devem permitir que nenhum estrangeiro tenha qualquer relação com esse país e não ponha nele os pés se não for católico cristão, pois a expansão e glória da religião cristã são finalidade e princípio desta empresa, e que não admitam nessas regiões ninguém que não seja bom cristão.” (Colombo, 27/11/1492).

“Creio que se começarmos, em breve Vossas Altezas conseguirão converter a nossa Santa Fé uma multidão de povos, ganhando grandes territórios e riquezas, assim como todos os povos da Espanha, pois há sem dúvida nestas terras grandes quantidades de ouro.” (Colombo, 12/11/1492).

“Por isso, quando a imagem desse Novo Mundo, que Deus me permitiu ver, se apresenta a meus olhos, quando revejo assim a bondade do ar, a abundância dos animais, a variedade das aves, a formosura das árvores e das plantas, a excelência das frutas em geral, as riquezas que embelezam essa terra, logo me acode a exclamação do profeta do salmo 104: ‘Senhor Deus, como tuas obras diversas são maravilhosas em todo o Universo! Como tudo fizeste com grande sabedoria! Em suma, a terra está cheia de tua magnificência’.”

Após alguns minutos de trabalho, o professor deverá interrogar sobre a análise de cada grupo sobre a documentação. Alguns pontos comuns deverão aparecer na apresentação, são eles:

- Os Indígenas como canibais a serem civilizados;

- Os Indígenas como pagãos a serem catequizados;

- Os Indígenas como povos atrasados em relação aos europeus;

- A América como paraíso terreal;

- A América como lugar cheio de riquezas a serem exploradas.

Após a apresentação, mais uma discussão sobre o assunto deverá ser feita, agora incluindo uma discussão sobre alteridade. No final da aula, o professor deverá dividir os alunos em grupos para a execução da aula seguinte.

 

ATIVIDADE 3

Devido à extensão do conteúdo aqui proposto, os alunos deverão, em grupo, apresentar os diferentes povos e sociedades indígenas pré-colombianas. Os principais tópicos deverão ser: economia, cultura, religião e sociedade. O professor deverá orientar a busca das fontes para este trabalho, sendo ele responsável, ainda, por verificar a pertinência de novas fontes propostas pelos alunos.

Na falta de conteúdo abordado pelas apresentações, o professor deverá complementar o conteúdo não exposto. O ideal seria que os grupos apresentassem este trabalho em forma de cartazes, para fazerem uso de fontes iconográficas e obterem uma visão mais didática do conteúdo. Após esta apresentação, o professor deverá partir para a “Aplicação de Conhecimentos”.

Instruções para os alunos:

Como vocês viram, na parte anterior da aula, os europeus viam os índios de uma forma muito peculiar. Mas será mesmo que os moradores da América viviam daquela forma?

Para responder a isso, vocês deverão dividir-se em grupos, sendo cada um responsável por pesquisar as características de algumas sociedades da América. Entre estas características, devem estar envolvidas: Cultura, Economia, Política e Religião. Fiquem à vontade, para discutirem, também, o que acharem importante.

Após a pesquisa, vocês deverão apresentar à sala suas conclusões. Vocês deverão, ainda, criar algum material para a apresentação, como cartazes ou murais. Abusem das imagens e de pequenos textos, para sintetizar a pesquisa.

Em caso de dúvidas para a pesquisa, vocês podem procurar o professor, ele indicará os caminhos para a pesquisa.

Observação: É recomendado que o professor destine um horário, dentro ou fora do horário de aula, para auxiliar os alunos nas suas respectivas pesquisas. A atividade de pesquisa é fundamental para que os alunos comecem a ter uma autonomia de busca pelo conhecimento e, sendo assim, o apoio do professor é importante para que essa transição seja a mais simples e proveitosa possível.

O tempo de aula deverá ser destinado à iniciação da pesquisa. A duração desta atividade dependerá do entendimento do próprio professor, se os objetivos foram alcançados ou não.

Grupos:

- “Astecas”.

Sites:

Astecas

http://www.suapesquisa.com/astecas/

http://www.suapesquisa.com/astecas/deuses_astecas.htm

http://www.suapesquisa.com/astecas/arte_asteca.htm

http://www.suapesquisa.com/astecas/cultura_astecas.htm

http://www.suapesquisa.com/astecas/economia_asteca.htm

http://www.suapesquisa.com/astecas/livros_astecas.htm

- “Maias”.

Sites:

http://www.suapesquisa.com/astecas/deuses_maias.htm

http://www.suapesquisa.com/astecas/economia_maias.htm

http://www.suapesquisa.com/pesquisa/maias.htm

http://www.suapesquisa.com/astecas/livros_maias.htm

- “Incas”.

Sites:

http://www.suapesquisa.com/astecas/deuses_incas.htm

http://www.suapesquisa.com/pesquisa/incas.htm

http://www.suapesquisa.com/astecas/livros_incas.htm

http://www.doismiledoze.com/incas-economia/

1 Apud ZAVALA, Silvio. Por la senda hispana de la libertad. México: Fondo de Cultura Económica, 1992. p. 35.

2 Almesto. Relación verdadera, p. 119. “Estólica”, ou “átlatl”, do náuatle “ahtlatl”, é um instrumento de madeira utilizado para lançar dardos ou pequenas lanças bastante disseminado nas Américas à época da conquista espanhola (N.E.).

 

Machu Picchu

Machu Picchu. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/astecas/imagens_incas.htm

Quipu

Quipu: Sistema de comunicação Inca, não se sabe se era usado somente para contabilidade ou também como escrita.

Disponível em: http://www.suapesquisa.com/astecas/imagens_incas.htm

Pelenque

Ruínas da cidade de Palenque. (Maia)

Disponível em: http://www.suapesquisa.com/astecas/imagens_maias.htm

Glifos Maias

Glifos Maias. Serviam como escrita.

Disponível em: http://www.suapesquisa.com/astecas/imagens_maias.htm

Jaguar

Guerreiro Jaguar – Personagem da Mitologia Asteca.

Disponível em: http://www.suapesquisa.com/astecas/imagens_astecas.htm

Montezuma

Montezuma III. Último imperador Asteca.

Disponivel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Astecas

 

ATIVIDADE 4

Apresentação dos trabalhos de grupo. Cada grupo deverá apresentar em frente a toda turma os resultados das suas pesquisas. Se, por acaso, o professor notar a falta de certos conteúdos, ele deverá complementar esses conteúdos ao final da apresentação.

Após as apresentações, o professor deverá instigar os alunos a compararem as fontes utilizadas na atividade 3 com o conteúdo apresentado na atividade 5. Os alunos deverão, então, produzir um pequeno texto demonstrando suas conclusões após este debate.

Esta atividade irá fazer a ponte entre aplicação do conhecimento e reflexão.

Instruções para os alunos:

Você deve ter notado que a visão dos europeus não condiz muito com a apresentação de seus colegas.

Tendo em vista esta diferença, produza um pequeno texto (de até uma página) discutindo, primeiro, as diferenças e, depois, pensando por que há diferença entre uma visão e outra.

Após as apresentações, o professor deverá guiar três reflexões com os alunos.

A primeira reflexão a ser desenvolvida é sobre o olhar pessoal, sobre outras pessoas, principalmente quando estas estão ligadas a culturas diferentes da do aluno. Uma discussão sobre xenofobia pode ser significativa.

A segunda reflexão vai ao encontro da globalização. Como nos lembra François Hartog, vivemos em um regime de historicidade presentista, no qual a nossa experiência ocidental nos é apresentada como o fim de um longo processo de evolução social, fazendo da democracia capitalista a mais apropriada ao gênero humano. Assim, é aconselhável a discussão e a apresentação de outras formas de organização social.

A terceira reflexão vem a colaborar com a segunda. O foco aqui é discutir a história como acaso, não sendo, portanto, como argumenta Walter Benjamin, uma sucessão de eventos ligados entre si; a linha teleológica, embasada em causas e efeitos, é quebrada. Vemos, portanto, a sociedade atual como um acaso da história e não como o fim de uma linha evolutiva social.

Recursos Complementares
Avaliação

 Todas as atividades que envolvem a participação dos alunos serão avaliadas, inclusive as discussões iniciais e finais.

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