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Figuras de linguagem nos poemas

 

03/04/2014

Autor e Coautor(es)
WALLESKA BERNARDINO SILVA
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias e Lazuíta Goretti

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: processos de construção de significação
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Médio Literatura Outras expressões: letras de música, hip hop, quadrinhos, cordel
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Identificar as figuras de linguagem.
  • Justificar o emprego das figuras de linguagem.
  • Analisar possíveis efeitos de sentido quanto ao uso das figuras de linguagem em composições poéticas.
Duração das atividades
2 aulas de 50 minutos cada.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Figuras de linguagem.
Estratégias e recursos da aula

Estratégias e recursos:

  • laboratório de informática com internet;
  • data show;
  • folhas xerocopiadas;
  • discussão oral e coletiva;
  • comunicação oral.

 

 

Módulo 1

Esse módulo tem por objetivo a identificação das figuras de linguagem e a justificativa para a escolha. 

Atividade 1

Professor, para essa proposta ser exitosa é fundamental que os alunos já tenham conhecimento do conteúdo figuras de linguagem.

 

O professor deverá distribuir os alunos em 4 equipes. Cada equipe receberá um poema diferente, a saber:

Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora

                                       Gilberto Gil

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                                                  Camões

A Estrela

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.

                                   Manuel Bandeira

Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar 
(Não sei se dura ou caroável), 
talvez eu tenha medo. 
Talvez sorria, ou diga: 
- Alô, iniludível! 
O meu dia foi bom, pode a noite descer. 
(A noite com os seus sortilégios.) 
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, 
A mesa posta, 
Com cada coisa em seu lugar.

                          Manuel Bandeira                      

 

A tarefa dos alunos será descobrir e justificar a figura de linguagem predominante em cada poema. Após o tempo de discussão, o professor proporá um semicírculo para que todos os alunos observem os poemas que podem ser projetados na sala e cada grupo deverá ir à frente da sala para identificar as ocorrências da figura predominante. 

Professor, esse momento deve ser enriquecido pela contribuição dos outros grupos, destacando outras figuras que os poemas contêm. As respostas das figuras predominantes são:

  • Poema de Gilberto Gil: metáfora (Professor, propositalmente, o título do poema de Gilberto Gil, Metáfora, foi elidido, justamente para evitar obviedade.)
  • Poema de Camões: antítese.
  • Poema de Bandeira "A estrela": prosopopeia.
  • Poema de Bandeira "Consoada": eufemismo.

 

Atividade 2

No laboratório de informática, os alunos, ainda divididos em quatro grupos, deverão escolher um poema musicado para que outro grupo identifique as figuras de linguagem.

Professor, é importante que antes de definir os poemas musicados para os colegas, os alunos do grupo devem analisar e identificar previamente as figuras de linguagem. Para tanto, é importante que o professor circule entre os grupos de modo a auxiliar os alunos a evitar transtornos durante a apresentação de cada equipe.

Após a seleção das músicas, os grupos trocam-nas entre si e terão um tempo de aproximadamente 10 minutos para identificarem as figuras. Ao fim do prazo, cada grupo, com a letra da música projetada na sala, deverá apresentar aos colegas as figuras de linguagem. Ao grupo que escolheu a música a ser apresentada, cabe confirmar ou não a resposta.

Eis um exemplo desse trabalho a partir de algumas estrofes do poema musicado dos Titãs, Epitáfio:

2

Letra disponível em: http://www.vagalume.com.br/titas/epitafio.html Acesso em 18 mar. 2014.

 

Módulo 2

Diferente do módulo 1, que prezou a identificação e justificativa das figuras de linguagem em poemas, esse módulo tem por objetivo trabalhar os efeitos de sentido do uso das figuras de linguagem em composições poéticas.

Atividade 1

Cada aluno deverá receber os poemas xerocopiados e responder às perguntas referentes a cada um.

1) 

Poeminha do contra

 

Todos estes que aí estão

Atravancando meu caminho,

Eles passarão.

Eu passarinho!

Mário Quintana.

Disponível em: http://lh5.ggpht.com/-ZfFbvfaiU7U/Tp2PLXS63fI/AAAAAAAAAGs/RuYQWe2bsp8/teste.PNGAcesso em 20 mar. 2014.

a) O que justifica o título do poema?

b) É possível perceber que o poeta usa de ironia para dizer sobre os que "atravancam" seu caminho. Qual(is) verso(s) evidenciam a ironia?

c) Por que o uso dessa figura de linguagem nesse contexto?

 

2) 

poema sinestésico

Li cores em você
que tinha um sabor
que não sei de cor.
Meio azedo e meio doce.
Cítrico, cínico e hostil.

 

a) Qual o sentido de "ler cores", quando o eu-lírico afirma "li cores em você"?

b) Quem seria o interlocutor? Por que acha isso?

c) É possível cores terem sabor? Comente sobre suas impressões e percepções.

d) Qual a função da sinestesia nesse poema?

e) Quais os sentidos são misturados no último verso? Explique-o, entendendo que ele é o "fecho" do poema.

 

3) 

INSCRIÇÃO PARA UMA LAREIRA

Disponível em: http://lituraterre.com/2011/07/24/inscricao-para-uma-lareira-por-mario-quintana/ Acesso em 20 mar. 2014.


A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!

Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...

Mário Quintana

Glossário:

Salamandra: tipo de anfíbio que, segundo uma lenda antiga, pode atravessar o fogo sem se queimar.

Toro: tronco de árvore cortada

a) No primeiro verso, qual a figura de linguagem apresentada?

b) Qual a relação proposta entre o primeiro verso e os demais?

c) A expressão "salamandras mágicas" pode ser considerada uma figura de linguagem? Se sim, explique a quem faz referência e por quê?

d) Proponha sentidos para o 3º e 4º versos.

e) Em geral, qual a percepção do eu-lírico quanto à vida?

 

4)

O Relógio

Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/_asresgVdt54/TOUs1wW1H_I/AAAAAAAADo8/bwVcA7Zayz4/s1600/Rel%C3%B3gio.jpg Acesso em 20 mar. 2014.


Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu ti-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Tic-tac...

Vinícius de Moraes

a) Como chama a figura de linguagem "Tic-tac"?

b) O uso dela, nesse poema, foi aleatório? Explique os efeitos de sentido.

c) Para além dela, o que o encadeamento dos versos propõe ao poema?

 

5) 

Canção do vento e da minha vida

Disponível em: http://lh3.ggpht.com/-0Vdh0C5o8wA/TqqdFBzwKrI/AAAAAAAAF5U/a-4XD3ovEQ8/Sem%20t%C3%ADtulo_thumb%5B8%5D.png?imgmax=800 Acesso em 20 mar. 2014.

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas. 

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos. 

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres. 

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!

E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=595#ixzz2wivajfuM Acesso em 20 mar. 2014.

a) Qual o efeito de sentido da repetição do fonema /v/?

 

Ao final, o professor proporá uma roda de discussão sobre as perguntas de modo a analisar os efeitos de sentido em cada poema. Depois, o docente deverá questionar à turma:

  • Os sentidos percebidos por cada um de vocês foi exatamente o mesmo?
  • Caso não, hipotetizem, por que essa variedade de sentidos a partir de um mesmo poema?
  • Disso, o que se pode concluir acerca dos efeitos de sentido? E dos efeitos de sentido relacionados às figuras de linguagem?

 

Professor, é esperado que os alunos comentem que os sentidos variam conforme cada leitor. Daí é importante discutir com eles que isso acontece em função de todos serem sujeitos singulares, constituídos sócio-histórica e culturalmente de maneira diversa. Portanto, os sentidos escapam de uma objetividade para serem permeados pela instabilidade, dependente de quem lê o poema; por isso EFEITOS de sentido. É igualmente relevante destacar que esses efeitos de sentido diversos são muito "representativos" na literatura, porque trata de uma manifestação artística, portanto, os textos literários são mais propensos a essa "infinitude" de sentidos.

Recursos Complementares

Para leitura do professor:

Conceitos - Disponível em: http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.php  Acesso em 20 mar. 2014.

Material do Portal do Professor:

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000016812.PDF  Acesso em 20 mar. 2014.

Aula: O papel das figuras de linguagem na construção do sentido textual. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=20284 Acesso em 20 mar. 2014.

Avaliação

A avaliação constará da correta identificação, pelos alunos, das figuras de linguagem e das adequadas e possíveis interpretações acerca dos efeitos de sentido produzidos em contexto específico.

Opinião de quem acessou

Cinco estrelas 2 classificações

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Opiniões

  • Jaqueline, IFPA , Pará - disse:
    jakiletras@gmail.com

    22/06/2015

    Cinco estrelas

    Gostei muito...


  • Mariza , EEJOSÉ CONTI , São Paulo - disse:
    maconvi@terra.com.br

    19/04/2014

    Cinco estrelas

    Gostei, irei aproveitar algumas de suas ideias, já que você compartilhou, vamos dissiminar o conhecimento.. .Parabéns! Um abraço Mariza


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