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Industrialização e Trabalho Feminino entre os séculos XIX e XX

 

20/09/2014

Autor e Coautor(es)
LEIDE DIVINA ALVARENGA TURINI
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UBERLANDIA - MG Universidade Federal de Uberlândia

Eliana Dias, Lazuíta Goretti de Oliveira

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Cidadania: diferenças e desigualdades
Ensino Médio História Memória
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Relações de poder e conflitos sociais
Ensino Médio História Trabalho
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo Estudo da Sociedade e da Natureza Atividades produtivas e as relações sociais
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Trabalho e relações sociais
Ensino Médio História Tempo: transformações e mentalidades
Ensino Médio Sociologia Movimentos sociais / direitos / cidadania
Ensino Fundamental Final História Relações de trabalho
Ensino Médio História Sujeito histórico
Ensino Médio História Poder
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Analisar fontes históricas que permitam compreender e analisar as condições do trabalho feminino na indústria, entre os séculos XIX e XX, na Europa e no Brasil.
  • Apontar as especificidades do trabalho feminino no contexto do processo inicial de industrialização no Brasil e do advento de um novo grupo social: o operariado fabril.
Duração das atividades
06 aulas de 50 minutos cada
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • A Revolução Industrial na Europa.
  • As condições que favoreceram o processo de industrialização no Brasil, iniciado na segunda metade do século XIX.
Estratégias e recursos da aula

Estratégias:

  • Leitura e interpretação de fontes escritas.
  • Reprodução e análise de obras de arte (telas de Tarsila Amaral).
  • Organização e apresentação de Seminário.
  • Análise do tema da aula no livro didático de História.
  • Síntese e Fichamento de textos.
  • Debate.

 

Recursos:

  • Computador com internet.
  • Programa PowerPoint ou similar.
  • Textos sobre a temática da aula.
  • Quadro "Operários" e "Segunda Classe", de Tarsila do Amaral.
  • Livros Didáticos de História.

 

 

Módulo 1 - Trabalho feminino na sociedade industrial europeia do século XIX

 

Atividade 1

 

Esta aula pressupõe que os alunos já trabalharam anteriormente o processo de industrialização e urbanização ocorrido na Europa, a partir do século XVIII, o qual, tradicionalmente, é denominado de "Revolução Industrial". Sendo assim, para introduzir a temática específica desta proposta didática, inicie as atividades apresentando aos alunos um excerto  do livro "A mãe", de Máximo Gorki, escritor russo, o qual retrata o mundo do trabalho industrial no período entre o final do século XIX e início do século XX:

 

 

“Todos os dias, o apito pungente da fábrica, cortava o ar esfumaçado e pegajoso que envolvia o bairro operário e, obedientes ao chamado, seres sombrios, de músculos ainda cansados, deixavam seus casebres, acanhados e escuros, feito baratas assustadas. Sob o frio amanhecer, seguiam pela rua esburacada em direção às enormes jaulas de pedra da fábrica que os aguardava desdenhosa [...] Vozes sonolentas emitiam roucas saudações, palavrões dilaceravam, raivosamente, o ar. Mas eram diferentes sons que acolhiam os operários: pesadas máquinas em funcionamento, o resfolegar do vapor [...] O dia consumia-se na fábrica, suas máquinas sugavam de seus músculos toda a energia de que necessitavam. Mais um dia irremediavelmente riscado de suas vidas; o homem dera mais um passo em direção ao túmulo; mas ele antevia, apenas, o gozo imediato do descanso, as alegrias do bar repleto de fumaça e sentia-se satisfeito.”

 

http://www.historia.uff.br/nec/documentos/revolucao-industrial

Acesso em: 15/09/2014

 

Na leitura do trecho, partindo dos conhecimentos prévios dos estudantes, discuta com eles:

 

  • Como o autor retrata os bairros operários e seus habitantes, os trabalhadores?
  • Por que o autor se refere à fábrica como "enorme jaula de pedra"?
  • Como o autor apresenta o impacto das máquinas no trabalho fabril?
  • Por que o autor afirma que, após um dia de trabalho, "o homem dera mais um passo em direção ao túmulo"?

 

A partir da leitura do poema, retome com os alunos alguns dos grandes problemas vivenciados pelos trabalhadores, a partir da nova organização do trabalho com o advento das máquinas no sistema de produção fabril, em todo o mundo, como, por exemplo:

 

  • O controle do tempo do trabalhador.
  • O aumento da divisão do trabalho.
  • A perda do saber operário.
  • As jornadas extensas de trabalho.
  • A insalubridade e os riscos de acidentes no ambiente das fábricas.
  • As condições subumanas a que os trabalhadores foram submetidos, as quais incluíam, muitas vezes, castigos físicos e multas etc.

 

 

Atividade 2

 

A partir da Atividade 1, proponha aos alunos um aprofundamento a respeito das questões específicas que envolveram a questão do trabalho das mulheres no início do processo de industrialização, tanto na Europa, quanto no Brasil.

 

As abordagens relativas às condições de vida e de trabalho dos operários, a partir do processo de industrialização, de maneira geral enfatizam o trabalho masculino, ou se referem genericamente aos  "operários", "trabalhadores". O objetivo desta aula é contribuir para um trabalho com os alunos que lhes permita entender que a classe operária foi/é constituída não apenas por homens, mas também por mulheres (nosso objeto nesta aula) e crianças (objeto da aula disponibilizada no link: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=57612).

 

Leitura e discussão coletiva de texto

Mulher na fábrica

Foto: Mulher trabalha em fábrica de armamento em1916 – Roger Viollet – Reproduzido do livro “Sutiãs e Espartilhos: uma história de sedução”

A Revolução Industrial, que teve origem na Inglaterra no decorrer dos séculos XVII, XVIII e XIX, marcou o início do processo de produção de mercadorias em grande escala com a utilização de maquinário e incorporou grandes contingentes de trabalhadores nessa tarefa. Também foi através desse processo que a família foi introduzida na engrenagem de produção, transformando a mulher em força de trabalho, fazendo dela uma operária.

Principalmente para aquelas não pertencentes a uma classe social mais elevada, o trabalho nas fábricas foi quase uma condição para a sua sobrevivência, como afirma a jornalista, professora e pesquisadora, Cecília Toledo. Apesar de continuar a ouvir a fábula de que nasceram para serem mães, as mulheres foram forçadas a abandonar os filhos à própria sorte ou levá-los junto para o trabalho, diante da necessidade de passar o dia inteiro nas indústrias têxteis, onde deixaram sua juventude, trabalhando de forma insalubre, de 10 a 12 horas diárias, com água até o joelho, já que o vapor movia as máquinas.

O trabalho em tais condições, em turnos seguidos, fez surgir inúmeros problemas sociais, como a mortalidade materna e infantil. Quando tinham seus filhos, de 10 a 15 dias após o parto, já eram chamadas novamente para a labuta na fábrica, impossibilitando uma recuperação adequada e a amamentação. Uma prática comum das mães nessa época foi dopar suas crianças para que pudessem trabalhar. Como afirma Cecília Toledo no livro “Mulheres: o Gênero nos Une, a Classe nos Divide”, “tornou-se prática comum entre as operárias de Manchester (Inglaterra) alimentar os bebês três vezes ao dia e, para mantê-los quietos o resto do tempo, dar-lhes uma mistura, a mistura de Godfrey, composta de láudano – um tranquilizante à base de ópio, de largo uso entre as mulheres – e melado”.

Por Jornal Mulier - www.jornalmulier.com.br. O texto completo está disponível em:

http://jornalmulier.com.br/mulheres-operarias-do-seculo-xvii-aos-dias-atuais/

Acesso em: 15/09/2014

 

Orientações para a atividade:

 

a. Proponha aos alunos a leitura do texto "Mulheres operárias: do século XVII aos dias atuais". O texto pode ser acessado no link indicado acima.

 

b. Após a leitura, os alunos devem fazer uma discussão coletiva do texto, a partir de suas ideias centrais:

 

  • A família introduzida na engrenagem de produção: homens, mulheres e crianças.
  • A situação das mulheres com filhos: abandonar ou levar para o trabalho.
  • A mortalidade materna e infantil: a recuperação inadequada das mães após o parto e a prática de dopar as crianças para que pudessem trabalhar.
  • Mulheres representavam maior lucro para os patrões: salários menores e rebaixamento dos salários masculinos.
  • A dupla jornada de trabalho das mulheres: em casa e no trabalho.
  • As condições do trabalho feminino nas fábricas: Europa e Brasil.
  • A entrada da mulher operária no movimento sindical no Brasil nos anos 1970.
  • Na atualidade, a incorporação das mulheres no setor de serviços e a precarização de suas condições de trabalho: características do modelo econômico neoliberal e da globalização econômica.

 

c. Ao término da discussão coletiva, os alunos devem sintetizar, por escrito, as ideias centrais do texto. Para fazer a síntese, eles devem seguir as orientações contidas em: http://www.vestibular1.com.br/revisao/r296.htm (Acesso em: 15/09/2014). As sínteses elaboradas podem ser recolhidas pelo professor para avaliação.

 

Atividade 3

 

Entrevista realizada com o pai de duas meninas menores de idade à época da Revolução Industrial

 

1. Pergunta: A que horas vão as menores à fábrica?
Resposta: Durante seis semanas foram às três horas da manhã e voltaram às dez horas da noite.

 

2. Pergunta: Quais os intervalos concedidos durante as dezenove horas, para descansar ou comer?
Resposta: Quinze minutos para o desjejum, meia hora para o almoço e quinze minutos para beber.

 

3. Pergunta: Tinha muita dificuldade para despertar suas filhas?
Resposta: Sim. A princípio, tínhamos que sacudi-las para despertá-las e se levantarem, bem como vestirem-se antes ir ao trabalho.

 

4. Pergunta: Quanto tempo dormiam?
Resposta: Nunca se deitavam antes das onze horas, depois de lhes dar algo que comer, e então, minha mulher passava toda a noite em vigília ante o temor de não despertá-las na hora certa.

 

5. Pergunta: A que horas eram despertadas?
Resposta: Geralmente, minha mulher e eu nos levantávamos às duas horas da manhã para vesti-las.

 

6. Pergunta: Então, somente tinham quatro horas de repouso?
Resposta: Escassamente quatro.

 

7. Pergunta: Quanto tempo durou essa situação?
Resposta: Umas seis semanas.

 

8. Pergunta: Trabalhavam desde as seis horas da manhã até às oito e meia da noite?
Resposta: Sim, é isso.

 

9. Pergunta: As menores estavam cansadas com esse regime?
Reposta: Sim, muito. Mais de uma vez ficaram adormecidas com a boca aberta. Era preciso sacudi-las para que comessem.

 

10. Pergunta: Suas filhas sofreram acidentes?
Resposta: Sim, a maior, a primeira vez que foi trabalhar, prendeu o dedo em uma engrenagem e esteve cinco semanas no hospital de Leeds.

 

11. Pergunta: Recebeu o salário durante esse tempo?
Resposta: Não, desde o momento do acidente, cessou o salário.

 

12. Pergunta: Suas filhas foram remuneradas?
Resposta: Sim, ambas.

 

13. Pergunta: Qual era o salário em semana normal?
Resposta: Três shillings por semana, cada uma.

 

14. Pergunta: E quando faziam horas suplementares?
Resposta: Três shillings e sete pences e meio.
”.

 

(NASCIMENTO, Amauri Mascaro, “A indignação do trabalho subordinado”, IN: Curso de Direito do Trabalho, Saraiva, São Paulo,1992, pág. 11-12.)

http://www.historia.uff.br/nec/condicoes-da-classe-operaria-epoca-da-revolucao-industrial

Acesso em: 15/09/2014

 

Orientações para a atividade:

 

a. Proponha a leitura coletiva do depoimento pelos alunos: um aluno lê em voz alta e os demais acompanham a leitura silenciosamente.

 

b. Após a leitura, os alunos devem analisar o depoimento indicando:

  • Quais as principais denúncias feitas no depoimento, relativas à questão da exploração do trabalho de menores do sexo feminino, nas fábricas?

 

c. A partir do depoimento, chame a atenção dos alunos para a questão das extensas jornadas de trabalho à época, a insalubridade e a falta de segurança no ambiente da fábrica, os baixos salários. Os alunos devem registrar no caderno a resposta à questão b.

 

 

Módulo 2 - Trabalho feminino na indústria brasileira - Meados do século XIX e início do século  XX

 

 

Atividade 1

 

Para a introdução do tema específico do Módulo 2, proponha aos alunos o trabalho com dois quadros da pintora Tarsila do Amaral, reproduzidos abaixo:

 

 

"Operários"

Autor: Tarsila do Amaral 
Ano: 1933 
Técnica: Óleo sobre tela 
Tamanho: 150cm x 205cm 
Movimento: Modernismo

Quadro Operários

http://www.fapesp.br/publicacoes/tarsilaamaral/apresentacao.html

Acesso em: 15/09/2014

 

 

"Segunda Classe"

Autor: Tarsila do Amaral 
Ano: 1933 
Técnica: Óleo sobre tela 
Tamanho: 110cm x 151cm 
Movimento: Modernismo

Quadro Segunda Classe

http://www.fapesp.br/publicacoes/tarsilaamaral/apresentacao.html

Acesso em: 15/09/2014

 

Orientações da atividade:

 

Para iniciar a atividade, proponha aos alunos que consultem a biografia da pintora Tarsila do Amaral (1886 - 1973) em fontes impressas ou na internet. Por exemplo:

http://tarsiladoamaral.com.br/biografia-resumida/ e http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa824/Tarsila-do-Amaral (Acessos realizados em: 15/09/2014).

 

1923

Tarsila do Amaral. Foto extraída do site http://tarsiladoamaral.com.br/

Acesso em: 15/09/2014

 

Atenção!

O professor de Artes da escola pode ser solicitado para participar da aula e falar a respeito da artista e do Modernismo, bem como sugerindo atividades relacionadas às telas selecionadas.

 

Análise da tela "Operários"

 

a. Os alunos devem observar atentamente a reprodução da tela "Operários" em todos os seus detalhes e fazer a descrição, por escrito, de todas os elementos visualizados.

 

b. Questione os alunos a respeito do título dado ao quadro: Operários. Os elementos visualizados explicam/justificam o título? De que maneira? A partir desses questionamentos, os alunos deverão fazer uma interpretação do quadro, relacionando seus elementos ao contexto histórico vivenciado nos anos 30 do século XX, época na qual ele foi produzido.

 

  • Analisando atentamente os alunos observarão que, ao fundo, os elementos (prédio, chaminés) indicam a reprodução de uma fábrica.
  • À frente é possível observar vários rostos, relacionados a diferentes etnias (brancos, negros, orientais), além de diferentes faixas etárias e gêneros (homens e mulheres).
  • Relacionando os aspectos visuais da tela ao contexto da época, os alunos poderão compreender que a artista aborda a questão da industrialização, da urbanização e da imigração no Brasil das primeiras décadas do século XX. Em uma interpretação de caráter histórico, é possível dizer que a obra de Tarsila do Amaral remete ao fato de que o Brasil estava passando por um processo de transformações no período em questão, de maneira que o meio urbano começava a se impor sobre o meio rural e as novas condições forjavam um novo trabalhador: o operário industrial. A representação dos operários na tela remetem à diversidade cultural brasileira: imigrantes vindos da Europa e da Ásia e mestiços brasileiros vindos de diferentes regiões irão compor a nova classe social.
  • Os alunos poderão observar também as fisionomias retratadas: tristeza, cansaço, desânimo, irritação podem ser captados nos semblantes das pessoas. Isto poderá sugerir a questão: por que os operários foram representados desta forma? Por que não parecem felizes?
  • Outra questão importante: a representação das pessoas na tela, apresentadas como multidão, aglomerados e superpostos, pode sugerir a massificação imposta pelo trabalho industrial capitalista.

A obra de Tarsila do Amaral possibilita refletir sobre o fato de que as mulheres sempre estiveram presentes no conjunto dos trabalhadores urbanos industriais do século passado, imprimindo suas características e especificidades ao operariado fabril. Esta questão será aprofundada na atividade seguinte.

 

c. As reflexões apontadas no item anterior devem ser discutidas pelos alunos, a partir do trabalho de análise da obra. As conclusões devem ser organizadas por escrito.

 

Análise da tela "Segunda Classe"

 

a. Os alunos devem observar atentamente a reprodução da tela "Segunda Classe" em todos os seus detalhes e fazer a descrição, por escrito, de todas os elementos visualizados. Esta descrição pode ser feita coletivamente, sob a coordenação do professor:

 

  • Os personagens representados em primeiro plano parecem remeter a uma ou mais famílias: pai, mãe, filhos. Em segundo plano é possível observar uma mulher e uma criança em uma janela e um homem em outra janela.
  • Todos aparecem descalços.
  • Todos os rostos, sem exceção, aparentam desânimo e tristeza.
  • Os personagens estão saindo de um meio de transporte (trem) no qual se lê: 2a classe.

 

b. Relacionando os aspectos visuais da tela ao contexto histórico da época os alunos devem levantar hipóteses acerca da ideia central do quadro. O professor poderá auxiliar na interpretação da obra questionando:

  • A quem essas pessoas representam?
  • Por que parecem tristes e desanimadas?
  • Por que foram representadas descalças?

 

Relacionando os elementos visuais da tela ao contexto da época, será possível concluir que Tarsila do Amaral representou famílias pobres que chegam e partem em busca de trabalho e de condições de sobrevivência numa sociedade onde as desigualdades sociais são profundas. Portanto, a questão social é, como na tela "Operários", a temática central.

 

Interessante observar que, muitas vezes, toda a família buscava se empregar em um determinado estabelecimento (homens, mulheres e crianças), sobretudo quando se tratava de trabalhadores imigrantes ou migrantes.

 

c. Questione os alunos: é possível estabelecer alguma relação entre a obra anterior da pintora ("Operários") e o quadro "Segunda Classe"? 

 

d. Sobre o título da obra: como ele pode ser explicado, a partir da interpretação realizada?

 

e. As reflexões apontadas devem ser discutidas pelos alunos, a partir do trabalho de análise da obra. As conclusões devem ser organizadas por escrito.

 

 

Atividade 2

 

Seminário

 

A partir da Atividade 1 os alunos puderam refletir sobre o acirramento das desigualdades sociais na sociedade brasileira, a partir do processo de industrialização e urbanização, e o advento de um novo grupo social: o operariado fabril.

 

A proposta para esta atividade é um seminário de textos, a partir dos quais os alunos possam aprofundar as suas reflexões e socializar as suas conclusões com os colegas, a respeito das condições de vida e trabalho das mulheres operárias, durante o início do processo de industrialização no Brasil.

 

Orientações para a realização do Seminário:

 

a. Divida os alunos em quatro (4) grupos e atribua a cada grupo a responsabilidade pelo estudo e apresentação, para a turma, de um texto relativo ao tema em discussão. Confira as sugestões abaixo:

 

Grupo 1

“Companheiras!”: as mulheres e o movimento operário brasileiro (1889-1930)

Desde o início do processo de industrialização, as mulheres constituíram uma parte significativa da classe operária brasileira, especialmente em alguns setores como o têxtil. Alguns exemplos: em São Paulo, as estatísticas informam que no final do século XIX, 72,74% dos trabalhadores nas indústrias de fiação e tecelagem eram mulheres e crianças. Em 1912, dos 7 estabelecimentos fabris visitados pelos inspetores do Departamento Estadual do Trabalho, num total de 1775 operários, 1340 eram do sexo feminino. Em Pelotas e Rio Grande, duas importantes cidades industriais no extremo sul do Brasil, segundo o Recenseamento de 1920, as mulheres compunham cerca de um terço da mão de obra industrial. É fácil perceber o porquê desta presença significativa do “sexo frágil” nas fábricas, embora a moral da época propugnasse que as senhoras “decentes” deveriam dedicar- se, sobretudo ao lar: os salários pagos a mulheres e crianças eram bem mais baixos do que os atribuídos aos homens, o que é constantemente denunciado pela imprensa operária.

O texto completo, assinado por Benito Bisso Schmidt, está disponível em:

http://www.americanistas.es/biblo/textos/08/08-101.pdf (Acesso em: 15/09/2014)

 

Grupo 2

Trabalhadoras brasileiras e a relação com o trabalho: trajetórias e travessias

 

[...] A industrialização brasileira teve início no Nordeste do país entre as décadas de quarenta e sessenta do século XIX – especialmente, com a indústria de tecidos de algodão na Bahia, que se deslocou progressivamente para a região Sudeste. Na passagem deste século, o Rio de Janeiro reunia a maior concentração operária do país, tendo sido superado por São Paulo apenas nos anos de 1920 (Rago, 1997).

De modo geral, um grande número de mulheres trabalhava nas indústrias de fiação e tecelagem, que possuía escassa mecanização. Em 1894, dos 5.019 operários empregados nos estabelecimentos industriais localizados na cidade de São Paulo, 840 eram do sexo feminino e 710 eram menores, correspondendo a 16,74% e 14,15% respectivamente, do total do proletariado paulistano.

O texto completo, assinado por Gláucia de Lima D'Alonso, está disponível em:

http://www.psicolatina.org/15/trabalhadoras.html (Acesso em: 15/09/2014)

 

Grupo 3

Mulheres, mães e operárias

A preocupação com o papel das mulheres percorrera de alto a baixo a sociedade. Nas cidades industrializadas, crescia o número de mulheres operárias. Como cuidariam dos filhos? Patrícia Galvão, a conhecida Pagu, feminista e comunista, foi a primeira a denunciar, em seu romance Parque industrial, a situação perversa em que essas viviam. Na voz de uma personagem “revolucionária”, fomentadora de greves, ela escreve: “Nós, à noite, nem força temos para acalentar nossas crianças que ficam sozinhas e largadas o dia inteiro ou fechadas em quartos imundos, sem ter quem olhe por elas”! [...]

O texto completo, assinado por Mary Del Priore, está disponível em: http://historiahoje.com/?p=2919

Acesso em: 15/09/2014

 

Grupo 4

Mulheres trabalhadoras: passado e presente

Há centenas de anos, a mulher brasileira trabalha. Nos primórdios da colonização, elas foram fazendeiras, comerciantes, lavadeiras, escravas. Nas primeiras décadas do século XX, grande parte do proletariado era constituído por mulheres: espanholas, italianas, polonesas, sírias constituíam 67,62% da mão de obra. As mulheres negras, após a Abolição, continuaram, por sua vez, trabalhando nos setores mais desqualificados e recebendo salários baixíssimos. [...]

O texto completo, assinado por Mary Del Priore, está disponível em: http://historiahoje.com/?p=1598

Acesso em: 15/09/2014

 

 

b. Acima foram indicados textos disponíveis na internet, entre vários outros que podem ser selecionados pelos grupos. Mas, evidentemente, os alunos também podem e devem consultar livros, revistas e enciclopédias que tratem do tema do Seminário para aprofundarem suas reflexões. Os alunos devem fazer um fichamento do texto selecionado para o seu grupo, de acordo com as orientações contidas no link: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/16230/index.html?sequence=10 (Acesso em: 15/09/2014).

 

 

A partir do estudo dos textos, os grupos deverão refletir e discutir sobre:

  • Dados estatísticos da utilização da mão de obra feminina nos principais ramos industriais do período.
  • As especificidades do trabalho feminino relacionadas à questão da maternidade e da visão machista sobre a mulher na sociedade da época.
  • As condições do trabalho feminino nas primeiras fábricas brasileiras.
  • A participação feminina no movimento operário brasileiro entre o final do século XIX e primeiras décadas do século XX.

 

c. Nas orientações aos alunos, o professor deve destacar que as ideias centrais do texto devem ser discutidas e apresentadas pelo grupo. O grupo deve evidenciar a compreensão do texto estudado e também o seu posicionamento em relação às questões propostas pelo autor. Desta forma, é imprescindível que os alunos compreendam bem as ideias principais do texto e, caso necessário, busquem outras fontes de estudo que aprofundem ideias que não foram suficientemente desenvolvidas.

 

d. Na preparação do Seminário, os alunos devem procurar solucionar possíveis dúvidas em relação ao conteúdo dos textos com o professor, antes da apresentação.

 

Apresentação do Seminário:

 

Após o trabalho de leitura e interpretação das fontes, cada grupo deverá preparar a apresentação para o restante da turma. Para tanto, poderão utilizar o aplicativo para apresentação de slides correspondente ao sistema operacional do computador ao qual terão acesso (por exemplo, o PowerPoint).

 

Na apresentação, o grupo poderá apresentar dados numéricos e/ou estatísticos, áudios, vídeos etc. As ideias centrais contidas nas fontes pesquisadas, bem como as conclusões do grupo, ficarão mais claras e mais interessantes para a turma se outros recursos, além da fala e do texto escrito, forem utilizados.

 

Ao final das apresentações, promova um debate entre os alunos acerca das ideias centrais abordadas pelos grupos.

 

 

Atividade 3

Os alunos investigam o tema no livro didático de

 

O trabalho feminino na indústria, no período entre os séculos XIX e XX, é temática abordada nos livros didáticos disponíveis nas escolas? Em caso afirmativo, como o tema é abordado?

 

 

Orientações para a atividade

 

a. Os alunos devem analisar os livros didáticos de História disponíveis na própria escola.  

 

b. Divida os alunos em grupos. Cada grupo ficará responsável pela análise de um livro didático. A escolha será feita sob a orientação do professor.

 

c. Questões norteadoras do trabalho de análise/investigação a ser realizado pelo grupo:

 

1. Inicialmente, os grupos devem observar: o livro didático investigado, ao tratar das origens da indústria e da classe operária no Brasil no período entre 1850 e 1930, menciona o trabalho feminino?

2. No caso de livros que discutam a questão da mulher operária, observe: mulheres de quais etnias e grupos sociais são mencionadas? Se imigrantes, de que origem?

3. Quais temáticas envolvendo as mulheres operárias são trabalhadas no livro didático? Como são abordadas?

4. O livro traz imagens relativas às mulheres operárias na sociedade brasileira da época focalizada? Quais? Em caso afirmativo, faça uma descrição dessas imagens e como elas se relacionam com o texto no qual estão inseridas: apenas “ilustram” o assunto ou são interpretadas pelo autor no contexto das discussões propostas sobre o tema? A imagem é contextualizada em seu universo cultural, social e político pelo autor do material didático?

5. O livro apresenta referências bibliográficas sobre o tema? Quais?

 

d. Depois do trabalho de análise, cada grupo deverá preparar uma apresentação sobre as suas conclusões, para conhecimento dos demais colegas. Os dados da investigação podem ser organizados em PowerPoint ou programa similar.

Recursos Complementares

Para alunos e professores:

 

Presença feminina no mundo do trabalho: história e atualidade. Por Reginaldo Guiraldelli. Disponível em: http://www.estudosdotrabalho.org/Guiraldelli_RET01.pdf

 

O papel das mulheres na indústria. Entrevista a Nancy Cardoso Pereira. http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3252&secao=331

 

A classe operária tem dois sexos. Por Helena Hirata e Daniele Kergoat. https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/16291/14832

 

O trabalho da mulher no Brasil. Por Heleieth Iara Bongiovani Saffiot. http://seer.fclar.unesp.br/perspectivas/article/viewFile/1804/1457

(Todos os links foram acessados em: 15/09/2014).

Avaliação

O professor deve observar se os objetivos propostos na aula foram alcançados pelos alunos, tendo em vista as estratégias desenvolvidas e os recursos utilizados. Assim, poderá avaliar os alunos nas atividades trabalhadas em cada módulo, como: leitura e interpretação de fontes escritas; reprodução e análise de obras de arte; organização e apresentação de Seminário; análise do tema da aula no livro didático de História; síntese e fichamento de textos; debate.

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