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Argumentação - 2

 

13/10/2009

Autor e Coautor(es)
Tânia Guedes Magalhães
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Objetivos: introduzir os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, Ensino Médio e EJA nas categorias do tipo “argumentar”, como estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.
 

Duração das atividades
4 horas/aula
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Habilidades básicas de leitura e escrita.

Estratégias e recursos da aula

Etapa 1:

Ler com o alunos o texto abaixo, retirado da Revista Veja, de 06/02/2008.

Professor: o texto pode ser lido individualmente. Sugere-se, entretanto, que cada aluno leia um trecho (parágrafo, por exemplo) em voz alta, para que todos possam

ouvir.

Seção: Ponto de vista

Cotas: o justo e o injusto

Lya Luft

O medo do diferente causa conflitos por toda parte, em circunstâncias as mais variadas. Alguns são embates espantosos, outros são mal-entendidos sutis, mas em tudo existe sofrimento, maldade explícita ou silenciosa, mágoa, frustração e injustiça.
Cresci numa cidadezinha onde as pessoas (as famílias, sobretudo) se dividiam entre católicos e protestantes. Muita dor nasceu disso. Casamentos foram proibidos, convívios prejudicados, vidas podadas. Hoje, essa diferença nem entra em cogitação quando se formam pares amorosos ou círculos de amigos. Mas, como o mundo anda em círculos ou elipses, neste momento, neste nosso país, muito se fala em uma questão que estimula tristemente a diferença racial e social: as cotas de ingresso em universidades para estudantes negros e/ou saídos de escolas públicas. O tema libera muita verborragia populista e burra, produz frustração e hostilidade. Instiga o preconceito racial e social. Todas as "bondades" dirigidas aos integrantes de alguma minoria, seja de gênero, raça ou condição social, realçam o fato de que eles estão em desvantagem, precisam desse destaque especial porque, devido a algum fator que pode ser de raça, gênero, escolaridade ou outros, não estão no desejado patamar de autonomia e valorização. Que pena.
Nas universidades inicia-se a batalha pelas cotas. Alunos que se saíram bem no vestibular – só quem já teve filhos e netos nessa situação conhece o sacrifício, a disciplina, o estudo e os gastos implicados nisso – são rejeitados em troca de quem se saiu menos bem mas é de origem africana ou vem de escola pública. E os outros? Os pobres brancos, os remediados de origem portuguesa, italiana, polonesa, alemã, ou o que for, cujos pais lutaram duramente para lhes dar casa, saúde, educação?
A idéia das cotas reforça dois conceitos nefastos: o de que negros são menos capazes, e por isso precisam desse empurrão, e o de que a escola pública é péssima e não tem salvação. É uma idéia esquisita, mal pensada e mal executada. Teremos agora famílias brancas e pobres para as quais perderá o sentido lutar para que seus filhos tenham boa escolaridade e consigam entrar numa universidade, porque o lugar deles será concedido a outro. Mais uma vez, relega-se o estudo a qualquer coisa de menor importância.
Lembro-me da fase, há talvez vinte anos ou mais, em que filhos de agricultores que quisessem entrar nas faculdades de agronomia (e veterinária?) ali chegavam através de cotas, pela chamada "lei do boi". Constatou-se, porém, que verdadeiros filhos de agricultores eram em número reduzido. Os beneficiados eram em geral filhos de pais ricos, donos de algum sítio próximo, que com esse recurso acabaram ocupando o lugar de alunos que mereciam, pelo esforço, aplicação, estudo e nota, aquela oportunidade. Muita injustiça assim se cometeu, até que os pais, entrando na Justiça, conseguiram por liminares que seus filhos recebessem o lugar que lhes era devido por direito. Finalmente a lei do boi foi para o brejo.
Nem todos os envolvidos nessa nova lei discriminatória e injusta são responsáveis por esse desmando. Os alunos beneficiados têm todo o direito de reivindicar uma possibilidade que se lhes oferece. Mas o triste é serem massa de manobra para um populismo interesseiro, vítimas de desinformação e de uma visão estreita, que os deixa em má posição. Não entram na universidade por mérito pessoal e pelo apoio da família, mas pelo que o governo, melancolicamen te, considera defici ência: a raça ou a escola de onde vieram – esta, aliás, oferecida pelo próprio governo.
Lamento essa trapalhada que prejudica a todos: os que são oficialmente considerados menos capacitados, e por isso recebem o piru lito do favorecimento, e os que ficam chup ando o dedo da frustração, não importando os anos de estudo, a batalha dos pais e seu mérito pessoal. Meus pêsames, mais uma vez, à educação brasileira.


Vocabulário:Nefasto: sinistro, funesto, trágico.
Verborragia (ou verborréia): uso de uma quantidade excessiva de palavra e de enorme fluência para dizer coisa de pouco contudo ou importância;

Texto disponível em:

http://veja.abril.com.br/060208/ponto_de_vista.shtml

PROFESSOR: Após a leitura do texto, é bom separar um tempo para que os alunos possam, oralmente, num momento inicial, apresentarem seus pontos de vista, já que o tema é bastante polêmico e suscita muitas discussões.

Etapa 2 : A partir da leitura do texto, desenvolver com os alunos por escrito as seguintes questões.


1) Qual é o ponto de vista defendido pela autora em relação às cotas?

2) Retire do texto dois argumentos usados pela autora para defender sua tese.

3) No quinto parágrafo, a autora faz uma comparação para defender seu ponto de vista. Explique essa comparação e mostre como ela reforça a idéia que ela combate nesse texto.

4) O que aconteceu com a lei do boi? Por quê?

5) Após a resolução dos exercícios anteriores, podemos afirmar que o texto é predominantemente:

a) narrativo
b) argumentativo
c) expositivo
d) instrucional

6) Releia o trecho abaixo:

Não entram na universidade por mérito pessoal e pelo apoio da família, mas pelo que o governo, melancolicamente, considera deficiência: a raça ou a escola de onde vieram – esta, aliás, oferecida pelo próprio governo.

A palavra esta é um elemento anafórico, ou seja, retoma uma palavra ou idéia anterior. A palavra retomada é:

a) raça
b) escola
c) deficiência
d) governo

7) Por qual palavra podemos substituir a palavra grifada no trecho abaixo, sem alteração de sentido?

O tema libera muita verborragia populista e burra, produz frustração e hostilidade. Instiga o preconceito racial e social.


a) falsidade
b) simpatia
c) inimizade
d) problema


8) Leia o trecho abaixo:

Lamento essa trapalhada que prejudica a todos: os que são oficialmente considerados menos capacitados, e por isso recebem o pirulito do favorecimento, e os que ficam chupando o dedo da frustração, não importando os anos de estudo, a batalha dos pais e seu mérito pessoal.


- O termo grifado refere-se a :

PROFESSOR: explicar aos alunos que o termo que “anuncia” uma informação chama-se catáfora; o termo que “retoma” uma informação anterior chama-se anáfora (questão 6); ambos são recursos de coesão)

Recursos Complementares

Sugestões de leitura sobre argumentação:

GARCIA, O. M. Aprender a escrever é aprender a pensar. In: _______. Comunicação em prosa moderna.  13 ed. São Paulo: FGV, 2000.  

NICOLA, J.; TERRA, E. Práticas de linguagem: leitura e produção de textos. São Paulo: Scipione, 2001.  

RIBEIRO, R. M. A construção da argumentação oral no contexto de ensino. São Paulo: Cortez, 2009.

Avaliação

Pedir aos alunos que escrevam um texto argumentativo para defender seu ponto de vista sobre o polêmico tema das COTAS. Seguir as instruções abaixo:

- seu texto será escrito para responder à seguinte pergunta: “você é a favor ou contra COTAS nas universidades públicas?”;
- dê um título e faça uma breve introdução;
- dê dois ou três argumentos para defender seu ponto de vista;
- termine seu texto com uma boa conclusão;
- lembre-se de utilizar a norma padrão, tendo atenção com ortografia, acentuação e estruturação de parágrafos !!!

Na correção dos textos, verificar se o aluno:

- escreveu na norma padrão da língua portuguesa;
- colocou título;
- fez introdução;
- introduziu ponto de vista sustentado por dois argumentos;
- fez conclusão.

OBS: Professor: o texto acima pode ser enviado a algum veículo como um jornal ou revista da escola. Caso não haja, seria interessante fazer uma exposição dos textos num mural ou, mesmo, realizar uma troca de textos em turmas diferentes, para que as opinões dos colegas possam circular na escola.


Etapa 3: essa é uma excelente oportunidade para fazer REESCRITA coletiva.

- Após a correção pelo professor, selecionar dos textos produzidos 10 trechos de variados alunos para reescrita em sala de aula (pode-se enfocar uso da vírgula, a ortografia, a estrutura das frases, divisão de parágrafos, acentuação etc). Digitar ou passar no quadro os trechos e corrigir coletivamente. Os alunos vão dando sugestões e o professor vai conduzindo a atividade e adaptando os trechos de acordo com a norma padrão.

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 5 classificações

  • Cinco estrelas 3/5 - 60%
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Opiniões

  • angela de andrade, uergs , Rio Grande do Sul - disse:
    crebifa@gmail.com

    30/05/2012

    Uma estrela

    pena que a aula estimula o argumento anti cotas, anti ações afirmativas! que pena que vocês não estão dispostos a diversificar a cor dos que entram na universidade pública, que pena mesmo!


  • Reinaldo Antonio, Prefeitura do Rio , Rio de Janeiro - disse:
    naaldo@yahoo.com.br

    14/07/2011

    Quatro estrelas

    Gostaria de mais informaçoes sobre a lei do boi.Numero da lei e ano.


  • Maria Rosalia Gonçalves Barros, Colégio Estadual Prefeito Luis Guimarães , Rio de Janeiro - disse:
    mariasalia@homail.com

    12/05/2011

    Cinco estrelas

    Eu achei a aula muito boa e bem estruturada.


  • Ana Maria Miranda, Col. Est. Mal. Cândido Rondon , Paraná - disse:
    aninha3001@hotmail.com

    19/09/2010

    Cinco estrelas

    A aula é excelente, muito bem estruturada, propõe atividades variadas. Parabéns e obrigada pela ajuda!!


  • MARIA CLAUDETE MOURA PINTO, FCO SOARES DE OLIVEIRA EEFM , Ceará - disse:
    mclaudetepinto@hotmail.com

    25/04/2010

    Cinco estrelas

    otimo texto para discussão em sala de aula parabéns!


Sem classificação.
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