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GÊNERO DISCURSIVO: CRÔNICA (MODERNA E CLÁSSICA)

 

30/10/2009

Autor y Coautor(es)
Lúcia Helena Furtado Moura
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Regina Célia Martins Salomão Brodbeck

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Médio Literatura Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Ensino Médio Língua Portuguesa Aspectos cognitivo-conceituais: mundo, objetos, seres, fatos, fenômenos e suas inter-relações
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula
Aprofundar no conhecimento do gênero discursivo crônica e comparar os estilos contemporâneo e clássico deste gênero textual.
Duração das atividades
6 aulas (recomenda-se a distribuição das atividades em 3 sessões de aulas geminadas)
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
É importante que os alunos já possuam os conhecimentos básicos sobre o gênero discursivo a ser trabalhado (crônica).
Estratégias e recursos da aula

. Conversa informal a respeito dos cronistas Marta Medeiros (contemporâneo) e Machado de Assis (clássico);
. Pesquisa com apresentação mais completa dos dados biográficos destes autores em livros, revistas ou na internet;
. Proposta de leitura silenciosa das crônicas escolhidas: “Os bastidores da Crônica” de Marta Medeiros e “O nascimento da crônica” de Machado de Assis, com comentários  orais posteriores;
- Consulta e pesquisa de palavras e informações desconhecidas encontradas nos textos;
- Seleção de crônicas com temas diversificados

ATIVIDADE 1 – LEITURA CRÔNICA I: Os bastidores da crônica
( 2 aulas com a duração de 50 minutos cada uma)

Leitura silenciosa e individual da primeira crônica: “Os bastidores da crônica” (disponível em http:/digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=305 )


     Uma sociedade plural é muito melhor do que uma sociedade em que todos pensam igual. Sem divergências, nada evolui – nem o pensamento, nem o país.
     Quem escreve em jornal sente na pele essa dinâmica de opiniões conflitantes. São tantos os leitores, das mais diversas origens e crenças, que fica absolutamente impossível almejar uma unanimidade, só em santa ingenuidade. Você fala em sexo e desejo, o outro salta condenando o hedonismo. Você clama por mais charme na vida, o outro salta condenando o elitismo. Quem tem razão? Cada um tem a sua, e que se atreva alguém a dizer quem está certo ou errado. Há tantas verdades quanto seres humanos na terra.
     O Brasil, em especial, é dos países menos coesos. Deste tamanhão e com esta desigualdade social que tanto nos choca, é como se obrigasse vários planetas a conviverem no mesmo território. E obriga. E rimo: não sei como não sai mais briga.
     Uns elogiam Dois Filhos de Francisco, outros apontam a rendição do cinema nacional, que não arrisca nada fora do padrão global. Uns elogiam os shows internacionais, outros questionam: por que não se dá mais espaço pro regional? Você fala de amor eterno, é piegas. Você fala em sedução e liberdade, é a filha preferida do demônio.
     Alguns você comove, outros revolve o estômago. Se cita um caso que aconteceu com você, é porque está focada no próprio umbigo. Se cita um caso que aconteceu com alguém, não tem originalidade suficiente. Se inventa um caso que não aconteceu mas poderia, está fazendo ficção onde não devia.
     Falou em Nova York, é metida. Falou em Ibiraquera, metida made in Brasil. Colocou palavras em inglês no texto? Nenhum problema, pensam uns; paredón, pedem outros, que palavra em espanhol pode.
     Falou bem do PT? Rendida, vendida, mal-intencionada. Falou mal do PT? Rendida, vendida, mal-intencionada. Não falou de política? Alienada.
     Usa uma palavra antiga, entrega a idade. Usa uma palavra nova, está inventando moda. Que palavra está em voga?
     Voga?????
     O mesmo texto tudo provoca: uns te amam, outros te toleram e alguns não perdem a chance de te esculachar. Como te leem os que te odeiam.
     Você toca profundamente o coração de uma senhora e com o mesmo texto enoja um estudante. Uma professora te agradece a contribuição em sala de aula, outra proíbe que os alunos te convoquem. Você defende as minorias e alguns vibram com a referência, outros têm certeza que é deboche. E nem ouse citar Deus em suas crônicas, apenas em suas preces.
   É uma aventura a cada linha, uma salada mista a cada ponto de vista. Franco-atiradores a serviço da reflexão, todos nós, os daí e os de cá, sabemos um pouco de tudo e muito do nada, e salve o bom humor diante desta anarquia, já que de algum jeito há que se ganhar a vida.
( Originalmente publicada em MEDEIROS, Marta. Doidas e Santas. L&PM EDITORES, Porto Alegre, 2009, p 39)

Após a leitura, o professor promoverá uma discussão em sala de aula, levando os alunos a participarem:
- Discutir com a turma o conteúdo do texto (os diferentes assuntos de uma crônica), a linguagem utilizada (padrão-formal), os recursos escolhidos pela autora para compor a estrutura da crônica (exemplos de situações rotineiras de produção de uma crônica );
- Qual a perspectiva de abordagem sobre a crônica que a cronista adotou? De que modo ela se aproxima do leitor(a)?
- Com que informações apresentadas no texto, podem ser resgatadas as características da contemporaneidade?
- Pedir aos alunos que pesquisem em livros, revistas ou na internet dados sobre a autora e sobre a época em que a crônica foi produzida (25 de janeiro de 2006 –“... estação internet”) – ver outras crônicas da autora em http:/WWW.pensador.info/p/crônicas_de_marta_medeiros/1/ - Registro escrito das discussões realizadas (em duplas, com as anotações feitas por um dos participantes).

ATIVIDADE 2 – LEITURA CRÔNICA II: O nascimento da crônica( 2 aulas com duração de 50 minutos cada uma)

Leitura individual e silenciosa da segunda crônica: “O nascimento da Crônica”, de Machado de Assis (disponível em http://www.almacarioca.net/o-nascimento-da-cronica/


     Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado Calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica.
     Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que crônicas, que apenas datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No paraíso é provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo que esta razão é provincial, porque as nossas províncias estão nas circunstâncias do primeiro homem.
     Quando a fatal curiosidade de Eva fez-lhes perder o paraíso, cessou, com essa degradação, a vantagem de uma temperatura igual e agradável. Nasceu o calor e o inverno; vieram as neves, os tufões, as secas, todo o cortejo de males, distribuídos pelos doze meses do ano.
     Não posso dizer positivamente em que ano nasceu a crônica; mas há toda a probabilidade de crer que foi coetânea das primeiras duas vizinhas. Essas vizinhas, entre o jantar e a merenda, sentaram-se à porta, para debicar os sucessos do dia. Provavelmente começaram a lastimar-se do calor. Uma dizia que não pudera comer ao jantar, outra que tinha a camisa mais ensopada do que as ervas que comera. Passar das ervas às plantações do morador fronteiro, e logo às tropelias do dito morador, e ao resto, era a coisa mais fácil, natural e possível do mundo. Eis a origem da crônica.
    Que eu, sabedor ou conjeturador de tão alta prosápia, queira repetir o meio de que lançaram mãos as duas avós do cronista, é realmente cometer uma trivialidade; e contudo, leitor, seria difícil falar desta quinzena sem dar meio quase tão velho como o mundo, para somente dizer que a verdade mais incontestável que achei debaixo do sol é que ninguém se deve queixar, porque cada pessoa é sempre mais feliz do que outra.
     Não afirmo sem prova.
     Fui há dias a um cemitério, a um enterro, logo de manhã, num dia ardente como todos os diabos e suas respectivas habitações. Em volta de mim ouvia o estribilho geral: que calor! Que sol! É de rachar passarinho! É de fazer um homem doido!
     Íamos em carros! Apeamo-nos à porta do cemitério e caminhamos um longo pedaço. O sol das onze horas batia de chapa em todos nós; mas sem tirarmos os chapéus, abríamos os de sol e seguíamos a suar até o lugar onde devia verificar-se o enterramento. Naquele lugar esbarramos com seis ou oito homens ocupados em abrir covas: estavam de cabeça descoberta, a erguer e fazer cair a enxada. Nós enterramos o morto, voltamos nos carros e daí às nossas casas ou repartições. E eles? Lá os achamos, lá os deixamos, ao sol, de cabeça coberta, a trabalhar com a enxada. Se o sol nos fazia mal, que não faria àqueles pobres-diabos, durante todas horas quentes do dia?
(Originalmente publicada em SANTOS, Joaquim Ferreira (organização e introdução). As cem melhores crônicas brasileiras. Objetiva, Rio de Janeiro, 2005, p 27)

Após a leitura, o professor promoverá uma discussão em sala de aula, levando os alunos a participarem:
- Discutir com a turma o conteúdo do texto ( a origem da crônica ), a linguagem utilizada (padrão-formal), os recursos escolhidos pelo autor para compor a estrutura da crônica (exemplos, fatos históricos ) ;
- Qual a perspectiva de abordagem sobre a crônica que o cronista adotou? De que modo ele se aproxima do leitor(a)?
- Com que informações apresentadas no texto, podem ser resgatadas as características da época?
- Pedir aos alunos que pesquisem em livros, revistas ou na internet dados sobre o autor e sobre a época em que a crônica foi produzida (de 1850 a 1920 –“O cronista entra em cena e flana pela cidade”) – WWW.infoescola.com/.cronicas-de-machado-de-assis/ - Registro escrito das discussões realizadas (em duplas, com as anotações feitas por um dos participantes).


ATIVIDADE III – ESTUDO COMPARATIVO DAS CRÔNICAS (2aulas com duração de 50 minutos cada uma)

- Pedir que os alunos façam uma síntese dos aspectos que se assemelham: na forma, no conteúdo, na linguagem;- Pedir que os alunos façam uma síntese dos aspectos que marcam as diferenças entre as crônicas estudadas (na forma, no conteúdo, na linguagem);
- Leitura e discussão do resultado das pesquisas realizadas sobre os autores e as características das épocas em que foram produzidas as crônicas estudadas;
- Elaborar uma análise comparativa (escrita) final (em duplas, sendo um aluno escolhido para fazer as anotações).
- Pedir aos alunos que selecionem crônicas (contemporâneas e clássicas, de autores e temas diversos ) para serem apresentadas na aula seguinte.

ATIVIDADE IV - pesquisa de crônicas com diferentes temas- Em grupos, apresentação das crônicas pesquisadas: leitura e comentário sobre autor, estilo, linguagem, recursos linguísticos utilizados.

Recursos Complementares

Outras crônicas de Marta Medeiros, consulte http://www.pensador.info/p/cronicas_de_marta_medeiros_/1/

Crônicas e outros textos de Machado de Assis, consulte www.dominiopblico.gov.br - http://www.biblio.com.br/

Consulta para o professor:

GANCHO, Cândida Vilares, Como analisar narrativas, Editora Ática, São Paulo, 1991.

PERRONI, Maria Cecília, Desenvolvimento do discurso narrativo, Martins Fontes, São Paulo, 1992.

Avaliação

- No decorrer das atividades, o professor deverá verificar o envolvimento e o interesse dos grupos, observando os aspectos analisados sobre o gênero crônica.

- Os registros escritos, feitos em duplas, poderão ser lidos e comentados pelo professor.

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