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O tráfico negreiro e as rotas da migração forçada de africanos para as Américas

 

11/01/2011

Autor y Coautor(es)
ALINNE GRAZIELLE NEVES COSTA
imagem do usuário

UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Elmiro Lopes da Silva, Aléxia Pádua Franco

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Migrações, cultura e identidades
Ensino Médio História Processo histórico: nações e nacionalidades
Ensino Fundamental Final História Nações, povos, lutas, guerras e revoluções
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Entender a participação de africanos no tráfico de escravos.

Analisar as dificuldades enfrentadas pelos africanos cativos no tráfico de escravos.

Identificar as principais rotas do tráfico de escravos e os principais grupos de africanos trazidos para as Américas.

Duração das atividades
06 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Mercantilismo.

Expansão ultramarina europeia.

Brasil pré-colonial.

Fundamentos da colonização portuguesa.

Escravidão indígena.

Estratégias e recursos da aula

Atividade 1- A África e o tráfico de escravos

O tráfico de africanos para as Américas é considerado a maior migração forçada da história da humanidade.

Nesta atividade, além de debater a crueldade dessa migração forçada e as dificuldades enfrentadas pelos escravos entre os séculos XVI e XIX, propõe-se entender a participação dos próprios africanos no tráfico.

Para tal, trabalharemos com um recurso que se desdobra em dois:

  • trecho do filme Amistad (direção de Steven Spielberg, EUA, 1997)
  • poema O Navio Negreiro, de Castro Alves, narrado pelo ator Paulo Autran e inserido sobre o vídeo

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Dinâmica sugerida:

  1. Proporcionar que os alunos assistam ao vídeo e ouçam a narração do poema.
  2. Levar o poema impresso, ou projetá-lo para os alunos.
  3. Solicitar aos alunos que vejam o vídeo relacionando imagem e áudio.

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Trecho de Amistad, com o poema O navio negreiro, narrado por Paulo Autran

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">- 

Link do YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=gyuT-x6a6W8 

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O Navio Negreiro

=> ATENÇÃO: o poema abaixo não está transcrito na íntegra!

O poema está transcrito conforme foi narrado no vídeo, portanto, encontra-se editado.

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I

'Stamos em pleno mar...

Doido no espaço

Brinca o luar — dourada borboleta;

E as vagas após ele correm... cansam

Como turba de infantes inquieta.

-

(...)

-

'Stamos em pleno mar...

Dois infinitos

Ali se estreitam num abraço insano,

Azuis, dourados, plácidos, sublimes...

Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

-

'Stamos em pleno mar. . .

Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas,

Veleiro brigue corre à flor dos mares,

Como roçam na vaga as andorinhas...

-

Donde vem? onde vai?  

Das naus errantes

Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?

Neste saara os corcéis o pó levantam,  

Galopam, voam, mas não deixam traço.

-

(...)

-

Por que foges assim, barco ligeiro?

Por que foges do pávido poeta?

Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira

Que semelha no mar — doudo cometa!

-

Albatroz!  Albatroz! águia do oceano,

Tu que dormes das nuvens entre as gazas,

Sacode as penas, Leviathan do espaço,

Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas. 

-

II

-

(...)

-

III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!

Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano

Como o teu mergulhar no brigue voador!

Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!

É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...

Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!  

-

IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho  

Que das luzernas avermelha o brilho.

Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite...  

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar...

-

Negras mulheres, suspendendo às tetas  

Magras crianças, cujas bocas pretas  

Rega o sangue das mães:  

Outras moças, mas nuas e espantadas,  

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs!

-

E ri-se a orquestra irônica, estridente...

E da ronda fantástica a serpente  

Faz doudas espirais ...

Se o velho arqueja, se no chão resvala,  

Ouvem-se gritos... o chicote estala.

E voam mais e mais...

-

Presa nos elos de uma só cadeia,  

A multidão faminta cambaleia,

E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece,  

Outro, que martírios embrutece,

Cantando, geme e ri!

-

No entanto o capitão manda a manobra,

E após fitando o céu que se desdobra,

Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros:

"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

Fazei-os mais dançar!..."

-

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .

E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais...

Qual um sonho dantesco as sombras voam!...

Gritos, ais, maldições, preces ressoam!

E ri-se Satanás!...

-

V

Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus!

Se é loucura... se é verdade

Tanto horror perante os céus?!

Ó mar, por que não apagas

Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?...

Astros! noites! tempestades!

Rolai das imensidades!

Varrei os mares, tufão!

-

Quem são estes desgraçados

Que não encontram em vós

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fúria do algoz?

Quem são?   Se a estrela se cala,

Se a vaga à pressa resvala

Como um cúmplice fugaz,

Perante a noite confusa...

Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!...

-

São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz.

Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus...

São os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidão.

Ontem simples, fortes, bravos.

Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . .

-

(...)

-

Ontem a Serra Leoa,

A guerra, a caça ao leão,

O sono dormido à toa

Sob as tendas d'amplidão!

Hoje... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo,

Tendo a peste por jaguar...

E o sono sempre cortado

Pelo arranco de um finado,

E o baque de um corpo ao mar...

-

Ontem plena liberdade,

A vontade por poder...

Hoje... cúm'lo de maldade,

Nem são livres p'ra morrer. .

Prende-os a mesma corrente

— Férrea, lúgubre serpente —

Nas roscas da escravidão.

E assim zombando da morte,

Dança a lúgubre coorte

Ao som do açoute... Irrisão!...

-

Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade

Tanto horror perante os céus?!...

Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas

Do teu manto este borrão?

Astros! noites! tempestades!

Rolai das imensidades!

Varrei os mares, tufão! ...

-

VI

Existe um povo que a bandeira empresta

P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,

Que impudente na gávea tripudia?

Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto

Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

-

Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperança...

Tu que, da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança

Antes te houvessem roto na batalha,

Que servires a um povo de mortalha!...

-

Fatalidade atroz que a mente esmaga!

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu nas vagas,

Como um íris no pélago profundo!

Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga

Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!

Andrada! arranca esse pendão dos ares!

Colombo! fecha a porta dos teus mares!

-

Poema disponível na íntegra em: http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/CastroAlves/navionegreiro.htm 

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Questões para discutir o vídeo (registrar e responder no caderno):

  1. Como se percebe a participação dos próprios africanos no tráfico de escravos?
  2. De que maneira os prisioneiros são conduzidos/tratados ao entrarem no navio?
  3. Como é o ambiente dentro do navio onde são acomodados os escravizados?
  4. Que tipos de castigos são impostos aos africanos no navio?
  5. Como os escravos são alimentados durante a viagem?
  6. Por que será que, ao final, os escravos são bem tratados pelos mercadores?

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=> Caro professor, outra possibilidade é analisar somente o poema.

Neste caso, recomendamos que você procure o(a) professor(a) de  Literatura e/ou Artes/Educação Artística. Nesta colaboração cabe, por exemplo, uma pesquisa sobre a vida e obra do poeta Castro Alves e/ou do ator Paulo Autran, a ser realizada pelos alunos e orientada/avaliada pelos professores envolvidos na atividade. Abaixo uma foto do poeta:

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Imagem disponível em: http://2.bp.blogspot.com/_TCImxSrnJ2I/Swfsq6p5uKI/AAAAAAAAAjA/PmV3k-eDkeI/s1600/Castro_Alves.jpg 

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Algumas questões a serem respondidas na pesquisa:

  1. Quem foi Castro Alves?
  2. Local e ano de nascimento e de falecimento.
  3. Quais as suas principais obras e atividades desenvolvidas em vida?

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Links indicados para a pesquisa:

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Atividade 2- O mercado de escravos

Sabe-se que o tráfico de escravos gerava muitos lucros para os mercadores europeus.

Levar o texto adiante para os alunos, a fim de que percebam como esse lucrativo mercado era extremamente desumano com aqueles africanos tomados como cativos.

Dinâmica sugerida para desenvolvimento da atividade:   

  • Levar o texto impresso para os alunos, ou informar o acesso a ele por meio do link.
  • Solicitar a leitura e vocabulário do texto.

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"Magnatas do tráfico negreiro

(clique para ampliar)

Para economia de espaço os negros eram transportados sentados. (...)

De meados do século XVII em diante os grandes veleiros da época passaram a alojar homens, mulheres e crianças em distintos patamares. Assim, na secção inferior do navio, ficavam os moleques, os rapazes e os machos adultos; no repartimento intermediário, as mulheres, e no superior, em divisões apartadas, as grávidas e as crianças menores. Os espaços restantes, anexos aos costados da proa e da popa, eram reservados exclusivamente para as sentinelas e para as utilidades, respectivamente. Guardas, em todos os casos, vigiavam durante a noite impondo a disciplina.

Sabe-se, igualmente, que os cativos viajavam assentados em filas paralelas, de uma à outra extremidade de cada cobertura. Ao se deitarem para dormir, curvavam-se para trás, depondo a cabeça sobre o colo dos que os seguiam imediatamente. É a isso, portanto, que certos missivistas aludem ao afirmarem que os negros navegavam amontoados uns por cima dos outros.

Os esforços no sentido de obter "peças de escravos", selecioná-las por estatura, idade, sexo e vigor, marcá-las com o ferrete e mantê-las com saúde até aos embarques via Novo Mundo. Na marcação das "peças", como se tratasse de animais ou de simples objetos, untavam-lhe primeiro com sebo o local a receber o ferrete, geralmente no braço, no estômago e mesmo no rosto. Para marranos e cristãos-novos o ato poderia comparar-se ao dos antigos hebreus, os quais furavam uma das orelhas ao escravo e nela punham minúscula argola de metal como prova de senhorio.

O que interessava (para os judeus) era o montante de "produtos" (negros) carregados... Nada menos que três naus conduziram cada uma acima de 1000 cabeças. Só a de nome Na. Sra. do Popolo levou 1079. Mas as desvantagens também se fizeram sentir, porque o veículo (navio) ficou mais pesado, menos controlável, menos obediente ao leme, mais sujeito aos vendavais e mais atingível pelos corsários. Nestas ocasiões imprevisíveis, o recurso consistia em atirar ao oceano valiosas porções do carregamento (dos escravos).

Somente João Soeiro empregava no tráfico legal, como no sub-reptício, mais de 30 navios transportadores. (...)"

Link da imagem: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/escravidao-no-brasil/imagens/magnatas-do-trafico-negreiro-1.jpg 

Link para o restante do texto: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/escravidao-no-brasil/magnatas-do-trafico-negreiro.php 

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Questões para analisar o texto (registrar e responder no caderno):

  1. Como era a acomodação dos africanos nos navios negreiros? Em que se baseava essa acomodação?
  2. Quais os critérios eram usados para classificar os africanos feitos cativos?
  3. Qual a origem dos mercadores mencionados no texto?
  4. Em quais circunstâncias africanos eram atirados ao mar?

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=> Professor, recomenda-se que o segundo momento desta atividade seja a socialização das percepções dos alunos acerca das questões levantadas. Dessa forma, as respostas produzidas devem ser expostas, comentadas e discutidas com a turma.

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Atividade 3- Rotas do tráfico negreiro

Haviam diversas rotas que os navios negreiros seguiam da África para as Américas.

Nesta atividade, vamos desvendar tais rotas, investigando as suas origens na África e principais lugares no Brasil e na América para onde os grupos de africanos foram trazidos.

=> Levar (impresso ou projetado) para os alunos As rotas do tráfico de Escravos africanos para as Américas e Brasil:

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(clique no mapa para ampliar)

Imagem disponível em: http://www.portalventrelivre.com/wp-content/uploads/2009/08/Mapa-Escravos.jpg 

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Para analisar o mapa acima (registrar e responder no caderno):

  1. Como os grupos de africanos cativos encontram-se divididos no mapa?
  2. Para quais regiões do Brasil cada grupo foi trazido?
  3. Quais outras regiões da América receberam escravos? Estes pertenciam a qual(is) grupo(s)?

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=> Professor, após corrigida e discutida com os alunos, esta atividade poderá se desdobrar em outra, que é uma pesquisa sobre as origens, diferenças e influência dos Bantos e Sudaneses no Brasil e nas Américas.

Dinâmica sugerida:

  1. A pesquisa poderá ser INDIVIDUAL ou em DUPLAS.
  2. Poderá constar no caderno ou ser entregue em folha separada (a critério do professor).
  3. Portanto também poderá ser avaliada como trabalho de casa.
  4. Links sugeridos para a pesquisa:

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Recursos Complementares

Sites/links indicados:

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Avaliação

O ensino de História deve proporcionar ao aluno inquietar-se diante dos conteúdos, e a ter curiosidade investigativa fronte a textos e diferentes documentos. Ao mesmo tempo, intenta-se que o aluno relacione a aprendizagem escolar à sua experiência de vida, como telespectador, internauta, consumidor, constituinte de uma família e de uma sociedade – sujeito histórico, enfim.

E nesta aula o professor poderá avaliar o aprendizado em cada uma das etapas do trabalho desenvolvido:

  • através das percepções e/ou inquietações diante do vídeo e do poema, bem como da capacidade de analisá-los.
  • e da participação nas pesquisas e exercícios propostos e dos registros produzidos em todas as atividades da aula.
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