11/01/2011
Elmiro Lopes da Silva, Aléxia Pádua Franco
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
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Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | História | Migrações, cultura e identidades |
Ensino Médio | História | Processo histórico: nações e nacionalidades |
Ensino Fundamental Final | História | Nações, povos, lutas, guerras e revoluções |
Entender a participação de africanos no tráfico de escravos.
Analisar as dificuldades enfrentadas pelos africanos cativos no tráfico de escravos.
Identificar as principais rotas do tráfico de escravos e os principais grupos de africanos trazidos para as Américas.
Mercantilismo.
Expansão ultramarina europeia.
Brasil pré-colonial.
Fundamentos da colonização portuguesa.
Escravidão indígena.
Atividade 1- A África e o tráfico de escravos
O tráfico de africanos para as Américas é considerado a maior migração forçada da história da humanidade.
Nesta atividade, além de debater a crueldade dessa migração forçada e as dificuldades enfrentadas pelos escravos entre os séculos XVI e XIX, propõe-se entender a participação dos próprios africanos no tráfico.
Para tal, trabalharemos com um recurso que se desdobra em dois:
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Dinâmica sugerida:
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Trecho de Amistad, com o poema O navio negreiro, narrado por Paulo Autran
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Link do YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=gyuT-x6a6W8
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O Navio Negreiro
=> ATENÇÃO: o poema abaixo não está transcrito na íntegra!
O poema está transcrito conforme foi narrado no vídeo, portanto, encontra-se editado.
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I
'Stamos em pleno mar...
Doido no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
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(...)
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'Stamos em pleno mar...
Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
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'Stamos em pleno mar. . .
Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
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Donde vem? onde vai?
Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
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(...)
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Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
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Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
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II
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(...)
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III
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
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IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
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Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
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E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
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Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
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No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
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E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
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V
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
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Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!...
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São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . .
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(...)
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Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
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Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
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Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
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VI
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
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Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
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Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
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Poema disponível na íntegra em: http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/CastroAlves/navionegreiro.htm
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Questões para discutir o vídeo (registrar e responder no caderno):
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=> Caro professor, outra possibilidade é analisar somente o poema.
Neste caso, recomendamos que você procure o(a) professor(a) de Literatura e/ou Artes/Educação Artística. Nesta colaboração cabe, por exemplo, uma pesquisa sobre a vida e obra do poeta Castro Alves e/ou do ator Paulo Autran, a ser realizada pelos alunos e orientada/avaliada pelos professores envolvidos na atividade. Abaixo uma foto do poeta:
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Imagem disponível em: http://2.bp.blogspot.com/_TCImxSrnJ2I/Swfsq6p5uKI/AAAAAAAAAjA/PmV3k-eDkeI/s1600/Castro_Alves.jpg
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Algumas questões a serem respondidas na pesquisa:
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Links indicados para a pesquisa:
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Atividade 2- O mercado de escravos
Sabe-se que o tráfico de escravos gerava muitos lucros para os mercadores europeus.
Levar o texto adiante para os alunos, a fim de que percebam como esse lucrativo mercado era extremamente desumano com aqueles africanos tomados como cativos.
Dinâmica sugerida para desenvolvimento da atividade:
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"Magnatas do tráfico negreiro
(clique para ampliar)
Para economia de espaço os negros eram transportados sentados. (...)
De meados do século XVII em diante os grandes veleiros da época passaram a alojar homens, mulheres e crianças em distintos patamares. Assim, na secção inferior do navio, ficavam os moleques, os rapazes e os machos adultos; no repartimento intermediário, as mulheres, e no superior, em divisões apartadas, as grávidas e as crianças menores. Os espaços restantes, anexos aos costados da proa e da popa, eram reservados exclusivamente para as sentinelas e para as utilidades, respectivamente. Guardas, em todos os casos, vigiavam durante a noite impondo a disciplina.
Sabe-se, igualmente, que os cativos viajavam assentados em filas paralelas, de uma à outra extremidade de cada cobertura. Ao se deitarem para dormir, curvavam-se para trás, depondo a cabeça sobre o colo dos que os seguiam imediatamente. É a isso, portanto, que certos missivistas aludem ao afirmarem que os negros navegavam amontoados uns por cima dos outros.
Os esforços no sentido de obter "peças de escravos", selecioná-las por estatura, idade, sexo e vigor, marcá-las com o ferrete e mantê-las com saúde até aos embarques via Novo Mundo. Na marcação das "peças", como se tratasse de animais ou de simples objetos, untavam-lhe primeiro com sebo o local a receber o ferrete, geralmente no braço, no estômago e mesmo no rosto. Para marranos e cristãos-novos o ato poderia comparar-se ao dos antigos hebreus, os quais furavam uma das orelhas ao escravo e nela punham minúscula argola de metal como prova de senhorio.
O que interessava (para os judeus) era o montante de "produtos" (negros) carregados... Nada menos que três naus conduziram cada uma acima de 1000 cabeças. Só a de nome Na. Sra. do Popolo levou 1079. Mas as desvantagens também se fizeram sentir, porque o veículo (navio) ficou mais pesado, menos controlável, menos obediente ao leme, mais sujeito aos vendavais e mais atingível pelos corsários. Nestas ocasiões imprevisíveis, o recurso consistia em atirar ao oceano valiosas porções do carregamento (dos escravos).
Somente João Soeiro empregava no tráfico legal, como no sub-reptício, mais de 30 navios transportadores. (...)"
Link da imagem: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/escravidao-no-brasil/imagens/magnatas-do-trafico-negreiro-1.jpg
Link para o restante do texto: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/escravidao-no-brasil/magnatas-do-trafico-negreiro.php
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Questões para analisar o texto (registrar e responder no caderno):
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=> Professor, recomenda-se que o segundo momento desta atividade seja a socialização das percepções dos alunos acerca das questões levantadas. Dessa forma, as respostas produzidas devem ser expostas, comentadas e discutidas com a turma.
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Atividade 3- Rotas do tráfico negreiro
Haviam diversas rotas que os navios negreiros seguiam da África para as Américas.
Nesta atividade, vamos desvendar tais rotas, investigando as suas origens na África e principais lugares no Brasil e na América para onde os grupos de africanos foram trazidos.
=> Levar (impresso ou projetado) para os alunos As rotas do tráfico de Escravos africanos para as Américas e Brasil:
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(clique no mapa para ampliar)
Imagem disponível em: http://www.portalventrelivre.com/wp-content/uploads/2009/08/Mapa-Escravos.jpg
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Para analisar o mapa acima (registrar e responder no caderno):
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=> Professor, após corrigida e discutida com os alunos, esta atividade poderá se desdobrar em outra, que é uma pesquisa sobre as origens, diferenças e influência dos Bantos e Sudaneses no Brasil e nas Américas.
Dinâmica sugerida:
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Sites/links indicados:
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O ensino de História deve proporcionar ao aluno inquietar-se diante dos conteúdos, e a ter curiosidade investigativa fronte a textos e diferentes documentos. Ao mesmo tempo, intenta-se que o aluno relacione a aprendizagem escolar à sua experiência de vida, como telespectador, internauta, consumidor, constituinte de uma família e de uma sociedade – sujeito histórico, enfim.
E nesta aula o professor poderá avaliar o aprendizado em cada uma das etapas do trabalho desenvolvido:
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03/03/2013
Cinco estrelasmuito triste a historia mas !!! foi uma otima aula!!!