25/01/2011
Aléxia Pádua Franco, Leide Divina Alvarenga
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | História | Cultura |
Ensino Fundamental Final | História | Cidadania e cultura no mundo contemporâneo |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | História | Cidadania e cultura contemporânea |
O aluno poderá refletir acerca da orientação da política educacional como instrumento de controle social no governo de Getúlio Vargas (1930-45)
O aluno poderá analisar imagens e trechos de documentos históricos como instrumentos de exaltação do sentimento de patriotismo no período abordado.
- A conjuntura política, econômica e social no Brasil, nas décadas de 1930-40;
- Os conceitos de Nação, Nacionalismo, Liberalismo, Pátria, Civismo, Autoritarismo, Escola Nova, Estado Novo.
Atividades Propostas:
1- Análise de Documentos e Imagens
Nesta primeira atividade, o professor poderá trabalhar com documentos de época, a fim de familiarizar os alunos com os discursos de intelectuais e governantes em torno da educação nas décadas de 1930-40.A turma poderá ser dividida em grupos de até 4 alunos, sendo um documento para cada grupo analisar e discutir.
Proposta de roteiro de análise dos documentos:
- Identifique e encontre o significado de palavras ou expressões desconhecidas.
- Qual é o assunto do documento? A quem ou a que se refere?
- Identifique os termos ou expressões que os autores utilizam para descrever os problemas educacionais no Brasil.
- Identifique termos ou expressões que expliquem o significado de nacionalismo e patriotismo para os autores.
- Identifique trechos do discurso que expliquem o papel a ser desempenhado pelo governo em relação à educação brasileira.
A) * MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA (1932) “A RECONSTRUÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL AO POVO E AO GOVERNO
Documento completo disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb07a.htm
"Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a primazia nos planos de reconstrução nacional.(...) Tudo fragmentário e desarticulado.(...) Onde se tem de procurar a causa principal desse estado antes de inorganização do que de desorganização do aparelho escolar, é na falta, em quase todos os planos e iniciativas, da determinação dos fins de educação (aspecto filosófico e social) e da aplicação (aspecto técnico) dos métodos científicos aos problemas de educação. Ou, em poucas palavras, na falta de espírito filosófico e científico, na resolução dos problemas da administração escolar.(...) Mas, além de atrair para a obra comum as instituições que são destinadas, no sistema social geral, a fortificar-se mutuamente, a escola deve utilizar, em seu proveito, com a maior amplitude possível, todos os recursos formidáveis, como a imprensa, o disco, o cinema e o rádio, com que a ciência, multiplicando-lhe a eficácia, acudiu à obra de educação e cultura e que assumem, em face das condições geográficas e da extensão territorial do país, uma importância capital. À escola antiga, presumida da importância do seu papel e fechada no seu exclusivismo acanhado e estéril, sem o indispensável complemento e concurso de todas as outras instituições sociais, se sucederá a escola moderna aparelhada de todos os recursos para estender e fecundar a sua ação na solidariedade com o meio social, em que então, e só então, se tornará capaz de influir, transformando-se num centro poderoso de criação, atração e irradiação de todas as forças e atividades educativas.”
B) “(...) Assim, quando dizemos que a educação ficará ao serviço da Nação, queremos significar que ela, longe de ser neutra, deve tomar partido, ou melhor, deve adotar uma filosofia e seguir uma tábua de valores, deve reger-se pelo sistema das diretrizes morais, políticas e econômicas, que formam a base ideológica da Nação, e que, por isto, estão sob a guarda, o controle ou a defesa do Estado. “
CAPANEMA, Gustavo. Apud SILVA, Marinete S. A educação brasileira e o Estado Novo. São Paulo/Niterói: Livraria Panorama/Editorial Livramento, 1980. In: BERCITO, Sônia de Deus Rodrigues. Nos tempos de Getúlio: da Revolução de 30 ao fim do Estado Novo. 6 ed. São Paulo: Atual, 1990. p. 55 (História em Documentos).
C) “ (...) A escola é hoje, como deveria ter sido sempre, a miniatura da pátria; é o seu próprio resumo. Deve ter a austeridade e a doçura de um templo. Nela, oficia o sacerdote, ministrando através de cada aula a oração que purifica, educa, aperfeiçoa e forma o cidadão.(...)”
LOBO, Cel. Ayrton. O que o Estado Nacional espera do professor. Ciência Política, março 1941, p. 42 e 49. In: BERCITO, Sônia de Deus Rodrigues. Nos tempos de Getúlio: da Revolução de 30 ao fim do Estado Novo. 6 ed. São Paulo: Atual, 1990.p. 56 (História em Documentos).
POSSIBILIDADES INTERPRETATIVAS
Com a criação do Ministério da Educação e Saúde em 1930, o governo Vargas pretendia instaurar um sistema de ensino centralizado e nacionalizado. O Manifesto dos Pioneiros de 1932, buscava influenciar o governo a adotar medidas para unificar a política educacional sob moldes cívicos e nacionalistas. Além disso, o professor poderá explicar porque o rádio, o cinema , a imprensa e a música gravada tornaram-se instrumentos regulamentados pelo governo para que levasse aos lares os ensinamentos propostos por uma concepção de educação nacional e patriótica, para a formação intelectual, física, cívica, disciplinar, higiênica e cultural das gerações mais jovens. O Manifesto dos Pioneiros, dirigido ao governo, é assinado por intelectuais e personalidades de várias áreas: educadores, sociólogos, médicos, engenheiros, empresários, jornalistas, escritores, etc. O objetivo do mesmo era sensibilizar o governo Vargas, a fim de que o mesmo implantasse as propostas constantes do documento. A seguir, os alunos poderão destacar algumas passagens e interpretá-las: - A relação entre Educação, Cultura e Nação; - O papel de professores, alunos, família e o governo na educação; - Críticas ao modelo antigo e defesa da “reorganização” e centralização do ensino; - O ensino formal e a educação extra-escolar: o uso da ciência e novas técnicas de ensino. A afirmação de Gustavo Capanema, ministro da Educação de Vargas, reafirma estas diretrizes, ao defender o controle da educação escolar pelo Governo Federal com a finalidade de criar uma mentalidade patriótica nos estudantes. O coronel Ayrton Lobo, interventor do governo federal, procura relacionar o papel do educador ao do sacerdote, tentando unificar o sentimento de pátria à religiosidade católica.
D- Imagem - Alunos do curso primário do Instituto de Educação em sala de aula. Rio de Janeiro, entre 1932 e 1938. CPDOC-FGV-RJ. Arquivo Lourenço Filho.
Proposta de Roteiro para análise:
- Caracterize os elementos que compõem a cena fotografada (quais sujeitos, vestuário, postura, objetos, qual espaço ou construção, arquitetura, disposição dos objetos no espaço)
- O ângulo capturado pelo fotógrafo procura reforçar algum tipo de impressão pelo leitor ? Qual (is) ?
- Procure relacionar a imagem aos sentimentos e valores defendidos pelos autores dos documentos escritos.
- Compare esta imagem com a sua sala de aula, identificando diferenças e semelhanças.
POSSIBILIDADES INTERPRETATIVAS
A imagem mostra o interior de uma sala de aula. Nela estão perfilados os alunos uniformizados e disciplinados. Podem ser destacados aspectos arquitetônicos, tais como a altura da construção, iluminação, ventilação, decoração ( uso de mapas e gravuras), materiais pedagógicos, o tipo de carteiras, a posição do professor e sua relação com os alunos, entre outros.
2- Troca de documentos entre os grupos e debate:
Nesta atividade, após a análise dos documentos por cada grupo, os mesmos serão trocados para que um mesmo documento seja analisado por 2 grupos diferentes. Em seguida, a turma será organizada em um grande círculo para que cada grupo apresente suas interpretações em torno dos documentos, demonstrando pontos de vista convergentes e divergentes.
Livros:
BERCITO, Sônia de Deus Rodrigues. Nos tempos de Getúlio: da Revolução de 30 ao fim do Estado Novo. 6 ed. São Paulo: Atual, 1990. (História em Documentos).
FARIA, Antonio A. & BARROS, E. Luiz de. O retrato do velho. São Paulo: Atual, 1984.
GOULART, Silvana. Sob a verdade oficial: ideologia, propaganda e censura no Estado Novo. São Paulo: CNPq/Marco Zero, 1990.
LENHARO, Alcir. Sacralização da política. Campinas, SP: Papirus, 1986.
SCHWARTZMAN, Simon. Estado Novo, um auto-retrato. Brasília: CPDOC/FGV, Editora da UNB, 1983. (Coleção Temas Brasileiros; 24).
Sites para consulta: * CPDOC – FGV – RJ- Centro de Pesquisa em Documentação de História Contemporânea do Brasil – Fundação Getúlio Vargas: WWW.cpdoc.fgv.br
*Arquivo Nacional – RJ – WWW.arquivonacional.gov.br
Os alunos serão avaliados pelo seu envolvimento no trabalho em grupo, pela capacidade de leitura e interpretação de textos históricos e imagens, pela compreensão dos conceitos e expressões centrais trabalhados por meio dos documentos, tais como: educação nacionalista, civismo, patriotismo, escola nova. O debate poderá ser avaliado pela participação individual dos alunos e sua capacidade de relacionar os documentos escritos com a imagem, bem como pelo diálogo entre entre presente e passado.
Quatro estrelas 2 classificações
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08/09/2012
Quatro estrelasGostei muito, pois está bem elaborada e com questionamentos coerente ao assunto; é a minha opinião como professora de história.
29/03/2011
Quatro estrelasGostei da maneira como foi construido o roteiro de aula. Uma forma dinâmica que envolve o aluno em vários aprendizados.