22/10/2013
Anna Flávia Arruda Lanna; Mauro Mendes Braga
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | História | Poder |
Ensino Médio | História | Sujeito histórico |
Ensino Médio | História | Memória |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | História | Relações de poder e conflitos sociais |
Ensino Médio | História | Trabalho |
O aluno poderá compreender aspectos do contexto histórico de redemocratização do Brasil, destacando-se o papel dos movimentos sociais diante do projeto de abertura política de Geisel. Em relação aos metalúrgicos, terá a oportunidade de compreender as razões que motivaram os movimentos grevistas da região do ABC paulista (cidades de São Bernardo, Santo André e São Caetano) em 1978, percebendo seu impacto para a articulação de uma série de mobilizações futuras. Por fim, poderá perceber como esses movimentos foram sendo estigmatizados pelo governo por meio da retórica anticomunista, tornando-se um dos alvos privilegiados de perseguição política.
A ditadura instaurada em 1964, em seus aspectos políticos, sociais e econômicos e o contexto político do final dos anos 1970, quando começa a ser anunciada a abertura política no Brasil.
DESENVOLVIMENTO
1ª. AULA
Contextualização
A greve que se iniciou na Scania em 12 de maio de 1978 e que se tornaria o estopim para o começo de outros movimentos grevistas foi a primeira paralização de massa desde as greves de Osasco (SP) e Contagem (MG), em 1968. Ao longo de toda a década de 1970, os trabalhadores nunca haviam recebido de seus empregadores nenhum reajuste acima do índice proposto pelo governo – vale dizer, bastante abaixo do elevado índice de inflação. As discussões salariais que ocorreriam nos primeiros meses de 1978 teriam o mesmo resultado: salários incapazes de acompanhar o aumento no custo de vida, ao lado da permanência de vultosos ganhos por parte dos empresários.
Os trabalhadores já acumulavam outras perdas. Em 1976, a garantia de leite nas refeições e de transporte gratuito havia sido suprimida. Em 1977, com a alegação de diminuição do crescimento econômico, haviam sido demitidos 500 trabalhadores da Ford. Segundo os trabalhadores, as demissões seriam, na verdade, uma retaliação ao Sindicato, que se havia recusado a aceitar uma proposta de redução de jornada com redução de salários. Em fins de março de 1978, os trabalhadores da Mercedes-Benz haviam paralisado suas atividades por não terem recebido o aumento que a empresa costumava conceder. A paralisação atingiu vários setores da fábrica e levou à demissão de 17 operários. A postura da empresa indicava uma alteração nos padrões de negociação, com endurecimento evidente das relações entre empregadores e empregados.
Depois da paralisação na Scania, os atos se alastraram pelas fábricas do ABC paulista. Em 15 de maio, houve a paralisação da Ford e no dia 16, da Volkswagen. Ao fim de maio, 20 mil trabalhadores estavam parados apesar da decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que considerou as greves ilegais. Vigorava, desde 1964, a duríssima Lei nº. 4.330 – conhecida como a Lei Antigreve. À frente dos movimentos de 1978, estava Luiz Inácio Lula da Silva, na ocasião presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema. Os militares apontavam que o movimento possuía uma “infiltração comunista” e sua perseguição foi severa. Enquanto isso, os movimentos sociais de oposição, inclusive o movimento pela anistia, saíam em apoio aos grevistas.
Como resultado, apesar de não conseguirem os índices reivindicados, os movimentos puderam comemorar aumentos salariais acima dos normalmente oferecidos. Mais que isso, essas mobilizações modificariam decisivamente o movimento operário. As mobilizações atingiram diversas categorias e Estados, em centros importantes como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. No ABC paulista, as lutas continuaram. Com as greves que se seguiram em 1979, as pautas do movimento foram se ampliando para a luta pela democracia, incluindo o direito de greve. O movimento assumiu contornos de contestação política, reforçando as reivindicações das esquerdas no processo de abertura.
Legenda: Ciclo de Greves e Transição Política.
Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/03/29/quando-parar-%C3%A9-ir-para-a-frente/
Legenda: Metalúrgicos da Volkswagen do Brasil durante a greve no ABC paulista em 1978.
Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/03/29/quando-parar-%C3%A9-ir-para-a-frente/
Desenvolvimento
O professor deverá iniciar as atividades com uma exposição dialogada acerca dos aspectos mencionados no item “Contextualização”. Em seguida, para estimular a participação dos alunos nas discussões, o professor deverá sugerir aos alunos que realizem, em sala de aula, a leitura das reportagens “Marco da movimentação trabalhista, greve da Scania completa 30 anos” e “Greves ajudaram na redemocratização do país”, publicadas pelo jornal Folha de São Paulo, em 11 de maio de 2008. O professor poderá levar as reportagens xerocopiadas ou, caso a escola seja contemplada pelo programa UCA, indicar o acesso aos links:
- “Marco da movimentação trabalhista, greve da Scania completa 30 anos”:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u400408.shtml
- “Greves ajudaram na redemocratização do país”:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u400422.shtml
Em seguida, o professor deverá organizar a turma em seis grupos. Eles deverão ser orientados a discutir as reportagens, respondendo às seguintes questões:
- Quais os principais motivos das greves?
- Qual o clima político em que se iniciaram esses movimentos grevistas?
- Que relações podemos estabelecer entre os movimentos grevistas de 1978 e a redemocratização no Brasil?
- O que podemos dizer a respeito do papel dos sindicatos nesse processo?
Os resultados deverão ser registrados pelo grupo em uma folha de papel à parte e entregues ao professor na aula seguinte.
2ª. e 3ª. AULAS
Desenvolvimento
A turma seguirá trabalhando em seis grupos. O objetivo destas aulas é que os alunos ampliem seus conhecimentos, por meio de pesquisas, sobre temas concernentes aos movimentos sindicalistas de 1978. Com isso, pretende-se construir, junto aos alunos, uma perspectiva o mais abrangente possível sobre o sindicalismo dos fins dos anos 1970 e suas relações com a redemocratização do País.
O professor deverá orientar os alunos a iniciarem suas pesquisas temáticas pelos links sugeridos, sem deixar de buscar outras referências, que deverão incluir o uso de imagens, vídeos e outros materiais pertinentes. Como resultado, os alunos entregarão, na aula seguinte, um trabalho escrito elaborado pelo grupo, incluindo também os itens iconográficos, já analisados. Esses trabalhos deverão ser reservados para atividade futura.
1º. Grupo: “A retomada do espaço público: movimentos sociais na segunda metade da década de 1970 no Brasil”.
Sitessugeridos:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/uma_foto_toda_a_historia
http://www.une.org.br/2011/09/historia-da-une/
http://www.abcdeluta.org.br/materia.asp?id_CON=89
2º. Grupo: “O projeto de Geisel: uma abertura lenta, segura e gradual”.
Sitessugeridos:
http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/abertura-politica/
http://pnld.moderna.com.br/tag/ditadura-militar/
3º. Grupo: “Breve histórico do sindicalismo no Brasil do século XX e o sindicalismo brasileiro nos anos 1970”.
Sitessugeridos:
http://www.infoescola.com/sociologia/sindicalismo/
http://www.sintet.ufu.br/sindicalismo.htm#HISTÓRIA DO SINDICALISMO NO BRASIL
- Link para o vídeo História do Sindicalismo no Brasil (11 minutos):
http://www.youtube.com/watch?v=T13-V_zLzI0
- Link para o documentário Braços Cruzados, Máquinas Paradas (Brasil, 1979, 76 minutos):
http://www.youtube.com/watch?v=owVJH1a-w8Y
- Link para comentário sobre o documentário Braços Cruzados, Máquinas Paradas, discutindo seu contexto de elaboração: http://www.fsindical.org.br/portal/institucional.php?id_con=9457
4º. Grupo: “Os antecedentes trabalhistas da greve de 1978: a condição do trabalhador, os I e II Congressos do Sindicato dos Metalúrgicos e o ‘movimento pela reposição salarial’”.
Sitessugeridos:
- Link para edição do livro O resgate da dignidade. Greve metalúrgica e subjetividade operária, de Laís Wendel Abramo: http://www.cedec.org.br/files_pdf/Oresgatedadignidade.pdf
http://www.abcdeluta.org.br/materia.asp?id_CON=180
http://www.abcdeluta.org.br/materia.asp?id_CON=186
5º. Grupo: “O novo sindicalismo e as greves de 1978”.
Sitessugeridos:
- Link para edição do livro O resgate da dignidade. Greve metalúrgica e subjetividade operária, de Laís Wendel Abramo: http://www.cedec.org.br/files_pdf/Oresgatedadignidade.pdf
http://www.abcdeluta.org.br/contexto.asp?id_ANO=39
http://www.abcdeluta.org.br/materia.asp?id_CON=453
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/perspectiva/piquetes-pioneiros
http://www.abcdeluta.org.br/materia.asp?id_CON=196
http://www.cnmcut.org.br/conteudo/scania-1978-a-greve-que-mudou-o-sindicalismo-no-brasil
6º. Grupo: “Biografias” – participantes do movimento grevista.
Sitessugeridos:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/lula_de_sindicalista_a_presidente
http://www.abcdeluta.org.br/materia.asp?id_CON=2757
http://www.abcdeluta.org.br/materia.asp?id_CON=2704
http://www.youtube.com/watch?v=4jHJTVnFa8c
4ª. e 5ª. AULAS
Desenvolvimento
O professor deverá estimular os grupos a partilharem seus resultados de pesquisa em sala de aula, a partir dos trabalhos que redigiram. Após as apresentações, o professor deverá iniciar um debate entre a turma. Propomos as seguintes questões para norteá-lo:
- Qual o contexto político de desencadeamento das greves de 1978?
- Projeto do governo ou processo político? Como os alunos entendem a abertura política no Brasil?
- Qual o papel dos movimentos sociais na abertura? É válido dizer que a abertura seja apenas resultado dessas lutas?
- Quais eram as condições de vida e trabalho do metalúrgico nos anos 1970?
- O sindicalismo é um fenômeno emergente nesse contexto? Que novidades ele apresenta a partir de 1978?
- Quais eram as principais reivindicações das greves de 1978?
- Qual a importância política dessas greves para os desdobramentos da abertura política?
6ª. AULA
Desenvolvimento
Considerando os textos produzidos pelos alunos, acrescidos das contribuições das discussões em sala de aula, o professor deverá convidar a turma a produzir coletivamente uma página da “Wikipédia” com o título: “1978: a greve dos trabalhadores do ABC e os impactos no processo de abertura democrática”. A organização da página deverá ser orientada pelos mesmos subtítulos que nortearam as pesquisas nas segunda e terceira aulas. Vale ressaltar que, atualmente, o site não contempla nenhuma página específica para essa discussão e que a contribuição dos alunos poderia ser relevante.
Para tanto, o professor deverá orientar a turma a criar uma conta no “Wikipédia”, seguindo as orientações constantes no tutorial:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ajuda:Guia_de_edi%C3%A7%C3%A3o/Como_criar_uma_conta
Logo após, as etapas constantes no tutorial abaixo deverão ser seguidas para a construção da página:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ajuda:Guia_de_edi%C3%A7%C3%A3o/Como_come%C3%A7ar_uma_p%C3%A1gina
- Link para o texto “Piquetes Pioneiros” da Revista de História da Biblioteca Nacional:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/perspectiva/piquetes-pioneiros
- Link para o documentário ABC da Greve, de Leon Hirszman (86 minutos):
http://www.youtube.com/watch?v=2hhFk0cml6Y
- Link para o documentário Braços Cruzados, Máquinas Paradas (Brasil, 1979. 76 minutos):
http://www.youtube.com/watch?v=owVJH1a-w8Y
- Link para comentário sobre o documentário Braços Cruzados, Máquinas Paradas, discutindo seu contexto de elaboração:
http://www.fsindical.org.br/portal/institucional.php?id_con=9457
- Link para o documentário Linha de Montagem (Brasil, 1982, 90 minutos):
http://www.youtube.com/watch?v=svh-lGcSDmU
- Link para comentário sobre o documentário Linha de Montagem:
http://www.fsindical.org.br/portal/institucional.php?id_con=9461
- Link para edição do livro O resgate da dignidade. Greve metalúrgica e subjetividade operária, de Laís Wendel Abramo:
http://www.cedec.org.br/files_pdf/Oresgatedadignidade.pdf
- Link para a aula “As greves e a abertura política vista por Leon Hirszman”, de Augusto Carvalho Borges:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=41525
Os alunos deverão ser avaliados pela adequação conceitual de suas pesquisas, bem como pela diversidade de recursos mobilizados para elaborá-la. Ao fim, deverá ser avaliada a qualidade da página da “Wikipédia” produzida pela turma.
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