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Primavera de Praga e fotografia

 

26/09/2011

Autor e Coautor(es)
Augusto Carvalho Borges
imagem do usuário

BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Gabriel Luiz Maia Nascimento; Lígia Beatriz Paula Germano

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Cultura
Ensino Médio História Processo histórico: nações e nacionalidades
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Relações de poder e conflitos sociais
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Cidadania e cultura contemporânea
Ensino Médio História Sujeito histórico
Ensino Médio História Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

 

Os alunos poderão analisar um importante componente de constituição de memória de uma sociedade: a fotografia. Além disso, os alunos poderão ter um contato mais próximo com um tema que, por diversas vezes, não é bem trabalhado, como a Primavera de Praga. Os alunos, também, terão a oportunidade de problematizar e discutir a produção cultural de, e sobre, o período.

Duração das atividades
Seis aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

 

Socialismo

Guerra Fria

Estratégias e recursos da aula

 

INTRODUÇÃO

Durante o conturbado ano de 1968, vários acontecimentos repercutiram a agitação social, cultural e política que se encontravam os mais diversos países do mundo. Só para citar, exemplarmente: manifestações estudantis no Brasil, na França, na Alemanha, nos Estados Unidos e em outros países questionavam o poder vigente; movimentos de defensores de minorias e de luta por direitos humanos ganhavam força; a Guerra do Vietnã já mostrava o seu lado assustador com a “ofensiva do Tet”, que geraria o início das manifestações contrárias à Guerra do Vietnã. Dentro desses acontecimentos, podemos destacar também o que ocorreu na Tchecoslováquia.

Desde o início dos anos 1960, alguns membros do Partido Comunista Tcheco, que ocupavam o poder no país, já pediam reformas. Porém outro setor do partido não concordava com tal postura, eliminando qualquer possibilidade de reforma. Esse desejo de reforma foi tomando conta de outros setores da população, em especial dos intelectuais. Em 1967, após protestarem abertamente contra as políticas do partido, os intelectuais foram reprimidos por Novotny, secretário-geral do partido. Essa reação acelerou o processo de mudança e, em 5 de janeiro de 1968, assumia como presidente Alexander Dubcek, um dos que se destacavam no pedido por reformas.

Em março, o governo tomou uma série de medidas mais liberais que foram apoiadas pelos meios de comunicação e culminaram na retirada da censura. O Comitê Central do PC ainda aprovou o “Programa de Ação” que buscava dar ao socialismo um caráter mais humano. Entre os planos, destacavam-se uma relativa liberalização econômica, reformas no terreno político (livre criação de partidos que aceitassem o modelo socialista, igualdade nacional entre tchecos e eslovacos e libertação de presos políticos) e no aspecto social (sindicatos independentes e liberdade religiosa). Esse novo cenário de liberdade espalhou uma euforia pelo país, surgindo assim diversas revistas, jornais e associações.

Apesar das relações internacionais do país ainda estarem centradas na URSS e no Pacto de Varsóvia, Moscou não tinha bons olhos para as reformas e as tensões foram ficando cada vez maiores. Em julho de 1968, os dirigentes do Pacto de Varsóvia escreveram uma carta ao partido tcheco, porém Dubcek se recusou a aceitar a carta e ir a Moscou. Em 20 de agosto, as tropas do Pacto de Varsóvia invadiram a Tchecoslováquia e acabaram com a chamada “Primavera de Praga”, impondo e mantendo um regime que já havia perdido a credibilidade entre as pessoas.

DESENVOLVIMENTO

Na primeira aula, o professor deverá introduzir o assunto aos alunos. O professor poderá contextualizar para os alunos o cenário do Leste Europeu durante a Guerra Fria e indagá-los sobre o que entendem quando se fala em Cortina de Ferro. Depois o professor poderá explicar um pouco sobre o contexto histórico dos anos 1960, do delicado momento político que se vivia e as mudanças comportamentais e culturais que vinham ocorrendo. Depois o professor poderá perguntar aos alunos o que acham do papel da cultura em um contexto como esse. Após essa discussão e introdução, o professor poderá retomar os principais pontos em uma conversa com a sala. O professor poderá avaliar se a discussão foi satisfatória ou não.

Na segunda aula, o professor deverá dividir a sala em cinco ou seis grupos. Cada grupo ficará responsável por analisar um conjunto de fotografias abaixo. O professor poderá trabalhar com os alunos como podem ler as imagens, buscando interpretar que sentimento as fotos passam e outros aspectos subjetivos e objetivos que estejam presentes nessas imagens. Deve-se ressaltar que a fotografia não é uma cópia exata do que foi a realidade, explicando que quem produz e reproduz essas fotos possui um objetivo. Essa intencionalidade deverá ser observada. Além disso, os alunos deverão obter informações na Internet que auxiliem na interpretação das imagens, ressaltando o contexto em que ela foi feita.

Na terceira aula, os grupos poderão começar a trabalhar com as imagens.

Grupo 1: “O início da invasão e a Praça Venceslau”.

Imagens:

 

Relógio

 

Fotografia da praça Venceslau horas antes da invasão soviética http://iconicphotos.wordpress.com/2009/10/05/prague-spring/ )

 

 

Garotos observam a praça Venceslau

 

Garotos observam a invasão http://www.paulgoldsmithphotography.com/photos1.html )

 

Garota com bandagens na cabeça

 

Garota com bandagens na cabeça na praça Venceslau ( http://www.paulgoldsmithphotography.com/photos1.html )

 

O grupo deverá trabalhar como estas fotografias buscam representar o início da invasão, além de poder discutir a importância, mesmo que simbólica, que um local como uma praça tem para a sociedade que a frequenta, podendo discutir os vários usos que as praças, como locais públicos e de encontro, possuem para as pessoas.

 

Grupo 2: “Pessoas e tanques”.

Imagens:

Carro passa por dúzias de tanques     Pessoas jogam pedras em tanques russos

 

Tanques russos ocupam a capital Tcheca e algumas pessoas resistem com pedras ( http://www.guardian.co.uk/world/gallery/2008/aug/21/1968theyearofrevolt.russia#/?picture=336781902&index=10 )

 

Tanque contra manifestantes

 

Tanque de guerra confronta pessoas ( http://iconicphotos.wordpress.com/2009/10/05/prague-spring/ )

Tcheco sobre tanque soviético

 

Jovem tcheco sobre tanque soviético ( http://iconicphotos.wordpress.com/2009/10/05/prague-spring/

 )Jovens escalam sobre os tanques soviéticosJovens tchecos lançam tochas contra tanque

 

Diferentes reações de tchecos perante a presença dos tanques de guerra ( http://www.guardian.co.uk/world/gallery/2008/aug/21/1968theyearofrevolt.russia#/?picture=336781902&index=10 )

 

O grupo poderá trabalhar na perspectiva de como a população civil se organiza para resistir a uma invasão que detém supremacia e controle dos meios armados. Além disso, os alunos poderão problematizar como se deu essa resistência e de que maneira ela foi representada pelos fotógrafos, podendo questionar o papel do heroísmo em situações como esta e como ele é mostrado em imagens como as acima.

 

Grupo 3: “A bandeira e outros símbolos”.

Imagens:

Pessoas marcham com bandeira tcheca suja de sangue   Jovem com bandeira tcheca  Bandeira rasgada

Imagens do fotógrafo Paul Goldsmith que mostram uma bandeira suja de sangue durante uma marcha, um jovem tcheco ajoelhado com a sua bandeira e uma bandeira rasgada.

http://www.paulgoldsmithphotography.com/photos3.html )

Mulher com bandeira ensanguentada

Fotografia que mostra o choro de uma jovem enquanto carrega uma bandeira suja de sangue ( http://iconicphotos.wordpress.com/2009/10/05/prague-spring/ )

Tchecos agitam a bandeira do país sobre tanque  Tcheco agita a bandeira do país  Pichações no muro

Fotografias icônicas que retratam: (Esq.) Jovens tchecos com sua bandeira sobre veículo virado na rua; (Centro) pessoas mostram bandeiras sujas de sangue para tanque soviético que passa pela rua e pichação de muro compara a  política dos EUA em relação com o Vietnã à relação da URSS com a Tchecoeslováquia. Além disso, uma suástica nazista aperece no meio de uma estrela socialista

(http://www.militaryphotos.net/forums/showthread.php?42908-Prague-Spring-Invasion-1968 )

 

O grupo poderá trabalhar no sentido de tentar estabelecer a força que um símbolo nacional pode adquirir em situações como esta.

Grupo 4: “Contrastes”.

Imagens:

Soldado soviéticoJuventude de sangue no rosto

O fotógrafo Paul Goldsmith busca semelhanças e diferenças ao fazer fotos do perfil de um soldado e de um manifestante ( http://www.paulgoldsmithphotography.com/photos2.html )

Jovem grita com soldado russo

O fotógrafo Josef Koudelka ressalta o contraste presente entre os invasores e os invadidos ( http://www.magnumphotos.com/c.aspx?VP=XSpecific_MAG.BookDetail_VPage&pid=2TYRYDKPNAKU )

Dois tanques na praça VenceslauGarota com bandagens na cabeça

Paul Goldsmith realça a diferença entre a máquina soviética e o cidadão tcheco ao fazer fotos do mesmo ângulo dos dois elementos ( http://www.paulgoldsmithphotography.com/photos2.html )

 

O grupo poderá trabalhar com algumas imagens isoladas e outras em perspectiva comparada. Dessa maneira, pode-se ressaltar o papel do fotógrafo ao publicar uma sequência de fotos. O grupo, também, poderá contextualizar quais contrastes que estavam em questão no contexto analisado e até que ponto os fotógrafos quiseram acentuar ou minimizar isso em suas obras.

Grupo 5: “Violência, destruição e o pós-invasão”.

Imagens:

Homem tenta ajudar pessoas mortas e feridas  Homem olha as ruínas deixadas pela invasão  Estudantes distribuem literatura após a invasão

Na primeira imagem um homem tenta socorrer pessoas feridas após repressão a manifestação; na segunda imagem um homem contempla o rastro de destruição deixado pela invasão soviética; na terceira imagem, jovens tchecos distribuem ilegalmente literatura, apontando um caminho de resistência após o fim das ações militares soviéticas no país

http://www.guardian.co.uk/world/gallery/2008/aug/21/1968theyearofrevolt.russia#/?picture=336781959&index=14 )

Cartazes contra a URSSIdoso, ao fundo prédio destruído

Na foto da esquerda, uma sequência de cartazes contra a dominação soviética pode ser visto. Na imagem da esquerda, o fotógrafo ressalta a destruição deixada.

http://www.magnumphotos.com/c.aspx?VP=XSpecific_MAG.BookDetail_VPage&pid=2TYRYDKPNAKU )

 

O grupo deverá trabalhar, em cima das imagens, como foi representada a ideia de violência e destruição na ótica do fotógrafo. Além disso, os alunos poderão relacionar a mudança de aspecto das fotografias, antes mais heroicas e agora mais introspectivas, demonstrando a fragilidade da sociedade e do local público após um evento como esse e que tipo de reações de resistência ainda são suscitadas após agosto de 1968.

Para cada aula, dois grupos poderão apresentar seu trabalho, projetando as imagens indicadas em retroprojetor e analisando as fotos conforme o proposto e em conjunto com a turma, que poderá adicionar informações.

Na terceira aula de apresentação (sexta aula), após o quinto grupo se apresentar, o professor poderá debater com a turma e levantar os principais pontos que foram discutidos durante a apresentação dos trabalhos. Além disso, o professor poderá trabalhar melhor os pontos que ficaram deficientes e questionar os alunos sobre o que eles conseguem concluir.

CONCLUSÃO

Após o professor fazer a discussão, ficará mais fácil para os alunos compreenderem a diversidade e a complexidade de interpretações que uma imagem ou fotografia pode ter, seja no campo político, cultural ou comportamental. Isso mostra que as imagens não são mero espelho de uma realidade palpável, mas sim reconstruções que possuem uma grande carga de intencionalidade. A quebra dessa visão é importante para dar ao aluno capacidade crítica de analisar o mundo que o rodeia, podendo questionar e problematizar situações a partir de uma base. Além disso, trabalhos como este despertam o interesse do aluno por se tratar de um objeto com o qual ele convive: a fotografia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Recursos Complementares
Avaliação

 

Após trabalhar com os clipes dentro da sala de aula, o professor poderá estender o trabalho pedindo aos alunos que produzam um jornal com as fotos que acharem mais interessantes e seus respectivos comentários. Inclusive, uma tiragem maior poderá ser feita para que alunos de outras séries e outras salas possam ter acesso a esse tipo de informação produzida. Não caberá ao professor avaliar a parte técnica, mas sim se os alunos foram capazes de articular as informações surgidas nas discussões em sala, nas pesquisas realizadas, com a interpretação das fotografias. Por meio da análise desse processo, o professor poderá ser capaz de avaliar não somente o trabalho final, mas toda a carga de pesquisa por trás. Para tanto é necessário que o professor acompanhe de perto os trabalhos dos grupos durante as diversas etapas. Como o assunto não é muito divulgado e as fotos são de uma riqueza ímpar, o material poderá servir, inclusive, de base para outros professores trabalharem com este tema. 

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 1 classificações

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Opiniões

  • Juliano de Melo Costa, COC - MACEIO , Alagoas - disse:
    professorjuliano@gmail.com

    27/09/2011

    Quatro estrelas

    Achei a temática muito interessante, e a perspectiva de trabalhar a fotografia foi uma ótima ideia, rica fonte iconográfica. Parabéns. Acredito que poderia ser acrescentada uma atividade de pesquisa de imagens que pudessem ser relacionadas com a temática em questão, como os atuais movimentos da Primavera Árabe, por exemplo.


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