Minha travessura

Imagem disponível em: https://www.google.com.br/search?q=imagem+de+uma+gatinha&tbm=isch&imgil=ph12pkXhq6U__M%253A%253Bhttps%253A%252F%252Fencrypted-tbn2.gstatic.com%252Fimages%253Fq%253Dtbn%253AANd9GcTiJFnVeBbs3lDmLqAlPjby4QE82iM8AupSJtOeQrLOm7mPCeVO%253B1280%2 Acesso em: 18 abril 2014.
Era uma sexta-feira que parecia igual às outras, porém acabou saindo um pouco fora do comum.
Minha mãe havia viajado com meu padrasto para o Rio de Janeiro, meu pai estava trabalhando e eu tinha ficado na casa dos meus avós. Minha avó, uma adoradora de gatos, estava com uma gata que tinha acabado de dar cria de três lindos filhotinhos.
Como eu era pequena, mal sabia de onde vinham essas pequenas criaturinhas e a única coisa que consigo me lembrar era de que eu já os amava intensamente.
Minha avó então foi a padaria comprar um pão para o lanche e eu fiquei sozinha com os gatos. Um deles estava se afogando em lágrima de tanto chorar e gritava como se sentisse uma dor incurável. Eu querendo ajudar peguei-o em meus braços e o aninhei como uma mãe ao segurar seu filho em seu colo. O amor era tanto, que eu o abracei para que ele pudesse sentir meu coração batendo por ele. Aquela pequena gatinha branca, com manchas marrom e olhos azuis como uma piscina, que se encontrava sendo esmagada de amor por mim, mal sabia eu que havia acabado de matá-la. Pensei que ela estava apenas dormindo em um profundo sono após eu acalmá-la.
Assim que minha avó chegou em casa e viu aquela cena parecia desacreditada, seu queixo quase tocava o chão e seus olhos estavam tão arregalados que eu me espantei e fui para o quarto. Depois de alguns minutos só conseguia ouvi lá chorando e gritando, porém não entendia seu motivo. Quando meu pai chegou a casa ela contou tal história para ele, que me deixou de castigo por fazer uma coisa que nem eu mesma tinha acreditado.
-

-
Imagem disponível em: https://www.google.com.br/search?q=imagem+de+uma+professora&biw=1366&bih=667&tbm=isch&imgil=oK2DhDHjaVl6kM%253A%253Bhttps%253A%252F%252Fencrypted-tbn3.gstatic.com%252Fimages%253Fq%253Dtbn%253AANd9GcScy90Y0eQ7_3tUqKWumXIJdik-m3LQRR4c6PVQFfQXhm37WV6I%253B1228%253B762%253Bkb_gXd_3y7tkrM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fimagensface.com.br%25252Fimagens%25252Fprofessora%25252F1&source=iu&usg=__5aVnG6aTOe4miuvCKAzqB1VgNzg%3D&sa=X&ei=KntRU_S0Bci42wXFnYGwCw&sqi=2&ved=0CDUQ9QEwAw#facrc=_&imgdii=_&imgrc=oK2DhDHjaVl6kM%253A%3Bkb_gXd_3y7tkrM%3Bhttp%253A%252F%252Fimagensface.com.br%252Fimagens%252Fimagens-professora-2a4b7a.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fimagensface.com.br%252Fimagens%252Fprofessora%252F1%3B1228%3B762 Acesso em: 18 abril 2014.
-
MINHA PRIMEIRA PROFESSORA
-
-
A primeira presença em meu aprendizado escolar que me causou impacto, e causa até hoje, foi uma jovem professorinha. É claro que eu uso esse termo, professorinha, com muito afeto. Chamava-se Eunice Vasconcelos (1909-1977), e foi com ela que eu aprendi a fazer o que ela chamava de "sentenças".
Eu já sabia ler e escrever quando cheguei à escolinha particular de Eunice, aos 6 anos. Era, portanto, a década de 20. Eu havia sido alfabetizado em casa, por minha mãe e meu pai, durante uma infância marcada por dificuldades financeiras, mas também por muita harmonia familiar. Minha alfabetização não me foi nada enfadonha, porque partiu de palavras e frases ligadas à minha experiência, escritas com gravetos no chão de terra do quintal.
Não houve ruptura alguma entre o novo mundo que era a escolinha de Eunice e o mundo das minhas primeiras experiências - o de minha velha casa do Recife, onde nasci, com suas salas, seu terraço, seu quintal cheio de árvores frondosas. A minha alegria de viver, que me marca até hoje, se transferia de casa para a escola, ainda que cada uma tivesse suas características especiais. Isso porque a escola de Eunice não me amedrontava, não tolhia minha curiosidade.
Quando Eunice me ensinou era uma meninota, uma jovenzinha de seus 16, 17 anos. Sem que eu ainda percebesse, ela me fez o primeiro chamamento com relação a uma indiscutível amorosidade que eu tenho hoje, e desde há muito tempo, pelos problemas da linguagem e particularmente os da linguagem brasileira, a chamada língua portuguesa no Brasil. Ela com certeza não me disse, mas é como se tivesse dito a mim, ainda criança pequena: "Paulo, repara bem como é bonita a maneira que a gente tem de falar!..." É como se ela me tivesse chamado.
Eu me entregava com prazer à tarefa de "formar sentenças". Era assim que ela costumava dizer. Eunice me pedia que colocasse numa folha de papel tantas palavras quantas eu conhecesse. Eu ia dando forma às sentenças com essas palavras que eu escolhia e escrevia. Então, Eunice debatia comigo o sentido, a significação de cada uma.
Fui criando naturalmente uma intimidade e um gosto com as ocorrências da língua - os verbos, seus modos, seus tempos... A professorinha só intervinha quando eu me via em dificuldade, mas nunca teve a preocupação de me fazer decorar regras gramaticais.
Mais tarde ficamos amigos. Mantive um contato próximo com ela, sua família, sua irmã Débora, até o golpe de 1964. Eu fui para o exílio e, de lá, me correspondia com Eunice. Tenho impressão de que durante dois anos ou três mandei cartas para ela. Eunice ficava muito contente.
Não se casou. Talvez isso tenha alguma relação com a abnegação, a amorosidade que a gente tem pela docência. E talvez ela tenha agido um pouco como eu: ao fazer a docência o meio da minha vida, eu termino transformando a docência no fim da minha vida.
Eunice foi professora do Estado, se aposentou, levou uma vida bem normal. Depois morreu, em 1977, eu ainda no exílio. Hoje, a presença dela são saudades, são lembranças vivas. Me faz até lembrar daquela música antiga, do Ataulfo Alves: "Ai, que saudade da professorinha, que me ensinou o bê-á-bá'
-
(Paulo Freire, publicado pela Revista Nova Escola em dezembro de 1994).
Disponível em: http://ccmc1ano.blogspot.com.br/2012/05/relato-pessoal.html Acesso em: 18 abril 2014.
- RELATO 3
-
A viagem
-

Imagem disponível em: https://www.google.com.br/search?q=imagem+de+uma+viagem&biw=1366&bih=667&tbm=isch&imgil=K9Dn1CIkWOq3yM%253A%253Bhttps%253A%252F%252Fencrypted-tbn3.gstatic.com%252Fimages%253Fq%253Dtbn%253AANd9GcTeWV6WXXBpU7dF3iUZxUmk62kQdwz8sr7NCe9H6tYA_rvNxSNpPA%253B425%253B284%253BFfXhbrng0AycdM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fzenitecerimonial.com.br%25252Fconteudo.php%25253Ftit%2525253Dpacotes_de_viagens_cvc%25252526id%2525253D28&source=iu&usg=__77wLhmfaLKT_swr4HNUParHcPGo%3D&sa=X&ei=sXtRU_rGEoTfsASy9YDYAg&ved=0CC8Q9QEwAA#facrc=_&imgdii=_&imgrc=K9Dn1CIkWOq3yM%253A%3BFfXhbrng0AycdM%3Bhttp%253A%252F%252Fzenitecerimonial.com.br%252Feditor%252Fviagem-aviao.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fzenitecerimonial.com.br%252Fconteudo.php%253Ftit%253Dpacotes_de_viagens_cvc%2526id%253D28%3B425%3B284 Acesso em: 18 abril 2014.
-
No meu aniversário, fui viajar com o meu tio, com a minha tia e o com meu irmão. Planejávamos ir a Porto de Galinhas. Contudo havia um probleminha: teríamos de ir de avião. Quando fiquei sabendo, desisti da viagem, "vai que aquele avião cai!?"
Percebi que se eu pensasse assim, não ia poder fazer nada na vida!
- Vamos andar de bicicleta?
- Não! Vai que caia e me machuque!
- Vamos à montanha-russa?
- Não! Vai que ela quebre!
Então, decidi. Ia viajar e ia superar o meu medo...
Até que o dia da viagem chegou. Estava nervosa, aflita, tremendo... Saí de casa, indo de táxi ao aeroporto de Congonhas.
No local, fazendo o check-in, não havia ninguém na fila, foi rápido. Estávamos sentados em frente de onde iríamos embarcar.
Depois de uns dez minutos, chamaram o meu voo. Fiquei na frente do avião, não sabia o que fazer: chorar, andar ou voltar.
Determinado momento, tive de entrar. Sentei em meu lugar e o avião decolou. Nada de medo. Até comi meu lanchinho, estava uma delícia...
Ocorreu tudo bem.
A partir daquele momento, não tive mais medo de avião. Inclusive gosto de estar nele.
Beatriz Ferreira Noble - Disponível em: http://escolabarifaldi.blogspot.com.br/2011/03/relato-pessoal.html Acesso em: 18 abril 2014.
-
-
MÓDULO 2
Professor, leve seus alunos para o Laboratório de Informática da escola e peça que acessem o site:http://dosesdeleitura.blogspot.com.br/2011/08/relato-pessoal.html Acesso em: 18 abril 2014 para que façam a atividade proposta no blog. Essa atividade poderá ser feita em grupo e os estudantes deverão digitar as respostas em word e enviar para o e-mail da professora.
1. Leiam o relato abaixo e depois respondam às perguntas.
GENTE É BICHO E BICHO É GENTE
Querido Diário, não tenho mais dúvida de que este mundo está virado ao avesso! Fui ontem à cidade com minha mãe e você não faz ideia do que eu vi. Uma coisa horrível, horripilante, escabrosa, assustadora, triste, estranha, diferente, desumana... E eu fiquei chateada.
Eu vi um homem, um ser humano, igual a nós, remexendo na lata de lixo. E sabe o que ele estava procurando? Ele buscava, no lixo, restos de alimento. Ele procurava comida!
Querido Diário, como pode isso? Alguém revirando uma lata cheia de coisas imundas e retirar dela algo para comer? Pois foi assim mesmo, do jeitinho que estou contando. Ele colocou num saco de plástico enorme um montão de comida que um restaurante havia jogado fora. Aarghh!!! Devia estar horrível!
Mas o homem parecia bastante satisfeito por ter encontrado aqueles restos. Na mesma hora, querido Diário, olhei assustadíssima para a mamãe. Ela compreendeu o meu assombro. Virei para ela e perguntei: “Mãe, aquele homem vai comer aquilo?” Mamãe fez um “sim” com a cabeça e, em seguida, continuou: “Viu, entende por que eu fico brava quando você reclama da comida?”.
É verdade! Muitas vezes, eu me recuso a comer chuchu, quiabo, abobrinha e moranga. E larguei no prato, duas vezes, um montão de repolho, que eu odeio! Puxa vida! Eu me senti muito envergonhada!
Vendo aquela cena, ainda me lembrei do Pó, nosso cachorro. Nem ele come uma comida igual àquela que o homem buscou do lixo. Engraçado, querido Diário, o nosso cão vive bem melhor do que aquele homem.
Tem alguma coisa errada nessa história, você não acha?
Como pode um ser humano comer comida do lixo e o meu cachorro comer comida limpinha? Como pode, querido Diário, bicho tratado como gente e gente vivendo como bicho? Naquela noite eu rezei, pedindo que Deus conserte logo este mundo. Ele nunca falha. E jamais deixa de atender os meus pedidos. Só assim, eu consegui adormecer um pouquinho mais feliz.
(OLIVEIRA, Pedro Antônio. Gente é bicho e bicho é gente. Diário da Tarde. Belo Horizonte, 16 out. 1999).
ATIVIDADES PROPOSTAS NO BLOG
01. O texto lido é do gênero “Relato Pessoal”, do tipo “Diário”. Que marcas textuais comprovam essa afirmativa?
02. A narradora inicia seu relato afirmando não ter mais dúvida de que o mundo está “virado ao avesso”? Por que ela afirma isso?
03. O texto aborda uma problemática social muito específica. Indique tal problemática e justifique sua resposta.
04. Em certo trecho, a narradora se diz muito envergonhada? Do que ela se envergonha?
05. A narradora compara a vida de seu cachorro à vida do homem que buscava comida no lixo. A partir dessa comparação, pode-se afirmar que o autor do texto quer mostrar a vida humana, muitas vezes, sendo menos valorizada que a vida de um animal? Justifique seus comentários.
06. No final do relato, a narradora deposita sua confiança em um ser divino. Por que ela não deposita essa confiança em outro ser humano? Explique.
07. Em sua opinião, o que pode ser feito para diminuir o sofrimento de pessoas como o homem retratado no relato? Justifique.
- Logo após os alunos terem terminado a atividade, o professor abrirá seu e-mail (em casa ou na escola) e deverá fazer a correção complementando, se necessário, as respostas.
- Professor, retorne as respostas corrigidas para o e-mail de seu aluno.