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Estudando o texto: perspectiva e argumentos

 

16/12/2009

Autor e Coautor(es)
Priscila Brasil Gonçalves Lacerda
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Professor Luiz Prazeres

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Médio Língua Portuguesa Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Esta aula pretende fazer com que os alunos reflitam sobre as estratégias envolvidas na construção de textos informativos com investimento de opinião. Precisamente, tem-se por objetivo fazer com que os alunos compreendam a relação necessária entre a perspectiva apresentada no texto e os argumentos que, por sua vez, sustentariam essa perspectiva.
  • A presente aula tem ainda por objetivo fazer com que os alunos reconheçam alguns tipos argumentos, classificados segundo a natureza do recurso de persuasão mobilizado por eles, como cientificidade, factualidade, autoridade ou consenso.
  • Acredita-se, enfim, que esta aula pode contribuir para o refinamento das competências de leitura interpretativa e escrita dos alunos, tornando explícitos mecanismos de investidura de opinião em textos informativos.
Duração das atividades
Aproximadamente 3 aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • O professor dever ter trabalhado com os alunos alguns gêneros de texto predominantemente argumentativos, como crônica dissertativa, crítica, artigo de opinião ou editorial. Sugere-se que as características básicas desse tipo de texto sejam rapidamente rememoradas por meio dos seguintes questionamentos:

a) O que diferencia um texto predominantemente dissertativo de um texto predominantemente narrativo?

b) Quais são os exemplos mais comuns que vocês conhecem de gênero de texto mais argumentativo ou mais narrativo?

Observação: Fazer essa breve retomada pode facilitar o desenvolvimento da aula, já que se pretende dar um passo adiante, considerando-se o mecanismo de sustentação de perspectivas por argumentos.

Estratégias e recursos da aula
  • Para iniciar a aula, sugere-se que o professor apresente aos alunos parte do texto “Tropa de Elite (2007): tormentos de uma guerra”, que colocamos a seguir. Trata-se de uma resenha crítica, portanto, um texto claramente investido de opinião, sobre o filme que possui o nome de "Tropa de Elite". (Recomenda-se que o professor utilize material impresso ou projeção, com auxílio de aparelho de datashow.)

Tropa de Elite (2007): Tormentos de uma guerra
Rafael Lorenzato

[...]
Comparado erroneamente com Cidade de Deus (2002), pois são produções bem distintas em enredo e técnica, Tropa de Elite é dirigido por José Padilha, o mesmo de Ônibus 174 (2002), que à época foi considerado um filme "esquerdista" por "defender" o olhar do marginal – já que se tratava de um documentário sobre o famoso sequestro protagonizado por Sandro do Nascimento e contrapunha os argumentos das mídias sensacionalistas. Agora, Padilha inverte totalmente o foco e apresenta um protagonista fascista, mas em um filme igualmente reflexivo e com teor documental.
A história, praticamente atual, se passa no Rio de Janeiro de 1997, no qual havia (e ainda há), inegavelmente, guerras entre traficantes e policiais. Em algumas dessas frentes de batalha está o Capitão Nascimento (Wagner Moura), da Tropa de Elite, designado para chefiar a equipe que tem como missão neutralizar o Morro do Turano durante a visita do Papa João Paulo II ao país. Estressado pela violência, e ainda porque sua mulher está grávida, Nascimento necessita arranjar um sucessor que tome conta de seu batalhão com o mesmo afinco e critério que considera justo. Assim, o Capitão narra a busca pelo seu substituto, trazendo para o enredo dois aspirantes da PM: Neto (Caio Junqueira) e Matias (André Ramiro).
Amigos de infância e policiais honestos – raros no filme e, infelizmente, na realidade –, Neto se destaca pela coragem, e Matias, pela inteligência e utopia. Ambos buscam lugar na corporação, mas é Matias que mais se destaca na história. Negro e pobre, pretende formar-se em Direito. Porém, depara-se com um ambiente antagônico: a universidade, na qual o idealismo é contraposto pelo uso das drogas que alimentam o tráfico; e a Tropa de Elite, para a qual, em uma versão simplificada, quem consome drogas ajuda os traficantes a matar os policiais.
O que Padilha faz, portanto, é mostrar um ponto de vista muito raro no cinema: o do policial. Através de uma síntese da sociedade, o Capitão Nascimento expõe seu medo de morrer e seu estresse, e justifica seu direito de punir aqueles que estão do outro lado dessa guerra, sejam traficantes, consumidores de drogas ou policiais corruptos, afinal, para ele, a tortura e o assassinato são legítimos. Detalhe para a cena em que Nascimento cobre o caixão de um colega com a bandeira do Bope acima da bandeira brasileira, evidenciando o fascismo através do qual desconstrói e recria outros policiais semelhantes, como é o caso do personagem Matias, em um ciclo que socialmente representa a pura e simples luta pela sobrevivência de um sujeito que entrará em uma favela à noite sob um intenso tiroteio.
Com antológicas falas como "pede para sair" ou "missão dada é missão cumprida", Tropa de Elite não tem apenas um excelente roteiro. Ele é uma representação verossímil da arquitetura militar, uma vez que foi escrito por, além de Padilha e Bráulio Mantovani, Rodrigo Pimentel, que transpôs par a as telas a vivência dele como policial co nvencional e depois do Bope. Pimentel foi u m dos protagonistas do filme Notícias de Uma Guerra Particular (19 99), documentário de Kátia Lund e João More ira Salles. Além disso , os atores receberam um treinamento do pró prio Bope que, segundo Wagner Moura, foi tã o intenso que parecia que eles vestiriam a f arda para sempre.
Soma-se a isso o medo da violência vivenciado nas filmagens. Como vestiam-se de policiais dentro das favelas, os atores traba lhavam no limite do risco. Todos usavam coletes identificando a equipe de filmagem, não obstante, a tensão de ser observado pelo tráfico era muito forte. Principalmente quando alguns membros da equipe foram sequestrados por bandidos que imaginaram que as armas cenográficas eram reais. Assim, Padilha e seu grupo sofriam a pressão tanto dos comandos da polícia quanto dos comandos do tráfico.
E é aproveitando a vivência do conflito que a produção se utiliza de diversos elementos estéticos para narrar o dia-a-dia dos policiais, em uma linguagem de cinema expressada principalmente pelo fotógrafo e cinegrafista Lula Carvalho, que utiliza a câmera na mão ao mesmo tempo em que persegue os personagens, subjetivando o olhar do espectador. Além disso, as atuações e a direção de Padilha traduzem a identidade do filme, que expõe um ponto de vista único, porém, importante.
Através desse conjunto de características que compõem a película, Tropa de Elite faz com que o público reaja de formas diversas. Da empatia à aversão espontânea, do riso à angústia, cada espectador demonstra um comportamento, amparado, certamente, em sua inserção sociocultural. O filme não é a ótica do Capitão Nascimento e sua opinião fascista, mas sim, um poderoso agente de transformação, simplesmente porque gera discussão sobre as condições absurdas em que vivemos, mas que fazemos questão de relevar e não enxergar.

Fonte: http://www.cinema.com.br/site/acervo.php?id=206&a=2, acessado em 5 set. 2009.

  • Depois que os alunos tenham feito uma leitura silenciosa do texto, o professor deve colocar as seguintes questões de "a" a "e", para guiar uma percepção geral do texto e levar os alunos à compreensão do ponto de vista do autor da resenha sobre o filme.

a) Qual é o objetivo desta crítica?
b) Antes de opinar sobre o texto, o autor resume o enredo do filme e descreve suas personagens principais. Por quê?
c) Rafael Lorenzato categoriza a perspectiva de Capitão Nascimento (personagem principal do filme) como fascista. Essa perspectiva é apontada como um ponto negativo do filme? Explique.
d) A julgar pela crítica que acabamos de ler, esse filme parece apropriado a que tipo de público?
e) Você acha que essa crítica é favorável ou contrária ao filme? Justifique a sua resposta com elementos do texto.

  • Após fazer uma discussão sobre as respostas às questões de "a" a "d', sugere-se que o professor demande aos alunos que se reúnam em grupos de 3 ou 4 e  façam um esquema a partir das respostas à questão “e”, indicando o ponto de vista defendido pelo autor da crítica e elencando trechos que poderiam servir de argumentos para sustentar tal ponto de vista.
  • Ao final dessa atividade, o professor deve também fazer o esquema na lousa (quadro negro), como o que colocamos a seguir, enumerando os argumentos apontados pelos grupos.
Ponto de vista acerca do filme Argumentos
O filme é recomendado pela crítica

Filme reflexivo e com teor documental.

História praticamente a tual.

Padilha apresenta um ponto de vist a muito raro no cinema: o do policial. Ele exp õe um ponto de vista único, porém imortante.

Antológicas falas.

Tropa de Elite n ão tem apenas um e excelente roteiro, ele é um a representação verossímil da arquitetura mili tar.

O texto foi escrito com o auxílio d e um plicial do Bope.

Os atores recebera m um treinamento do próprio Bope.

O film e é um poderodo agente de trasnformação porque gera dicussão sobre as condições absurdas em que vivemos, mas fazemos questão de relevar e não enxergar.

“T ropa de Elite (2007): tormentos de uma guerra” – Rafael Lorenzato
  • É importante que, ao fazer o esquema na lousa (quadro negro), o professor discuta com os alunos o estatuto argumentativo de alguns trechos, fazendo-os refletir em que medida determinadas informações ou comentários do autor da crítica contribuem para uma avaliação positiva do filme.
  • Na sequência da aula, o professor dever apresentar aos alunos o trecho a seguir, que é de uma reportagem sobre as mudanças climáticas que a Terra vem sofrendo. 

Constantes mudanças no planeta
[...]
Quando se fala em alteração climática, o efeito estufa é o primeiro a ser mencionado. Os gases, chamados de gases-estufa, lançados pelo homem principalmente pela queima de combustíveis fósseis, permitem que a radiação solar penetre na atmosfera e retêm grande parte dela, gerando aumento de temperatura. Esses gases agem exatamente como um vidro de uma estufa de flores.
Uma das consequências inevitáveis do aquecimento provocado pelo efeito estufa é o aumento no nível dos oceanos por causa do derretimento das geleiras. Nos últimos 100 anos, o mar subiu cerca de 20 centímetros. Os cientistas prevêem que, até 2080, terá subido até 69 centímetros.
Por causa do efeito estufa, as geleiras têm diminuído consideravelmente de tamanho. Os cientistas estão preocupados com um local em especial: o Alasca, onde cerca de 800 km3 de gelo sumiram nos últimos 50 anos. Metade da água doce que flui para os mares do mundo vem do gelo que derrete no Alasca. Esse aumento no volume de água doce pode causar mudanças na temperatura, na salinidade e nos padrões de vento, fatores que influenciam diretamente as correntes marítimas. Isso afetaria ainda mais o clima, provocando, em vez de superaquecimento, um grande resfriamento global. Na Europa, as correntes que aquecem o continente poderiam desaparecer, fazendo a média de temperatura dessa região cair em até 20 °C — o que daria início, no século 22, a uma nova era glacial.

(Disponível em: http://projectopegadaverde.blogspot.com/2008/08/constantes-mudanas-no-planeta.html, acessado em 10 de setembro de 2009)

  • Após os alunos terem feito a leitura da reportagem, o professor deve lhes fazer os questionamentos a seguir.

a) Qual é tema central deste texto?

b) Qual é o objetivo deste texto?

c) Segundo o texto, como se constiui o efeito estufa?

d) Enumere as consequências do efeito estufa apontadas pelo texto.

e) Por que o autor do texto cita a opinião de cientistas sobre o tema?

  • Diferentemente do que ocorre no trecho da crítica "Tropa de Elite (2007): tormentos de uma guerra", em que o autor apenas reúne argumentos para convencer o leitor de sua opinião sobre um tema, no caso, sobre o filme, no trecho da reportagem "Constantes mudanças no planeta" são reunidos argumentos para mostrar ao leitor a coerência de uma realidade,  propósito que exige outros tipos de argumentos. Assim, a partir das respostas apresentadas às que stões de "a" a "e", o professor dever chamar a atenção dos alunos para a constituição dos argumentos no trecho da re portagem.
  • Após ter feito uma discussão das respostas às questõ es de "a" a "e", o professor deve pedir aos alunos que se reunam em duplas e procurem classificar as informações do textos segundo o tipo de argumento que tais informações poderiam constituir. Antes de propor tal atividade, o professor deve, entretanto, fazer uma breve exposição explicando, em linhas gerais, cada tipo de argumento. A seguir, esboçamos a explicação de 4 tipos de argumentos:

A crítica procura persuadir o leitor por meio de argumentos de natureza apreciativa (atribuindo um valor positivo ou negativo), cujas raízes residem em um consenso, por exemplo, ter enredo original, ser verossímil e atuar como agente de transformação são geralmente consideradas características positivas. Por outro lado, a reportagem, além de também se valer do consenso – que pode ser definido como o que é considerado evidente por si –, deve mobilizar outros tipos de argumentos para levar o seu leitor ao entendimento da realidade que se que apresenta no texto. Podem ser enco ntrados outros três tipos de argumento, quais sejam:

i. Consenso = ancora-se em uma evidência.

ii. Autoridade = ancora-se na citação de estudiosos do tema sobre o qual o texto está tratando.

iii. Factual = fundamenta-se na experiência e na observação, isto é, em dados concretos (cifras, estatísticas, dados históricos)

iv. Raciocínio lógico = baseia-se em relações de causa e efeito.

  • Sugerimos que o professor explique a diferença entre esses três ultimos tipos de argumentos recorrendo a uma exemplificação aleatória.

Exemplo: “Se o autor do texto cita outro texto ou alguém, ele está utilizando um argumento de autoridade (que vem de ‘autor’), por exemplo, ‘segundo Fulano, X Y Z’. Porém, o autor pode decidir recorrer a algum fato, ou a alguma dado estatístico, assim, ele está utilizando um argumento factual, por exemplo, ‘X% dos brasileiros estão abaixo da linha da pobreza’. Já se o autor resolve utilizar um raciocínio, como ‘Pedro é homem. Todo homem é mortal. Logo, Pedro é mortal.’, ele está se valendo de um argumentos que podemos chamar de raciocínio lógico. Por fi m, ele pode usar ainda o consenso, do qual nós já falamos, então ele recorre a idéieias já aceitas pelas pessoas em geral, como ‘água faz bem para a saúde’ – ninguém precisa nos provar isso, nós já tomamos isso como uma verdade que dispensa compr ovação’”.

  • Depois que os alunos tenham feito, em duplas, a atividade de classificação, o professor deve promover uma discussão, intigando-os a expor a classificação que deram.

Observação: Colocamos a seguir uma proposta de classificação dos argumentos do trecho de "Constantes mudanças no planeta". Se houver recurso, é recomendado que o professor faça uma projeção desta classificação, com auxílio de aparelho retroprojetor ou datashow, para auxiliar os alunos na avaliação da própria atividade. Sugerimos que o professor, com o auxílio dessa projeção, chame a atenção dos alunos para a interdependência existente entre os argumentos, por exemplo: para iniciar a discussão, o autor se vale de uma afirmação já aceita consensualmente; os dizeres de uma autoridade apóiam-se em dados objetiv os, que são argumentos factuais, esses últimos também são a base para um raciocínio lógico.

Constantes mudanças no planeta – Carolina Botelho
Trechos: Tipos de argumentos:
Quando se fala em alteração climática, o efeito estufa é o primeiro a ser mencionado. Consenso
Os gases, chamados de gases-estufa, lançados pelo homem principalmente pela queima de combustíveis fósseis, permitem que a radiação solar penetre na atmosfera e retêm grande parte dela, gerando aumento de temperatura. Esses gases agem exatamente como um vidro de uma estufa de flores. Factual
Uma das consquências inevitáveis do aquecimento provocado pelo efeito estufa é o aumento no nível dos oceanos por causa do derretimento das geleiras. Nos últimos 100 anos, o mar subiu c erca de 20 centímetros. Factual
Os cientistas prevêem que, até 2080, terá subido até 69 centímetros. Autoridade
Por causa do efeito estufa, as geleiras têm diminuído conside ravelmente de tamanho.
Raciocínio lógico
Os cientistas estão preocupados com um local em especial: o Alasca, onde cerca de 800 km3 de gelo sumiram nos últimos 50 anos. Autoridade / Factual

Metade da água doce que flui para os mares do mundo vem do gelo que derrete no Alasca. Esse aumento no volume de água doce pode causar mudanças na temperatura, na salinidade e nos padrões de vento, fatores que influenciam diretamente as correntes marítimas. Isso afetaria ainda mais o clima, provocando, em vez de superaquecimento, um grande resfriamento global. Na Europa, as correntes que aquecem o continente poderiam desaparecer, fazendo a média de temperatura dessa região cair em até 20 °C — o que daria início, no século 22, a uma nova era glacial.

Factual / Raciocínio lógico
  • Na terceira parte da aula, o professor deve solicitar que os alunos produzam um texto argumentativo complementando a crítica apresentada no texto "No Iraque, é melhor", a seguir, e respondendo à seguinte pergunta: O problema do Brasil é os brasileiros?
  • Em seu texto, os alunos devem utilizar, no mínimo, um argumento de cada tipo.
No Iraque, é melhor

Diogo Mainardi, Revista VEJA
A favela da R ocinha é uma "fábrica de produzir marginais". A frase é do governador Sérgio Cabral. Ele acrescentou que a Rocinha só vai parar de fabricar marginais quando o aborto for legalizado. Finalmente um político admite que o maior problema do Brasil é o brasileiro.
Na mesma reportagem, Sérgio Cabral comparou a Rocinha à Zâmbia. Até aí tudo bem. Ninguém discute que a Rocinha seja igual à Zâmbia. Espantei-me apenas quando ele comparou Copacabana à Suécia. E o Méier à Suécia.
Sérgio Cabral é nosso James Watson. James Watson, um dos descobridores da estrutura do DNA, declarou que o preto africano é menos inteligente do que o branco europeu. Anteriormente, ele já declarara que os estudos genéticos permitiriam abortar todos os fetos defeituosos. O governador do Rio de Janeiro descobriu o DNA da marginalidade entre os africanos da Rocinha e agora quer abortá-los. Segundo ele, ficaremos mais seguros. Ficaremos mais inteligentes também? Uma semana antes de Sérgio Cabral apresentar suas teorias eugenistas, os policiais cariocas, a bordo de um helicóptero, mataram uns marginais no Morro da Coréia. A Secretaria de Segurança Pública explicou que seria difícil efetuar uma operação análoga nos morros da Zona Sul, porque "um tiro em Copacabana é diferente de um disparado na Coréia". Copacabana é a Suécia. Ali só vale o aborto em massa.
No ano passado, o Brasil teve 44 663 assassinatos. O dado acaba de ser publicado pelo governo federal. No mesmo período, de acordo com o site do Iraq Coalition Casualty Count, a guerra no Iraque produziu 18.655 mortes. Os americanos alarmaram-se tanto com esse número que aceitaram mandar mais 30 000 soldados para lá. O resultado? Em fevereiro de 2007, quando as novas tropas desembarcaram no país, registraram-se 3 014 mortes. Em agosto, elas já haviam diminuído para 1.674. Em setembro, 848. Em outubro, até a última quinta-feira, morreram 531 iraquianos.
Consulto todos os dias o site do Iraq Coalition Casualty Count. Consulto todos os dias também o site do Iraq Body Count, onde cada confronto fatal recebe um código e uma ficha de ocorrência. A ficha k7 633 relata a morte de um professor da universidade religiosa de Al Sadr. A ficha k7634 assinala dois cadáveres encontrados em Al Kifl. Os americanos parecem se preocupar mais com os assassinatos de iraquianos do que os brasileiros com os assassinatos de brasileiros.
Pior do que a ideia de Sérgio Cabral de abortar os marginais zambianos da Rocinha só mesmo o Pronasci, aquela ideia de Lula de dar um dinheirinho mensal aos marginais para evitar que eles cometam crimes. O programa foi apelidado de Bolsa Bandido ou Bolsa Pivete. Prefiro chamá-lo mais simplesmente de Bolsa Júlio Lancellotti.
Cedo ou tarde, o Iraque será pacificado e a autoridade local poderá comparar Al Kifl à Suécia. A Zâmbia de Sérgio Cabral e Lula continuará com seus 44.663 assassinatos. Se tudo correr bem.

Disponível em: http://comenta ndoanoticia.blogspot.com/2007/10/no-iraque-melhor.html, acessado em 7 set. 2009.

  • A fim de orientar os alunos na atividade de produção de texto, antes de conceder-lhes um tempo necessário para produzir, o professor deve discutir o texto "No Iraque, é melhor" a partir das questões a seguir:

a) Que informação justifica o título do texto?

b) Retire do texto e explique trechos de ironia.

c) O autor do texto mostra-se otimista em relação ao futuro brasileiro? Explique.

  • Ao final desta atividade, o professor deve recolher os textos para comentar a produção e a classificação que os alunos deram aos seu próprios argumentos.
Avaliação
  • A compreensão das propostas pelos alunos serão avaliada da a partir do esclarecimento (correção) em sala de aula de cada uma das atividades propostas.
  • Sugere-se que seja feita uma avaliação final com a proposta da seguinte atividade:

Os alunos deverão trazer textos sobre “clonagem” para a sala de aula. Reunindo-se novamente em grupos, eles devem trocar os seus textos com os seus colegas de grupo, a fim de que possam ler outros textos, além daquele que trouxeram. Ao fazerem a leitura de outros textos, os alunos devem tomar nota de informações que julgarem interessantes. Após recolherem informações sobre o tema “clonagem” em diferentes textos, os alunos devem produzir um quadro de argumentos a favor e contra a clonagem. Na aula seguinte, a sala deve ser dividida em dois grupos, um grupo de defesa e outro de ataque à proposta da clonagem. Os alunos devem expor os argumentos a favor ou contra, segundo o grupo em que se encontrem, e o outro grupo deve classificar esse argumento e tentar rebatê-lo. Vence o grupo que tiver apresentado mais argumentos não rebatidos.

  • O professor deve avaliar os grupos quanto à coerência dos argumentos apresentados e quanto à classificação que derem ao argumento do grupo opositor.
Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 6 classificações

  • Cinco estrelas 5/6 - 83.33%
  • Quatro estrelas 1/6 - 16.67%
  • Três estrelas 0/6 - 0%
  • Duas estrelas 0/6 - 0%
  • Uma estrela 0/6 - 0%

Denuncie opiniões ou materiais indevidos!

Opiniões

  • Professora Ionara Pereira, Colégio Floresta , Goiás - disse:
    professoraionaracf@hotmail.com

    15/08/2012

    Cinco estrelas

    Excelente aula!


  • Hans, Colégio Santa Catarina de Sena , Pará - disse:
    pat.steffen@terra.com.br

    09/12/2011

    Cinco estrelas

    Valeu! Fiquei para a recuperação em Literatura. Não gosto de lêr. Tenho dificuldade em interpretar.


  • Adão Faustino da Silva, COLEGIO ESTADUAL MARIA EULALIA DE JESUS PORTILHO , Goiás - disse:
    adaozao_phs@yahoo.com.br

    08/09/2011

    Quatro estrelas

    A aula é muito interessante e criativa


  • Helena Nunes, Colégio Estadual Leonidio Castro Silva , Goiás - disse:
    helenalves2004@yahoo.com.br

    24/10/2010

    Cinco estrelas

    Aula maravilhosa bem planejada e sobre um assunto atual


  • Rui Paiva, CURSO DE REDAÇÃO PROFESSOR MEIREVALDO PAIVA , Pará - disse:
    ruipaiva@bol.com.br

    21/09/2010

    Cinco estrelas

    Gostei da sugestão da aula na abordagem dos textos no processo de interação com os alunos. É sempre interessante partir da realidade que os alunos presenciam na mídia e analisar a estrutura do texto, não somente a forma, mas o discurso e os elementos da argumentação. Utilizamos em nossos cursos o mesmo processo e a resposta é incrível. Parabéns, professora.


  • Renata da Fonseca Cardoso, Col Estadual Artur da Costa e Silva , Goiás - disse:
    renatarfc2007@hotmail.com

    21/05/2010

    Cinco estrelas

    Gostei muito desta aula porque foca problemas atuais instigando a linha de raciocínio dos jovens de forma bem organizada. Parabéns pela elaboração desta aula.


Sem classificação.
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