O Prêmio Professores do Brasil dá reconhecimento e destaque a projetos pedagógicos elaborados por professores. Um dos ardorosos defensores dessa metodologia é o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília, Gilberto Lacerda dos Santos, que atua nos níveis de graduação, extensão e pós-graduação.

Doutor em Sociologia do Conhecimento Científico e Tecnológico pela Universidade de Brasília, Ph.D. em Educação, com ênfase em Informática na Educação, pela Universidade Laval (Canadá), mestre em Tecnologias na Educação pela Universidade Laval (Canadá), é graduado em matemática pelo Centro Universitário de Brasília. Tem nove livros publicados e recebeu 10 prêmios nacionais e internacionais.

Em entrevista à jornalista Fátima Schenini, o professor aborda, entre outros pontos, os tipos de projetos pedagógicos que existem, os benefícios que podem proporcionar, e os aspectos que devem ser levados em conta na sua elaboração.

JP – Quais os benefícios que o desenvolvimento de projetos pode trazer para a escola, professores e alunos?

GL – Penso que as principais contribuições dos projetos pedagógicos são duas: incentivar o protagonismo dos atores da relação educativa e fomentar a criatividade de todos os envolvidos no processo.

Basicamente, os projetos pedagógicos podem ser classificados em três categorias. Há os projetos totalmente fechados, em que o tema, os objetivos, as etapas, os procedimentos são determinados pelo professor, que cria o projeto e o propõe aos alunos. Há os projetos totalmente abertos, em que tudo é negociado entre os alunos e o professor. E há os projetos mistos, que ficam no meio do caminho entre os dois anteriores, com etapas pré-estabelecidas e etapas a serem estabelecidas no processo.

Quanto mais aberto for o projeto, mais criatividade e protagonismo são exigidos. Isto é absolutamente benéfico para todos os atores da relação educativa e para a escola como um todo. Além do mais, os projetos pedagógicos constituem ótimos mecanismos didáticos para a abordagem de temas ou de estratégias que os professores não dominam totalmente. Nesse caso, os projetos fomentam a constituição de comunidades de aprendizagem em que todos ensinam e todos aprendem. Minhas observações e trabalhos de meus alunos têm sempre percebido os projetos pedagógicos como altamente salutares no ambiente escolar, até mesmo na formação continuada dos docentes.

JP – O senhor acredita que o desempenho dos alunos apresenta melhora com a implantação de projetos?

GL - Com certeza, sobretudo porque, quando o projeto é envolvente, todos são engajados, todos avançam juntos, envolvendo inclusive os pais, as famílias. Há algum tempo, acompanhei um projeto pedagógico com foco em informática educativa, mas cujo tema era a reciclagem do lixo doméstico. Era empolgante ver o engajamento dos alunos, que se beneficiavam também com a valorização do ambiente escolar e com a abordagem menos ortodoxa de conteúdos disciplinares.

JP – Como este tipo de metodologia pode ser utilizada em sala de aula?

GL - Os projetos podem ser utilizados como mecanismos de apoio didático para temas mais amplos, para temas que não são de total domínio do professor, para temas que requeiram uma abordagem menos ortodoxa, baseada na aprendizagem colaborativa, na criatividade e na mobilização em torno da realização de objetivos. Trata-se também de um bom método para fomentar o empreendedorismo juvenil.

JP – Quais os aspectos desta metodologia que devem ser observados e levados em consideração na hora de elaborar um projeto como os que estão sendo premiados?

GL - Creio que três aspectos são fundamentais: interdisciplinaridade, criatividade e protagonismo. Quanto mais conteúdos forem abordados, quanto mais inovadores e quanto mais engajantes forem os projetos, melhores serão os resultados.