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Edição 48 - Educação de Jovens e Adultos
20/12/2010
 
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Paixão por Paulo Freire motiva professora

A superação do analfabetismo é uma das prioridades do Pará.

A superação do analfabetismo é uma das prioridades do Pará.

Autor: Arquivo pessoal


A professora Denilda Maria do Socorro Martins da Silva, 51 anos, viu a sua vida profissional se transformar quando ouviu a história de um dos maiores educadores brasileiros – Paulo Freire. O encantamento pelo criador do revolucionário método de alfabetização, baseado na Pedagogia da Libertação e reconhecido mundialmente, fez com que ela descobrisse o prazer de alfabetizar jovens e adultos.

A transformação da professora de Belém, no Pará, aconteceu há oito anos, após 23 anos alfabetizando crianças. Tudo começou após um convite feito por uma colega para participar do Movimento pela Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova), do governo do Estado do Pará. “Quando ouvi como era a forma de ensino, a vida de Paulo Freire, eu fui me interessando, me identificando, me fascinando. Virei uma fã dele e de seu método!”, revela.

Atualmente, Denilda tem 16 alunos, entre 26 anos e 76 anos. São 15 mulheres e um homem. Moradora do bairro Cremação, na periferia de Belém, ela está dando aulas em casa enquanto a escola é construída. A professora conta que com o apoio do Centro Comunitário em Belém e do próprio programa de alfabetização foram instaladas carteiras para os alunos e quadro negro para que as aulas fossem realizadas adequadamente. As aulas são dadas de segunda à quinta, pela manhã. Nos outros dois turnos, Denilda se divide entre aulas particulares de reforço e também ensinando em uma escola particular.

Mas o seu maior prazer está em ensinar jovens e adultos. Denilda explica que para formar novas turmas ela inicia com a chamada pesquisa antropológica (primeira fase do método Paulo Freire). Nesta pesquisa de campo ela identifica os alunos e observa os problemas enfrentados por eles na própria comunidade como falta de saneamento e violência. “Durante as conversas eu retiro frases significativas ou um tema gerador que futuramente será usado nas aulas”, esclarece.

Segunda ela, muitos jovens e adultos que não sabem ler ou sabem pouco não se identificam como analfabetos e, diante disso, é preciso conhecer as pessoas para conseguir atraí-las. “Por exemplo, os carvoeiros têm a prática da matemática, porém precisam do conhecimento de escrita e leitura para ampliar este conhecimento”. O segundo passo é trazer os estudantes para a sala de aula. Denilda complementa que a partir daí começa a apresentar o tema central, que é desenvolvido em uma conversa de roda em que vão sendo inseridos os conteúdos.

De acordo com a professora paraense, que não tem ideia de quantos alunos já formou desde 2002, após a alfabetização eles são encaminhados para uma escola tradicional. Ela manda uma lista com os nomes para a secretaria estadual de educação e indica a escola mais próxima do local de moradia do estudante. Quando o aluno procura a escola, a vaga está garantida.

Cidadania - A coordenadora de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Estado do Pará (Seduc), Rafaela Dias Pires, pedagoga com dez anos de experiência em educação de jovens e adultos, complementa que a política do estado estimula uma consecutiva apropriação da cidadania, ao desencadear a mobilização pela conquista da leitura e da escrita. “O Programa Mova Pará Alfabetizado, herdeiro nato do Brasil Alfabetizado, vem ganhando credibilidade e inúmeras adesões a cada exercício desenvolvido e, principalmente, diminuindo os índices de analfabetismo no Pará, mesmo que tenhamos ainda muito o que fazer para diminuir ainda mais esse índice”. Em sua opinião, o maior problema do estado são as dificuldades geográficas, principalmente na área do arquipélago do Marajó, onde estão os mais altos índices de analfabetismo. “Tal dificuldade vem sendo vencida pela flexibilidade que o programa Brasil Alfabetizado oferece em seu modelo”, afirma.

Denilda diz que educar jovens e adultos é um desafio permanente. “É preciso morar e conhecer a comunidade, se interessar pelo dia-a-dia do aluno, pelo conhecimento que ele tem. A gente conversa, se interessa, vê os processos e como formá-lo de uma maneira eficaz”. Como problema, a professora vê a capacitação dos educadores populares. Ela mesma gostaria de poder participar dos programas de formação de professores oferecidos pelos governos federal e estadual. No programa do Mova ela tem encontro de formação todas às sextas-feiras. No entanto, o sonho de Denilda é fazer graduação em história e aprofundar seu conhecimento sobre o método Paulo Freire. “Apesar das dificuldades eu sou muito agradecida pela alfabetização de jovens e adultos ter surgido na minha vida. São pessoas mais velhas que têm problemas de aprendizagem, mas é muito bom ver alguém aprender. Eu tenho uma ex-aluna que agora ensina os netos”, comemora.

(Adriane Cunha)

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