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Edição 89 - Química Descomplicada
04/07/2013
 
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Aprendizado fica mais fácil com representações teatrais

O Projeto Ouroboros tem despertado paixões pela química

O Projeto Ouroboros tem despertado paixões pela química

Autor: Núcleo Ouroboros UFSCar


“Odeio química, química, química!" Talvez, se os professores de Renato Russo tivessem usado a criatividade do teatro para ensinar química no palco, a letra da música fosse outra. Desde 2004, uma iniciativa do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tem despertado paixões por essa área do conhecimento. O Projeto Ouroboros de Divulgação Científica transforma temas científicos, explicados por fenômenos químicos, em encenações teatrais itinerantes pelo Brasil.

“Química é difícil mesmo, mas é possível aproximá-la dos alunos, quebrando essa má impressão e essa visão de disciplina vilã", garante a professora Karina Omuro Lupetti, que dirige o Núcleo Ouroboros da UFSCar desde 2005. Pátios de escolas, salões de igrejas, praças públicas e até mesmo salas de aula viram palco para os alunos-atores. Mais de 150 estudantes de graduação em química já foram formados pelo projeto de divulgação científica, que tem mais de 15 montagens teatrais com textos adaptados a públicos diferentes, da educação infantil à graduação.

O objetivo do projeto é aproximar a população em geral dos conhecimentos e do meio cultural vivido dentro das universidades. O próprio nome do projeto desperta curiosidade. Ouroboros é a representação de uma serpente ou dragão que morde a própria cauda. O nome vem do grego antigo e significa “aquele que devora a própria cauda". É um símbolo relacionado com a alquimia e contém as ideias de autofecundação, de eterno retorno. Uma das peças encenadas pelos estudantes faz referência aos alquimistas que buscam o elixir da vida eterna, o Santo Graal, que salvaria o lendário Rei Arthur.

Encontro — De 7 a 10 de agosto, será realizada na cidade serrana de Pacoti, a 95 quilômetros de Fortaleza, a sétima edição do Encontro Ciência em Cena de Teatro Científico. A organização do evento é do grupo Tubo de Ensaio, da Faculdade de Educação de Itapipoca da Universidade Estadual do Ceará (Facedi/Uece).

Além dos estudantes da UFSCar, participarão grupos de teatro de universidades do Ceará (UFCE), de São Paulo (USP) e de Portugal. As encenações serão gratuitas. A peça apresentada pelo Núcleo Ouroboros tratará do tema pecuária sustentável.

“Será um teatro de sombras, e os personagens viajarão pelos biomas, onde enfrentarão problemas como as queimadas e desmatamentos", explica Karina. Mas o que tem a química a ver com essas questões ambientais? “Costumo dizer que a ciência contextualizada muda a visão de mundo, cria uma mentalidade crítica. É uma alfabetização científica."

A química estará, por exemplo, nas falas dos personagens aos explicarem as reações dos gases do efeito estufa, a química que produz a eructação bovina (o popular arroto do boi) e o impacto disso na emissão de gás metano na atmosfera e, por consequência, no aquecimento global. Além das apresentações teatrais, os alunos-atores participarão de oficinas com temas variados envolvendo a química.

A empolgação pelo projeto de teatro é tanta que alguns ex-alunos continuam participando das peças como voluntários. É o caso de João Henrique Nunes, 24 anos, apaixonado pelas artes cênicas e também por ciências. “É uma oportunidade de juntar essas duas paixões em uma atividade que rompe os muros da universidade e leva conhecimento a diferentes públicos", avalia. “Cada apresentação, cada intervenção, cada bate-papo com os diferentes tipos de público gera crescimento e amadurecimento. Continuo no projeto porque, mesmo sendo eu quem supostamente deveria ensinar, ainda aprendo."

Desde 2006 no grupo de teatro, o estudante Tiago Martins Pereira, 30 anos, do quinto semestre de licenciatura em química pela Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), pretende ensinar química nas salas de aulas do ensino fundamental e médio. “O teatro de química nas escolas abre possibilidade de absorver o conhecimento científico de forma lúdica”, diz o estudante. Ele se apaixonou pela matéria ainda criança, assistindo ao Mundo de Beakman, programa exibido pela TV Cultura entre 1994 e 2002, com abordagem divertida de conceitos científicos. “Gostava de misturar os produtos de limpeza em casa e, no ensino médio, uma professora me fez gostar ainda mais de química."

Efeitos — Em algumas das peças, os estudantes aprendem reações químicas para produzir fumaça e luminosidade. São efeitos visuais que aparecem no palco e despertam dúvidas e curiosidades na plateia. “Esses questionamentos podem ser trabalhados depois pelos professores em sala de aula”, sugere João Henrique. Ele diz que o teatro como método de divulgação científica está inserido no que é chamado de ensino não formal, que tem por objetivo corroborar o método formal. “O teatro traduz aquele conteúdo científico, tido como denso e desinteressante, em uma linguagem lúdica, que gera a curiosidade e a vontade de aprender mais sobre determinado conteúdo."

A professora Karina concorda. Segundo ela, doutora e pós-doutora em química, a linguagem artística do teatro deixa essa disciplina mais próxima do dia a dia dos alunos. “A contextualização ajuda a descomplicar a química. Os alunos precisam enxergar que a ciência, de modo geral, está inserida no cotidiano e tem inúmeras aplicações, que muitas vezes eles nem imaginam", acrescenta João Henrique, professor em cursinho pré-vestibular comunitário de São Carlos (SP). (Rovênia Amorim)

Saiba mais sobre o projeto Ouroboros

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